Se estivesse no lugar de Lula não aceitaria cargo de
ministro, neste momento.
Penso que Lula não precisa de foro privilegiado,
para “fugir” do juiz Sérgio Moro.
O episódio da condução coercitiva dele é prova
disso: as pesquisas mostraram a discordância da maioria dos brasileiros (e isso
apesar do massacre midiático sofrido pelo ex-presidente).
Além disso, a falta de razoabilidade e até possível
ilegalidade daquela operação gerou protestos de enorme quantidade de juristas e
até de ministro do STF.
Da tentativa de prisão preventiva dele, então, nem
se fala: nem a oposição teve coragem de defender aquela peça cometida pelos
promotores de São Paulo.
Creio que o próprio Lula sabe que não precisa disso.
E, ao que li, foi grande a relutância dele em
assumir esse cargo, justamente por saber que tem condições de se defender e,
animal político que é, também imaginar como tal aceitação parecerá.
Lula é, talvez, o mais impressionante líder popular
da História do Brasil. E a sua biografia, quer se goste dele ou não, demonstra
extrema coragem, mesmo diante das piores ameaças.
Ele tem a força da palavra, que, como imagina Shakespeare,
levou a multidão a caçar, furiosa, os assassinos de Júlio César, virando um
jogo que parecia ganho pelos artífices daquele assassinato.
Tem, ainda, a força de uma trajetória que bem poucos
cidadãos possuem ou possuíram, em qualquer tempo e lugar.
Então, não seria um juiz, ao qual até muitos de seus
pares já olham com extrema desconfiança, que iria assustá-lo.
Pelo contrário: Lula preso, neste momento, poderia é
provocar um levante popular de consequências imprevisíveis.
E se quiserem de fato trancafiá-lo, seus algozes
terão é de provar, sem sombra de dúvida, que ele é de fato o “maior corrupto”
da História do Brasil – o que, vamos e convenhamos, não é.
Afinal, afirmar que o “poderoso chefão” de um
esquema bilionário como a Petrobras ficaria apenas com um sítio vagabundo, um
apartamento de classe média, um pedalinho e uma canoa velha, que perfazem uns R$
4 milhões, é querer brincar com a inteligência
do distinto público.
E mais: ainda que Lula seja culpado, a fila de
corruptos no Brasil é tão extensa, que, se formos justos e seguirmos a “ordem
dos precatórios”, é bem possível que, quando chegar a hora do velhinho, dele já
não exista mais nem pó. E disso sabe até o Louro José.
No entanto, essa história de ministério, nos remete novamente
a Roma Antiga, ao caso da mulher de César.
Clódio, um sujeito apaixonado por Pompeia, a mulher
de Cesar, conseguiu entrar, disfarçado, na residência do casal. E aí começaram
os mexericos: “Mas como é que esse cara, apesar de tantos guardas, conseguiu
entrar lá? Não, é claro que ela ajudou”.
O caso foi a julgamento, Pompeia acabou absolvida,
mas, mesmo assim, César se separou dela.
E aí alguém perguntou pra ele: “Cara, por que é que
estás fazendo isso? Tá provado que a tua mulher é inocente! Por que é, então,
estás te separando dela?”
E foi aí que o César teria dito uma frase fantástica,
mais ou menos assim: “Porque à mulher de Cesar não basta apenas ser honesta.
Ela tem, também, de PARECER honesta!”.
E eu não creio, sinceramente, que nem toda a
história de coragem de Lula consiga livrá-lo de suspeitas sobre os motivos
para a aceitação desse ministério.
Além do que, não é lá muito republicano que um
sujeito, ainda que nem sequer indiciado, mas sobre o qual pesam graves suspeitas,
seja guindado ao comando de um ministério.
É verdade que, do ponto de vista puramente
estratégico, a ascensão de Lula à Casa Civil pode se revelar uma das mais
brilhantes jogadas políticas dos últimos tempos (e, aparentemente, é isso o que
assusta a oposição).
Por mais que se tente minimizar as manifestações do
último dia 13, o fato é que aquele PIB e poder de articulação que tomou as ruas
é assustador.
E será preciso uma guinada econômica, com ganhos,
especialmente, para os mais pobres e a classe média; e uma enorme habilidade
política, para segurar na canoa aliados como o PMDB, a fim de evitar que aquele
PIB e poder de articulação arrastem o País para a direita, e até para um regime
de exceção.
É verdade que Lula, por tudo o que já se disse aqui,
é uma das pessoas mais capacitadas para promover tais mexidas.
No entanto, penso que Dilma não é nenhuma “donzela
aprisionada na torre”.
Ela também possui uma história de força, coragem e
inteligência.
E se lhe falta “apelo de massa”, já que possui um
perfil muito mais técnico, tal lacuna poderia ser preenchida tendo Lula apenas
como fiador de tais articulações.
Para isso bastaria que Lula assumisse emergencialmente
a Presidência do PT e passasse a residir em Brasília. Afinal, não é o PT o
partido que está no Poder? Então, qual seria o problema de o seu presidente
assumir tal papel?
Toda a articulação política passaria a ser feita
pelo presidente do PT. E os chefes da Casa Civil e do Governo, sempre sob o
comando da presidenta, colocariam em prática tudo o que viesse de lá.
Essa mexida, aliás, daria uma boa visibilidade a
Lula, para 2018. E até lhe permitiria viajar por todo o Brasil, sem que ninguém
pudesse acusá-lo, mais adiante, de campanha eleitoral antecipada.
O melhor, porém, é que não exigiria enormes
contorcionismos éticos e nem abriria espaço para gigantescas disputas
judiciais, como aquelas que parecem se avizinhar.
FUUUIIIIIIIII!!!!!
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