Você notou a falta de compaixão do “padre” Kelmon, no debate da Globo?
Soraya Thronicke perguntou quantas extremas-unções foram dadas por Kelmon, durante a pandemia de covid, que matou 686 mil brasileiros.
Mas a resposta dele foi de uma frieza assustadora.
Ele não se mostrou entristecido com tamanha tragédia.
Não lamentou a dor dos pais que perderam os seus filhos, e dos filhos que perderam os seus pais.
Nada disse sobre os doentes que morreram sozinhos, sem receberem ao menos um carinho daqueles a quem tanto amavam.
Não disse nem ao menos “que Deus console vocês”, às famílias dessas pessoas.
Aliás, nem sequer deu graças a Deus, pelas mortes terem diminuído.
Em vez disso, mudou de assunto para falar de... impostos, e criticar Soraya.
Pouco depois, perguntou, parecendo até meio irritado: "só se morre de covid neste país?"
E deixou-me a impressão de que por pouco não repetiu uma das frases de Bolsonaro, seu ídolo: “E daí?”, “Não sou coveiro”, “Vão ficar chorando até quando?”
Kelmon era candidato a vice-presidente da República, na chapa de Roberto Jefferson, do PTB.
Só acabou candidato a presidente porque a Justiça Eleitoral barrou a candidatura de Jefferson, que está inelegível por ter sido condenado por corrupção.
O próprio Bolsonaro, que Kelmon tanto defende, tem o governo envolvido em escândalos de corrupção.
Como é o caso do Orçamento Secreto, através do qual ele liberou bilhões de reais para o Centrão, para a compra de veículos e equipamentos superfaturados.
Como é o caso do escândalo do MEC, com propinas pagas em barras de ouro e dinheiro escondido em pneus de caminhonete.
Isso sem falar no escândalo das rachadinhas e nos 51 imóveis, incluindo mansões cinematográficas, que a família de Bolsonaro comprou, com R$ 26 milhões em dinheiro vivo.
Mas apesar de tais companhias, Kelmon, à maneira dos fariseus, ainda acusou Lula de corrupção, durante o debate.
O mais grave, porém, é que há fortes indícios de que ele nem padre é.
Seria apenas, como disse Soraya, “um padre de festa junina”.
A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil afirmou que ele nunca foi sacerdote, dela ou de igrejas ortodoxas-irmãs, aqui ou no resto do mundo: https://www.instagram.com/p/Ci_JUG5Akda/?utm_source=ig_embed&ig_rid=f49a60b5-0336-4d08-a760-ba9e03a0f1bc
Kelmon alegou, porém, que é sacerdote de uma tal Igreja Católica Apostólica Ortodoxa do Peru, que, aliás, confirmou a sua alegação.
O problema é que essa tal igreja peruana não é reconhecida pelas demais agremiações ortodoxas: https://www.igrejasirianortodoxa.org/2021/03/esclarecimento-sobre-igreja-catolica.html
Triste situação a que chegaram as igrejas do Brasil, devido à essa mistura de política com religião, incentivada por Bolsonaro, para a obtenção de votos.
Uma mistura explosiva, que já contaminou com o ódio as nossas igrejas evangélicas, fazendo com que um evangélico baleasse outro, durante um culto da Congregação Cristã do Brasil: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/09/pm-que-baleou-fiel-em-igreja-apos-briga-politica-esta-arrependido-diz-irmao-de-vitima.shtml
E que agora ameaça contaminar, também, a Igreja Católica Ortodoxa, até com padre de mentirinha.
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Se quiser saber mais sobre Kelmon:
1-Reportagem publicada pela coluna da jornalista Malu Gaspar, de O Globo, mostrando que ele “se passa” por padre : https://oglobo.globo.com/blogs/malu-gaspar/post/2022/08/vice-de-roberto-jefferson-se-passa-por-padre-ortodoxo-sem-pertencer-a-igreja.ghtml
2-A confusão em que ele se envolveu, na Bahia, ao tentar instalar uma “igreja”, em uma área quilombola, sem autorização dos moradores.
3-Reportagem reproduzida no site “Conversa Afiada”, em 2010, mostrando a ligação entre a Associação Theotokos, presidida por Kelmon, e o Integralismo, que é a versão brasileira do fascismo, do ditador italiano Benito Mussolini, que também inspirou o nazismo da Alemanha de Hitler: https://www.conversaafiada.com.br/video/2010/10/17/videos-como-a-igreja-catolica-de-guarulhos-ia-dar-o-golpe-do-panfleto
Na época, descobriu-se que o domínio do site da Associação Theotokos (theotokianos.org.br) estava registrado em nome da “Casa de Plínio Salgado”, o fundador da Ação Integralista Brasileira.
Em 2010, o vice-presidente da Theotokos seria Victor Emanuel Vilela Barbuy, presidente nacional da Frente Integralista Brasileira (FIB), até pelo menos 2018.
Em seu site, aliás, a FIB recomenda o voto em todos os candidatos do PTB, incluindo o “padre” Kelmon.