quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Gratidão, Helder, gratidão!




O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, ontem, governadores e prefeitos a importarem vacinas contra a covid-19.

Com isso, eles não terão mais de ficar à espera do Ministério da Saúde, cujas trapalhadas estão custando as vidas de milhares de brasileiros.

Ontem mesmo, pouco depois da decisão do STF, o governador Helder Barbalho anunciou que comprará, de imediato, 3 milhões de doses de vacinas, o que deve acelerar a imunização do nosso povo.

Confesso que o anúncio do Helder me emocionou tanto que comecei a chorar.

Depois de meses trancada em casa, sinto-me exausta, como nunca me senti.

Às vezes, perco a noção das horas, dos dias.

Percebo que a minha memória e atenção já não são as mesmas e que me esqueço até do que faço no cotidiano.

Muitas vezes, sinto até dificuldade de me levantar da rede.

Porque é como se tudo tivesse ficado igual, banal, sem sentido. É como se o mundo tivesse congelado no meio de um pesadelo.

Mesmo assim, continuo em pé; sei que tenho de me manter em pé.

Sei que preciso continuar segurando as mãos de tantos outros que também se sentem assim.

Porque são justamente essas mãos entrelaçadas que nos darão forças para vencer essa batalha em defesa da Vida.

O anúncio do Helder me trouxe um alívio danado. Depois de tantos meses, vi, finalmente, uma luz no fim do túnel.

E se 3 milhões de doses ainda é pouco para 8,7 milhões de paraenses, tenho certeza de que ele não sossegará até obter vacinas para toda a nossa população.

Então, eu queria fazer um agradecimento ao Helder.

Muito obrigada, pela sua firmeza. 

Muito obrigada, por não ceder às pressões desse presidente psicopata.

Muito obrigada, por não ficar simplesmente à espera de uma ajuda que nunca chega, ou que, quando chega, é claramente insuficiente.

Sei que muitos dirão que você não está fazendo mais do que a sua obrigação.

Mas também sei que para você e para todos os governadores seria muito mais cômodo deixar a nossa gente morrer.

Bastaria lavar as mãos e dizer que não podem fazer nada. Bastaria fazer o que esse monstro quer, e nenhum de vocês nunca mais seria incomodado.

Não haveria mais operações policiais, carreatas de caminhoneiros, protestos de minions batendo à porta. E todos vocês teriam dinheiro a rodo, para governar e se reeleger.

Na verdade, você e vários governadores têm sido heroicos nessa disputa desigual com um presidente genocida, que aparelhou o próprio Estado.

Um sujeito perverso, vingativo, que não sossegará enquanto não acabar com as carreiras políticas de todos vocês, por terem se negado a participar desse massacre.

Creio que vocês sabem que podem acabar presos, exilados, ou até mortos, se ele consumar a guerra civil e a ditadura que pretende.

Afinal, vocês, como lideranças políticas, estarão entre os primeiros e mais atingidos, se ele conseguir vencer.

Confesso que nem sei direito o que dizer, a não ser muito obrigada por enfrentarem esse monstro em campo aberto, mesmo com todos os perigos que isso representa.

E não que isso sirva de consolo, mas tenho certeza de que a História fará, sim, justiça, a cada um de vocês. Porque se não fossem as ações de vocês, é bem possível que tivéssemos hoje o dobro de mortos por essa doença.

Também quero lhe dizer que nunca alguém me viu elogiar rasgadamente um governante, aqui neste blog.

Nunca fiz isso nem em relação ao Lula, que considero o maior presidente do Brasil, e nem mesmo em relação ao doutor Almir, que, apesar de tudo, sempre será o meu grande amor político.

No entanto, quero abrir uma exceção para você, Helder.

Quero lhe dizer que você é demais! Você é maravilhoso, você é fantástico! Você é, merecidamente, o nosso Rei do Norte!

Deus lhe colocou no lugar certo, na hora certa.

E apesar de tudo que você está passando, quando olhar para trás, bem lá na frente, vai perceber exatamente isso.

E, quem sabe, vai até agradecer a Deus, pela honra de ter estado em um lugar tão estratégico, para ajudar a salvar milhares de vidas.

Nenhum de nós está aqui, neste momento, por mero acaso.

Todos temos algo a fazer, em meio a essa tragédia.

São muitas as vidas que já vivemos.

E, de alguma forma, tudo isso que estamos passando nos tornará melhores diante de Deus, se agirmos do modo que Ele espera que a gente aja.

E é a Ele, principalmente, que agradeço.

Por ter misericórdia de nós.

Por não nos desamparar nem mesmo quando andamos pelo vale da sombra da morte.

Por nos fortalecer, todos os dias, para que possamos consolar e proteger tantos irmãos.

Que Deus lhe abençoe, Helder.

Que Ele estenda as Suas Mãos sobre você, para lhe guardar e iluminar cada vez mais.

Valeu, Rei do Norte, valeu!

FUUIIII!!!!!


----

Veja no G1 o anúncio de Helder: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2021/02/23/governador-do-para-anuncia-a-compra-de-3-milhoes-de-doses-de-vacina-contra-covid-19.ghtml

E leia, na Agência Pará, informações sobre o atraso da imunização no estado, devido à baixa quantidade de vacinas enviadas pelo Ministério da Saúde: https://www.agenciapara.com.br/noticia/25375

Bolsonaro teria alterado cartão de vacinação da mãe dele, para fazer de conta que ela tomou vacina de Oxford, e não a Coronavac, diz reportagem do UOL. E por que, minion? Ora, para enganar você!*





A mãe do Bolsonaro foi vacinada, provavelmente, com a Coronavac, a "vachina", e não com a vacina de Oxford.

Os indícios foram apontados em uma reportagem do UOL, que a revista Carta Capital repercutiu, em matéria que transcrevo ao final.

Mas vamos por partes, minion.

O Bolsonaro diz que essa doença é só uma "gripezinha" e que você não precisa nem mesmo usar máscara.

Diz pra você se entupir de cloroquina e ivermectina, remédios que não têm efeito algum contra essa doença.

Mas, na primeira oportunidade, ele manda é vacinar a mãe dele.

Se o Bolsonaro acreditasse nas mentiras que conta pra você, ele teria era dado cloroquina e ivermectina pra mãe dele.

Mas ele sabe que tudo o que diz pra você é lorota, papo-furado.

Ele sabe que se a mãe dele pegar essa doença, ela tem, sim, muita chance de morrer.


(Mas não são "apenas" idosos que podem morrer ou ficar com seqüelas, minion: tem jovens e até crianças que essa doença está matando, ou deixando com problemas nos rins, pulmões, coração, e até na cabeça).


Mas além de mandar vacinar a mãe dele, o que foi que o Bolsonaro fez?

Ele também escolheu pra ela, aparentemente, a Coronavac, a "vachina" que as redes de fake news dizem que tem "um chip comunista".

A mesma Coronavac que o Bolsonaro ficou dizendo que matava, que dava doença e que não prestava pra nada.

Quer dizer: ele tenta afastar eu e você da Coronavac, mas usa essa vacina nos parentes dele e, provavelmente, em todo o cordão de puxa-sacos dele.

E sabe por que, minion?

Porque a Coronavac é, aparentemente, a melhor dessas vacinas.

Ela tem 100 por cento de efeito contra as formas graves de covid, o que significa chance zero de você ser entubado, ou até morrer, por causa dessa doença.

Mas o grande diferencial é que ela foi feita com o vírus inteiro, embora inativado.

Isso diminui as chances de não fazer efeito contra algumas mutações, coisa que estaria ocorrendo com outras vacinas, que usam apenas uma parte do vírus.

Tá entendendo, minion? Pro Bolsonaro e pro pessoal dele é só o filé, só o melhor.

Já pra mim e pra você, pros nossos filhos, e pros pais e mães que ainda não são muito idosos, a gente não sabe nem mesmo quando terá vacina, ou se terá vacina.

O Bolsonaro não quis comprar milhões de doses da Coronavac e de outras vacinas, tá lembrado?

Porque pra ele tanto faz se essa doença está matando milhares e milhares de seres humanos indefesos: idosos, doentes, pretos, pobres, índios.

Porque pra ele tanto faz se ela está matando os nossos pais, avós, irmãos, amigos, e até os nossos filhos.

Esse cara, que você chama de "mito", não está nem aí pra mim e pra você, minion, é essa é que é a verdade.

Ele é um sujeito tão covarde, mas tão covarde, que não defende nem mesmo os seus amigos mais fieis, como esse tal de Daniel Silveira, que ele abandonou sem nem mesmo um obrigado.

Se alguma coisa lhe acontecer, minion, ele não fará nada pra lhe ajudar.

Ele não lhe conhece e nem quer conhecer: só quer é usar você, enquanto você for útil pra ele.

Enquanto você servir pra ficar espalhando essa doença e pra ficar defendendo esse governo horrível dele.

Acorde, meu irmão. Pelo amor de Deus, acorde!

Antes que você acabe é morrendo ou destruindo a sua vida e da sua família, por causa desse sujeito ruim que nem satanás.

-------------------------


Leia a matéria da Carta Capital

Cartão de vacinação da mãe de Bolsonaro indica que ela tomou a Coronavac. Número de lote apresentado no documento é compatível com registros do Instituto Butantan e não da Fiocruz

O cartão de vacinação da mãe do presidente Jair Bolsonaro, que foi apresentado em live na última quinta-feira 18, indica que Olinda Bonturi Bolsonaro foi imunizada com a vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac.

O presidente divulgou o documento justamente para tentar provar que a matriarca foi vacinada com o imunizante de Oxford, que no Brasil é produzido pela Fiocruz.

No entanto, como revelou o jornalista Diogo Schelp, do UOL, o lote de número 200278 – que aparece no cartão – foi um dos 16 da Coronavac que receberam autorização emergencial da Anvisa em 22 de janeiro.

A informação pode ser atestada no próprio site do Butantan.

Há outras informações que contradizem o presidente. Se o imunizante recebido pela mãe dele fosse o de Oxford, a segunda dose deveria ser ministrada entre dois e três meses depois da primeira. Já a recomendação para a Coronavac é de que a segunda dose seja ministrada 21 dias depois. exatamente no dia 5 de março, conforme consta no comprovante exibido por Bolsonaro”.

Leia o conteúdo completo na Carta Capital: https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/cartao-de-vacinacao-da-mae-de-bolsonaro-indica-que-ela-tomou-a-coronavac/?fbclid=IwAR193acKANO8VAzzS54vSXJKkCmmXmoUFcAbwRW6OxNQemI7MhdNFprkdxo

E aqui, a reportagem do UOL: https://noticias.uol.com.br/colunas/diogo-schelp/2021/02/21/primeiro-cartao-de-vacinacao-de-mae-de-bolsonaro-indica-lote-da-coronavac.htm

-------

*Postagem publicada originalmente no Facebook da Perereca da Vizinha, com modificações para o blog. A ilustração não sei de quem é, mas está sendo  amplamente compartilhada no Face.

A castanheira da curva


 

Que coisa linda, nė?

Majestosa, cheia de vida!...

Um Ser tão grandioso, que só mesmo Deus para criar...

Quantas de suas irmãs também destruídas pelo macaco humano?

Quantas de suas irmãs tombarão hoje, amanhã e depois, e depois, e depois...

Aqui mesmo, em Ananindeua, não cessam as motosserras.

E quando escuto o barulho delas, o meu coração se agonia, aperta...

Porque antevejo o silêncio da Vida, da Terra...

O horror!...O horror!...O horror!...

Os pássaros emudecem.

E até os ventos se recusam a soprar.

A minha alma estremece, pela parte de mim que se foi, com as folhas e os frutos que nunca mais serão...

E eu penso: quando foi que tantos de nós perderam a capacidade de sentir a dor das nossas irmãs?

Quando foi que esquecemos de quem somos, o que somos?

Como foi que nos tornamos esse bicho tão destruidor?

A mais nociva das espécies que já habitaram este planeta.

A única que pode ser chamada cruel, pela consciência que tem de si e do mundo.

A única que compreende o afeto que desperta em todos os bichos, quando os afaga...

Mas que mesmo assim continua a dizimá-los, como se fossem nada...

A única, sim, a única, que não deixará saudades.

Que provocará um suspiro de alívio, uma grande festa,

da Terra e por toda a Terra,

quando, enfim, extinta...

 

-------

A informação do Robson Santos, no grupo Nostalgia Belém (Oficial), no Facebook, sobre a bela foto aí em cima: “Imagem rara da árvore Castanheira que ficava na BR 316.  Ela ficou de pé até o começo da década de 90 próximo ao shopping do mesmo nome. Ano de 1977. Acervo Nostalgia Belém”.

--------

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

A lei das sacolas plásticas: aumento disfarçado dos preços e dos lucros dos supermercados? E por que é que o consumidor tem de arcar sozinho com esse custo, em plena pandemia?




É excelente que as sacolas plásticas dos supermercados sejam substituídas por outras, confeccionadas em materiais bem menos agressivos ao meio ambiente.

Creio que ninguém, em sã consciência, discorda disso.

No entanto, há uma pergunta que não quer calar: por que é que nós, consumidores, é que temos de bancar, sozinhos, toda essa despesa?

Desde o último final de semana, os supermercados paraenses já não “distribuem grátis” sacolas plásticas aos seus clientes.

Se você quiser as novas sacolas, tem de pagar.

Diz que são vendidas a “preço de custo”. Será?

Não tenho acesso à contabilidade dessas empresas.

Mas não acredito que o custo dessas sacolas (que eles diziam que eram “grátis”) já não estivesse embutido nos preços das suas mercadorias.

Então, pergunta-se: já que eliminaram essa despesa, os supermercados vão baixar os seus preços?

Na verdade, caro leitor, é bem possível que os supermercados acabem é lucrando, em várias frentes, com essa lei.

Em primeiro lugar, ao manterem intactos os seus preços, apesar de não terem mais essa despesa.

Em segundo, com a provável demissão de boa parte dos embaladores e a maior exploração dos trabalhadores dos caixas.

Em terceiro, pela venda de sacolas retornáveis e carrinhos de compras.

Em quarto, pelo provável aumento das vendas de sacos específicos para o lixo.

Não é à toa, aliás, que os donos de supermercados defendem essa lei com unhas e dentes, como se acometidos de um súbito ataque de “consciência ambiental”...

Enquanto isso, nós, os consumidores, acabaremos arcando com um aumento dissimulado dos preços dos supermercados, já que pagaremos pelas sacolas.

Ou teremos de arcar com os custos de sacolas retornáveis e de carrinhos de compras, que não, não são baratos.

E tudo em meio a uma pandemia, desemprego e inflação assustadora, que nos obriga a rebolar, para esticar o dinheiro até o final do mês.

E isso no caso de quem ainda tem dinheiro para bancar as despesas.

Porque há milhões de brasileiros, aí incluídos milhares de paraenses, que já não têm dinheiro nem mesmo para comer todos os dias.

Na semana passada, em um supermercado de Ananindeua, uma sacola retornável estava custando 10 reais.

Dez reais podem não ser nada, para mim e para você. Mas dão para comprar um pacote de macarrão, 6 ovos e algumas salsichas, o que já dá para matar a fome de uma família.

E aí você ainda vai exigir que essas pessoas paguem pelas sacolas, para transportar as suas compras?

E tudo para que essas empresas, que já ganham horrores, possam aumentar ainda mais os seus lucros?

O problema é que os nossos deputados e as classes A e B do Pará habitam um universo paralelo, sem a mínima noção do dia a dia de quem vive no andar de baixo e, principalmente, no subsolo.

Essas pessoas acreditam que damos às sacolas plásticas e aos plásticos em geral, o mesmo destino que elas dão: a lata de lixo, sem qualquer preocupação de reaproveitamento.

Mas a verdade é que nós, do andar de baixo e do subsolo, somos campeões de reciclagem.

As garrafas pets, por exemplo, são verdadeiros coringas: servem para guardar água na geladeira, ajudar a lavar um carro, misturar um cimento, dar banho no cachorro e até para ajudar a cultivar hortas e jardins.

Aliás, garrafões e garrafas pets já são usados para a confecção de móveis (sofás, poltronas, camas de casal), e até para a construção de casas, ecológicas e mais baratas.

As sacolas plásticas de supermercado são outro coringa.

Elas podem ser reutilizadas para artesanato; servem para proteger uma Bíblia da poeira; guardar e transportar roupas e objetos; guardar alimentos; forrar prateleiras; proteger os cabelos, durante uma hidratação ou tintura; proteger as mãos, durante uma limpeza pesada.

E antes que alguém diga que tudo isso é “brega” ou “coisa de pobre”, respondo: brega e pobre é o espírito de quem não reutiliza nada, nas condições em que já se encontra o mundo.

No entanto, a principal reutilização dessas sacolas é mesmo para acondicionar o lixo, poupando dinheiro com a compra de sacos específicos.

E é esse último tipo de reutilização que faz com que essas sacolas não possam ser abandonadas tão cedo, principalmente em regiões submetidas a chuvas torrenciais, como é o caso da Amazonia.

Afinal, o que é que vamos usar para substitui-las? Caixas e sacos de papelão? Já imaginaram o desastre que isso geraria durante um temporal?

Outro problema é que a maioria de nós não tem carro, para colocar as compras em uma caixa de papelão jogada no bagageiro.

A maioria de nós anda a pé, de bicicleta ou em busões lotados, muitas vezes com as compras em uma mão, e uma criança na outra.

E isso também torna muito difícil a substituição das sacolas plásticas, a não ser que fossem distribuídas sacolas retornáveis à população mais pobre.

Mas isso também não resolveria o problema, porque, como já visto, essas sacolas são usadas para acondicionar o lixo, já que as pessoas não têm dinheiro para comprar sacos específicos. E ainda que tivessem, significaria apenas trocar seis por meia dúzia.

Na verdade, esse é um problema tão complexo que tem pelo menos três xis da questão.

O primeiro é que nós, seres humanos, nos tornamos plástico-dependentes, devido à durabilidade e baixo custo desse material.

E para resolver isso temos de ser realistas.

O ideal é uma sociedade sem plástico? É claro que é!

Mas isso não acontecerá de uma hora para outra, já que temos uma enormidade de produtos que não há como acondicionar em outro tipo de material, sem tornar os preços ainda mais proibitivos, devido às perdas de transporte das empresas, por exemplo.

Então, o que podemos fazer, e para ontem, é acabar com a produção de objetos plásticos facilmente substituíveis por outros materiais: canudinhos, copos, pratos, talheres.

Mas para outros produtos, como garrafas pets e sacolas plásticas, devemos, é claro, investir em uma composição bem menos agressiva ao meio ambiente. No entanto, o principal é mesmo reciclar.

É tudo uma questão de decisão política e de investimento em ciência e tecnologia. E, é claro, em educação ambiental, o que nos leva ao segundo xis dessa questão.

Enquanto realizam uma verdadeira “guerra santa” contra o plástico, muitos ambientalistas parecem esquecer que ele não pensa e não tem alma.

Sacos e sacolas plásticas usados para embalar roupas, eletrodomésticos, móveis, alimentos, encomendas, lixo e tantas e tantas outras coisas, não se atiram, sozinhos, no meio da rua, ou se “suicidam” nos lixões e canais.

Eles são lançados ali por seres humanos. Pessoas que não têm a mínima consciência da diferença entre o público e o privado, independentemente do nível educacional ou dos rendimentos que possuem.

Já fiz reportagens sobre várias imundícies, incluindo até modess sujo, atiradas do alto de edifícios de bacanas, em Belém.

Ou seja, as ruas da cidade são tratadas como extensões de quintais imundos e particulares, tanto pelos pobres, quanto pelos ricos.

Falta a consciência do que é o espaço público, como um bem que pertence a todos, que é custeado por todos e pelo qual todos temos de zelar.

Falta a sensação de pertencimento à uma coletividade.

Falta educação ambiental, incluindo programas de coleta seletiva, bem como um trabalho mais efetivo, pelo Poder Público, de coleta e tratamento do lixo e de distribuição de lixeiras, por toda a cidade.

Mas de nada adiantará tratamento do lixo, materiais menos poluentes, reciclagem de toneladas de plásticos, se as pessoas não pararem de comprar tudo que é porcaria que encontram pela frente, em vez de reaproveitarem as quinquilharias que já têm em casa.

E isso nos leva ao terceiro xis da questão.

É essa mentalidade consumista que é a maior inimiga do meio ambiente.

E enquanto não conseguirmos freá-la, continuaremos a produzir montanhas e montanhas de lixo, em quantidade muito acima do que qualquer Poder Público é capaz de tratar.

Muitos sacos plásticos atirados no lixo são de roupas e mais roupas, de quem já possui roupas e mais roupas, mas que mesmo assim continua a comprá-las, porque “necessita” de andar na moda.

Muitos vêm dos computadores, smartphones, eletrodomésticos, automóveis, que, mesmo estando em perfeitas condições e satisfazendo as necessidades do indivíduo, são trocados porque o sujeito “necessita” de um produto de “última geração”.

São coisas e mais coisas, que nos tornam verdadeiros acumuladores de quinquilharias, numa espiral infinita de consumo.

É a “necessidade” de mostrar-se rico, poderoso, jovem, “garanhão”, como se tais quinquilharias possuíssem poderes mágicos, capazes de modificar a aparência e a real condição do indivíduo, o seu caráter e até mesmo a própria alma.

Essa discussão não é nova e nem específica da chamada “modernidade”: já na Grécia antiga, debatia-se sobre o “ter” e o “ser”.

Mas, é claro, o “ter” se agudizou com o advento dos meios de comunicação de massa, e a mais fácil disseminação das simbologias de dinheiro e poder.

No entanto, com o avanço das redes sociais, como contraponto aos grandes veículos de comunicação e à propaganda da qual dependem, seria de se esperar uma visão mais crítica acerca desse consumo desenfreado.

Mas isso não está a ocorrer: na verdade, as redes sociais parecem contribuir cada vez mais para esse consumo, como se estivéssemos diante de algo absolutamente inocente, em termos ambientais.

Falta enfatizar o quanto de energia, água, florestas, animais e até seres humanos, temos de mobilizar, e principalmente destruir ou degradar às condições mais miseráveis, para sustentar os nossos níveis atuais de consumo.

Falta que os nossos cientistas saiam cada vez mais de suas bolhas e "desçam" para essa arena de debates, no YouTube, Facebook e outras redes sociais.

Falta que o Poder Público e as empresas também entrem nessa discussão, se é que de fato preocupados com o meio ambiente.

A lei das sacolas plásticas só não merece a lata do lixo, por prever a utilização de materiais bem menos poluentes, na fabricação desses produtos, o que de fato é um grande avanço, em termos ambientais.

Mas nem isso é um ganho automaticamente garantido: é preciso fiscalizar com rigor o cumprimento dessa substituição.

Sem isso, além de levarmos gato por lebre, teremos apenas penalizado os consumidores e ajudado a aumentar os lucros dos supermercados.

Além, é claro, de termos caído no conto do paco de comerciantes, que, se não respeitam nem mesmo a lei das prioridades, que protege velhinhos, deficientes e grávidas; que se não respeitam nem mesmo as leis trabalhistas, já que superexploram cada vez mais os seus trabalhadores, quanto mais agora iriam se transformar em verdadeiros paladinos das causas ambientais.

FUUUIIIII!!!!!!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A fina flor da lama



Por todo o Brasil, milhares de seres humanos agonizam em UTIs superlotadas. Isso quando conseguem vaga em UTI. Isso quando não morrem em casa, ou até pelas ruas.

Já são mais de mil mortos por dia. Idosos, jovens e até crianças.

Das pequenas às grandes cidades, multiplicam-se as covas geradas pelo vírus traiçoeiro: até ontem, já eram mais de 227 mil.

Trezentas e noventa vezes os 583 mortos do maior desastre da história da aviação.

Mais de 4 vezes os 50 mil soldados brasileiros que morreram na Guerra do Paraguai, que durou cerca de 6 anos e foi a maior da América do Sul.

Aliás: mais que os 221 mil paraguaios, brasileiros, uruguaios e argentinos que morreram naquela guerra.

Parentes e amigos choram as 227 mil vidas de repente extintas.

Sufocadas. Implorando por ar, oxigênio, como se afogassem no seco.

Sozinhas. Sem um adeus, um abraço ou um enterro digno.

Enquanto isso, em Brasília, há gargalhadas, show e dancinhas.

Tudo regado à champagne e whisky, entre finíssimos salgadinhos.

Coisa chique. Très chic.

Só para os privilegiados que sempre estão por cima, sempre se dão bem.

Só para aqueles que não precisam cavar o próprio sustento e de suas famílias com o suor do rosto.

A festança vara a madrugada.

Os 300 convidados comemoram a eleição de Arthur Lira à Presidência da Câmara dos Deputados, com o apoio de Bolsonaro.

“Representantes do povo”, dançam e riem, como se pisoteassem a dor, as lágrimas e os cadáveres de milhares de cidadãos.

Como se tamanho sofrimento não lhes dissesse respeito.

Como se integrassem uma confraria de vampiros ou de psicopatas, que se alimentam justamente da dor alheia.

Como se homenageassem um igual: o vírus, também ele um parasita.

No vídeo que viralizou na internet, eles se divertem. Ah, como se divertem!

Como também devem ter se divertido os participantes do Baile da Ilha Fiscal.

Enchem a pança e se embriagam, de álcool e de poder.

É imenso o horizonte de negociatas que se abre à frente deles, com o Centrão acima de tudo.

Os milhões em chicletes e leite condensado parecerão brincadeira de criança, frente aos bilhões e bilhões que jorrarão, em troca do apoio a um presidente pútrido.

Um genocida. Um assassino frio, cujo sonho é uma guerra civil. Um banho de sangue, com irmãos a assassinar pelas ruas os próprios irmãos.

E enquanto eles dançam, gargalham, bebem e se empanturram madrugada adentro, nas casas do povo já não há nem mesmo um pedaço de pão.

Crianças choram de fome, dormem com fome, morrem de fome.

Milhares de cidadãos moram nas ruas porque nem mesmo um teto possuem.

Os pés descalços, as roupas esfarrapadas, os corpos esquálidos, a contrastar com os finos tecidos das roupas dos convidados do rega-bofe.

Muitos deles brancos, a pele bem tratada, os cabelos brilhantes, os dentes perfeitos.

E, novamente, vem-me a imagem do parasita cevado, enquanto agoniza o hospedeiro...

Diz-se que a festança foi paga por um empresário, réu em um processo de fraude tributária de R$ 3,8 milhões.

O próprio Arthur Lira é acusado de corrupção e até de espancar a ex-mulher.

Entre os apoiadores de Lira e Bolsonaro (cujos filhos são acusados de rachadinhas e envolvimento com as milícias) está, por exemplo, a famosíssima pastora Flordelis, indiciada por mandar matar o “ex-filho”, “ex-genro” e, finalmente, marido.

Tudo “cidadãos de bem”, tudo a fina flor da lama.

Com razão já bem dizia o “grande filósofo” general Augusto Heleno, do gentilíssimo Gabinete do Ódio: se gritar pega ladrão, não fica um.

FUUIIIIII!!!!!!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Um apelo ao (ainda) PGJ, Gilberto Valente Martins



 

Queria fazer um apelo público ao (ainda) Procurador Geral de Justiça, Gilberto Valente Martins: pare de se comportar como uma rainha louca, que fica gritando e tramando nos subterrâneos, porque perdeu o poder.

Acabou, doutor Gilberto.

O senhor perdeu as eleições no MP-PA. A-CA-BOU!

Mesmo que o senhor conseguisse apear o Helder do governo, colocando no lugar dele um representante do Jatene, ainda assim o senhor e o seu grupo político continuariam fora do comando do MP-PA.

Não, o governador não tem nada a ver com isso.

Quem lhe deu o cartão vermelho foram os seus colegas, procuradores e promotores.

E se eu fosse uma mentalista, ou até a Mãe Delamare, arriscaria dizer que o recado deles foi o seguinte: pira-paz, não queremos mais! Nós precisamos de um PGJ que agregue, em vez de dividir! Precisamos acabar com esse fogo cruzado no MP-PA! Precisamos de um mínimo de tranquilidade para realizar o nosso trabalho, que é fundamental para toda a sociedade!

Penso que o seu ódio vem do fato de o Helder não ter nomeado alguém do seu grupo político, para PGJ.

O problema é que isso foi uma ilusão sua, doutor, sem qualquer amparo na realidade.

O Helder jamais passaria por cima da vontade do MP-PA. Tanto assim, que resistiu a todas as pressões nesse sentido.

E se o fizesse, receberia dúzias de críticas de muitos daqueles que o apoiam, já que estaria a repetir o comportamento desrespeitoso, indecoroso do Jatene, que lhe nomeou PGJ apesar do mais votado ter sido o doutor César Matar.

Entenda: é preciso um mínimo de respeito às instituições.

Elas têm de funcionar livremente, de forma harmônica, mas independente, em vez de se transformarem em meros joguetes de disputas político-partidárias.

O Judiciário e o Ministério Público são importantes demais para a República e a Democracia, tendo em vista a confiança, as tarefas e os poderes que lhes foram conferidos pela sociedade.

E quando viram meros joguetes de disputas partidárias, o resultado é desastroso para a Nação, como vemos agora mesmo com a ascensão do fascismo, devido, em boa parte, àquela operação político-partidária que foi a lava-jato.

Os partidos verdadeiramente democráticos não querem que o Ministério Público, o Judiciário, o Parlamento, as Cortes de Contas deixem de fiscalizar os governantes e de punir os seus malfeitos.

Pelo contrário: o que se quer é que cumpram os seus papeis com rigor.

Porque essa máquina gigantesca que é o Estado tem de ser controlada de perto não apenas por eles, mas por cada um de nós, sob pena de se transformar em um monstro de corrupção e autoritarismo.

No entanto, o que se espera é que esse controle seja justo e democrático, em vez de massacrar alguns, enquanto passa a mão na careca de outros.

Quem gosta de mamata são bolsonaristas e tucanos, que aparelham não apenas os governos, mas o próprio Estado.

Partidos verdadeiramente democráticos respeitam e querem ser respeitados. E lutarão até o fim pelo livre funcionamento das instituições.

Então, doutor Gilberto, pare e reflita: nada do que o senhor fizer vai alterar a sua derrota, da qual o senhor foi o único responsável.

Tudo o que o senhor está conseguindo e conseguirá é destroçar o Ministério Público do Estado do Pará.

Seja em termos de imagem e de confiança dos cidadãos.

Seja em termos da união que precisa haver, para que todos possam trabalhar na mesma direção, em defesa da res publica.

Tire umas férias, doutor, vá rezar, procure um psicólogo. Ou então, saia do Ministério Público, filie-se a um partido e vá se candidatar.

Pare de usar esses seus longos tentáculos em articulações subterrâneas, para tentar derrubar um governador eleito por mais de dois milhões de paraenses, que lutaram contra a máquina e venceram de forma limpa.

E, sobretudo, pare de achar que o Ministério Público é uma espécie de puxadinho da sua casa.

O Ministério Público é meu e de cada cidadão, doutor. Ele é uma construção coletiva, do Pará e do Brasil.

Ele é patrimônio e orgulho de toda a sociedade brasileira, que lutou muito, durante décadas, para que tivesse os poderes e a autonomia que hoje possui.

Ele é, muitas vezes, o último recurso contra o mau uso de um dinheiro que pertence a cada um de nós e que tem de ser utilizado em benefício de todos.

Basta de usá-lo para interesses pessoais ou partidários! Chega!

Acabou, doutor Gilberto. Acabou!


FUUIIIII!!!!!