segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A reeleição de Helder, as pré-candidaturas de Jatene e Flexa e os cenários nacionais


 


 

É um verdadeiro sonho para o ex-governador Simão Jatene.

Segundo um portal ligado aos tucanos, no último sábado (28), o PSDB escolheu Jatene como pré-candidato ao Senado Federal, e o ex-senador Flexa Ribeiro como pré-candidato ao Governo do Estado, para as eleições do ano que vem.

As tempestades e as articulações nacionais ainda não permitem apostar se isso irá se concretizar.

Lula está disparado nas pesquisas e, se continuar assim, tende a capitanear uma “onda vermelha”, puxando os seus candidatos aos governos, ao Senado e à Câmara dos Deputados.

Bolsonaro despenca nas pesquisas e já há quem aposte que não estará no segundo turno.

No entanto, isso parece improvável, já que ele ainda detém uma fatia de 25% a 30% do eleitorado.

Além disso, há o “fator Mourão”, esse sim, o verdadeiro pesadelo das esquerdas, caso consiga assumir o lugar de Bolsonaro e executar uma espécie de “Plano Marshall” tupiniquim, sonhado por setores militares, para a reconstrução econômica nacional.

Mourão é a cara da direita brasileira, com um ramo de flores em uma das mãos, e um porrete, na outra.

É um sujeito autoritário e preconceituoso, como as classes alta e média.

Mas o jeito afável lhe dá um ar civilizado, especialmente, porque comparado a Bolsonaro.

A ascensão de Mourão, se ocorrer (e ela é, sim, possível, principalmente a partir do que acontecer no próximo 7 de Setembro), tende a atrair grandes empresas e grupos de comunicação, igrejas, militares, vários partidos políticos e, é claro, o Judiciário.

E isso, sim, embolará o jogo nacional e, consequentemente, em todos os estados.

Mas voltemos ao Pará.

É público e notório que Jatene nunca teve qualquer problema em barrar, destruir ou abandonar às feras os seus companheiros de partido, e até os seus aliados mais fiéis.

E muitas vezes, depois de usá-los para alcançar os seus objetivos.

Foi assim com Almir Gabriel, Mário Couto, Márcio Miranda, com o próprio Flexa Ribeiro e muitos outros.

Ou seja, Jatene é um canalha.

E ele necessita de poder até por uma questão existencial: para conseguir “vender” uma “aura” de humanidade e inteligência, para fins biográficos e de convivência social. Porque, sem uma casca de poder, só o que resta dele é mesmo a canalhice.

Mas além da questão existencial, há outra bem objetiva.

Jatene precisa de poder para escapar à Justiça, devido aos muitos crimes que teria cometido.

Ele sabe que apesar de se encontrar inelegível, poderá obter uma liminar para concorrer às eleições do ano que vem.

E uma vez com poder nas mãos, provavelmente, concluirá o seu mandato, porque conseguirá adiar, por anos, uma decisão final sobre o seu caso.

Mas então por que é que ele não se candidata ao Governo?

Mais para a frente, dependendo das circunstâncias, isso poderá até ocorrer.

No entanto, o Senado é muito mais simples, conveniente, estratégico e bem menos arriscado para ele.

Primeiro porque ele é um nome realmente forte, quase imbatível, para o Senado.

E negar isso em relação a um cara que foi três vezes governador do Pará é uma tremenda burrice.

Em segundo lugar, o Senado é mais estratégico, para que ele tente se livrar da Justiça, finja-se de morto, componha a base de seu partido, na próxima Legislatura, e até torne menos visíveis as suas transações.

Em terceiro, porque ele sairá “limpo”, em relação a uma provável derrota do PSDB ao Governo do Estado.

É Flexa Ribeiro quem ficará mais sujo do que pau de galinheiro.

É Flexa quem vai virar saco de pancadas e levará toda a culpa por essa derrota.

Além disso, Flexa será extremamente útil, para o financiamento da campanha de Jatene.

Milionário e com excelente penetração no empresariado, Flexa tem condições de proporcionar a Jatene uma campanha rica, em um momento em que boa parte dos partidos anda de pires na mão.

Óbvio que é muito improvável que consiga se eleger.

Flexa não é um político carismático, nem possui um discurso fácil, a não ser para falar de açaí.

Na verdade, ele mais parece uma mistura de Márcio Miranda e Ramiro Bentes.

Com o agravante que não terá a máquina e nem aquela onda nacional, que determinou a sua reeleição, em 2010.

Mas então por que é que ele está embarcando nessa canoa?

Será que ele é tão burro a ponto de cair, novamente, no canto de sereia de Jatene?

Penso que não.

Penso que o problema do Flexa é muito mais de vaidade do que de burrice.

Mas há, também, outra questão: Flexa, em tese, não tem nada a perder e pode entrar nessa jogada naquela de “se colar, colou”.

E isso, é claro, tem a ver com as condições objetivas para a reeleição de Helder, diante de um exército razoavelmente organizado.

Muitos dizem que a reeleição de Helder será um passeio, coisa de que discordo.

Acredito que as próximas eleições, no Brasil e no Pará, serão dramáticas.

Quer Bolsonaro permaneça no cargo até o fim, quer acabe substituído por Mourão.

Caso Bolsonaro permaneça, Helder terá contra ele agentes do Estado cooptados pelo bolsonarismo, além de uma poderosa rede de fake news e da má vontade dos grupos nacionais de comunicação, por seu sobrenome, Barbalho.

Em termos locais, a candidatura de Flexa pode fazer com que esse exército seja engrossado pelo grupo Liberal e por muitos tucanos que hoje são Helder “desde pequenininhos”.

Além disso, o “fator Mourão” e as articulações nacionais dos partidos podem até frustrar uma onda vermelha do Lulismo, ou até impedir que Helder possa surfar nessa onda, complicando ainda mais o meio de campo com o PT e o PSOL.

São cenários preocupantes para o governador e que começam a atiçar os seus adversários, a ponto de já se ter até um Flexa Ribeiro metendo a cara...

Acredito, sim, que Helder tem boas chances de se reeleger.

Ele vem conseguindo (e muito mais por mérito pessoal do que de sua Comunicação) fixar a imagem de um governante trabalhador, realizador e muito firme na defesa do povo do Pará.

Além disso, ele conta com a capilaridade do MDB e a poderosa militância emedebista. Isso sem falar na máquina e no grupo de comunicação que o apoia.

Mas daí a acreditar que a reeleição dele será um passeio, vai enoooorrrrme distância.

É preciso que aqueles que o apoiam descalcem os saltos altos e olhem a realidade exterior, e não aquela que está apenas dentro de suas cabeças.

Até porque de gente desconectada da realidade já bastam os bolsonaristas.

FUUUIIIII!!!!!

 

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Promotor pedirá prisão preventiva de PMs e Bombeiros do Pará que se manifestarem a favor do Ato de 7 de Setembro. Militares da ativa também não poderão participar do Ato, ainda que de folga, sob pena de processo criminal. Proibição vale também para manifestações contrárias. Penas podem chegar a 15 anos de prisão.

 

 

Policiais e bombeiros militares paraenses da ativa que realizarem manifestações políticas a favor ou contra o Ato de 7 de Setembro, que pede o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, poderão ser presos preventivamente e até expulsos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Pará. Além disso, os crimes pelos quais serão processados podem resultar em até 15 anos de prisão. O alerta é do promotor da Justiça Militar, Armando Brasil, que desde o início da semana monitora as ações dos policiais e bombeiros paraenses nas redes sociais.

Hoje (26), Brasil enviou ofício ao corregedor geral da PM, coronel Ricardo André Bilóia da Silva, requisitando informações, num prazo de 48 horas, “acerca das ações em curso para monitorar a participação de policiais militares da ativa nos protestos convocados, bem como impedir que os agentes se valham da condição de militar para participar de atos político-partidários, inclusive com a utilização e emprego de arma de fogo da corporação”.

No documento, ele observa que a Constituição Federal veda a participação de militares em atos políticos e que tal comportamento pode configurar crime e transgressão disciplinar. Ofício idêntico foi encaminhado ao subcomandante geral dos Bombeiros, coronel Alexandre Costa do Nascimento.

“Caso eu detecte algum tipo de manifestação política, vou requerer a prisão preventiva do militar”, disse Brasil à Perereca da Vizinha.  Segundo ele, “todos os crimes militares que tutelam o dever militar e os princípios da hierarquia e disciplina comportam a prisão preventiva por serem o que chamamos de crimes de consumação antecipada. Ou seja: basta o planejamento para manifestação política, para que a prisão preventiva possa ser decretada”.

Além disso, todos poderão responder pelos crimes militares de incitação à indisciplina, motim ou concertos para motim, que podem levar à expulsão da PM e do Corpo de Bombeiros, e resultar em até 15 anos de reclusão. Durante o processo, eles deverão permanecer afastados de suas funções.

Armando Brasil resolveu agir após tomar conhecimento, pela imprensa, das manifestações de policiais militares de vários estados, através das redes sociais, a favor do Ato bolsonarista de 7 de Setembro.

O caso de maior repercussão foi o do coronel Aleksander Lacerda, comandante de Policiamento do Interior da PM de São Paulo, que acabou afastado da função, no último dia 23, depois de convocar seus colegas para o 7 de Setembro e atacar o STF e o governador daquele estado, João Doria. O coronel possuía 5 mil homens sob seu comando.

Brasil considera “extremamente grave” a tentativa de politização das PMs: “Você politizar órgãos de Estado que possuem o poder de decidir sobre a vida e a morte, como a PM, e que têm como instrumento de trabalho fuzil, pistola e metralhadoras, é algo perigoso e complexo. Por isso que a Constituição Federal veda participação política de militares em eventos políticos”.

A seu ver, a situação atual “requer atenção e cuidado por parte dos órgãos de controle da atividade policial militar, como a Corregedoria, Comando e Ministério Público Militar”.

Com 15 anos como promotor militar, ele recorda apenas de um caso semelhante: a greve dos PMs, em 2014, quando ocorreu até a interdição da BR 316. Na época, os grevistas foram presos, processados e alguns foram condenados, por motim, à perda do cargo e à prisão. No entanto, todos acabaram anistiados pela ex-presidenta Dilma Rousseff.

Ele disse que os policiais e bombeiros militares da ativa não podem se manifestar convidando colegas para o 7 de Setembro, mesmo que não façam declarações a favor do fechamento do Congresso e do STF. Também não podem participar do Ato mesmo que seja à paisana, ou de folga e sem armas.

“Eles não podem participar de manifestações de caráter político de forma alguma. Se a Promotoria Militar ou a Corregedoria (da PM) constatar a presença, eles serão processados criminalmente”, disse ele. A proibição vale, também, para manifestações políticas contrárias ao 7 de Setembro: “É qualquer tipo de manifestação, seja a favor ou contra o governo”.

Ele informou que realiza o monitoramento das redes sociais através de uma equipe, mas preferiu não detalhar como isso acontece. Além disso, observou, a Corregedoria da PM, através do serviço de inteligência, também realiza esse tipo de trabalho e informa a Promotoria Militar, para as providências legais. “Isso serve para qualquer tipo de crime militar”, comentou.

No entanto, até agora Brasil não detectou qualquer manifestação dos policiais e bombeiros do Pará, em relação ao 7 de Setembro.

Quem quiser colaborar, pode enviar denúncias para o email funcional da Promotoria Militar: armando@mppa.mp.br 

A identidade do denunciante será preservada.