quinta-feira, 19 de agosto de 2021

As trevas. Lá e cá.

 


 

O Talibã e os bolsonaristas, com o seu fanatismo religioso, têm indisfarçáveis semelhanças.

Em ambos os casos, a sociedade tem de se submeter a um Estado religioso, cujas leis, ainda por cima, são baseadas na leitura distorcida de textos sagrados.

Em ambos os casos, as escolas também só podem ensinar essa visão distorcida; tudo o mais deve ser proibido.

Em ambos os casos, os seus militantes podem fazer o que bem entendem: ameaçar, humilhar, espancar, matar, mutilar, e todos têm de se curvar à sua "ditadura sagrada".

Em ambos os casos, as mulheres perdem totalmente os direitos sobre os seus corpos e as suas vidas; devem total submissão aos homens e sofrem restrições de acesso até à Educação.

Lembro de Edir Macedo dizendo que não permitiu que as suas filhas cursassem uma faculdade, para evitar que tivessem mais estudo do que os seus futuros maridos, aos quais deveriam obedecer.

Lembro dos pastores flagrados humilhando e espancando as suas esposas, ou abusando sexualmente de outras mulheres, e até de adolescentes.

Lembro das estatísticas mostrando a grande violência contra mulheres de lares evangélicos, e das denúncias de que elas são orientadas, por suas igrejas, a suportar tais agressões.

Lembro da união dessas seitas a traficantes de drogas, para ameaçar, espancar e até matar os seguidores de religiões de origem africana.

Lembro do quanto exploram famílias pobres, obrigando-as a lhes entregar até o dinheiro do aluguel ou da comida.

Lembro de todo o ódio que semeiam e de seus atentados contra a Democracia.

E a única diferença que encontro entre o Talibã e eles é que o Talibã já conseguiu tomar o poder, para impor a sua vontade, à toda uma população, através do terror.

 

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Foto: ′′O desaparecimento da mulher′′, da fotógrafa iraniana Shadi Ghadirian

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