domingo, 31 de maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Hangar
Presidente do Conselho Administrativo
também fornece produtos ao Hangar
A empresária Thaís Montenegro, sócia da gráfica Delta, não foi a única integrante do Conselho de Administração do Hangar a fornecer serviços aquele centro de convenções.
Hoje, a reportagem descobriu que o próprio presidente do Conselho de Administração, o empresário Roberto Ferreira, também forneceu produtos ao Hangar.
Sócio da Sol Informática, Ferreira vendeu ao Hangar R$ 221.045,00, entre maio de 2007 e o mês passado.
Maior centro de convenções do Norte do País, o Hangar é uma estrutura pública cuja administração foi repassada à Via Amazônia, uma Organização Social (OS) presidida pela pedagoga Joana Pessoa, ex-concunhada e ex-assessora da governadora do Pará, Ana Júlia Carepa.
Entre meados de 2007 e o final do ano passado, vários órgãos do governo estadual destinaram ao Hangar, através de contratos, mais de R$ 25 milhões, a maior parte sem licitação.
Na primeira reportagem dessa série sobre o Hangar, um procurador, um promotor de Justiça e dois advogados de grandes bancas de Belém consideraram incompatível esse duplo papel de empresários que, além de integrarem a cúpula do Hangar, também fornecem produtos ao mesmíssimo centro de convenções.
Não houve consenso quanto à existência de crime. Mas, eles foram unânimes em afirmar que essa prática atenta contra princípios constitucionais, como a moralidade e a impessoalidade, que norteiam a administração pública.
Ação entre amigos
Hoje, a reportagem ouviu mais um promotor e dois advogados, sobre o caso específico do presidente do Conselho de Administração do Hangar. Eles foram pelo mesmo caminho dos entrevistados anteriores.
“Isso fere o princípio da moralidade” – disse o promotor –“Não tem como: se ele (Ferreira) está vinculado ao conselho de um órgão, teria de estar isento da comercialização”.
E acrescentou: “Não importa o valor, ele não deveria participar desse processo de vendas. Isso fere de morte toda a seriedade da organização social. Se ele quisesse negociar com a OS, tinha de se afastar imediatamente”.
A reportagem perguntou ao promotor se o fato configura crime. Ele respondeu: “Não deixa de ser uma fraude. Embora não haja obrigatoriedade de processo licitatório, os princípios constitucionais são uma fonte muito forte do Direito. Eles são a base, são mais importantes, têm mais força que a própria Lei”.
O promotor apontou o trabalho social realizado pela empresa – a Sol Informática tem inúmeras ações nessa área, inclusive na recuperação de praças da capital e de incentivo a artistas paraenses. Mas, observou, “não há como não dizer” que o fornecimento de serviços pela empresa ao Hangar “não é irregular”.
E arrematou: “acredito, infelizmente, que é improbidade. Quando uma conduta afronta princípios constitucionais, entre eles o da moralidade, o caso já se enquadra em improbidade administrativa. Nem precisa haver o enriquecimento ilícito: basta ferir um dos princípios constitucionais da administração pública”.
Disse, no entanto, que não cabe uma ação popular, já que houve efetivamente o fornecimento dos produtos e inexistiu, pelo menos aparentemente, prejuízo ao erário. “A ação pode ser por improbidade e, talvez, até Penal”, explicou.
Um dos advogados ouvidos pela reportagem lembrou que quem exerce função pública não pode fornecer produtos ou serviços à administração pública. Observou que as OS não têm, apenas, uma natureza privada. E disse acreditar que a impessoalidade e a probidade administrativas “alcançam”, sim, as OS.
Outro advogado considera que a situação de Ferreira é ainda pior que a de Thaís Montenegro:
_ “Isso mostra que existe uma mesclagem moral. Ele (Ferreira) é presidente do Conselho e, ao mesmo tempo, fornecedor. Isso é, no mínimo, embaraçoso. Como é que vai se auto-investigar? Virou uma ação entre amigos!... Ou, como diz o ministro Marco Aurélio (ex-presidente do Supremo Tribunal Federal), ‘farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Empresário nega acusações
Mas o empresário Roberto Ferreira nega quaisquer irregularidades na venda de produtos ao Hangar, pela Sol Informática.
“Creio que são coisas distintas” – disse Ferreira – “Se fosse um valor acima do que a praça vende, mereceria críticas. Mas, os preços estão até abaixo disso; vendi mais barato até para colaborar. E isso elimina qualquer hipótese de dizer que houve qualquer benefício”.
Segundo Ferreira, os produtos fornecidos ao Hangar ficaram 5% mais baratos do que os preços de mercado vigentes naquela época.
Ele também informou que o faturamento da Sol atingiu, no ano passado, mais de R$ 83,8 milhões, o que dá R$ 275 mil/dia, em média, considerados os 305 dias úteis do ano passado.
Observou que só um dia de faturamento da empresa é superior a tudo o que foi fornecido ao Hangar, nesses dois anos. E salientou: “Isso é muito pouco para sujar a minha imagem. Não preciso do Hangar e nem do trabalho que faço lá, para me destacar. Preciso disso é como cidadão, para contribuir para a sociedade”.
Ferreira também disse que a Sol realizou a convenção dela no Hangar e que pagou os R$ 6 mil do aluguel de uma sala, para o evento, “como qualquer cliente”.
Lembrou que a empresa recolhe, em média, R$ 457 mil por mês de imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Além disso, apoiou, no ano passado, 147 projetos em diversas áreas (música, dança, teatro, literatura e obras sociais). E gastou com eles mais de R$ 250 mil, sem dedução de impostos.
EDITORIAL
A Mulher de César
Gostaria de dizer, em primeiro lugar, aos leitores deste blog, que a reportagem acima, embora curta, foi uma das mais angustiantes que já escrevi.
Primeiro pela extraordinária trajetória do empresário Roberto Ferreira, ex-engraxate, ex-mecânico de automóveis, ex-jornaleiro, ex-picolezeiro, que, como ele mesmo conta, não teve tempo sequer “de ser um rebelde”, tamanho o aperto financeiro que enfrentou ao longo da vida.
Segundo, porque a empresa que ele dirige, a Sol Informática, possui, efetivamente, um importante trabalho na área da cultura e da assistência social.
Além disso, o empresário forneceu todas as informações possíveis – as solicitadas ou não. Foi, em suma, extremamente transparente.
Quer dizer: parece-me que Roberto Ferreira é, de fato, um cidadão que faz por merecer o respeito de cada um de nós.
Talvez por isso, passei o dia inteiro com uma historinha a me martelar a cabeça.
Ela é mais ou menos assim.
Pompéia, esposa de Júlio César, era uma mulher digníssima.
O problema é que havia um sujeito apaixonado por ela, um tal de Clodius, que queria porque queria dormir com a bela Pompéia.
Certo dia, Clodius conseguiu se esgueirar até os aposentos de Pompéia.
No entanto, para seu azar, foi descoberto.
Foi um fuzuê danado em toda a Roma. E César acabou por se divorciar de Pompéia.
Tempos depois, alguém perguntou a ele, que, talvez, andasse meio que macambúzio: “Mas, vem cá, César, tu acreditas mesmo que a Pompéia te traía com aquele desqualificado do Clodius?
E César, peremptório: não!
Aí, o sujeito coçou a cabeça, coçou a cabeça e retrucou: “Então, por que, caramba, te separaste dela?
E César disse, então, uma frase que ficaria para a posteridade e que é mais ou menos assim: “Porque à mulher de César não basta, apenas, ser honesta; ela tem, sobretudo, de PARECER honesta!”.
É certo que o enorme faturamento da Sol, e até mesmo o que ela investe, todos os anos, em projetos sociais, desautorizam a pensar em enriquecimento ilícito, derivado desses poucos mais de R$ 220 mil que forneceu, em dois anos, ao Hangar.
O problema é que aqui não se discute o valor dessas transações – mas, a MORALIDADE delas.
Ora, o empresário Roberto Ferreira preside o Conselho de Administração de uma estrutura pública, na qual circulam milhões em dinheiro público.
E mesmo o dinheiro que ali entra, em torrentes, advindo da iniciativa privada, resulta da exploração de uma estrutura que pertence a todos nós (e, para se compreender bem isso, é o caso de se perguntar: que seria da Via Amazônia sem o Hangar?)
Por isso, não há, no Hangar, um mísero tostão que não tenha, geneticamente, origem pública.
Daí que, ao contrário do que acontece numa empresa privada, é preciso, sim, levar em conta, na gestão do Hangar, os princípios que norteiam a administração da “res” pública.
E, do ponto de vista da “coisa pública”, será moral que um administrador forneça produtos à estrutura que administra? Será impessoal a contratação de uma empresa que pertence a esse administrador?
O problema, parece-me, é a concepção viciada que temos daquilo que é público – e que, pelo visto, faz o cotidiano das relações no Hangar.
A “coisa” pública não é a quitanda de um compadre, na qual a gente pode mandar buscar um maço de cheiro-verde, para temperar o vatapá.
A coisa pública não é um pertence de um diretor, de um presidente, de um governador, de um prefeito, de um vereador ou de qualquer indivíduo – em si, por si.
A coisa pública, como o próprio nome diz, é algo que pertence a todos. A mim, a você, aos nossos filhos, aos nossos netos. Desde o cidadão que habita o humilde barraco da Terra Firme, até o dono da mansão bacana, lá em Batista Campos.
E eu fico pensando que esses R$ 220 mil podem não significar nada no faturamento de uma empresa como a Sol Informática.
Mas, podem significar MUITO para um cidadão, outro empresário do mesmo ramo, com uma empresa menor, mas que, infelizmente, não tem a sorte de pertencer ao Conselho de Administração do Hangar.
E eu fico pensando que, em se tratando da coisa pública, todos os cidadãos têm, sim, o direito de disputar contratos, em igualdade de condições.
Mas, não me parece que é de Roberto Ferreira ou mesmo de Thaís Montenegro que eu, cidadã, tenho de exigir tal compreensão.
Parece-me que quem tem de “meditar” acerca da moralidade e da impessoalidade públicas, é, justamente, o Poder Público.
Quer dizer: o Governo do Estado, por seus entes, o Executivo, o Ministério Público, o Judiciário, o Tribunal de Contas, a Assembléia Legislativa, que, no entanto, parecem ter estabelecido um pacto de silêncio em relação à LAMBANÇA que acontece no Hangar.
Quiçá, até, pelas poderosas verbas nas mãos do Executivo, que irrigam todos os demais entes desse arremedo de república em que vivemos.
E eu, cidadã, fico a pensar para que servem, diabos, o Ministério Público, o Tribunal de Contas, o Judiciário, a Assembléia Legislativa, se, apesar de todas as prerrogativas constitucionais de que dispõem, são incapazes de dar um pio em relação a essa “malemolência”, para dizer o mínimo, do Executivo, em relação ao Hangar.
O que vemos, hoje, no Hangar – e que este blog, sabe-se lá até quando, está a mostrar – é, apenas, a ponta do iceberg.
E eu até dizia, hoje, a um promotor – que não considero só um promotor, mas, um amigo – que já estou até começando a sentir medo de mergulhar no Hangar. Porque, se a superfície está assim, avalie o que não acontece nas profundezas, né mermo? Eis que o exemplo que vem de cima se reproduz em todos os patamares, né mermo?
Sei, apenas, que o “odor” que vem de lá, não é nada agradável...
E já começa a arrastar para o epicentro de um escândalo, talvez monumental, até mesmo um cidadão da estatura de um Roberto Ferreira.
E eu, jornalista e cidadã – sobretudo, cidadã; orgulhosamente cidadã! – só posso é lamentar que seja assim.
Só posso é pedir que Deus nos ajude, quando, afinal, conseguirmos abrir aquela caixa de Pandora.
Para que, no fundo, reste, ao menos, a Esperança.
FUUUUIIIIIII!!!!!!!
(P.S: O Hangar sempre foi complicado.
Na época da construção, foram muitas as denúncias de superfaturamento.
E eu confesso que, depois de muito vasculhar na internet, nunca consegui encontrar UM só centro de convenções do Brasil que tivesse custado tanto: R$ 107 milhões.
Pelo contrário: achei centros uns R$ 30 milhões mais baratos e que faziam o Hangar parecer uma caixa de fósforos.
No entanto, não sei se houve “crime” ali – mas, com certeza, houve, sim, megalomania.
E, num estado miserável como o Pará, isso se torna muito, muito mais grave. Até porque a megalomania com dinheiro próprio é uma coisa; mas, com dinheiro público, é coisa bem diferente.
Depois, veio essa história de uma OS, para administrar o Hangar. E eu não consigo conceber, por mais que me ponderem acerca da necessidade de “flexibilizar” a legislação, para a contratação de técnicos mais bem pagos; eu não consigo conceber a licitude dessa excrescência chamada OS.
Se a Lei é incompatível com a realidade, com a “frieza” do cotidiano, então, que se mude a Lei. Mas, construir artifícios para, simplesmente, burlar a Lei não é democrático, não é lícito, não é “normal”.
Em nenhum Estado Democrático pode ser “normal” investir milhões em uma estrutura pública, para, enfim, entregá-la a um ente privado, mesmo que diz-que sem fins lucrativos.
E, mais ainda, quando não há qualquer controle, DE VERDADE!, sobre o que se aufere a partir do uso dessa estrutura e que, ao fim e ao cabo, é, sobretudo, PÚBLICO.
E aqui eu não me refiro só à Via Amazônia. Refiro-me a todas as OS, como, por exemplo, àquela que administra o Hospital Metropolitano, a outra que conheço, também, um pouco melhor.
Até hoje, creio, os alunos da Uepa, uma universidade pública e da qual os alunos advêm, na maioria, de escolas públicas, não possuem um hospital universitário.
E, no entanto, a faculdade de Medicina administrada também pela Acepa possui um curso pelo qual cobra R$ 3 mil por mês e no qual o hospital-escola é, justamente, o Metropolitano.
Pode isso? Sinceramente, pode isso?!!!
É verdade: pode ser que, no futuro, quando eu estiver meio que bilé; meio que “meuã”, como diria a minha mãe; algum grande doutor, de alguma grande Academia, possa, enfim, explicar-me isso, tendo em vista a minha rude, parca intelecção.
Mas, até lá, confesso que, simples cidadã, não consigo encontrar justificativa para isso.
Só sei que as coisas estão nesse pé desde os tempos dos tucanos e se estendem ao xifópago PT: a gente constrói, com milhões, uma estrutura pública e diz a uma OS ou a um empresário: toma que o filho é teu!
Como se fôssemos, todos, uns retardados. E como se fosse moral, honesto, fazer algo assim. Agora, FUUIIIIIII!!!!)
quarta-feira, 27 de maio de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Gráfica2
Na primeira matéria dessa série de reportagens você leu:
_Sócia da gráfica Delta, a empresária Thaís Montenegro também integrou o Conselho de Administração do Hangar, para o qual a empresa imprime a revista “Latitude”, cuja edição trimestral, nos cálculos de empresários do setor, gira em torno de R$ 700 mil, para 30 mil exemplares.
_A Delta integra, na verdade, um grupo de três gráficas que funcionam no mesmo endereço: a travessa Pirajá, 1187, no bairro do Marco. Duas delas, aliás, sob o mesmo nome de fantasia: Delta Gráfica e Editora.
_O grupo foi o principal fornecedor de impressos da campanha da governadora Ana Júlia Carepa, nas eleições de 2006. E, ao longo desses dois anos, já faturou um volume de recursos que ninguém sabe quantificar. Mas que, segundo empresários do setor, lhe permitiu comprar de R$ 6 milhões a R$ 10 milhões em equipamentos.
Acompanhe, agora, o restante do material.
Empresário nega acusações
Montenegro jura que não há irregularidades. Mas, pelo menos duas empresas do grupo já participaram da mesma licitação.
A coexistência de três empresas do mesmo ramo no mesmo endereço pode até não ser crime.
Mas, é olhada com desconfiança porque pode gerar situações, no mínimo, complicadas.
Como não poderia deixar de ser, isso já aconteceu com as empresas do grupo Delta – um conjunto de três gráficas que funcionam na travessa Pirajá 1187, em Belém, todas sob o comando, na verdade, do empresário Édson Montenegro.
Em pelo menos uma ocasião, duas das empresas do grupo já participaram da mesmíssima licitação.
Foi a Tomada de Preço (TP) 009/2008, realizada em meados do ano passado, para o fornecimento de material gráfico à Prefeitura de Marituba.
De acordo com o Diário Oficial do Estado número 31217, de 23/07/2008, venceram a TP as empresas Delta Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ 07.960.738/0001-40) e Bruno E. da S. Vieitas Ltda. (CNPJ 05.506.596/0001-10.
A primeira está registrada em nome da segunda mulher de Édson Montenegro, Káthia Regina de Souza Pamplona, e da filha do casal, Thaís Fernanda Pamplona Montenegro, que integrou ou integra a cúpula do Hangar – o centro de convenções para o qual o grupo Delta também fornece serviços gráficos.
A segunda empresa, a Bruno E. da S. Vieitas, cujo nome de fantasia é K&T Comércio e Serviços, está em nome de um filho do primeiro casamento do empresário.
Mesmo assim, Montenegro nega quaisquer irregularidades, tanto nas suas empresas, quanto no fornecimento de serviços ao Governo do Estado e ao Hangar.
Sem Álcool
Na tarde de quinta ou sexta-feira (antes, portanto, de um telefonema de madrugada à repórter, com objetivo aparentemente intimidador, e no qual, também, o empresário parecia estar alcoolizado), Édson Montenegro confirmou que a filha, Thaís, integrou o Conselho de Administração do Hangar. Mas disse que ela deixou o local ainda no mês passado.
Garantiu que a Delta imprimiu, apenas, três números da revista “Latitude”, a publicação trimestral do Hangar.
Disse que sempre forneceu serviços a candidatos de todos os partidos políticos – “na campanha da Ana, do Jatene, do Almir”. E que atende “bem” a todos os governos – “sou um cara democrático, light”.
E explicou o porquê, em sua opinião, de tamanha procura: “Eu tenho a melhor gráfica do estado. Entra governo, sai governo, tenho mercado porque tenho qualidade. E o mercado, hoje, prima pela qualidade. Se eu fosse amigo do governador e não tivesse qualidade, não vendia”.
Reclamou dos demais empresários do setor que se queixam da concentração de serviços, pela Delta, no atual Governo, e garantiu que o volume nem é tão grande assim:
_ “Se eles tivessem capacidade, não reclamavam. Vá lá ver, na Seduc...Se tiver uma nota fiscal minha, lá na Sespa, na Sefa, qualquer órgão, pode dizer que é mentirosa. É que os caras, ao invés de trabalhar, ficam se preocupando com os outros. No governo do doutor Almir, só o Conrado (o presidente da Fiepa, José Conrado, que é empresário do setor) fazia as coisas e eu nunca reclamei de nada”.
Disse que sentiu “uma tristeza, que pelo amor de Deus!...” ao ver a Delta envolvida no escândalo dos kits escolares – a aquisição, que teria ocorrido sem licitação e a preços superfaturados, dos kits distribuídos, neste ano, pela governadora Ana Júlia Carepa, aos alunos da rede pública.
E negou qualquer envolvimento no escândalo: “Chegou um pedido na minha mão, para a cotação das agendas. Era 1,1 milhão de agendas e aí eu disse que não tinha capacidade de fazer”.
Da mesma forma, também negou a aquisição, em apenas dois anos, de equipamentos avaliados em pelo R$ 6 milhões, em função do dinheiro a rodo que estaria recebendo do Governo Estadual, como afirmam empresários do setor.
“A minha máquina custou R$ 1,3 milhão, para pagamento em cinco anos!... Se quiser, eu mostro a duplicata, eu mostro!...” – disse ele, na entrevista feita por telefone – “Já até deixei de ler jornal pela falta de postura das pessoas!... Na revista que tenho, a Via Pará, nunca falei mal de ninguém”.
Montenegro também assegurou que as revistas que imprimiu para o Hangar foram antecedidas “ de concorrência, cotação de preços”. E novamente apontou a qualidade do parque gráfico que possui: “A minha gráfica é a única de Belém que dispõe de uma máquina PUR, que cola, que não precisa grampear”.
E ironizou a informação dos empresários do setor de que estaria faturando milhões no atual governo: “Quem me dera!... Já pensaste? Ganhar uma grana dessas? Até porque já peguei porrada sem pegar”.
Contou que trabalha com Ana Júlia Carepa desde os tempos em que era vereadora, “e ela me ajuda dentro do possível, dentro da legalidade, ela mesma já falou isso, e para mim gratidão é sinônimo de caráter”.
Também explicou o motivo pelo qual tem três empresas gráficas no mesmo endereço – duas delas com o mesmíssimo nome de fantasia:
_ “Eu só ainda não fechei a Édson F. M. Vieitas, porque eu precisava esperar acabar o contrato com a TIM (a operadora de telefonia), que está em nome dela. Aí eu pensei em abrir essa outra sociedade (a outra Delta), já colocando em nome da minha filha. Mas, no mês que vem, eu fecho a Édson E. M. Vieitas”.
Quanto à K&T, a empresa que está em nome do filho, Bruno Vieitas, Montenegro explicou a existência dela pela necessidade de contemplar as duas famílias – a do primeiro e a do segundo casamento.
Mas, garantiu, a K&T “é separada da Delta, até os funcionários são separados” e explicou a coincidência do endereço – todas as três empresas estão no prédio de número 1187 da travessa Pirajá; o número 1193, que consta como endereço de duas delas, na Receita Federal e na Jucepa, simplesmente não existe, conforme constatou a reportagem, na semana passada.
“O número existe, sim”, disse Montenegro, “É que eu comprei a casa ao lado e mandei tirar o número. Por isso, ele não está lá”.
A reportagem perguntou se ele não considerava pelo menos complicado o fato de a filha dele, Thaís, que figura na constituição societária de uma das gráficas Delta, ter sido, no ano passado, também integrante do Conselho de Administração do Hangar – o centro de convenções para o qual, no mesmo período, a empresa forneceu serviços gráficos.
Montenegro respondeu: “Depende do seu ponto de vista. Na empresa, é tudo tocado por mim e pela mãe dela. Ela (Thaís) não tem nenhuma ingerência na Delta. Ela só tem 20 anos e começou a trabalhar aqui comigo na semana passada. Além disso, será que ela tem poder decisório no Hangar?”.
Delta e Ana Júlia: uma década de “trabalho”
Vêm de longe as relações entre o empresário Édson Montenegro e a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa. Em novembro do ano passado, na festa de aniversário da gráfica Delta – comemorada justamente no Hangar – a própria Ana informou que trabalha com a empresa desde 1998.
No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no qual estão online apenas as prestações de contas das quatro últimas eleições, é possível reconstituir um pouco da trajetória de contribuições e serviços das empresas do grupo Delta à governadora Ana Júlia Carepa e ao PT.
Em 2002, o principal fornecimento de impressos da Édson F.M. Vieitas (a Delta Gráfica e Editora de CNPJ 02.129.402/0001-16) foi para o Comitê Financeiro Único do PSDB: R$ 185 mil.
O segundo maior pacote de serviços foi para o deputado federal José Priante (R$ 55 mil), do PMDB. O terceiro, para Ana Júlia (R$ 40 mil), então candidata à senadora.
É verdade que outros oito candidatos também mandaram confeccionar impressos na Delta - gente do PSDB, PMDB, PSD,PPS e PPB.
Mas, no caso de Ana Júlia, a Delta já aparece como a segunda maior fornecedora desse tipo de serviço, atrás apenas da Gráfica e Editora Primavera (R$ 44 mil), embora haja, nessa prestação de contas, R$ 112 mil em impressos de origem desconhecida.
Em 2004, esses laços com a Delta se estreitaram. A gráfica foi, praticamente, a única fornecedora de impressos da campanha de Ana Júlia à Prefeitura de Belém, com R$ 258.347,50 em valores declarados.
Naquele ano, os impressos confeccionados pela Delta, para candidatos a cargos eletivos, somaram R$ 401.561,62.
O segundo maior fornecimento (R$ 120 mil) foi para Duciomar Costa, que acabou vencendo as eleições à Prefeitura da capital.
Em 2006, lá estava o grupo Delta de novo: dos R$ 710.780,00 que a Édson F. M. Vieitas confeccionou em impressos para os candidatos, R$ 616.000,00 foram para a campanha de Ana Júlia ao Governo Estadual.
Mas outra empresa do grupo, a K&T Comércio e Serviços, também forneceu R$ 86.500,00 em impressos para a atual governadora.
Quer dizer: de um total de R$ 1.117,545,00, gasto por Ana Júlia na rubrica “Publicidade por Materiais Impressos”, mais de R$ 702 mil vieram do grupo Delta.
Além disso,o grupo se tornou, naquele ano, também doador de campanhas eleitorais: foram R$ 22.300,00 para Ana Júlia, através da empresa Édson. F.M. Vieitas, e R$ 3 mil para o candidato tucano ao Senado, Mário Couto Filho, através da K&T, que também forneceu para ele R$ 84.850,00 em materiais – o segundo maior volume de serviços da empresa, naquele pleito.
Nas eleições do ano passado, o grupo Delta bateu ponto novamente.
Do fornecimento de R$ 116.434,80 da Édson F. M. Vieitas em impressos, menos de R$ 3 mil foram para o PT: o grosso do serviço foi para candidatos do PP, PMDB e PFL.
Já a K&T forneceu mais de R$ 214 mil em impressos, mais da metade para candidatos petistas. E dos R$ 43.923,00 doados pela empresa, R$ 42.463,29,00 beneficiaram candidatos do PT.
Grupo também edita revista
Além das gráficas, Montenegro também possui uma revista: a Via Pará.
Ela foi lançada em novembro de 2007, pela K&T, e tem como diretor-presidente o próprio Montenegro. É impressa pela Delta. O endereço da redação é também a travessa Pirajá, 1187.
A Via Pará tem uma tiragem declarada de 25 mil exemplares e um preço de capa de R$ 7,00.
Mas, ao que parece, é sustentada pelo Governo do Estado e por empresas a ele ligadas.
Dos seis anúncios de página inteira da edição de abril do ano passado, três foram do Governo do Estado, um do Hangar, um da própria gráfica Delta e um da Cerpasa – que, além de receber incentivos fiscais do Estado, também possui (ou possuía) uma dívida astronômica com o erário.
Outro exemplo: a edição de novembro do ano passado, que marcou o primeiro aniversário da revista. São, apenas, 10 páginas de anúncios, num universo de 70. E, dessas 10 páginas, três vieram do Governo, uma do Banpará e uma do Hangar.
Outras duas são da própria Delta.
Das três restantes, uma veio do Foto Keuffer/Paulo Britto Stúdio e Eventos – e Paulo Britto, além de fotógrafo, é, também, diretor comercial da Via Pará.
As outras duas foram bancadas pela Sol Informática e pelo jornal Público, cujos proprietários integram o Conselho de Administração do Hangar.
Mais um exemplo: a edição de janeiro deste ano. Das oito páginas de anúncios, três são do Governo do Estado, uma do Hangar, duas da própria Delta, uma da Cerpasa e uma do jornal Público.
Outro exemplo: a edição de fevereiro deste ano: das nove páginas de anúncios, três são do Governo do Estado, uma do Hangar, duas da Delta, uma da Cerpa, uma do Público e uma – surpresa! – da Tim, a operadora de telefonia celular.
É verdade que os 25 mil exemplares da Via Pará, a R$ 7,00 cada, renderiam R$ 175 mil por edição, caso fossem vendidos na totalidade.
O problema é que isso não acontece.
A informação, de fonte segura, é que 70% desses exemplares são distribuídos gratuitamente.
“São 800 pontos de distribuição” – revela um funcionário – “entre condomínios, hotéis, empresas públicas e privadas”.
A fonte não soube precisar a taxa de encalhe dos 30% que chegam às bancas.
Disse, no entanto, que a distribuição gratuita alcança, especialmente, a área “nobre” da cidade – Nazaré, Marco, Batista Campos, por exemplo – até o Entroncamento.
Quanto ao preço dos anúncios, ela confirmou que gira em torno de R$ 4 mil por página inteira. Mas, advertiu: “para o Governo é mais caro, pela série de procedimentos que isso envolve. Desde novembro, por exemplo, não recebemos nada do Governo; ele nos deve umas três edições”.
Informou que o acordo com o Governo é de três páginas por edição. Mas, disse, desde que o anúncio não venha através da Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), é possível negociar “um preço melhor”, até pela “reestruturação” que está sendo feita na revista, inclusive na tabela de preços, em função da crise econômica.
“Em dezembro, fizemos uma capa para o Banpará que saiu a R$ 6 mil. Se fosse para o Governo, seria mais caro”, contou.
Uma pergunta sem resposta
Não se sabe ao certo se e quando Thaís Montenegro deixou o Hangar.
Na semana passada, uma assessora do Hangar disse que Thaís saiu de lá no mês passado – a mesma informação de Montenegro, por telefone, na quinta ou sexta-feira.
Mas, na madrugada de sábado, o empresário afirmou que a garota deixou o centro de convenções em julho do ano passado.
Certo é que Thaís ainda figurava como integrante da constituição societária da Delta em abril do ano passado – o fato está documentado em um processo da Justiça do Trabalho.
E, em maio, também aparecia como integrante do Conselho de Administração do Hangar, na revista Latitude – impressa pela gráfica Delta, como se pode ver no expediente.
A reportagem não teve acesso aos dois primeiros números da revista, para saber por quanto tempo Thaís exerceu esse duplo papel.
Mas, na edição de outubro, o nome dela desapareceu do Conselho de Administração - no lugar dela entrou o empresário Paulo Morelli.
Qual o verdadeiro faturamento da Delta?
Outra dúvida é quanto ao dinheiro realmente recebido pelas empresas do grupo Delta, no Governo Ana Júlia.
Mas, é bem provável que os empresários do setor tenham razão quando afirmam que o grosso do faturamento da empresa não aparece no link Transparência Pará, da Auditoria Geral do Estado (AGE).
De acordo com o link, a Delta Gráfica e Editora Ltda (não a Edson F.M. Vieitas, mas, aquela que está em nome da mulher e da filha do empresário, com o CNPJ 07.960.738/0001-40) recebeu do Governo do Estado, em 2007, R$ 392.813,59.
Já, a Bruno Vieitas (K&T Comércio e Serviços) foi contemplada com outros R$ 225.565,60. Total: mais de R$ 600 mil.
Já em 2008, ainda segundo o link Transparência Pará, a mesma Delta teria faturado R$ 190.430,19, e a Bruno Vieitas (K&T) R$ 69.035,53. Total: cerca de R$ 260 mil.
O problema é que o link detalha o que foi recebido pelas duas empresas, em 2007 e 2008, de vários organismos estaduais – Seduc, Secult, Escola de Governo, Sespa, Detran, por exemplo.
Mas, não consta nele um mísero centavo repassado ao grupo de Montenegro pela Secretaria de Comunicação – com as suas fabulosas verbas de publicidade e propaganda, que ficaram, apenas em 2007, em mais de R$ 38,8 milhões.
Mesmo assim, como já se viu, só a revista Via Pará, do grupo de Montenegro, que já vai no décimo número, fatura alto em anúncios, com três páginas fixas do Governo Estadual, a cada edição.
O mistério é o volume de dinheiro que o grupo Delta recebe das agências de propaganda contratadas pelo Governo do Estado.
E quanto, afinal, é destinado ao grupo pelo Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, no qual a Delta conseguiu emplacar até mesmo uma sócia no Conselho de Administração.
Mas isso, só o tempo dirá.
sábado, 23 de maio de 2009
Democracia Já!
ABAIXO O AUTORITARISMO! VIVA A DEMOCRACIA!
Há pouco, por volta da uma da madrugada, recebi um telefonema do doutor Édson Montenegro, o dono da Gráfica Delta, que queria discutir comigo a reportagem do post abaixo (e leiam, por favor, que é a primeira de uma série).
Não apenas pelo teor da conversa, mas, por ser madrugada de sexta-feira e o próprio doutor Montenegro ter me dito que estava num bar, deduzi que ele andou bebendo.
Por isso – e como eu também gosto muito de beber – resolvi “relevar” o tom de suas afirmações.
Ele me disse que haviam ligado para ele, para falar da matéria publicada neste blog.
E ficou naquele blá-blá-blá de que a família dele é sagrada e que não admite que ninguém mexa com a família dele.
Como se eu tivesse alguma coisa contra a família dele, à qual nem conheço, aliás.
E como se não fosse ele a envolver a própria família em tudo isso, ao utilizá-la para a abertura de tantas empresas e otras cositas mas.
Talvez que aqueles que USARAM o doutor Montenegro tenham imaginado que conseguiriam, assim, me intimidar.
Ledo engano!...
A série de reportagens sobre a Delta vai, sim, prosseguir.
Mas, agora, será devidamente aprofundada, com informações sobre o conjunto de empresas e de colaboradores da governadora Ana Júlia Carepa que atuam, ao mesmo tempo, como administradores e prestadores de serviço do Hangar e do Governo do Estado.
Lamento, profundamente, estes tempos absurdamente autoritários que estamos a viver no estado do Pará.
Lamento, profundamente, que o PT e os seus “companheiros” não consigam conviver, minimamente, com a democracia, com a liberdade de imprensa, com a liberdade de expressão.
Lamento que os "companheiros" não consigam entender que o “culpado” não é quem denuncia um possível crime contra o erário, mas, SIM, todos aqueles que AGEM contra o interesse público.
Há 30 anos atuo no jornalismo.
E nunca, em toda essa sofrida trajetória, que abrangeu até mesmo os tempos da ditadura; nunca vi nada parecido com o que vem acontecendo no Pará, em termos de censura à imprensa, em termos de intimidação aos que “ousam” enfrentar esses corruptos patológicos que estão aí.
E lamento, sinceramente, o nível a que desceu o PT – o mesmíssimo PT que tanto criticava os tucanos, né mermo?...
Há pouco tempo, investiguei uma quadrilha pesadíssima, a do Chico Ferreira, que se encontra, aliás, preso em Americano.
Investiguei a PrevSaúde, o sobrinho do Jatene, o projeto Alvorada e até aquela máfia das ambulâncias.
Há uns 20 anos, fiz até matérias sobre o latifúndio e a pistolagem, numa época em que enfrentar essa bandidagem era quase que certeza de inclusão na listagem de matança.
E – sinceramente!... - não me lembro de tantas pressões e tentativas de intimidação como essas que venho sofrendo, desde que comecei a investigar o Hangar e as atividades “extra-curriculares”, digamos assim, da senhora Joana Pessoa.
É uma pena que seja assim.
É uma pena que o PT permita que desmontem, lentamente, a promessa que já foi, um dia, na política brasileira.
Mas, é sempre bom lembrar: eu, definitivamente, não me chamo Celso Daniel!...
De sorte que, como diria uma amiga minha: “PODEM VIREM!”... “PODEM VIREM!”...
FUUUIIIIII!!!!
(Sinceramente, que dá vontade de dizer pra minha xará: como é que tu podes pensar em mudar alguma coisa te cercando de bandidos?... ACORDA, caceta!)
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Gráfica1
Maior fornecedora de impressos da campanha da governadora Ana Júlia Carepa, a gráfica presta serviços ao centro de convenções, mas tem sócia no Conselho de Administração.
Thaís Montenegro é uma jovem e bem sucedida empresária paraense. Aos 23 anos, é sócia da gráfica Delta, uma das maiores do Pará e da região.
A gráfica presta serviços ao Governo do Estado e ao Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, para o qual imprime a luxuosa revista “Latitude”, cuja edição trimestral, nos cálculos de empresários do setor, gira em torno de R$ 700 mil, para 30 mil exemplares.
Tudo nos conformes, não fosse por um pequeno problema: pelo menos até o ano passado, Thaís também integrou o Conselho de Administração do Hangar.
Em outras palavras: Thaís pertenceu ao comando do mesmíssimo centro de convenções que contratou os serviços da empresa dela.
Segundo promotores e advogados ouvidos pela reportagem, esse duplo papel de Thaís agride os princípios constitucionais da moralidade e da impessoalidade administrativa. E pode até ensejar uma ação popular, para anular os contratos da empresa.
Mas, o pior é que essa história não acaba aí.
A Delta da qual Thaís é sócia integra um grupo de pelo menos três empresas do mesmo ramo, que gravitam em torno de um mesmo empresário e funcionam no mesmíssimo endereço: a travessa Pirajá, 1187, no bairro do Marco. Duas delas, aliás, sob o mesmo nome de fantasia: Delta Gráfica e Editora.
O grupo foi o principal fornecedor de impressos da campanha da governadora Ana Júlia Carepa, nas eleições de 2006.
E, ao longo desses dois anos, já faturou um volume de recursos que ninguém sabe quantificar.
Só de secretarias e outros órgãos do Governo foram mais de R$ 777 mil, segundo o link “Transparência Pará”, da Auditoria Geral do Estado (AGE).
Mas, essa conta não inclui a bolada que a Delta recebe do Hangar e das agências de publicidade contratadas pelo Governo.
E, segundo empresários do setor, a Delta é, hoje, a única fornecedora de impressos do Hangar e a principal fornecedora desses serviços ao Governo Estadual.
Os muitos caminhos para Montenegro
São pelo menos três as empresas do grupo, todas elas comandadas, na verdade, pelo empresário Édson Fernando Montenegro Vieitas.
A mais antiga é uma empresa individual, a Edson. F. M. Vieitas (CNPJ 02.129.402/0001-16), aberta em setembro de 1997. O nome de fantasia é Delta Gráfica e Editora e o endereço é o número 1187 (térreo) da travessa Pirajá.
A segunda empresa é a Delta Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ 07.960.738/0001-48), que tem, igualmente, o nome de fantasia de Delta Gráfica e Editora. Foi aberta, em abril de 2006, por Káthia Regina de Souza Pamplona, a segunda mulher de Édson, e por Thaís Fernanda Pamplona Montenegro, a filha do casal, que integrou ou integra a cúpula do Hangar.
De acordo com os registros da Receita Federal e da Junta Comercial do Pará (Jucepa), essa segunda Delta funcionaria no número 1193-A, da travessa Pirajá – e existe até mesmo um contrato de locação do imóvel 1193-A, da travessa Pirajá, que pertenceria a um certo Augusto César de Souza Pamplona.
O problema é que, conforme constatou a reportagem, não existe - pelo menos hoje -o número 1193 da Pirajá: naquela travessa, há, apenas, o número 1187, que é o endereço da primeira Delta. As duas residências ao lado dela têm os números 1181 e 1199.
A terceira empresa é a Bruno E. da S. Vieitas (CNPJ 05.506.596/0001-10), aberta, em fevereiro de 2003, com o nome de fantasia K&T Comércio e Serviços, por outro filho de Montenegro.
A K&T também funcionaria no número 1193 da travessa Pirajá.
Não se sabe, no entanto, se há outras empresas ligadas ao grupo. Mas, segundo empresários do setor, Montenegro teria aberto, ao longo da vida, pelo menos mais duas gráficas, que foram deixadas de lado em função das dívidas que acumulavam.
Improbidade?
A reportagem ouviu um procurador, um promotor e dois advogados de grandes bancas de Belém, especializadas em Direito Administrativo.
A todos, foi apresentado um caso hipotético, mas, com todas as características do que aconteceu no Hangar: o fato de um membro de um Conselho de Administração de uma OS, que gerencia estrutura e recursos públicos, também pertencer ao quadro societário de uma fornecedora de serviços.
Não houve consenso quanto à existência, a priori, de crime. Mas, todos concordaram que o fato ofende princípios constitucionais que têm de nortear a administração pública.
“Essa é uma questão delicada, que é o eventual conflito de interesses, mas, não dá para afirmar, sem investigar, que é ilegal”, disse um procurador, “O grande problema é demonstrar que isso foi feito para beneficiar alguém. Mas, é inconveniente e quebra o princípio da impessoalidade”.
Também para um promotor estadual o fato não é claramente ilegal, uma vez que Thaís não é funcionária pública e não está, portanto, impedida de contratar com a administração. Mas, observa, esse duplo papel “quebra” os princípios da moralidade e da impessoalidade administrativas e pode até ensejar uma ação por improbidade.
E explica o promotor: “É complicado esse negócio de OS – e foi por isso que o Ministério Público votou contra. O negócio das OS é esse mesmo: tornar difícil constatar a irregularidade. Porque uma OS é pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, que pode, inclusive, receber servidores públicos, com ônus para o órgão de origem. Quer dizer, você entrega o patrimônio público a um particular, com tudo dentro, e pode até ceder servidores. Mas, ela também está submetida ao Direito Público, não só ao Privado. Daí que também está submetida à impessoalidade”.
Um advogado de uma grande banca de Belém é mais enfático: “Não pode uma pessoa integrar as duas coisas – o Conselho e a constituição societária. É ato de improbidade, fere os princípios da impessoalidade e da moralidade e pode ensejar uma ação de improbidade, até para anular a contratação.Cabe, inclusive, uma ação popular”.
E acrescenta: “No momento em que a OS está sendo preposto do Poder Público, ela (Thaís) está contratando com ela mesma. Aí, há violação ao princípio da impessoalidade. Independente de ser funcionária pública, se faz parte do conselho de administração e da empresa, a contratação, me parece, é incompatível”.
Outro advogado, também de concorridíssimo escritório de Belém, pondera que a ilegalidade dessa contratação depende de vários fatores. “Tem de ver que tipo de influência a pessoa do Conselho de Administração teve na contratação, se houve benefício com a falta de consulta a outras empresas, por exemplo” – explica – “Tem que demonstrar que houve prejuízo em termos de contratação e aí fazer o elo. O que não pode é se exerce outro cargo na OS, ter ordenado algum ato mais direto nessa contratação. Aí, no mínimo, é imoral”.
Mas, para ele, “em princípio”, o fato fere a moralidade e a impessoalidade administrativas, “mas tem que mostrar que houve prejuízo, porque pode ser que o preço do serviço seja adequado e que tenha havido competitividade aberta”.
Concorda que o fato pode ensejar uma ação popular, para anular a contratação, mas, repisa, “tem de mostrar onde houve a infringência legal”.
Um mar de dinheiro público
Donos de gráficas de Belém garantem que a Delta realiza a totalidade dos serviços de impressão do Hangar, sem que haja sequer uma simples consulta de preços a qualquer outra empresa.
Dizem, também, que a Delta tornou-se a principal fornecedora desses serviços ao Governo do Estado, a partir da ascensão da governadora Ana Júlia Carepa.
A reportagem argumentou que, de acordo com o link “Transparência Pará”, da AGE, há gráficas que até faturam mais que a Delta.
Mas, os empresários afirmam que o grosso do dinheiro recebido pelo grupo de Montenegro não aparece no link, que só refletiria os contratos que ele obteve através de licitação.
A maior parte do dinheiro carreado para a Delta, garantem esses empresários, estaria sendo repassada através das agências de propaganda e publicidade contratadas pelo Governo, numa triangulação difícil de comprovar.
Também nos cálculos desses empresários, a Delta teria experimentado uma extraordinária evolução patrimonial, nestes dois anos, ao adquirir um conjunto de equipamentos que estariam avaliados, hoje, em R$ 6 milhões, nas contas de uns; ou em até R$ 10 milhões, nas contas de outros.
_Montenegro nega acusações.
_As contribuições da Delta à campanha de Ana Júlia
_O faturamento da empresa no Governo.
_Grupo também edita revista
Conjunto do BASA
O ESTELIONATO DA 1º DE DEZEMBRO
Por Carlos Bordalo
Venho a público repudiar a ação truculenta e absolutamente desnecessária cometida pela Prefeitura de Belém, contra os moradores do Conjunto do Basa: sprays de pimenta e cacetes arderam e pesaram nos olhos e costas de moradores cuja maioria de 60% é formada por idosos, mulheres e crianças.
Não contente com o estelionato eleitoral que promove há nove anos, a Prefeitura de Belém agora pratica um estelionato técnico, mas esse, ao contrário do primeiro que pode ser revertido pela vontade popular vendo-se enganada, traz a face da violência.
Querendo mostrar serviço após anos perdendo a oportunidade de trabalhar por Belém, ela, amparada em Ação Judicial, mas que tem mérito totalmente questionável, arrombou com uso da força policial o muro do Conjunto do Basa, para que seja aquela via incorporada ao projeto de prolongamento da Avenida João Paulo II, antiga 1o de Dezembro, numa ação em que a legalidade protegeu a incoerência, prática contumaz dessa administração, já que é público que a função da Guarda Municipal é apenas zelar pelo patrimônio público.
O estelionato técnico reside no fato de que o projeto original não contempla a abertura dessa via, que de fato não está preparada para assumir esse papel no tráfego de veículos que o prolongamento da avenida propõe, cujas casa possuem paredes geminadas e correm o risco iminente de desabar e trincar com o advento do intenso fluxo de veículos que passarão a trafegar por ali.
O projeto original previa sim a abertura da Rua Moça Bonita, que divide Belém e Ananindeua. O acesso ao Conjunto do Basa não traz nenhuma alteração qualitativa para a passagem dos veículos, até porque não está preparada para isso.
A verdade é que a prefeitura sequer tem preparado um projeto final de pronlogamento da 1o de Dezembro e busca com essa ação tresloucada holofotes para escapar dos efeitos da aprovação da CPI da Saúde pela Câmara Municipal de Vereadores.
O mais lamentável do episódio é que eu mesmo havia conseguido aprovar na ALEPA intersseção junto ao Governo do Estado para liberar empréstimo a fim de que a obra chegasse até o Viaduto.
Fato desconsiderado pela Prefeitura, o que somente comprova suas motivações demagógicas, levianas e de total descompromisso com o povo de Belém e daquele conjunto.
Estive no momento do terror promovido pela Prefeitura com o objetivo de evitar um desfecho lamentável para idosos, mulheres e crianças, também fui vítima de spray de pimenta que a guarda patrimonia ilegalmehte portava e rechaço a ação desastrada, terrorista, tecnicamente desnecessária, politicamente farsante e administrativamente irresponsável.
domingo, 17 de maio de 2009
Priante I
Após a entrevista do Priante na Rádio Tabajara (e que veículo de comunicação bacana é aquele!) ficaram-me várias impressões que estou a “ruminar” (até porque, naquela entrevista morna, creio que foram deixadas de lado várias coisas que é preciso, enfim, dizer)
Estou enrolada com o trabalho, com uns “freelas” bem bacanas. Mas, mesmo assim, comecei a escrever alguma coisa sobre essa entrevista, o que espero postar amanhã ou depois.
Pra já, gostaria de deixar um desagravo à auditora geral do Estado, Tereza Cordovil.
Não tenho procuração de ninguém para isso e já faz muito tempo que não falo com ela.
Mas, apesar de ninguém ter me pedido e de alguns até poderem olhar com desconfiança o que vou dizer, quero deixar registradas algumas cositas.
O que me ficou da doutora Tereza, do parco relacionamento que tivemos no passado, foi a imagem de uma técnica muito, muito competente e, sobretudo, honesta.
Uma pessoa pela qual eu meteria a mão no fogo – e num meio como esse, em que, dificilmente, a gente pode dizer isso de alguém...
Lembro de uma entrevista que fiz com ela, em 2007, quando a AGE ainda passava a limpo as gestões tucanas.
E Tereza me dizia da preocupação de terminar logo aquela tarefa; de parar de olhar para trás e começar, rapidamente, a olhar para a frente, para o governo que integra, já que a detecção precoce de “impropriedades” ainda é a melhor maneira de combatê-las e de evitar que se multipliquem.
De evitar, portanto, que recursos mal utilizados deixem os cofres públicos, aos quais, muito dificilmente, retornarão...
Por isso, até pela compreensão que demonstra em relação à importância de seu trabalho, dessa fiscalização, desse controle permanente que tem de haver sobre as ações do governo – de qualquer governo que seja! – Tereza Cordovil tornou-se, aos meus olhos, a melhor auditora geral deste estado; um exemplo a ser seguido pelos que vierem depois dela.
O problema é que esse tipo de trabalho, num país como o Brasil, e mais ainda num estado como o Pará, é pra lá de ingrato.
Porque as pessoas, os mandatários, os eleitores, os cidadãos como um todo não conseguem enxergar o Poder e a máquina pública como coisas que pertencem a todos.
Vêem tudo isso, antes, como extensão de um quintal qualquer; de um partido ou até de uma liderança que detém Poder.
Trata-se de uma cultura que está entranhada em nós.
E se a gente pegar a História do Brasil vai perceber que essa cultura já estava no nascedouro desta Nação: as estruturas públicas existentes, já então, foram paridas como um simples apêndice das famílias que dominavam o pedaço.
Mesmo hoje, com toda a enormidade que já avançamos em termos de Cidadania e Democracia, ainda continuamos a ver o Público, as estruturas e o dinheiro públicos, como coisa de que uns poucos cidadãos podem se apropriar.
Daí, também, que as pessoas não consigam entender muito bem esse trabalho de fiscalizar, de controlar a utilização da máquina pública.
Tudo o que é novo assusta, espanta.
E, numa democracia imatura como a brasileira, tende a ser visto por um viés político-partidário, quando, na verdade, o controle do Estado, dessa monstruosidade chamada Estado, está muito além de quaisquer disputas político-partidárias...
Tenho certeza que Tereza e a sua AGE não estão fiscalizando, apenas, os “espaços do PMDB”.
Tenho certeza de que essa fiscalização, até pelo perfil técnico de Tereza, está sendo realizada no conjunto dos organismos que compõem o Governo.
Sei, também, que, por isso mesmo, nem Tereza nem outros bons amigos da AGE me permitirão, alguma vez, ter acesso a tais relatórios...
É mais ou menos como me perguntou certa vez um jornalista, quando eu investigava o Hangar: “mas eles não te mostraram tais documentos?”
E eu respondi: “Mas aooooonnnnde!... Se eles fizessem isso, aí eu é que teria de perguntar pra eles: vocês andaram bebendo, é?”.
São informações públicas? São sim. Uma vez que a produção delas foi custeada com dinheiro público, dizem respeito ao uso do dinheiro público e a resultados de interesse público.
Mas, como diria o Gianotti, tão detonado pelo PT e pela Marilena Chauí por tal constatação, há uma zona cinzenta, na política, onde sobejam bicudas e catiripapos...
De sorte que seria ingenuidade, de ambos os lados, imaginar, hoje, tamanha acessibilidade a tais informações.
No futuro, talvez, quando todos estivermos mais habituamos à Democracia e à Cidadania...
E quando o “jogo”, e todo este grande cassino que é a política brasileira, girar em torno, de fato, do interesse coletivo...
Porém, mesmo isso, hoje, ainda é um grande sonho - tanto que a gente ainda tem de aprender o básico: a identificar os verdadeiros aliados.
E penso que, neste ponto, já consegui avançar um bocadinho.
Porque, apesar de estarmos em barcos opostos, consigo enxergar a doutora Tereza Cordovil como uma gigantesca aliada num projeto maior, bem maior que o simples revezamento entre tucanos e petistas.
E faço-lhe esse desagravo pelo muito que essa cidadã extraordinária tem sido massacrada, até pela imprensa, que deveria era apoiar o trabalho que vem fazendo.
Aos poucos, naquele passo de formiguinha que sabe até aonde pode ir com o peso que carrega nas costas, Tereza tem conseguido dar a AGE a real dimensão que a AGE precisa ter num governo democrático.
Já conseguiu, para a AGE, uma nova sede, a nomeação de vários auditores concursados, a ampliação orçamentária, a montagem do Portal da Transparência e por aí vai.
E eu penso: infeliz do governo que imagina que não precisa ser auditado, avaliado, acompanhado, controlado pari passu pela sociedade...
(E aqui eu me refiro especificamente a tucanos e petistas, que são, de fato, os governos que me importam, que me interessam!...)
Infeliz do Governo que imagina que não precisa se conhecer, e especialmente aos próprios erros, para, enfim, melhorar!
E é por isso que volto, aqui, a louvar a minha xará – o que não significa, obviamente, que vou deixar de pegar no pé dela...
A informação que tenho, dos poucos amigos petistas que me restaram, é que Tereza Cordovil goza da confiança da minha xará, a governadora Ana Júlia Carepa.
E eu penso: ponto (e ponha ponto nisso!) para a minha xará, pela inteligência de perceber que, na posição em que se encontra, é bem difícil desencavar preciosidades como a doutora Tereza Cordovil.
Ponto para a minha xará, que quer saber, de fato, em primeira mão, de tudo o que acontece na imensidão do Estado que comanda.
Até para poder corrigir. Até para poder acertar.
FUUUUUIIIIIIII!!!!!
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Leiam no Congresso em Foco
Deputados estaduais esperam definição do Congresso para rever modelo de ressarcimento de despesas. Em oito estados, valores superam os R$ 15 mil pagos pela Câmara.Em Alagoas, cada deputado tem direito a R$ 39 mil por mês de verba indenizatória, mais que o dobro do valor pago pela Câmara.
Mário Coelho
A pressão da sociedade por mais transparência nos gastos com dinheiro público no Congresso Nacional criou uma espécie de efeito cascata nas assembleias legislativas. Após os últimos escândalos ocorridos na Câmara e no Senado, os deputados estaduais também se sentem pressionados a prestar contas do uso da verba indenizatória e já cogitam acabar com o benefício nos estados.
A possibilidade de acabar com a verba indenizatória nos estados ganhou corpo na última sexta-feira (8), no 6º Encontro do Colegiado de Presidentes das Assembleias Legislativas, que contou com a presença de 20 representantes das 27 casas do país.
http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia.asp?cod_canal=1&cod_publicacao=28156
Pra vocês, do fundo do coração!...
Lapinha
Quando eu morrer me enterre na Lapinha,
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, paletó almofadinha
Calça, culote, paletó almofadinha
Vai meu lamento vai contar
Toda tristeza de viver
Ai, a verdade sempre dói
E às vezes traz um mal a mais
Ai só me fez dilacerar
Ver tanta gente se entregar
Mas não me conformei
Indo contra lei
Sei que não me arrependi
Tenho um pedido só
Último talvez antes de partir
Quando eu morrer me enterre na Lapinha,
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, paletó almofadinha
Calça, culote, paletó almofadinha
Sai minha mágoa
Sai de mim
Há tanto coração ruim
Ai é tão desesperador
O amor perder do desamor
Ah! tanto erro eu vi, lutei
E como perdedor gritei
Que eu sou um homem só
Sem poder mudar
Nunca mais vou lastimar
Tenho um pedido só
Último talvez antes de partir
Quando eu morrer me enterre na Lapinha,
Quando eu morrer me enterre na Lapinha
Calça, culote, paletó almofadinha
Calça, culote, paletó almofadinha
Adeus Bahia, zum-zum-zum
Cordão de ouro
Eu vou partir porque mataram o meu besouro
( Baden Powell / Paulo César Pinheiro)
domingo, 10 de maio de 2009
sábado, 9 de maio de 2009
A Voz do Dono e o Dono da Voz
Enquanto, finalmente, “bato o martelo” aos meus “novos rumos” (depois, é claro, de infinita “consumição”) vou deixar a vocês, queridinhos, essa música bem bacana, na interpretação da atriz-cantora Cida Moreira.
A música é do Chico.
E creio que diz muito acerca da decisão que tomarei na próxima segunda-feira – ou melhor, que anunciarei na próxima segunda-feira, eis que já está razoavelmente “arquitetada”.
Obviamente que, quando tudo isso se tornar público, ensejará enorme tititi...
Será, quem sabe, uma das notícias mais comentadas da blogosfera paraense...
Mas, devo dizer que é uma decisão “amadurecida”.
Não apenas porque preciso, é claro, sobreviver.
Mas, porque me ofereceram um projeto em que resolvi acreditar.
Estou assim, como que levantando, junto a vocês, todo o meu crédito, em todas as mesas deste imenso cassino, para apostar todas as fichas nesse novo projeto.
Se tal aposta se mostrará, de fato, acertada, só o tempo dirá...
Mas, desde já, deixo aos antigos companheiros a música que mencionei acima.
Um excelente domingo a todos!
Beijinhos!
FUUUIIIII!!!!
A Voz do Dono e o Dono da Voz
Até quem sabe a voz do dono
Gostava do dono da voz
Casal igual a nós, de entrega e de abandono,
De guerra e paz, contras e prós
Fizeram bodas de acetato - de fato
Assim como os nossos avós
O dono prensa a voz, a voz resulta o prato
Que gira para todos nós
O dono andava com outras doses
A voz era de um dono só
Deus deu ao dono os dentes
Deus deu ao dono as nozes
Às vozes Deus só deu seu dó
Porém a voz ficou cansada após
Cem anos fazendo a santa
Sonhou se desatar de tantos nós
Nas cordas de outra garganta
A louca escorregava nos lençóis
Chegou a sonhar amantes
E, rouca, regalar os seus bemóis
Em troca de alguns brilhantes
Enfim a voz firmou contrato
E foi morar com novo algoz
Queria se prensar, queria ser um prato
Girar e se esquecer, veloz
Foi revelada na assembléia - atéia
Aquela situação atroz
A voz foi infiel, trocando de traquéia
E o dono foi perdendo a voz
E o dono foi perdendo a linha - que tinha
E foi perdendo a luz e além
E disse: minha voz, se vós não sereis minha
Vós não sereis de mais ninguém!
(O que é bom para o dono é bom para a voz!)
(Chico Buarque)
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Entre Tapas e Tapas
I
Amigo me pergunta o que achei desse tal rompimento do PMDB com o PT.
Explico-lhe que não tenho acompanhado o caso, ando meio afastada de política, até porque estou até o pescoço de tarefas pessoais, para ajeitar minhas coisas e definir, afinal, o que vou fazer da minha vida.
Digo-lhe, no entanto, que, apesar de todo o escarcéu, tal rompimento não me parece “crível”, nesta altura do campeonato.
Por um fato simples, que deve ser cristalino até a um vereador de Curralinho: ainda é cedo demais para que um partido passado na casca do alho, como é o caso do PMDB, decida o que fará numa eleição que só acontecerá daqui a um ano e meio.
Lembro de uma entrevista que fiz com o deputado Jader Barbalho, há uns meses, em que ele observava que política é como nuvem: você olha agora, está de um jeito; logo mais, de outro.
E Jader, como diria a minha mãe, é um sujeito que “dá nó em pingo d’água”. Quer dizer: sabe que é cedo demais para uma atitude desse tipo, quando nem a melhor pitonisa é capaz de prever o cenário local e nacional de 2010.
II
Pelos resultados eleitorais do ano passado, sabe-se que Lula não transfere votos automaticamente – fenômeno, aliás, dificílimo de concretizar.
Mas, além disso, pouco ou nada sabemos.
Não sabemos, por exemplo, o peso do candidato petista à sucessão presidencial; se, com o tempo, conseguirá ou não se credenciar a essa disputa.
Temos, neste momento, que será Dilma a candidata de Lula. Mas, será de fato? E, se for, quem garante que não conseguirá decolar?
Afinal, Dilma é uma “companheira” disciplinada, que vem cumprindo à risca o figurino modelar de candidata – até a uma “guaribada” no visual já se submeteu...
Além disso, estará “montada” nos milhões do PAC, da Bolsa-Família, dos programas habitacionais e, principalmente, na extraordinária máquina que é a militância petista, que detém quase que o monopólio dos movimentos sociais.
Outro problema é que se Dilma não decolar, isso não significará, automaticamente, a certeza de derrota dos petistas.
Sempre poderá ser substituída por grandes nomes “vermelhos”, como é o caso do simpaticíssimo Antonio Pallocci.
E se nada disso der certo, ainda haverá a hipótese do terceiro mandato do “Nosso Guia” – a engraçadíssima alcunha carimbada em Lula pelo jornalista Élio Gaspari...
III
É certo que Serra está muito bem colocado na disputa pela Presidência e que os tucanos ainda dispõem de outra carta extraordinária para esse jogo: o governador de Minas, Aécio Neves, um menino novo, que, muito mais que Serra, é a “cara” das novas gerações de brasileiros.
Mas, em eleição o que prevalece não é a vontade deste ou daquele candidato ou as nem sempre críveis pesquisas de opinião.
O que prevalece, em verdade, é a vontade do eleitor. O cidadão que pode, hoje, achar Serra lindo e maravilhoso, quase que um “príncipe encantado”.... Mas que amanhã, por “n” fatores, inclusive o simples mau-humor, pode passar a odiar aquele “carecão”...
Se isso acontecer, o que se poderá dizer, em favor de Serra, é que não foi a primeira vez, em política, que um príncipe virou um sapo...
Ou, no caso de Dilma, que também não foi a primeira vez que um patinho feio se transformou num belo cisne...
IV
No meio de tudo isso – a empatia do eleitor, suas TPMs, seus medos e esperanças, seus melindres que fazem, por vezes, a “Roda da Fortuna” virar o jogo pelo avesso, do dia para a noite – há outra questão crucial: dinheiro.
E ponha dinheiro nisso, quando o assunto é eleição.
Quanto custará a eleição de 2010, à Presidência da República, ao Senado, à Câmara dos Deputados, aos governos estaduais e às assembléias legislativas?
E de onde virão esses milhões e milhões, para que os jogadores possam ao menos “bancar” o cacife inicial, num horizonte de crise ou pós-crise mundial e de “aperto” das regras de financiamento de campanha?
Ora, ainda no ano passado quando a crise era apenas um “murmúrio”, muitos empresários já se mostravam temerosos em contribuir nas campanhas eleitorais.
Tanto assim que, no conjunto dos candidatos, à esquerda e à direita, e à exceção dos muito ricos e dos prefeitos-candidatos que estavam montados nas máquinas públicas, a reclamação era uma só: a escassez de recursos.
Na época, o maior entrave às doações dos empresários eram os escândalos a envolver grandes empresas.
Hoje, esse entrave persiste, com maior vigor, talvez. Mas, a ele veio agregar-se outro obstáculo, tão ou mais complexo, que é a crise financeira.
Assim, apesar das recentes cassações de governadores, é justo supor que, à semelhança do que aconteceu no ano passado, haverá larga vantagem, em 2010, para quem já detém a máquina – com seus milhares de cargos, milhões em obras e em “propaganda institucional”...
Uma vantagem que será decuplicada caso o eleitor esteja “em paz” com o detentor da máquina.
Quer dizer: se achar que vai tudo muito bem e que a sua vida, de fato, está um bocadinho melhor.
V
A indefinição do quadro nacional e as dificuldades ao financiamento de campanha inviabilizam as definições locais, hoje, já.
Tanto assim que o que se pode observar, hoje, entre os grandes jogadores é um extraordinário “sapateado de catita”.
É verdade que há uns e outros gritando e “mandando bala”, em geral, de festim...
Mas esses não integram o seleto grupo dos comandantes, no qual a certeza, creio, é de que o horizonte ainda está muito nebuloso.
Até porque essas “raposas” – do PMDB, do PSDB, do PT, do PTB, do PR – sabem muitíssimo bem que um dia, em política, é como uma Era...
Portanto, o que dizer, então, de um ano e meio no futuro?
VI
Mas, vamos partir do suposto de uma “ruptura” do PMDB com o PT, hoje, já, como noticiam blogs e jornais.
Vamos supor que a “noiva” já não tolera o companheiro mandão, infiel e problemático...
Ora, para uma decisão tão grave, tão radical, é de se supor que a “noiva” já tenha amealhado recursos suficientes para o “regabofe” do ano que vem – sob pena de vir a chorar, copiosamente, “atrás da porta”...
Bom, a gente tem de admitir que essa “noivinha” – pra lá de espaçosa, neurótica e igualmente infiel e problemática – possui, de fato, um excelente pé-de-meia.
Afinal de contas, o PMDB detém várias prefeituras importantes, entre as quais Ananindeua, o segundo maior colégio eleitoral do estado; o extraordinário orçamento da Assembléia Legislativa e os poderosos caixas da Seop, Detran e Cosanpa.
E é preciso fazer uma ressalva, para o leitor que não acompanha muito de perto o quadro político: a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) nunca foi “cota” do PMDB no Governo, como, aliás, já disse o líder do partido na AL, deputado Parsifal Pontes.
A Sespa, desde o início do Governo, foi entregue ao ex-deputado Priante, que comanda um grupo personalíssimo dentro do PMDB.
Teria sido entregue, juravam os petistas à época, como espécie de “recompensa” à participação de Priante na vitória de Ana Júlia.
Mas, é bem mais provável que essa súbita benemerência tenha integrado, em verdade, uma estratégia desastrada do PT para criar uma alternativa a Jader, nas negociações com o PMDB.
O fato é que a Sespa era “cota” de Priante – uma cota tão particular que até no PMDB se ouviam queixas quanto à partição do bolo, naquela secretaria.
E, depois da saída de Halmélio Sobral, o secretário de Saúde indicado por Priante, o próximo ocupante do cargo se transformou numa “rainha da Inglaterra”, já que a chave do cofre foi colocada nas mãos de um petista.
Mas, apesar da Sespa, o PMDB deteve ou detém, efetivamente, organismos poderosos, em termos orçamentários.
Tais organismos podem ter lhe permitido, já a essa altura, amealhar dinheiro, ao menos, para o pontapé inicial da campanha.
Mas, tais recursos serão suficientes para o longo deserto que terá de atravessar, a um ano e meio das eleições?
E, mais ainda, quando terá de poupar dinheiro para a campanha ao Senado, que se advinha caríssima? (Ou terá Jader descartado o Senado, frente à certíssima reeleição à Câmara dos Deputados?)
Além disso, onde o PMDB acomodará, nesse um ano e meio, os inúmeros correligionários que estão aboletados na máquina estadual?
Como fará para manter seu grupo de comunicação, sem verbas oficiais, em meio a uma crise mundial?
E como sobreviverá, desde já, às tempestades decorrentes de um “festival de dossiês”, vazados pelo Governo aos seus arquiinimigos da imprensa local e nacional?
Só a influência de Jader, com o seu enorme telhado de vidro e dificuldade, no cenário nacional, para erguer a cabeça sem levar pedradas, será suficiente para evitar retaliações da República, em decorrência dessa ruptura?
VII
Como disse a esse amigo, creio que o rompimento, hoje, é muito improvável.
Pode até acontecer, caso esse brilhante jogador, que é Jader, esteja a contemplar, no horizonte, alguma coisa que nenhum outro jogador consegue visualizar.
Ou, ainda, que o velho cacique peemedebista, conhecido pela astúcia, rara inteligência e antevisão, tenha, simplesmente, surtado - como pode acontecer, aliás, a qualquer um...
Mas, desde já, é preciso considerar que esse “casamento” entre petistas e peemedebistas nunca foi exatamente um “mar de rosas”.
A lua-de-mel, se existiu, consistiu apenas de uns rápidos afagos. De forma que, há quase três anos, sobram pontapés, cada vez mais violentos, entre a “noiva” e o “maridão”...
Daí a aposta de que o rompimento acontecerá, mais cedo ou mais tarde – ainda mais quando, na arquibancada, há grande torcida para que isso ocorra o breve possível...
O problema é que há casamentos que se arrastam assim, entre tapas e tapas, durante anos, sem que um dos cônjuges cruze, finalmente, a linha de partida.
E se isso é verdade em nossas casas, mais verdadeiro se torna na política.
Uma aliança, uma coalizão – e a própria definição implica não apenas convergência de interesses, mas, também, multiplicidade de visões, de opções, de partidos – nunca será pacífica.
Algumas, é verdade, experimentam menos sobressaltos, porque mais bem administradas.
Mas, em todas, ha inúmeras disputas por espaço; por mais e mais poder.
E, a esta altura do campeonato, fica difícil imaginar que PT e PMDB já esgotaram todas as possibilidades de diálogo, de composição.
Mais ainda quando, certamente, ainda nem começaram a discutir as bases de uma eventual aliança também em 2010.
É verdade que há fumaça à beça, vinda da Assembléia Legislativa e da imprensa.
Mas, quem garante que ela sinalize, de fato, um incêndio de grandes proporções, a impedir qualquer composição no ano que vem?
Ou, melhor ainda: quem garante que tanta fumaça não signifique, apenas, que os jogadores estão apenas fazendo aquilo que mais gostam de fazer?
Quer dizer: JOGAR...
FUUIIIII!!!!
(PS: se der, vou tentar pegar umas informações no meio político, para voltar ao tema. Se não o fizer, me perdoem: ando enrolada demais no meu próprio “jogo da sobrevivência”...)
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Uma Viagem
Queridíssimos:
Agora que descobri esse negócio de botar música no blog, sinto que vocês vão penar na minha mão...
Vamos fazer umas viagens enlouquecidas, que irão de Mozart a Reginaldo Rossi, com um "pitstop" nos Gipsy Kings...
E, manos, por favor, não quero ouvir reclamação!...
Psiu!...Escutem só!
Arrebenta DJ!!!!!!!!
Cassia Eller e Edson Cordeiro - A Rainha da Noite
PS: Doida é a mãe!... Eu sou é excêntrica. FUUUIIIIII!!!!!!
domingo, 3 de maio de 2009
Pesadelo
Mpb 4 - Pesadelo
Quando um muro separa uma ponte une
Se a vingança encara o remorso pune
Você vem me agarra, alguém vem me solta
Você vai na marra, ela um dia volta
E se a força é tua ela um dia é nossa
Olha o muro, olha a ponte, olha o dia de ontem chegando
Que medo você tem de nós, olha aí
Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente, olha eu de novo
Perturbando a paz, exigindo o troco
Vamos por aí eu e meu cachorro
Olha o verso, olha o outro
Olha o velho, olha o moço chegando
Que medo você tem de nós, olha aí
O muro caiu, olha a ponte
Da liberdade guardiã
O braço do Cristo, horizonte
Abraça o dia de amanhã
Olha aí...
Olha aí...
Olha aí...
(Maurício Tapajós/Paulo César Pinheiro)