quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Nem Helder nem PSOL: desarmem os espíritos e negociem.


 


Papo reto: o Helder não tem culpa da derrota do Edmilson à Prefeitura de Belém.

Os culpados por essa derrota são o Edmilson e o PSOL – e apenas eles.

O Edmilson, por entregar o comando da Prefeitura a dois “iluminados”.

E o PSOL, por permitir isso.

O Edmilson teve mais de 248 mil votos e foi o candidato mais bem votado, no primeiro turno das eleições de 2020, a prefeito de Belém.

No segundo turno, atingiu mais de 390 mil votos.

Mas nas últimas eleições, mesmo com a máquina na mão, obteve pouco mais de 78 mil votos, e não conseguiu nem passar ao segundo turno.

Em apenas quatro anos, conseguiu reduzir a sua votação para menos de um terço do que obteve em 2020.

Deixou a sua rejeição chegar na estratosfera.

E se o MDB não tivesse lançado o Igor, agora o prefeito de Belém seria aquele fascista do Peruquinha.

E o culpado da derrota do Edmilson é o Helder? É sério isso?

Bem complicada essa mania de transformar os Barbalho em bodes expiatórios, para os erros de quem quer que seja.

Os tucanos não conseguiam concluir uma obra? Culpa dos Barbalho!

O PT paraense não é mais o que era? Culpa dos Barbalho!

O Edmilson perdeu a eleição? Culpa dos Barbalho!

Égua das costas largas desses sujeitos!

Parece até que possuem um “feitiço”, que transforma todos os jogadores em um bando de moçoilas recatadas.

São uns “entes malignos”, que fazem o cara ficar abobado, sem conseguir administrar uma cidade, negociar alianças e melhorar a própria imagem.

Visto assim, mais parece que os “companheiros” acreditam em querubins ungidos e satanases na política.

Uma postura estranhamente religiosa, para quem se julga tão politicamente esclarecido.

Pois me deixem fazer uma “revelação” básica a vocês: não existem anjos e demônios na política.

A política é feita tão somente por seres humanos.

E cada um de nós é um poço de circunstâncias e de interesses.

Evitei, até agora, envolver-me nessa parada, porque presto serviços regularmente ao Diário do Pará.

E vou ter de dar uma porradinhas também no Helder, que, parece-me, está a ser um tremendo perna de pau.

Só decidi me meter nisso porque estou começando a ficar apavorada.

Porque estou a ver, aqui no Pará, a repetição do que aconteceu, em 2018, quando o ódio levou à entrega do Brasil ao nazifascismo.

Estou a ver “companheiros” com tanta raiva dos Barbalho, que só pensam é em desgatar o Helder.

Estou a ver “companheiros” até flertando com o prefeito bolsonarista de Ananindeua, casado com uma deputada federal bolsonarista que nem ele.

Estou a ver “companheiros” dizendo que “não vai ter COP”, como se isso prejudicasse “apenas” o Helder, e não também o Lula, e justamente no ano de uma eleição dificílima.

Estou a ver “companheiros” totalmente desconectados da realidade, criticando essa frente democrática e dizendo que é preciso “reconstruir imediatamente o projeto socialista e patati, patatá”, desconsiderando totalmente a situação dramática que estamos a viver.

Luto nessa trincheira desde o golpe contra a Dilma.

Juntei-me a essa luta na primeira hora, e o meu blog é testemunha disso.

Então, se for para apoiar bolsonarista ao Governo do Estado, avisem-me.

Porque largo tudo e vou vender artesanato.

Nazifascista, comigo, é na bicuda.

E espero em Deus que Ele me permita escolher levar uma bala, antes de apoiar nazifascista.

O MDB é a oitava maravilha do mundo? Mas nem perto disso!

No entanto, é o que temos, talkey?

Nós precisamos do MDB, assim com o MDB precisa de nós.

E temos de continuar juntos, pelas próximas décadas, quer “gostemos” ou não uns dos outros.

Como estou rouca de dizer: isto não é um casamento; é uma aliança política pragmática.

E permanecer nela não significa nem mesmo nos iludir de que estamos “no mesmo barco”.

Como disse, certa vez, a um amigo emedebista que me veio com essa história de “mesmo barco”: _Não, vocês estão de iate, e nós, a nado. O que ocorre é que temos, NESTE MOMENTO, um inimigo comum.

E é sobre isso que a gente precisa se conscientizar.

Imagino que o Helder saiba que, se o Bolsonaro tivesse sido reeleito, ele, Helder, teria sido colocado pra fora do Governo, e talvez até preso.

Porque, pra esses nazifascistas, ou você é urubu, ou você é inimigo.

Ou você silencia diante da matança do nosso povo, ou você será destruído.

Imagino, portanto, que ele saiba o quanto também necessita de nós.

Penso que o Helder errou, e errou feio, em todo esse rolo que vem colocando contra ele a nata dos formadores de opinião: jornalistas, artistas, professores, e agora até indígenas.

Boa parte dessas pessoas são eleitores dele, vejo aqui no meu Face.

É gente que fez campanha pra ele em 2014, 2018, 2022.

É gente que ajudou a colocá-lo onde ele está.

Olhei o portal da Transparência.

E, sinceramente, não achei os salários dos professores tão ruins, para a nossa realidade.

Os mais baixos (e esses, sim, creio que é preciso corrigir rapidamente) são de R$ 8 mil, e penso que são de professores iniciantes.

Mas também vi gente ganhando mais de R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 17 mil, uma remuneração bem interessante, para a nossa realidade.

Isso significa que essa remuneração é o ideal? É claro que não!

Professores deveriam ser a categoria mais bem remunerada, em qualquer lugar do mundo.

São uma categoria estratégica, para o desenvolvimento de qualquer cidade, estado ou país.

Mas, como todos sabemos, entre o ideal e o possível existe enorme distância.

Pelo que vi, no portal da Transparência, a Seduc possui, disparado, a maior quantidade de servidores do estado, além de representar o maior gasto com pessoal.

Também fiquei pensando nos impactos na arrecadação das prefeituras e dos governos estaduais, causados pela reforma tributária.

Impactos que precisarão estar previstos, já no orçamento do ano que vem.

Então, o Helder e a sua equipe precisam chamar os professores, os indígenas e reunir com eles tantas vezes quantas forem necessárias, até que se chegue a um denominador comum, dentro das possibilidades do governo.

É preciso colocar tudo isso em cima da mesa: as projeções da receita e do crescimento da massa salarial, em decorrência do reajuste anual do salário mínimo e, também, da previsível expansão dos serviços do Estado.

Tudo junto com as reivindicações dos professores: salários, carga horária e o que mais houver.

Mas para isso é preciso desarmar os espíritos: parar de fazer política com o fígado, ou como espécie de catarse de eventuais mágoas.

Não temos tempo para esse tipo de política: é simples assim.

Há dois anos, escrevi que enfrentaríamos grandes dificuldades, já a partir de 2025, caso o Trump fosse eleito; e que, em 2026, o bicho vai pegar.

Já perdemos dois anos com uma comunicação horrenda do Governo Federal, que não conseguiu fazer chegar à população todos os avanços conquistados.

Agora, com a volta do Trump, a nossa corrida contra o tempo será ainda mais difícil.

Já o vemos a tentar submeter o mundo, com toda sorte de ameaças.

E só se formos muito burros é que acreditaremos que ele não tentará colocar um nazifascista na Presidência do Brasil, no ano que vem.

Os bolsonazistas já estão conseguindo entrar até no Nordeste, possivelmente, com a ajuda das igrejas evangélicas.

E se conseguirem virar também no Pará, a nossa situação ficará muito, mas muito complicada, porque a eleição será, sim, bastante apertada.

E nós precisamos, além da Presidência, fazer senadores, deputados e governadores.

Então, sentem e se resolvam. Não somos inimigos, e sim, aliados.

Não há nada mais importante, neste momento, do que conter esses bolsonazistas.

Se eles reconquistarem o poder, tão cedo não sairão de lá.

E aí, não haverá melhoria salarial e respeito aos professores.

Nem educação ou sobrevivência indígena.

E nem Governo do Estado ou Senado, para quem quer que seja.

 

FUUUIII!!!

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Será que Trump concluirá o seu mandato?


 


É verdade que política internacional não é o meu forte.

Mas, a cada dia que passa, maior a minha impressão de que Trump não terminará o seu mandato.

A não ser que recue, e muito, na sua postura terrorista.

A meu ver, tudo pode ser resumido em uma palavra: anacronismo.

Quanto mais toca o terror, com ameaças ou concretizando-as, mais se revela um personagem perdido no tempo e no espaço.

Porque, aparentemente, não consegue entender as grandes e velozes transformações deste nosso “admirável mundo novo”...

Assim, as suas ameaças, inclusive a aliados, geram é revoltas e desaforos, em vez de assustar, como há alguns anos.

O que, aliado ao seu negacionismo climático e desrespeito à Democracia e aos direitos humanos, tende a levá-lo a um isolamento, dentro e fora dos EUA.

Não por acaso, com menos de uma semana de governo, ele amargou a primeira derrota judicial: a suspensão do decreto que acabava com a cidadania automática de crianças nascidas nos EUA, filhas de imigrantes ilegais.

Mas talvez ainda pior, do ponto de vista dele, é a insatisfação que já começa a surgir dentro da sua própria base de apoio.

Como no caso do perdão que concedeu aos invasores do Capitólio, incluindo agressores de policiais.

Alguns policiais morreram, mais de 100 ficaram feridos, naquele episódio.

Pesquisas mostram que 60% da população é contrária a esse perdão indiscriminado, que revoltou policiais e encontra resistência até de senadores do partido dele, o Republicano.

Infelizmente, não encontrei notícia sobre a repercussão dessa medida entre os conservadores magistrados da Suprema Corte estadunidense.

Mas o que ocorreu no Brasil nos dá pistas de como tudo isso poderá acabar.

Em 2019, quando assumiu a Presidência da República, Bolsonazi surfava em uma onda reacionária, movida a ódio – ao PT e a todas as esquerdas.

Na época, ele tinha o apoio da maioria da população, dos grandes veículos de comunicação, dos governadores, do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF), das Forças Armadas.

Mas ainda em 2019 esse quadro começou a mudar. E ficou ainda pior, do ponto de vista dele, com a pandemia.

Assim, em 2022, Bolsonazi já tinha contra ele boa parte dos governadores, do Congresso, dos ministros do STF e, é claro, a maioria da população.

E o que foi que aconteceu, em apenas quatro anos, para mudar tão radicalmente a situação dele?

Basicamente, o mesmo que ameaça Trump: a percepção do seu anacronismo.

O xis da questão é que quando o nazifascismo arranca a máscara de simples estratégia eleitoral e, já no poder, revela-se em toda a sua inteireza maligna, acaba por atrair a repulsa da direita democrática.

Também provoca medo na classe média, e no cidadão comum em geral.

A isso se junta um sentimento de absurdez, diante das ideias e comportamentos tresloucados das hordas nazifascistas, e das performances imitativas de Hitler e Mussolini.

Os dois personagens, é verdade, fizeram “sucesso de público”, por algum tempo, no século passado.

Mas hoje, até pelas atrocidades que cometeram, parecem exatamente aquilo que foram: ditadores ridículos e sádicos.

A chave, para entender esse “antes” e “depois” na cabeça do eleitor, é a maneira como a população encara as campanhas eleitorais.

Para ela, essas campanhas são espetáculos que não se deve levar muito a sério: os candidatos prometem mundos e fundos aos eleitores, e o inferno em vida ao “satanás” da ocasião.

Prometem, ameaçam, mas apenas para se eleger, já que não pretendem realizar nem 10% disso.

Assim, mesmo que um candidato diga “vamos metralhar a petralhada”, como fez Bolsonazi, muitos rirão e pensarão que isso é apenas parte do espetáculo.

O problema é que a coisa toda não funciona assim, em se tratando dos nazifascistas.

Eles realmente querem cumprir as monstruosidades que prometem.

Porque creem na mitologia de um “paraíso perdido”, habitado por seres “superiores”.

E se veem como os “heróis” que trarão de volta esse “paraíso”, a partir do extermínio dos “diferentes” ou “inferiores”, que “degeneram” a espécie humana.

Essas crenças na própria heroicidade e em uma “missão” para “purificar” a espécie estão na base do desprezo nazifascista pela Democracia e os poderes republicanos.

As instituições que garantem os direitos dos segmentos sociais que eles pretendem eliminar: negros, gays, imigrantes pobres, dentre outros.

Assim, o confronto, mesmo com a direita democrática ma non troppo, torna-se inevitável.

E exemplo disso é o que ocorreu entre Bolsonazi e o STF.

Aquela Corte nunca foi um “ninho” esquerdista.

Pelo contrário: seus integrantes sempre foram de direita.

Uns menos, outros mais conservadores.

Mesmo assim, a relação entre eles e Bolsonazi rapidamente se deteriorou.

Tudo devido ao anseio absolutista de Bolsonazi, ao seu menosprezo à vida humana e a tantos valores caros aos liberais.

Por isso, não me parece improvável que o mesmo ocorra com a Suprema Corte norte-americana, em relação a esse personagem medieval, que é o Trump desse segundo mandato.

Penso, também, que duas outras aberrações que vimos aqui podem se repetir nos EUA, e complicar a situação dele.

Uma, as milícias nazifascistas, que devem tocar o terror nas ruas, principalmente após o perdão aos invasores do Capitólio.

Outra, os ataques terroristas com fake news contra adversários.

Ambas devem assumir intensidade ainda maior nos EUA.

E não apenas pelo apoio das Big Techs a Trump.

Mas porque se trata de garantir-lhe plenos poderes.

E, se possível, mantê-lo no poder para além dos quatro anos de mandato, como teriam feito os bolsonazistas, se Bolsonazi tivesse sido reeleito.

O problema, do ponto de vista de Trump, é que a violência nazifascista, nas redes e nas ruas, tende a “acordar” a população e até a muitos conservadores.

Afinal, discursos nazifascistas têm, para muitos, bem menos impactos emocionais do que a sua concretização ao vivo e em cores.

É possível, aliás, que comecemos a ver tais impactos ainda nos próximos dias, caso a Justiça não suspenda a ordem de Trump para trancafiar mulheres trans em prisões masculinas, expondo-as a toda sorte de violências.

Ou com a continuidade da deportação em massa de imigrantes.

Porque uma coisa é bradar contra simples conceitos, abstrações.

Outra, é presenciar imigrantes sendo arrancados até de igrejas, escolas e hospitais, nos moldes da perseguição nazista aos judeus, na década de 1930.

É se deparar com a deportação da sua cozinheira, da sua vizinha, da babá do seu filho, do pedreiro que estava reformando a sua casa, ou do “irmão” da sua igreja.

Em tais situações, e ainda mais neste século, a corporeidade, a humanidade do outro e o sofrimento dele movem as nossas emoções.

No entanto, o que mais poderá desgastar Trump é o isolamento a que está levando os EUA, aliado ao provável agravamento da crise econômica interna.

Vídeos nas redes sociais mostram a paralisação de canteiros de obras e de estabelecimentos comerciais nos EUA, porque os imigrantes estariam evitando sair de casa e faltando ao trabalho, com medo de serem presos e deportados.

Tudo isso terá efeitos negativos na economia norte-americana.

Os piores, talvez, na Construção Civil, locomotiva econômica.

Mas, também, nos preços dos alimentos e na inflação.

Isso porque, diz Gabriel Monteiro, analista de Economia da CNN, os imigrantes ilegais representam 42% da mão de obra do agronegócio, nos EUA.

E quando a eles são somados os imigrantes legalizados, essa força de trabalho chega a 70%.

Daí que a expulsão em massa deverá aumentar os custos de produção dos alimentos.

Também poderá encolher a economia, já que apenas os imigrantes latinos (os alvos preferenciais de Trump) respondem por mais de 10% do PIB dos EUA.

Segundo o estudo “Fast Facts: Latinos in the United States 2024”, eles geraram 3,6 trilhões de dólares do PIB norte-americano de 2022, que atingiu 25,7 trilhões de dólares, segundo o Banco Mundial.

As condições desumanas da expulsão dos imigrantes e a postura imperial de Trump também já provocam embates com lideranças políticas da América Latina, e ameaças de retaliações alfandegárias.

Na Europa, a França também já propõe retaliações alfandegárias, caso Trump concretize a ameaça de aumentar a taxação dos produtos daquele continente.

Ao fim e ao cabo, a encrenca internacional contribuirá, provavelmente, para que a China e os Brics conquistem ainda mais parceiros comerciais, na Europa e América Latina, sem falar no Canadá, sob ameaça de invasão pelos EUA, devido aos seus recursos energéticos.

Há quem diga que os discursos Trumpistas são apenas bravatas, para esconder o medo da possível derrocada do Império Americano.

Apesar dos rosnados e arreganhar dos dentes, não creio que seja medo.

A meu ver, trata-se realmente de ódio supremacista, arrogância, narcisismo, a autolatria de um personagem em busca de “fazer história” com armas medievais.

E que de fato acredita que todos se curvarão a ele.

Ou porque transtornos de personalidade o impedem de perceber as transformações mundiais.

Ou porque, em as percebendo, quer girar a roda do tempo para trás, como é característico do nazifascismo, em relação aos costumes e a “Eras de Ouro” inexistentes, por exemplo.

Também não acredito que estejamos assistindo ao fim do Império Americano.

Mais provável, para mim, é que Trump acabe apeado do Poder, com a ajuda até de correligionários e grandes grupos econômicos, justamente para impedir essa derrocada.

Também penso que uma das nossas tarefas fundamentais, neste momento, é desmascarar esses nazifascistas, em todo o mundo, impedindo-os de negar o que de fato são e pretendem, como vêm fazendo.

E, para isso, é essencial refrescar a memória da população, acerca dos horrores que cometeram no século passado, além de mostrar as semelhanças dos horrores contra os seus alvos atuais.

Outra tarefa, ainda mais importante, é a luta contra as desigualdades sociais, que fazem sangrar a Democracia, por torná-la apenas formal para bilhões de cidadãos.

Junto com a crise climática, é esse o principal desafio que temos diante de nós, neste século.  

Porque as hordas nazifascistas seguirão a empoderar outros Trumps e Bolsonazis, ao redor do mundo.

E, quem sabe, acabem por encontrar líderes mais antenados e inteligentes.


FUUUIIII!!!!  

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

O "Caso Pix"

 


Esse recuo, no “Caso Pix”,  foi a pior das medidas que poderiam ser tomadas pelo governo.

Isso empoderou ainda mais a rede de fake news bolsonazista e passou a impressão de que essas mentiras eram verdades.

Deixou, também, a impressão de um governo fraco, "emparedável", ou até "derrubável", a qualquer momento.

Houve, claramente, um erro de cálculo político.

Como li em alguns comentários por aí, o Lula poderia ter entrado em rede nacional, usando o seu carisma, o seu cacife, para desmentir isso.

Ou a Receita poderia ter dado o papo reto, mais ou menos assim: "Não estamos atrás de quem ganha 5 ou 6 mil reais. Estamos atrás é da bandidagem do tráfico, da corrupção, das redes de apostas, dos milionários sonegadores, que movimentam milhões através do Pix. A gente não está atrás de peixe miúdo, mas de tubarão".

Tudo isso teria custo político? Claro que teria.

Mas um custo muito menor do que o desse recuo.

Para mim, temos dois grandes problemas que precisamos resolver urgentemente, ou 2026 irá pro beleléu.

O primeiro é que não dispomos de uma estrutura centralizada, com capacidade de unificação do discurso, captação de recursos e agilidade, para combater a rede de fake news desses nazifascistas (https://pererecadavizinha.blogspot.com/2024/05/sem-organizacao-e-proatividade.html ).

O segundo é que o Lula, infelizmente, ainda não percebeu a importância vital, estratégica, da propaganda e das redes sociais nestes nossos tempos.

Tanto assim, que perdemos dois anos com o Paulo Pimenta à frente da Secom.

A questão é que o Lula é um político "das antigamente".

Por isso, deve achar que esse monstro que temos diante de nós poderá ser derrubado apenas com as armas clássicas da política: discursos, acordos, etc e tal.

Quando, na verdade, temos é de aliar esse armamento às modernas técnicas de propaganda política, para uma atuação eficaz nas redes sociais e na sociedade como um todo.

Entendo a dificuldade do Lula: tenho 64 anos, sou mais "jovem" do que ele.

E, mesmo assim, às vezes sou surpreendida pelas ações desses nazifascistas e pelas técnicas, cada vez mais avançadas, de produção de fake news.

Temos diante de nós uma estrutura bilionária, coordenada, estratégica, com enorme capilaridade e focada no uso da psicologia das massas.

E que, muitas vezes, ainda atua em "parceria" com grandes veículos de comunicação.

Então, é crucial que o Lula acorde para a importância da propaganda e das redes sociais.

E não é passando pano para essa incompreensão dele, como estão fazendo alguns, que iremos ajudá-lo nesse sentido.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Opinião: Resolução do Conselho de Educação do Governo Temer ameaça graduações de deficientes, idosos, mães solteiras e trabalhadores pobres. E pode deixar milhares de estudantes sem os seus diplomas.



É uma medida elitista, perversa, antidemocrática, e talvez até inconstitucional.

Porque pode impedir o acesso de milhares de cidadãos em situação de vulnerabilidade a um diploma de nível superior: idosos, deficientes físicos, mães solteiras, trabalhadores pobres com extensas jornadas de trabalho.

É, também, uma "bomba-relógio", com potencial de prejudicar até mesmo estudantes da classe média, que iniciaram seus estudos desconhecendo essa medida.

Estou a falar da Resolução CNE/CES Nº 7, aprovada em 18 de Dezembro de 2018, no apagar das luzes do Governo de Michel Temer, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).

Ela obriga à realização de centenas de horas de extensão PRESENCIAL, pelos estudantes de todos os cursos de graduação, mesmo do ensino à distância (EAD), como é o meu caso.

E como sempre acontece, diz-se cercada de boníssimas intenções.

Como, por exemplo, aproximar as universidades da sociedade, devolvendo-lhe parcela do Conhecimento que produzem.

Ou até que os projetos de extensão incentivarão o contato dos estudantes com a realidade do País.

No entanto, essa medida mais parece concebida para manter o ensino superior como privilégio de uma casta.

Hoje, apenas 11% do eleitorado brasileiro (cidadãos com 16 anos ou mais) possui uma graduação; mais de 60% dos eleitores possuem, no máximo, o Fundamental completo; os demais, no máximo, o Ensino Médio.

São desses 11% os melhores cargos, salários e aposentadorias, cabendo aos restantes apenas a condição de serviçais.

Uma desigualdade tão impressionante que afasta de pronto essa história de “meritocracia” e “mindset”, discursos cínicos do neoliberalismo.

E que obriga a olhar para o nascedouro dessa concentração, ainda nos primeiros séculos da colonização do Brasil.

Obriga a olhar para as fatias da sociedade desde sempre postas à margem do desenvolvimento econômico e social: negros, pardos, pobres, idosos, deficientes, mães solteiras.

Que poderiam, quem sabe, “macular” esses “Templos do Saber” e escapar (que ousadia!) das condições de sobrevivência a que estão “destinadas”...

Somadas às atividades complementares já exigidas nas graduações, essas atividades de extensão resultarão em cargas adicionais de 400 a 500 horas.

Que, de tão excessivas, seriam suficientes para uma Especialização.

Ainda pior é a exigência paleolítica de que essas atividades extensionistas sejam realizadas PRESENCIALMENTE, mesmo no EAD, como consta no artigo 9º dessa Resolução.  

Assim, um projeto de extensão que totalize 40 horas, por exemplo, com carga máxima diária de 8 horas, consumirá 5 dias, ou praticamente uma semana, PRESENCIALMENTE.

O que, no entanto, representará apenas uns 10% do necessário, a depender da graduação.

E a pergunta que não quer calar é: como é que nós, idosos e portadores de deficiências locomotoras, conseguiremos enfrentar todos esses deslocamentos e trabalhos presenciais, que podem incluir visitas a comunidades, reuniões, entrevistas, organização de palestras e seminários?

E quem pagará os nossos custos de transporte e alimentação, e dos eventos propriamente ditos?

Idem para as mães solteiras.

Muitas realizam graduações à distância porque trabalham durante o dia e, à noite, não têm com quem deixar seus filhos.

Então, como é que poderão simplesmente abandoná-los sozinhos em casa, para a execução desses projetos?

Ou, em arranjando alguém para tomar conta deles, quem pagará tal despesa?

E quanto aos trabalhadores pobres, que precisam se virar entre dois empregos ou “bicos”?

Eles praticamente perderão o direito ao convívio familiar e ainda terão de suportar os custos de toda essa carga adicional das suas graduações?

Sim, porque a propagandeada “devolução de saberes” à sociedade ocorrerá, em muitos casos, só através dos estudantes, vez que muitas instituições privadas “lavam as mãos” diante da execução desses projetos.

Ao fim e ao cabo, nós, os estudantes, é que teremos de levar a extensão à comunidade, gastando tempo e dinheiro.

Por vezes, com o auxílio de muletas e bengalas, ou até carregando crianças de colo.

E ainda “badalando” de graça o nome dessas instituições privadas, em uma espécie de trabalho compulsório não-remunerado.

Outro problema é a maneira como a integração curricular da extensão vem sendo implantada: sem qualquer discussão com os estudantes; sem uma ampla campanha de esclarecimento; e, aparentemente, sem nem mesmo uma pesquisa acerca do perfil do alunado de EAD.

A Resolução CNE/CES 7/2018 foi editada “na calada da noite”, bem ao gosto do presidente da República de então...

Em 24/12/2020, durante o desgoverno Bolsonaro, o MEC prorrogou até dezembro de 2022 o prazo para a implantação dela.

Diz-se que em função da pandemia.

Mas, talvez, em razão do seu potencial de PREJUÍZOS POLÍTICOS.

Como tudo foi realizado sem a ampla e necessária publicidade, só no segundo semestre de 2023 é que muitos estudantes COMEÇARAM a tomar conhecimento dessa Resolução.

E ainda assim, em meio a informações desencontradas.  

Isso significa que poderemos ter, nos próximos anos, milhares de estudantes surpreendidos com a impossibilidade de obtenção do diploma, por inexecução dessas atividades.

Além de milhares que terão de abandonar os seus cursos, por falta de tempo e dinheiro para essa carga excessiva de horas complementares e de extensão.

É uma típica manobra do Estado-Bandido, que é o Estado brasileiro, Robin Wood às avessas, que rouba dos pobres para dar aos ricos.

Ora, basta uma busca no Google para se deparar com uma verdadeira “indústria” de cursos complementares.

Muitos anunciados como “gratuitos”, mas que cobram pelo certificado a ser apresentado à universidade.

Instituições privadas de ensino superior também oferecem um leque desses cursos, muitos igualmente pagos.

Então, o que impedirá o surgimento de “indústria” semelhante em torno da extensão?

E quem serão os beneficiados?

Certamente, não os estudantes pobres, que, muitas vezes, só conseguem cursar uma universidade graças ao FIES.

Mas sim, além dos empresários da Educação, aqueles estudantes mais “abonados”, que não precisam trabalhar e podem pagar por cursos e projetos.

O que os burocratas do MEC precisam entender é que NÃO podem tratar da mesma maneira os desiguais; é esse o ponto central dessa discussão.

Bem vistas as coisas, é como colocar um homem branco, jovem, em boa situação financeira e sem nem sequer uma unha encravada, para competir com um idoso de bengala, ou com uma mulher negra, pobre e mãe solteira.

Onde a Justiça?

Onde a equanimidade?

Onde a Democracia?

Onde o combate às desigualdades sociais?

Penso que também é preciso acabar com todo esse preconceito em relação ao EAD, para o qual muitos desses burocratas, carentes de reciclagem, ainda torcem o nariz.

Aparentemente, desconhecem as grandes universidades do mundo que oferecem cursos complementares, e até de graduação, totalmente à distância.

Além das grandes empresas, inclusive de Tecnologia, que estão formando seus futuros quadros através de EAD.

E basta dar uma olhada na plataforma Coursera e em outras semelhantes, para constatar o que estou a dizer.

O EAD é, sim, um extraordinário meio de aprendizagem e de democratização do ensino superior.

E, assim como o ensino superior presencial, não pode virar boi de piranha das mazelas da Educação brasileira, cujas raízes estão, em verdade, no Ensino Fundamental.

Isso significa que o EAD brasileiro é divino e maravilhoso? Não.

Ele carece, sim, de melhorias, investimentos, nos polos, materiais didáticos, professores e tutores, por exemplo.

Mas as cobranças nesse sentido têm de ser direcionadas às universidades, em vez de transformar os estudantes em uma espécie de Judas em Sábado de Aleluia.

Quero deixar claro que não discuto a importância da extensão para a aprendizagem, pesquisa e interação com a comunidade.

O que questiono é a maneira como isso está sendo feito (sem maiores discussões, sem levar em conta as limitações de grandes fatias sociais e com preconceitos da Pedra Lascada), além da dimensão dessa carga extra que vem sendo agregada aos cursos de graduação.

Ao que li, o MEC estaria modificando essa Resolução, para permitir que uma pequena parcela da extensão seja realizada online.

Mas isso não resolve o problema.

O que resolve é esse ministério observar a equanimidade que tem de nortear tal exigência.

Além de perceber o quão excessiva é toda essa carga.

Bem como, o potencial das novas tecnologias, para tornar o extensionismo até mais criativo e abrangente.

Mas isso só ocorrerá se os estudantes se mobilizarem contra tamanho abuso.

É preciso recorrer à Defensoria Pública, Procuradoria Geral da República (PGR), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e a todas as instituições que possam auxiliar no ajuizamento da competente ação contra essa norma, por inconstitucionalidade e prejuízos, talvez irreparáveis, a milhares de cidadãos.

E eu só lamento é que lei não retroaja para prejudicar.

Porque eu gostaria de ver a reação desses burocratas diante das exigências que hoje colocam a milhares de estudantes, para a obtenção de um diploma de nível superior.


FUUUIIIII!!!!

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Viva Pedro Veriano!




É incrível como pessoas do porte de Pedro Veriano têm a capacidade de nos fazer sentir íntimas delas

Quase como se fôssemos da família.

Quase como se tivéssemos rido e chorado juntos.

Diante de um belo filme, ou de uma bela música.

Ou, simplesmente, a caminhar pelas ruas desta Belém que tanto amamos.

Mas que é, cada vez mais, como diria o poeta, apenas uma fotografia na parede, a doer no fundo da alma...

Creio que não há ninguém que se interesse por arte e cultura, em Belém e no Pará, que nunca tenha ouvido falar do Pedro Veriano.

Que nunca tenha lido as suas críticas de cinema, antes de assistir a um filme.

Ou até depois de assistir, como que para corroborar as próprias impressões.

Foram várias as gerações que Pedro Veriano inspirou com o seu amor ao cinema.

Ele e Luzia Álvares. Duas almas que sempre nos pareceram uma só, como nos amores cinematográficos.

Imagino a dor da Luzia, com a partida do seu companheiro, do seu grande amigo, de uma vida inteira.

Não é apenas a casa e a cama que ficam vazias: é o próprio coração.

Sei que a morte não é nada além de mais um recomeço, nessa longa jornada de cada um de nós.

E por mais dolorosa que pareça aos que ficam, a verdade é que todos iremos nos reencontrar.

Mas eu rogo a Deus que abrace a Luzia e a console, nessa hora tão difícil.

Pedro Veriano é um espírito de tanta luz que, mesmo na morte, consegue nos embalar os sonhos.

A nos conduzir a um reencontro com a nossa adolescência e juventude, e com uma Belém que já não há...

Foram-se muitos dos casarões e mangueiras; vão-se, mais e mais.

Foram-se as crianças a brincar nas calçadas.

Foram-se as famílias a conversar nos batentes das portas, até quase a madrugada.

Foi-se a Belém pequenina... E ela, sim, é que não volta mais!...

Mas nossos corações e retinas são repositórios de toda essa beleza que vimos passar diante de nós, e que aprendemos a reconhecer e a apreciar.

Para muitos de nós, o cinema foi a porta de entrada dessa aprendizagem.

Ele nos abriu os olhos para esse tango entre o tempo e a vida.

Ele nos conduziu às veredas do sonho e da imaginação.

Ele nos fez refletir sobre nós e o mundo.

De filme em filme, também nos atirou nos braços do teatro, música e literatura.

E assim ganhamos esses olhos e asas que nos ajudam a não perder o rumo, mesmo na noite mais escura.

Obrigada, Pedro Veriano, por teres conduzido tantos de nós a essa grande aventura, que são a arte e a cultura.

Que Deus te abençoe muito na tua nova jornada.

E que Ele ampare a Luzia, essa grande mulher, esse grande ser humano, essa brilhante companheira de tantas lutas.

Segue em paz, Pedro.

Não és luz apenas agora, alma sem corpo.

Em verdade, sempre foste luz.