O chororô do ex-governador Simão Jatene me emocionou
tanto, mas tanto, que decidi manifestar a minha solidariedade ao auditor fiscal
Nilo Noronha, ex-secretário da Fazenda do governo dele.
É que o coitado do Nilo está sendo vítima de uma
terrível "perseguição".
E tudo por causa desse espírito de porco, que é o
auditor-geral do Estado, Giussepp Mendes.
Pois num é que esse tal de Giussepp descobriu que o
pobre do Nilo possui uma fortuna de quase R$ 22 milhões?
E olhe que isso é só o que o Nilo declara no processo
de divórcio que ajuizou, neste ano, e no qual oferece R$ 12,5 milhões pra
ex-mulher.
Mas o que é que nós, contribuintes, e esse tal de Giussepp
temos a ver com isso, né?
Tá certo que o pobre do Nilo é de origem remediada: na
década de 1980, sobrevivia vendendo bugigangas, numa kombi velha, pelas ruas de
Belém.
Mas e daí? Vai ver que ele enriqueceu como funcionário
público, né não?
Em dezembro do ano passado, segundo o portal da
Transparência, o salário líquido do Nilo foi de R$ 18.517,18, na Secretaria da
Fazenda (SEFA).
Aí, quando você faz as contas, percebe que ele teria de
trabalhar 90 anos, sem gastar 1 mísero centavo, pra conseguir juntar esses R$
22 milhões.
Não acredite em mim, não! Multiplique R$ 18.517,18 por
13 e você terá o ganho anual dele: R$ 240.723,34. Depois, é só multiplicar por
90.
Então, a pergunta que não quer calar é: de onde saiu
tamanha fortuna?
E por que é que a Auditoria Geral do Estado (AGE), que
é o principal órgão de fiscalização do governo, não pode investigar isso?
A AGE recebeu uma denúncia e instaurou uma
investigação.
Aí, pediu ao Nilo e a ex-auxiliares dele, que também
possuiriam grandes fortunas, que apresentassem as suas declarações de Imposto
de Renda, um documento que todo servidor público é obrigado, por Lei, a
atualizar, anualmente, no órgão em que trabalha.
Isso bastou pra que um bando de tucanos, assumidos ou
enrustidos, começassem a espalhar que o Nilo está sendo “perseguido”.
Quer dizer: pra essa tucanada, a AGE tinha era de deixar
em paz os “bacanas”, com essas fortunas que ninguém sabe de onde vieram.
Pois muito bem. Na última quarta-feira, a AGE enviou o
caso pra delegacia de polícia civil especializada em corrupção e lavagem de
dinheiro, já que o Nilo e os seus colegas se recusaram a apresentar as
declarações de bens.
E o que foi que aconteceu?
Ontem (27), o ex-governador Simão Jatene resolveu se
juntar às suas viúvas e atacar o Giussepp Mendes e até o atual governador,
Helder Barbalho, nas redes sociais.
Ora, Jatene nunca deu um pio pra defender o Paulo
Chaves, nas investigações sobre o Parque do Utinga.
Só se manifestou sobre o escândalo do Asfalto na
Cidade quando foi atingido com a possibilidade de um pedido de prisão.
Então, por que o piti com a investigação sobre o
patrimônio do Nilo Noronha?
Ataque de consciência? Acesso de lealdade? A
manifestação de um dedal de coragem?
Não, não e não.
O problema é que o Nilo é o mesmo do famoso diálogo do
“dinheirinho”, com a Izabela Jatene, filha do ex-governador.
Se você não se lembra, em 2011, a Izabela ligou pro
Nilo, que era então subsecretário de Receitas da SEFA, e pediu pra ele a lista
das 300 maiores empresas estaduais, pra “começar a buscar esse dinheirinho
deles”.
Um “dinheirinho” que a Izabela jura que ia direitinho
pro Propaz...
Segundo a AGE, quando o Nilo começou a trabalhar na
SEFA, em novembro de 1993, o salário dele não era grande coisa.
Seus ganhos só melhoraram a partir de 2002, no
primeiro governo de Jatene, quando ele passou a ocupar cargos de confiança.
Mas mesmo entre 2002 e 2018, o salário líquido do Nilo
ficou, em média, em R$ 17 mil por mês.
Isso dá R$ 221 mil por ano, já com o décimo terceiro.
Agora, faça as contas: mesmo que você pegue e
multiplique esse salário melhorado de R$ 17 mil, por todo o tempo de trabalho
do Nilo na SEFA (26 anos), o resultado não chega nem a R$ 5,8 milhões.
Ou seja: o patrimônio dele é mais que o triplo de tudo
o que ele ganhou em salários.
Esse rapaz é ou não é um fenômeno das finanças?
Com tamanho talento pra multiplicação, poderia até resolver
a crise econômica mundial, né não?
Mas aí, o Jatene tem todo esse piti e chega até a
desafiar o Helder, pra comparar patrimônio.
Só que como todo sepulcro caiado, “esquece” da
impressionante fortuna do sobrinho-testa de ferro dele, Eduardo Salles, lá em
Castanhal (https://pererecadavizinha.blogspot.com/2014/10/fortuna-da-familia-do-governador-simao.html);
dos postos de gasolina e dos R$ 13 milhões que o Beto Jatene, filho dele, pagou pra uma
seguradora (https://pererecadavizinha.blogspot.com/2018/05/filho-de-jatene-paga-r-13-milhoes-uma.html);
dos apartamentos que o Beto, a Izabela, a ex-mulher do Jatene e a sogra do Beto
possuíam no luxuoso edifício Wing, aquele do abalo, em 2011.
Não, caro leitor, o Jatene não está apenas morrendo de
medo, e daí esse ataque desesperado.
A verdade é que esse sujeito é tão perturbado, mas tão
perturbado, que achava que as falcatruas do governo dele continuariam varridas
pra debaixo do tapete.
Imagine a cena. O Helder chega com o Giussepp e diz: “ulha,
Giussepp, não investiga o Jatene e o pessoal dele, visse? Qualquer denúncia
arquiva, tá? Porque a gente não pode mexer com essa alma penada”.
É ou não é muita empáfia desse sujeito?
Ele acha que o Helder e o Giussepp têm de se arriscar
até a ser presos, só pra esconder as patifarias do governo dele.
Ninguém pode investigar nada, porque todo mundo tem a
obrigação de proteger esse encosto.
Ademais, se o Jatene é tão “honestíssimo”quanto afirma, tá com medo
de que, afinal?
Aí, ele fica dizendo que quer um órgão “isento”, como o Ministério Público, pra dar uma olhada em
toda a fortuna que acumulou.
Só que a AGE já está pegando todas as paradas de
sucesso do governo dele e enviando pra tudo que é Ministério Público – Federal,
Estadual, de Contas, o escambau.
Quer mais isenção do que isso?
Então, o Jatene tem de ir assombrar é os ministérios
públicos, receita federal, tribunais de contas e sei mais o quê, que tão
recebendo essas paradas de sucesso.
Dura lex sed lex, ora!
De resto, o ex-governador deveria é continuar perturbando os ouvidos de seus puxa-sacos com as suas cantorias desafinadas, em
vez de ficar na internet, se fazendo de “coitadinho”.
Porque coitados somos nós, o povo do Pará, que vamos
levar anos pra resgatar o estado dessa violência e miséria em que ele foi
jogado, pela incompetência, preguiça e desonestidade desse sujeito.
E mais: telefonei ao auditor geral do Estado, Giussepp
Mendes, e ele me disse que já se prepara pra ajuizar todas as medidas judiciais
cabíveis contra as calúnias que lhe foram dirigidas pelo ex-governador.
E eu até brinquei: “cuidado, doutor, que ainda vão lhe
considerar uma pessoa ruim, por processar esse inimputável”.
O que Jatene precisa entender é que já não possui
poder pra ficar aterrorizando as pessoas, como fez com o Nelson Medrado e o
Armando Brasil, lá no Ministério Público, só porque eles decidiram investigar
as paradas de sucesso do filho dele.
O seu governo, o seu império, graças a Deus, chegou ao
fim.
E agora, como todo e qualquer cidadão, ele vai ter é
de prestar contas à Justiça, sobre tudo aquilo que tiver de explicar.
FUUUIIII!!!!!
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Leia mais sobre a fortuna de Nilo Noronha no Diário
do Pará de 6 de outubro, página A7: http://digital.diariodopara.com.br/web/?state=zoom&data=06/10/2019&pagina=7