segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Uma guerra longe do fim



Do ponto de vista estratégico, o maior problema da eleição de Milei, à Presidência da Argentina, é a possível construção de um palanque privilegiado para o nazifascismo internacional.

E isso às vésperas das eleições norte-americanas, com um Biden e os democratas bastante fragilizados, e a possibilidade da eleição de Trump.

Óbvio que esse palanque também terá repercussões no Brasil.

E não apenas por injetar ânimo nas fileiras bolsonazistas.

Mas, também, porque dele partirão todo tipo de fake news, provocações, teorias conspiratórias e terrorismo verbal apocalíptico.

Os governos do Brasil e dos EUA terão de encontrar maneiras, pelas vias diplomáticas e econômicas, de reduzir o alcance desse palanque.

E nós também, democratas brasileiros, argentinos e norte-americanos, em nossas redes sociais.

Confrontação não resolve, porque esses nazifascistas se alimentam justamente disso.

Mas ignorá-los também não é alternativa, já que as teorias conspiratórias e outras fakes mirabolantes têm grande adesão entre as massas, como temos visto.

Além disso, nas massas ressoa fortemente a crença de que “quem cala, consente”.

Já sabemos que Milei é um sujeito muito perturbado, que até acredita, ou diz acreditar, receber orientações do fantasma de um cachorro...

Mas ainda desconhecemos a gradação real, concreta, da sua perturbação mental.

Ou, como perguntaria uma finada amiga: ele rasga dinheiro e come cocô?

Se não (o que é mais provável), haverá margem de manobra, pelas vias diplomáticas e econômicas.

Mas que terá de ser utilizada com extremo cuidado, para evitar eventuais armações.

Até porque a mentira e o escândalo são as matérias-primas de lideranças como ele.

Vale lembrar que perturbação e burrice são coisas distintas.

Todas essas pessoas, líderes e seguidores fanáticos, são muito perturbadas, mas de burras não têm nada.

Tanto assim, que conseguiram chegar ao poder em duas das maiores democracias do mundo, impondo a nós, os “inteligentes”, improváveis derrotas.

Então, não podemos cometer aquele que é, talvez, o maior erro de uma guerra: menosprezar o inimigo, crentes de que muitas das palhaçadas desses líderes não são metódicas.

Precisamos combatê-los, mas sem nos tornarmos incompreensíveis e sem saturar as redes com a presença dos Três Patetas do Apocalipse: os bozos brasileiro, argentino e americano...

Uma espécie de sapateado de catita entre os algoritmos e a dificuldade das massas em compreender as nossas críticas a tais criaturas, caso não estejam nominadas.

Infelizmente, essa é uma guerra bem distante de acabar.

E para nós não existe alternativa: é vencer ou vencer.

Estamos diante da reunião de forças mais destrutiva da História: neonazistas, obscurantistas anticiência e fundamentalistas religiosos.

Milhões de pessoas que entram em êxtase, ao clamarem pela destruição do mundo e pelo sofrimento eterno da maioria dos seres humanos.

É assustador vê-las gritando e chorando de prazer, só de imaginarem tanta dor para os outros.

É gente que vê demônios em todo canto, mas não percebe os demônios que carrega no próprio peito.

Se essas pessoas pudessem, apedrejariam gays e feministas pelas ruas, apenas pelo prazer de humilhar, ferir e matar.

Não há nelas nenhum propósito construtivo: há apenas ânsia de destruição de tudo o que é diferente ou contrário às suas crenças. Ou seja, de tudo o que é livre.

Não há nelas nem resquício do amor de Cristo ou desejo de “salvar pecadores”: há apenas ódio, inveja e a ânsia de reduzir o mundo inteiro à amargura de suas vidas.

É o prazer sexual que está no centro desse fenômeno.

Esses homens e mulheres foram tão reprimidos, que tiveram de desviar o prazer sexual para essa projeção mental de dor e sofrimento alheio – sintomaticamente, pelo fogo.

Os templos dessas seitas fundamentalistas, capturadas pelo neonazismo, tornaram-se centros de taras coletivas, orgias mentais.

São locais não apenas para apostar em uma espécie de “loteria santa”, mas, sobretudo, para aliviar a energia sexual represada.

E quando pensamos nas tecnologias de comunicação que essas seitas estão a manejar, aí é que nos damos conta do perigo que representam.

Porque a questão não é de nível educacional ou de situação econômica, o que seria bem menos difícil de resolver.

O xis do problema está nas profundezas mentais do macaco humano; na sua bipartição entre os instintos animais e as amarras culturais, que o tornou o que é.

É isso que essas seitas vêm manipulando.

E é este um dos motivos pelos quais perseguem os cultos afrobrasileiros, enquanto incorporam seus ritos: para se tornarem os únicos locais onde essas pessoas possam extravasar o desejo sexual, com seus gritos, choros, danças, magias e “incorporações”. 

Como combateremos isso não sei.

Mas às vezes penso que, mais do que política, o que este nosso “admirável mundo novo” precisa é de um grande divã psicanalítico.

Que o digam os três patetas e os seus fanáticos seguidores.

FUUUIIIII!!!!!!

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Só cassar Dallagnol é pouco. Queremos é Justiça por nossos mortos e por tudo o que sofremos. Lava Jato nunca mais.



 

A Lava Jato foi uma operação montada por um bando de Judas, para entregar o nosso petróleo a bilionários estrangeiros e acabar com a nossa indústria da Construção Civil, que competia pau a pau com as maiores do mundo.

Os Judas da Lava Jato destruíram milhões de empregos e jogaram o Brasil numa profunda crise, econômica, política e social.

Mas essa operação não nos custou “apenas” milhões de empregos, os lucros do nosso petróleo, o futuro dos nossos filhos.

Ela também foi uma das grandes responsáveis pelas mortes de milhões de brasileiros, que morreram de fome, de covid, ou que foram assassinados por serem pobres, pretos, gays, mulheres ou indígenas.

Sim, porque sem a Lava Jato, não teríamos o golpe de 2016 e a conquista do poder pelo nazismo, em 2018, com a eleição do Bolsonazi e a quadrilha dele.

Imagine como o Brasil estaria hoje, se pudéssemos apagar a Lava Jato da nossa história.

Imagine quanto dinheiro teríamos investido, de 2016 para cá, em Educação, Saúde, Segurança, Habitação, Ciência, Tecnologia, se os lucros do nosso petróleo tivessem continuado em nossas mãos.

Imagine quantos milhões de empregos teriam sido criados pela nossa Construção Civil.

Quantas milhares de pequenas e médias empresas ainda estariam funcionando, em vez de terem fechado as portas, como aconteceu nos últimos anos.

Quantas famílias já teriam a sua casa própria.

Quantos dos nossos jovens estariam trabalhando com carteira assinada, e não quase como escravos, se vários direitos trabalhistas não lhes tivessem sido roubados.

Imagine quantos familiares e amigos, que morreram na pandemia, ainda estariam conosco.

Imagine como seríamos hoje um país muito mais próspero, justo e feliz, se todo o desenvolvimento que havíamos alcançado, não tivesse sido jogado na lata de lixo.

Foi preciso muita luta, para que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulasse as injustas condenações que o Lula sofreu.

Foram anos e anos de perseguições e prisões ilegais, até que a Justiça começasse a reconhecer alguns dos crimes cometidos por aquela operação.

E isso só ocorreu porque um veículo de comunicação, o Intercept, publicou as mensagens de texto que os procuradores da Lava Jato trocavam entre eles.

As mensagens mostraram que os procuradores e o então juiz Sérgio Moro combinavam as acusações e condenações que cometeriam, contra políticos e empresários.

Como se um juiz e um promotor não fossem com a sua cara e decidissem combinar a sua condenação.

Anteontem (16/05), com base na Lei da Ficha Limpa e em decisão unânime, o Superior Tribunal Eleitoral (TSE) cassou o mandato de Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava-Jato, que se elegeu deputado federal, no ano passado.

O ex-juiz Sérgio Moro também pode acabar cassado, sob a acusação de ter usado caixa 2, para se eleger senador.

No entanto, a simples perda de mandato é muito pouco, diante do que Moro, Dallagnol e seus parças fizeram contra o Brasil.

Eles têm é de ser processados por toda a destruição que causaram com aquela operação, que foi a maior vergonha do Judiciário brasileiro, em todos os tempos.

Não se trata de vingança: é Justiça.

Justiça por nossos mortos.

Justiça por tudo o que sofremos e perdemos.

E uma poderosa vacina para que nunca mais se repita algo assim neste país.

FUUUIII!!!!

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Aprovação já do Projeto de Lei que combate as fake news




As redes sociais são terra sem lei.

Grupos neonazistas combinam massacres nas nossas escolas.

Gente maligna incita nossos jovens até a se matarem.

Racistas e homofóbicos espalham preconceitos, que, muitas vezes, levam à morte de pessoas.

As mentiras e a maldade correm soltas na internet.

Mesmo assim, empresas bilionárias, que são donas das redes sociais, pouco fazem contra postagens mentirosas e cheias de ódio.

O Projeto de Lei 2.630, mais conhecido como PL das Fake News, veio para acabar com esse clima de faroeste.

Ele pune a omissão dos donos das redes sociais.

E facilita a identificação de quem usa a internet para cometer crimes.

O projeto está em análise no Congresso Nacional.

Mas bolsonaristas e os donos das redes tentam impedir que ele seja aprovado.

Lute pela aprovação do PL das Fake News.

Ajude a pressionar nossos deputados e senadores.

Pela segurança dos nossos filhos.

Por um Brasil mais tolerante e de paz.


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Veja o que dizem Eduardo Moreira, Leandro Demori, Sâmia Bomfim, Jessé Souza e Cristina Serra sobre a urgência da aprovação do PL das Fake News: https://www.youtube.com/watch?v=G-MXSsjF0lA&t=3565

E aqui, Carlito Neto, do canal O Historiador, rebate as informações falsas sobre esse projeto. Na postagem, há até o link com a íntegra do PL 2.630, para que você possa lê-lo e formar a sua opinião: https://www.youtube.com/watch?v=pexYNXZcBfE

Veja o que diz a Central Única dos Trabalhadores (CUT): https://www.cut.org.br/noticias/celebrado-pl-da-fake-news-e-um-avanco-para-a-democracia-da-comunicacao-e-do-pais-7d05

E aqui, notícia do Brasil de Fato sobre a tramitação do projeto, no Congresso Nacional: https://www.brasildefato.com.br/2023/05/02/votacao-do-pl-das-fake-news-e-adiada-processo-entrou-em-outra-fase-diz-relator

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Ou a gente se mobiliza contra os juros altos, ou vamos ficar sem comida e sem empregos. Chega da farra dos banqueiros! Investigação já da dívida do Governo! Fora, presidente do Banco Central!

 



Os banqueiros e ricaços brasileiros estão em pé de guerra contra o Lula.

E sabe por quê?

Porque eles não fazem nada, não produzem nem mesmo um prego, mas querem continuar ganhando rios de dinheiro, à custa do SEU SUOR.

É DO SEU BOLSO que sai a montanha de dinheiro que esses ricaços e banqueiros estão ganhando.

É o dinheiro dos impostos que VOCÊ PAGA, que sustenta esse bando de marajás.

É uma maracutaia impressionante, que esses sujeitos não querem que você saiba.

Mas que eu vou lhe contar tim-tim por tim-tim.


Governo também pega empréstimo


Sabe quando você precisa de um empréstimo, pra comprar alguma coisa ou melhorar a sua casa? 

Pois é: o governo também pega empréstimos, quando precisa investir, por exemplo, na construção de estradas, escolas e hospitais.

Essas obras, geralmente, custam bilhões de reais.

E só quem tem tanto dinheiro pra emprestar são os banqueiros e ricaços.

Pra que eles emprestem toda essa grana, o Governo oferece pra eles “títulos da dívida pública”.

Calma, que não é difícil de entender.

Sabe os cheques pré-datados, que você entrega quando compra alguma coisa?

A casa ou o carro que você dá como garantia de um empréstimo bancário?

Ou a prestação do empréstimo consignado, que é descontada da sua aposentadoria, pensão ou bolsa família?

Pois então: esses “títulos” são a garantia de que o governo vai pagar esses empréstimos.

Assim, o Governo vai pagando JUROS e parcelas (prestações), até conseguir pagar tudo o que deve e pegar esses “títulos” de volta.


Fome de dinheiro e maracutaias


Só que esses banqueiros e ricaços têm tanta fome de dinheiro, que mais parece doença.

E aí, eles fazem um monte de jogadas, especulações, maracutaias, pra que os juros cresçam e fiquem bem lá no alto.

Eles espalham boatos, na imprensa, de que o Brasil vai mal e não conseguirá pagar as suas contas.

Dizem que ninguém investirá no Brasil, porque tá muito arriscado, e que o país pode até quebrar.

Mas é tudo armação pra eles ganharem muito mais dinheiro com os empréstimos pro Governo, já que os boatos servem de desculpa pros juros subirem.

É como se um agiota lhe dissesse que uma vidente previu que você ficará desempregado, daqui a um ano, e que, por isso, ele precisa aumentar os juros do seu empréstimo. 


3.700 Megas da Virada, de juros e prestações, só em 2021


Só em 2021, o Governo pagou, pra esses banqueiros e ricaços, quase 2 trilhões de reais, de juros e prestações da dívida.

Isto mesmo: QUASE 2 TRILHÕES DE REAIS!

São quase 3.700 (3 mil e 700) Megas da Virada, do ano passado, o maior prêmio de todos os tempos.

Mas sabe o que é ainda pior?

Esses quase 2 trilhões de reais são mais da metade de tudo o que o Governo gastou, em 2021.

É isto mesmo que você entendeu: o Governo arranca da gente um monte de impostos, e mais da metade vai pra esses banqueiros e ricaços.

E apenas o que sobra é que o Governo gasta com obras e serviços pra todos nós: saúde, educação, segurança, bolsa família, merenda escolar, e por aí vai.

Então, imagine o quanto esses sujeitos, que são uma meia dúzia de pessoas, ficaram ainda mais ricos, com as 3.700 Megas da Virada que meteram no bolso, só em 2021.

Enquanto que nós, mais de 200 milhões de brasileiros, que somos os verdadeiros donos desse dinheiro, já não sabemos mais o que fazer, o que cortar, pra não faltar comida pros nossos filhos.


Dívida pode esconder grande patifaria.


A nossa exploração por esses sujeitos já tem anos e anos, décadas. 

São trilhões de reais indo pros bolsos deles, todos os anos, e mesmo assim a dívida do Governo só faz é aumentar. 

No ano passado, por exemplo, o que estava previsto, no orçamento do Governo, é que ele pagasse quase 2,5 trilhões de reais de juros e prestações da dívida, ou mais da metade de tudo o que deveria gastar.

Por isso, tem muita gente defendendo uma investigação dessa dívida.

Sabe quando você fica um tempo sem pagar a dívida com um banco, e aí ele lhe apresenta um mundaréu de juros, que quase que lhe dão um infarto?

Mas aí, quando chega na Justiça, o banco acaba cortando quase todos aqueles juros, porque eram, na verdade, uma grande patifaria.

É mais ou menos isso: há fortes suspeitas de uma grande patifaria, desses banqueiros e ricaços, nos juros dessa dívida do Governo.


Bolsonarista mantém Brasil com a maior taxa de juros do mundo!


E agora, pra piorar a situação, o Bolsonaro deixou, na presidência do Banco Central, um bolsonarista que é amiguinho desses sujeitos.

E como tem mandato de quatro anos, esse bolsonarista insiste em continuar no Banco Central.

E sabe por quê?

Porque é o Copom, um comitê do Banco Central, quem determina a taxa básica de juros do Brasil.

Essa taxa é chamada “Selic”.

Quando ela sobe, sobem os juros dos empréstimos, investimentos, cartão de crédito.

E quando ela cai, todos esses juros caem.

Hoje a Selic está em quase 14 por cento por ano, muito acima da inflação.

E o Brasil virou o país com a maior taxa de juros reais do mundo!

É sério: não tem país, no mundo inteiro, onde os banqueiros ganhem tanto dinheiro, como eles ganham no Brasil.

E tudo à custa dos pobres e da classe média.


Juros altos aumentam desemprego e inflação


Você pode até achar que esses juros altíssimos não afetam a sua vida, mas isso não é verdade.

Com juros tão altos, a maioria das empresas têm dificuldade pra conseguir empréstimos.

E sem esses empréstimos, elas não crescem, ou até fecham, o que aumenta o desemprego.

Já as empresas que conseguem empréstimos, repassam os juros altos pro consumidor.

Com isso, sobem os preços da comida, das roupas e de tudo. 

E, é claro, sobe também a inflação, deixando a gente num sufoco cada vez maior.

Mesmo assim, esse bolsonarista, que continua presidente do Banco Central, não quer baixar os juros de jeito nenhum.

A desculpa dele é que vai manter os juros altíssimos, pra controlar a inflação.

Mas isso é papo-furado: nos últimos dois anos, a inflação disparou, apesar de os juros não pararem de subir.


Investigação já da dívida do Governo!


Por isso, a gente precisa é se mobilizar, pra que esse bolsonarista saia do Banco Central e os juros caiam.

O Brasil precisa voltar a crescer, a gerar empregos. 

Precisa baixar a inflação, pra que a gente tenha comida na mesa e dinheiro no bolso.

Chega de sustentar esses sujeitos, que vivem que nem marajás, à custa do nosso suor.

Investigação já da dívida do Governo!

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Quer saber mais sobre a dívida do Governo?

Leia aqui: https://drive.google.com/file/d/1FbS2SfkXdAv65W0QF2BEqitrjVaQSgzt/view?usp=sharing

E aqui: https://auditoriacidada.org.br/

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Observação: qualquer pessoa pode investir em títulos da dívida. Mas você sabe quem é que realmente tem dinheiro pra isso, né? Só pra você ter ideia: em outubro de 2021, segundo o site da Auditoria Cidadã, pelo menos 43% da dívida do Governo estavam nas mãos de grandes bancos, nacionais e estrangeiros, e outros 19% nas mãos de “fundos de investimento”, que também pertencem aos bancos. Total: 62%

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Você sabia que a política de juros altos do Banco Central vai lhe deixar sem emprego, e com mais dificuldade pra comprar comida? Sabia que o Banco Central ainda é comandado por pessoas ligadas a Bolsonaro? Sabia que os juros altos protegem os ricaços e destroem o Brasil?




Você sabia que quem determina a taxa básica de juros do Brasil é o Copom, um comitê do Banco Central?

Sabia que essa taxa influencia até no preço da comida que você coloca na sua mesa?

Essa taxa é chamada de “Selic”. 

É ela quem orienta o sobe e desce dos juros dos empréstimos bancários, cartão de crédito e investimentos. 

Quando ela sobe, todos esses juros sobem. Quando ela cai, eles caem.

O Banco Central diz que mantém a Selic altíssima (14 por cento ao ano), para frear a inflação. 

Mas isso é papo-furado: nos últimos dois anos, a inflação disparou, mesmo com a Selic nas alturas.

Na verdade, o Banco Central está é protegendo os interesses dos banqueiros. 

E dos ricaços que vivem de renda, já que os investimentos deles rendem rios de dinheiro, com os juros mais altos.

Já para nós, os pobres e a classe média, essa Selic altíssima significa menos empregos e muito mais aperto no final do mês.

E sabe por quê?

Porque, com juros tão altos, a maioria das empresas têm dificuldade de pegar empréstimos, para aumentar seus negócios, ou até para fechar as suas contas, em um momento de aflição.

Com isso, elas não crescem, produzem menos ou até quebram, o que aumenta o desemprego.

Já as empresas que conseguem pegar empréstimos, repassam a despesa desses juros altos para o consumidor, o que aumenta mais ainda o preço dos alimentos, roupas etc...

Ou seja, a inflação cresce. 

E o seu suado dinheirinho vai ficando cada vez mais curto.

O Banco Central ainda é comandado por pessoas ligadas a Bolsonaro.

Como possuem mandatos, elas insistem em permanecer lá, em vez de entregarem seus cargos.

Ao contrário de Lula, nenhuma dessas pessoas foi eleita pelo povo brasileiro.

Mesmo assim, elas se acham no direito de manter essa política de juros altíssimos, que protege os ricaços e destrói o Brasil.


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Quer saber mais?

Leia aqui: https://auditoriacidada.org.br/conteudo/juro-alto-e-fome-desemprego-e-inflacao/#:~:text=Os%20juros%20altos%20impedem%20acesso,a%20d%C3%ADvida%20p%C3%BAblica%20do%20pa%C3%ADs.

E aqui: https://www.cut.org.br/noticias/brasil-rumo-ao-precipicio-alta-dos-precos-juros-altos-inflacao-e-desemprego-7764

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Senadores que votam em Rogério Marinho cavam a própria sepultura.



Causa espanto que existam senadores não-bolsonaristas que pretendam votar em Rogério Marinho, para a Presidência do Senado Federal.

Ok: muitos querem é se dar bem, formar um grupo semelhante ao da Câmara dos Deputados, para seguir arrancando benesses de um Executivo emparedado.

Está certo? Não. Mas não é algo “inusitado”, já que o toma-lá-dá-cá é o cotidiano da política brasileira, desde 1.500.

E persistirá assim enquanto não houver uma mudança do olhar da população, acerca da política.

Afinal, como já escrevi várias vezes, nossos políticos não são ETs: eles foram eleitos.

E dada a quantidade de políticos desse naipe, nas nossas Casas Legislativas, é de se supor que a maioria do nosso povo também encara a política como uma atividade sórdida, na qual os seus representantes, “naturalmente”, embolsarão uma bela quantidade de dinheiro, legal e ilegal.

Em troca, distribuirão, aos seus eleitores, um dinheirinho para matar a fome, cestas básicas, empregos, documentos de identificação, remédios, consultas médicas, vagas escolares.

Direitos de qualquer cidadão, mas que, há séculos, foram reduzidos a meros “favores”, no jogo eleitoral.

É provável, aliás, que tenha sido o “rouba, mas faz” um dos principais fatores a derrotar Bolsonazi.

Nem o fato de ele ser um neonazista, ou de ter contribuído para a morte de mais de 700 mil brasileiros, durante a pandemia.

Nem o fato de ter agido para armar um exército de milicianos e destruir florestas, ou de ser o responsável pelo genocídio dos povos indígenas.

Mas porque roubou, roubou, roubou, e não fez.

Ou melhor: fez a política do “pão massa fina”, pela qual não sobram nem sequer migalhas, e tudo é devorado apenas pelos apaniguados.

O oposto do “rouba, mas faz” e da política do “pão massa grossa”, pela qual abundam as migalhas que caem da mesa dos comensais.

É uma realidade parida, especialmente, por um grande desalento com a política: a certeza de que tudo sempre foi assim e sempre será; a descrença no poder dos cidadãos; o pragmatismo diante da necessidade de sobrevivência; o medo de enfrentar uma máquina como o Estado, que se volta, principalmente, contra os mais pobres e “cidadãos comuns”.

Mas, é claro, em muitos casos também existe uma ignorância-raiz, que abençoa o uso privado daquilo que é público; que incensa a superexploração do mais fraco; e que nem todas as escolas e bibliotecas do mundo conseguirão erradicar, por quase endógena.

Voltemos, porém, ao Senado.

O que espanta nos senadores não-bolsonaristas que votam em Marinho, é o fato de não perceberem que podem estar a cavar a própria sepultura, apesar de se julgarem tão “espertos”.

Falta-lhes, quem sabe, uma reflexão sobre a biografia de Carlos Lacerda e a ditadura de 1964.

Ou até mesmo sobre a Lava-Jato e a ascensão do neonazismo no Brasil.

Em outubro do ano que vem, teremos eleições municipais, nas quais esses “espertos” pretendem eleger grande número de aliados, para os seus projetos políticos de 2026.

Daí a necessidade de se fortalecerem, nem que seja colocando uma faca no pescoço do Executivo.

Ao que parece, não se dão conta de que, em novembro do ano que vem,  também haverá eleição à Presidência dos EUA.

E se Trump ou outro neonazista se eleger, os militares bolsonazistas terão apoio externo para um golpe, quem sabe ainda em 2025.

E aí, adeus projetos políticos...

Pois é: apesar de se julgar tão “raposa”, o Centrão do Senado não percebe o quanto precisa da Democracia para sobreviver.

Afinal, a Democracia respeita a vontade popular.

Daí respeitar os jogadores e o jogo político, por mais imundo que, muitas vezes, ele possa parecer.

É o oposto do que ocorre nas ditaduras militares, especialmente, as nazistas.

Nelas, o doce sabor da “rapadura” (ou do leite condensado...) é apenas para os generais, coronéis & afins, que atiram às feras os políticos “mamateiros”, enquanto chafurdam em mamatas ainda piores.

Para os militares bolsonazistas, propina de asfalto é troco.

Bacanas, mesmo, são propinas bilionárias com a compra de vacinas, e mamataços como o da Capemi, um escândalo de 100 milhões de dólares, em valores de 1975, ou de 48 anos atrás, que envolveu militares e agentes do Serviço Nacional de Informações (SNI).

Carlos Lacerda, político, jornalista e empresário que defendia a “intervenção” das Forças Armadas, e que contribuiu, fortemente, para o golpe de 1964, acabou devorado pela serpente que ajudou a criar: foi preso e perdeu os direitos políticos, após buscar a volta do poder civil.

Mas nem é preciso ir tão longe: a Lava-Jato, que foi responsável pela ascensão do bolsonazismo, engoliu empresas e empresários que floresceram na ditadura militar, e caciques direitistas e clientelistas, como é o caso de Eduardo Cunha.

E o bolsonazismo, além de abalar a poderosa Globo, golpista desde pequenininha, também engoliu vários daqueles que o levaram ao poder: Doria, Witzel, Joyce Halssemann, Rodrigo Maia, e por aí vai.

É que só os invertebrados, civis ou militares, conseguem conviver pacificamente com o poder ditatorial.

Civis que se submetem a levar tapas na cara e a serem levantados pelo colarinho, como fazia a alguns um certo coronel paraense.

Ou militares de alta patente que se agacham diante de outro de patente inferior, para não perderem o viagra de cada dia.

Para os demais, mesmo de direita ou de extrema-direita, a tendência é que acabem devorados pela serpente.

Com sorte, serão apenas cassados e passarão uns meses ou anos na cadeia.

Mas, se tiverem azar, acabarão a sete palmos de terra, exatamente como os esquerdistas que tanto detestam.

Afinal, a serpente nazifascista, genocida, terrorista e fundamentalista-religiosa, não divide poder, não aceita sombra e não tolera nem mesmo um simples olhar discordante.

Quer de todos apenas a cabeça baixa e o silêncio cúmplice, diante da matança do nosso próprio povo.

E a moral possível de uma política imoral, que subsiste com a aquiescência do eleitorado, é que afastar o perigo de um golpe neonazista seria muito mais fácil, se os nossos senadores fossem tão pragmáticos como os seus coleguinhas da Câmara dos Deputados.

Que perceberam, de longe, o perigo de dançar tango apaixonado com nazistas, já que, pelo visto, ao menos conhecem um pouquinho de História.

FUUUIIIII!!!!!   

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Lula tem de arrancar os dentes da serpente. E a hora é agora.


Foto: Agência EBC


O presidente Luís Inácio Lula da Silva erra, e erra feio, em sua tentativa de aplacar os ânimos, negociar com militares bolsonazistas, ainda mantidos em posições estratégicas nas Forças Armadas.

Talvez os meses na prisão, o casamento recente, ou até a convivência com o Alckmin, tenham deixado Lula demasiado Zen.

Daí não perceber que não há como negociar ou contemporizar com militares bolsonazistas.

O que eles querem é tomar o poder.

E já deixaram claro que farão de um tudo para isso.

Ou alguém acredita que não houve envolvimento de vários deles, nos atentados do último domingo?

Mas Lula se ilude: acha que pode pacificar a sociedade brasileira, sem arrancar os dentes da serpente.

E empurra com a barriga, algo que não deveria postergar.

Não sou petista, mas admiro, profundamente, o Lula.

Foram muitos os eventos que lhe permitiram ultrapassar obstáculos impressionantes.

Como se a Fortuna sempre desse um jeito de socorrê-lo, transformando as pedras, as quedas e as dores nos alicerces de uma poderosa e inspiradora biografia.

Agora mesmo, temos um desses eventos, ou fenômenos, ou circunstâncias, como se prefira chamar.

O destino do Brasil está tão ligado ao da Democracia, que não há como os Estados Unidos e a Europa permitirem que o neonazismo se apodere deste país, estratégico em vários aspectos.

Como já escrevi, várias vezes: se os militares bolsonazistas tentarem um golpe, provavelmente, não conseguirão.

Mas, se conseguirem, não se sustentarão no poder, uma vez que enfrentarão o bloqueio econômico, ou até mais do que isso, por parte das nações democráticas do mundo, à frente os EUA.

Além disso, Lula possui, neste momento, enorme apoio para avançar contra o bolsonazismo, devido à repulsa da sociedade aos atos terroristas do último domingo.

É a Fortuna a bafejá-lo com circunstâncias, talvez únicas para os mandatários deste país, historicamente refém de militares que se acreditam "tutores" da Nação.

Lula precisa agarrar essa oportunidade: tem de enfrentar os militares bolsonazistas, para que as Forças Armadas se atenham ao seu papel constitucional.

Tem de nomear um ministro da Defesa de pulso firme, que se faça respeitar.

Tem de colocar no comando e nos cargos estratégicos das três Armas, militares leais à Constituição, e não aqueles que um grupelho se acha no “direito” de lhe empurrar goela abaixo.

E para esse grupelho, que se pretende acima da Lei, o destino deve ser a Reserva, aposentadoria, ou o afastamento de funções nas quais possam seguir ameaçando a República.

Se Lula insistir nessa impossível negociação com os militares bolsonazistas, isso poderá lhe custar o mandato, e a todos nós, a Democracia.

Temos apenas dois anos para tirar este país do buraco, reconstruir as instituições e conquistar amplo apoio social.

Porque, daqui a dois anos, haverá eleições nos EUA.

E se Trump ou outro neonazista conseguir se eleger, os militares bolsonazistas terão apoio externo para um golpe.

Precisamos, portanto, estar prontos para enfrentar esse possível vendaval, com alguma chance de vitória.

Nesses poucos mais de 700 dias, além de melhorar substancialmente a situação econômica e social do país, teremos de desbolsonarizar as nossas polícias, Forças Armadas, Congresso, Judiciário, serviço público em geral; teremos de arrancar as garras dos empresários que usam o agronegócio para o crime; reduzir o mais possível a influência das redes de fake news; tratar milhões de brasileiros que foram vítimas de lavagem cerebral; politizar a sociedade, para que ela compreenda a importância da Democracia e das nossas instituições.

Espero que Deus ilumine o Lula, para que ele caia na real.

A delicada costura política com todas as forças que o apoiaram, ou que podem ajudar na governabilidade, é uma coisa.

E, para isso, nada melhor do que o Lulinha Paz e Amor.

Mas para enfrentar o bolsonazismo das Forças Armadas, melhor chamar o Lula líder sindical.

Porque tal líder sabe muito bem quando inexiste qualquer possibilidade de diálogo, e é preciso bater na mesa.

Iludiram-se os companheiros que imaginaram que esse nosso frentão democrático, esse nosso saco de gatos, poderia simplesmente se desmobilizar, após as eleições.

Esquerdas e direita teremos de continuar juntos e misturados, por um longo tempo, para não acabarmos, todos, triturados pelo neonazismo.

O governo de Lula terá de ser ainda mais “ameno” do que nas suas administrações anteriores, para contemplar o amplo leque de apoios de que necessita.

E embora muitos companheiros das esquerdas considerem isso quase que uma “heresia”, temos é de torcer pelo fortalecimento da direita democrática, para que ela “capture” milhões de cidadãos, que, do contrário, acabarão nas garras do extremismo.

O episódio do último domingo só não foi ainda pior, porque, além das condições adversas no exterior e da reação de Lula e do ministro Alexandre de Moraes, os bolsonazistas cometeram um erro tático, ao atacarem primeiro o Distrito Federal, e com tamanha fúria.

É uma das fragilidades de quem se utiliza de massas robotizadas, movidas a ódio e amargura, e de lideranças demasiadamente pulverizadas.

Mesmo assim, esse episódio demonstra o quanto é urgente esmagar a máquina neonazista, para reunificar e pacificar o Brasil.

Mas isso só será possível se desarticularmos os militares bolsonazistas, que são os dentes da serpente.

Tomara que Lula não perca o bonde da História.


FUUUIIII!!!!


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Um dia histórico para o Brasil e o mundo: a posse de Lula como presidente da República, pela terceira vez. Veja e leia a íntegra de seus discursos.

Lula sobe a rampa do Palácio do Planalto, em companhia de representantes dos vários Brasis. A foto é de Tânia Rêgo, da Agência Brasil.



A Perereca registra a íntegra dos discursos de Luís Inácio Lula da Silva, neste histórico 01/01/2023, quando ele, pela terceira vez, assumiu a Presidência da República.

Uma data marcante para o Brasil e o mundo, eis que a eleição de Lula representou uma importante vitória das forças democráticas do Planeta contra o neonazismo.

Graças a Deus, vencemos esta batalha, mas a guerra continua.

Não será fácil reerguer o Brasil. E mais difícil ainda será varrermos deste país todo o ódio semeado por essa ideologia da morte, que é o nazismo.

Mas se existe um cidadão talhado para liderar essa tarefa é Luís Inácio.

Que Deus o ilumine e proteja.

E que abra as Suas asas sobre o nosso país.

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O primeiro vídeo é o discurso na cerimônia de posse, no Congresso. O segundo, é o emocionado discurso no Parlatório, após receber a faixa de presidente.









Abaixo, os discursos escritos.


O discurso no Congresso, na cerimônia de  posse como presidente da República, que extraí do site da Agência Câmara de Notícias:

 

“Pela terceira vez compareço a este Congresso Nacional para agradecer ao povo brasileiro o voto de confiança que recebemos. Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão trabalhar pelo Brasil.

 

Se estamos aqui, hoje, é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos ao longo desta histórica campanha eleitoral.

 

Foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto, a mais abjeta campanha de mentiras e de ódio tramada para manipular e constranger o eleitorado.

 

Nunca os recursos do estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder. Nunca a máquina pública foi tão desencaminhada dos controles republicanos. Nunca os eleitores foram tão constrangidos pelo poder econômico e por mentiras disseminadas em escala industrial.

 

Apesar de tudo, a decisão das urnas prevaleceu, graças a um sistema eleitoral internacionalmente reconhecido por sua eficácia na captação e apuração dos votos. Foi fundamental a atitude corajosa do Poder Judiciário, especialmente do Tribunal Superior Eleitoral, para fazer prevalecer a verdade das urnas sobre a violência de seus detratores.

 

SENHORAS E SENHORES PARLAMENTARES,

 

Ao retornar a este plenário da Câmara dos Deputados, onde participei da Assembleia Constituinte de 1988, recordo com emoção os embates que travamos aqui, democraticamente, para inscrever na Constituição o mais amplo conjunto de direitos sociais, individuais e coletivos, em benefício da população e da soberania nacional.

 

Vinte anos atrás, quando fui eleito presidente pela primeira vez, ao lado do companheiro vice-presidente José Alencar, iniciei o discurso de posse com a palavra “mudança”. A mudança que pretendíamos era simplesmente concretizar os preceitos constitucionais. A começar pelo direito à vida digna, sem fome, com acesso ao emprego, saúde e educação.

 

Disse, naquela ocasião, que a missão de minha vida estaria cumprida quando cada brasileiro e brasileira pudesse fazer três refeições por dia.

 

Ter de repetir este compromisso no dia de hoje – diante do avanço da miséria e do regresso da fome, que havíamos superado – é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes.

 

Hoje, nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta Nação levantou, a partir de 1988, vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços.

 

SENHORAS E SENHORES,

 

Em 2002, dizíamos que a esperança tinha vencido o medo, no sentido de superar os temores diante da inédita eleição de um representante da classe trabalhadora para presidir os destinos do país. Em oito anos de governo deixamos claro que os temores eram infundados. Do contrário, não estaríamos aqui novamente.

 

Ficou demonstrado que um representante da classe trabalhadora podia, sim, dialogar com a sociedade para promover o crescimento econômico de forma sustentável e em benefício de todos, especialmente dos mais necessitados. Ficou demonstrado que era possível, sim, governar este país com a mais ampla participação social, incluindo os trabalhadores e os mais pobres no orçamento e nas decisões de governo.

 

Ao longo desta campanha eleitoral vi a esperança brilhar nos olhos de um povo sofrido, em decorrência da destruição de políticas públicas que promoviam a cidadania, os direitos essenciais, a saúde e a educação. Vi o sonho de uma Pátria generosa, que ofereça oportunidades a seus filhos e filhas, em que a solidariedade ativa seja mais forte que o individualismo cego.

 

O diagnóstico que recebemos do Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor. Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social.

 

Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a cupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas.

 

É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos.

 

SENHORAS E SENHORES,

 

Diante do desastre orçamentário que recebemos, apresentei ao Congresso Nacional propostas que nos permitam apoiar a imensa camada da população que necessita do estado para, simplesmente, sobreviver.

 

Agradeço à Câmara e ao Senado pela sensibilidade frente às urgências do povo brasileiro. Registro a atitude extremamente responsável do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de Contas da União frente às situações que distorciam a harmonia dos poderes.

 

Assim fiz porque não seria justo nem correto pedir paciência a quem tem fome.

 

Nenhuma nação se ergueu nem poderá se erguer sobre a miséria de seu povo.

 

Os direitos e interesses da população, o fortalecimento da democracia e a retomada da soberania nacional serão os pilares de nosso governo.

 

Este compromisso começa pela garantia de um Programa Bolsa Família renovado, mais forte e mais justo, para atender a quem mais necessita. Nossas primeiras ações visam a resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiras e brasileiros, que suportaram a mais dura carga do projeto de destruição nacional que hoje se encerra.

 

SENHORAS E SENHORES,

 

Este processo eleitoral também foi caracterizado pelo contraste entre distintas visões de mundo. A nossa, centrada na solidariedade e na participação política e social para a definição democrática dos destinos do país. A outra, no individualismo, na negação da política, na destruição do estado em nome de supostas liberdades individuais.

 

A liberdade que sempre defendemos é a de viver com dignidade, com pleno direito de expressão, manifestação e organização.

 

A liberdade que eles pregam é a de oprimir o vulnerável, massacrar o oponente e impor a lei do mais forte acima das leis da civilização. O nome disso é barbárie.

 

Compreendi, desde o início da jornada, que deveria ser candidato por uma frente mais ampla do que o campo político em que me formei, mantendo o firme compromisso com minhas origens. Esta frente se consolidou para impedir o retorno do autoritarismo ao país.

 

A partir de hoje, a Lei de Acesso à Informação voltará a ser cumprida, o Portal da Transparência voltará a cumprir seu papel, os controles republicanos voltarão a ser exercidos para defender o interesse público. Não carregamos nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a Nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal. O mandato que recebemos, frente a adversários inspirados no fascismo, será defendido com os poderes que a Constituição confere à democracia.

 

Ao ódio, responderemos com amor. À mentira, com a verdade. Ao terror e à violência, responderemos com a Lei e suas mais duras consequências.

 

Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ditadura nunca mais! Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: democracia para sempre!

 

Para confirmar estas palavras, teremos de reconstruir em bases sólidas a democracia em nosso país. A democracia será defendida pelo povo na medida em que garantir a todos e a todas os direitos inscritos na Constituição.

 

SENHORAS E SENHORES,

 

Hoje mesmo estou assinando medidas para reorganizar as estruturas do Poder Executivo, de modo que voltem a permitir o funcionamento do governo de maneira racional, republicana e democrática. Para resgatar o papel das instituições do estado, bancos públicos e empresas estatais no desenvolvimento do país. Para planejar os investimentos públicos e privados na direção de um crescimento econômico sustentável, ambientalmente e socialmente.

 

Em diálogo com os 27 governadores, vamos definir prioridades para retomar obras irresponsavelmente paralisadas, que são mais de 14 mil no país. Vamos retomar o Minha Casa, Minha Vida e estruturar um novo PAC para gerar empregos na velocidade que o Brasil requer. Buscaremos financiamento e cooperação – nacional e internacional – para o investimento, para dinamizar e expandir o mercado interno de consumo, desenvolver o comércio, exportações, serviços, agricultura e a indústria.

 

Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e as empresas indutoras do crescimento e inovação, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo. Ao mesmo tempo, vamos impulsionar as pequenas e médias empresas, potencialmente as maiores geradoras de emprego e renda, o empreendedorismo, o cooperativismo e a economia criativa.

 

A roda da economia vai voltar a girar e o consumo popular terá papel central neste processo.

 

Vamos retomar a política de valorização permanente do salário-mínimo. E estejam certos de que vamos acabar, mais uma vez, com a vergonhosa fila do INSS, outra injustiça restabelecida nestes tempos de destruição. Vamos dialogar, de forma tripartite – governo, centrais sindicais e empresariais – sobre uma nova legislação trabalhista. Garantir a liberdade de empreender, ao lado da proteção social, é um grande desafio nos tempos de hoje.

 

SENHORAS E SENHORES,

 

O Brasil é grande demais para renunciar a seu potencial produtivo. Não faz sentido importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites. Temos capacitação técnica, capitais e mercado em grau suficiente para retomar a industrialização e a oferta de serviços em nível competitivo.

 

O Brasil pode e deve figurar na primeira linha da economia global.

 

Caberá ao estado articular a transição digital e trazer a indústria brasileira para o Século XXI, com uma política industrial que apoie a inovação, estimule a cooperação público-privada, fortaleça a ciência e a tecnologia e garanta acesso a financiamentos com custos adequados.

 

O futuro pertencerá a quem investir na indústria do conhecimento, que será objeto de uma estratégia nacional, planejada em diálogo com o setor produtivo, centros de pesquisa e universidades, junto com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, os bancos públicos, estatais e agências de fomento à pesquisa.

 

Nenhum outro país tem as condições do Brasil para se tornar uma grande potência ambiental, a partir da criatividade da bioeconomia e dos empreendimentos da socio-biodiversidade. Vamos iniciar a transição energética e ecológica para uma agropecuária e uma mineração sustentáveis, uma agricultura familiar mais forte, uma indústria mais verde.

 

Nossa meta é alcançar desmatamento zero na Amazônia e emissão zero de gases do efeito estufa na matriz elétrica, além de estimular o reaproveitamento de pastagens degradadas. O Brasil não precisa desmatar para manter e ampliar sua estratégica fronteira agrícola.

 

Incentivaremos, sim, a prosperidade na terra. Liberdade e oportunidade de criar, plantar e colher continuará sendo nosso objetivo. O que não podemos admitir é que seja uma terra sem lei. Não vamos tolerar a violência contra os pequenos, o desmatamento e a degradação do ambiente, que tanto mal já fizeram ao país.

 

Esta é uma das razões, não a única, da criação do Ministério dos Povos Indígenas. Ninguém conhece melhor nossas florestas nem é mais capaz de defendê-las do que os que estavam aqui desde tempos imemoriais. Cada terra demarcada é uma nova área de proteção ambiental. A estes brasileiros e brasileiras devemos respeito e com eles temos uma dívida histórica.

 

Vamos revogar todas as injustiças cometidas contra os povos indígenas.

 

SENHORAS E SENHORES,

 

Uma nação não se mede apenas por estatísticas, por mais impressionantes que sejam. Assim como um ser humano, uma nação se expressa verdadeiramente pela alma de seu povo. A alma do Brasil reside na diversidade inigualável da nossa gente e das nossas manifestações culturais.

 

Estamos refundando o Ministério da Cultura, com a ambição de retomar mais intensamente as políticas de incentivo e de acesso aos bens culturais, interrompidas pelo obscurantismo nos últimos anos.

 

Uma política cultural democrática não pode temer a crítica nem eleger favoritos. Que brotem todas as flores e sejam colhidos todos os frutos da nossa criatividade, Que todos possam dela usufruir, sem censura nem discriminações.

 

Não é admissível que negros e pardos continuem sendo a maioria pobre e oprimida de um país construído com o suor e o sangue de seus ascendentes africanos. Criamos o Ministério da Promoção da Igualdade Racial para ampliar a política de cotas nas universidades e no serviço público, além de retomar as políticas voltadas para o povo negro e pardo na saúde, educação e cultura.

 

É inadmissível que as mulheres recebam menos que os homens, realizando a mesma função. Que não sejam reconhecidas em um mundo político machista. Que sejam assediadas impunemente nas ruas e no trabalho. Que sejam vítimas da violência dentro e fora de casa. Estamos refundando também o Ministério das Mulheres para demolir este castelo secular de desigualdade e preconceito.

 

Não existirá verdadeira justiça num país em que um só ser humano seja injustiçado. Caberá ao Ministério dos Direitos Humanos zelar e agir para que cada cidadão e cidadã tenha seus direitos respeitados, no acesso aos serviços públicos e particulares, na proteção frente ao preconceito ou diante da autoridade pública. Cidadania é o outro nome da democracia.

 

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública atuará para harmonizar os Poderes e entes federados no objetivo de promover a paz onde ela é mais urgente: nas comunidades pobres, no seio das famílias vulneráveis ao crime organizado, às milícias e à violência, venha ela de onde vier.

 

Estamos revogando os criminosos decretos de ampliação do acesso a armas e munições, que tanta insegurança e tanto mal causaram às famílias brasileiras. O Brasil não quer mais armas; quer paz e segurança para seu povo.

 

Sob a proteção de Deus, inauguro este mandato reafirmando que no Brasil a fé pode estar presente em todas as moradas, nos diversos templos, igrejas e cultos. Neste país todos poderão exercer livremente sua religiosidade.

 

SENHORAS E SENHORES,

 

O período que se encerra foi marcado por uma das maiores tragédias da história: a pandemia de Covid-19. Em nenhum outro país a quantidade de vítimas fatais foi tão alta proporcionalmente à população quanto no Brasil, um dos países mais preparados para enfrentar emergências sanitárias, graças à competência do nosso Sistema Único de Saúde.

 

Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes.

 

O que nos cabe, no momento, é prestar solidariedade aos familiares, pais, órfãos, irmãos e irmãs de quase 700 mil vítimas da pandemia.

 

O SUS é provavelmente a mais democrática das instituições criadas pela Constituição de 1988. Certamente por isso foi a mais perseguida desde então, e foi, também, a mais prejudicada por uma estupidez chamada Teto de Gastos, que haveremos de revogar.

 

Vamos recompor os orçamentos da Saúde para garantir a assistência básica, a Farmácia Popular, promover o acesso à medicina especializada. Vamos recompor os orçamentos da Educação, investir em mais universidades, no ensino técnico, na universalização do acesso à internet, na ampliação das creches e no ensino público em tempo integral. Este é o investimento que verdadeiramente levará ao desenvolvimento do país.

 

O modelo que propomos, aprovado nas urnas, exige, sim, compromisso com a responsabilidade, a credibilidade e a previsibilidade; e disso não vamos abrir mão. Foi com realismo orçamentário, fiscal e monetário, buscando a estabilidade, controlando a inflação e respeitando contratos que governamos este país.

 

Não podemos fazer diferente. Teremos de fazer melhor.

 

SENHORAS E SENHORES,

 

Os olhos do mundo estiveram voltados para o Brasil nestas eleições. O mundo espera que o Brasil volte a ser um líder no enfrentamento à crise climática e um exemplo de país social e ambientalmente responsável, capaz de promover o crescimento econômico com distribuição de renda, combater a fome e a pobreza, dentro do processo democrático.

 

Nosso protagonismo se concretizará pela retomada da integração sul-americana, a partir do Mercosul, da revitalização da Unasul e demais instâncias de articulação soberana da região. Sobre esta base poderemos reconstruir o diálogo altivo e ativo com os Estados Unidos, a Comunidade Europeia, a China, os países do Oriente e outros atores globais; fortalecendo os BRICS, a cooperação com os países da África e rompendo o isolamento a que o país foi relegado.

 

O Brasil tem de ser dono de si mesmo, dono de seu destino. Tem de voltar a ser um país soberano. Somos responsáveis pela maior parte da Amazônia e por vastos biomas, grandes aquíferos, jazidas de minérios, petróleo e fontes de energia limpa. Com soberania e responsabilidade seremos respeitados para compartilhar essa grandeza com a humanidade – solidariamente, jamais com subordinação.

 

A relevância da eleição no Brasil refere-se, por fim, às ameaças que o modelo democrático vem enfrentando. Ao redor do planeta, articula-se uma onda de extremismo autoritário que dissemina o ódio e a mentira por meios tecnológicos que não se submetem a controles transparentes.

 

Defendemos a plena liberdade de expressão, cientes de que é urgente criarmos instâncias democráticas de acesso à informação confiável e de responsabilização dos meios pelos quais o veneno do ódio e da mentira são inoculados. Este é um desafio civilizatório, da mesma forma que a superação das guerras, da crise climática, da fome e da desigualdade no planeta.

 

Reafirmo, para o Brasil e para o mundo, a convicção de que a Política, em seu mais elevado sentido – e apesar de todas as suas limitações – é o melhor caminho para o diálogo entre interesses divergentes, para a construção pacífica de consensos. Negar a política, desvalorizá-la e criminalizá-la é o caminho das tiranias.

 

Minha mais importante missão, a partir de hoje, será honrar a confiança recebida e corresponder às esperanças de um povo sofrido, que jamais perdeu a fé no futuro nem em sua capacidade de superar os desafios. Com a força do povo e as bênçãos de Deus, haveremos der reconstruir este país.

 

Viva a democracia!

 

Viva o povo brasileiro!

 

Muito obrigado”.

 

O discurso de Lula no Parlatório, após receber a faixa de presidente, que extraí do site da Revista Forum:

 

"Quero começar fazendo uma saudação especial a cada um e a cada uma de vocês. Uma forma de lembrar e retribuir o carinho e a força que recebia todos os dias do povo brasileiro – representado pela Vigília Lula Livre –, num dos momentos mais difíceis da minha vida.

 

Hoje, neste que é um dos dias mais felizes da minha vida, a saudação que eu faço a vocês não poderia ser outra, tão singela e ao mesmo tempo tão cheia de significado:

 

Boa tarde, povo brasileiro!

 

Minha gratidão a vocês, que enfrentaram a violência política antes, durante e depois da campanha eleitoral. Que ocuparam as redes sociais, e que tomaram as ruas, debaixo de sol e chuva, nem que fosse para conquistar um único e precioso voto.

 

Que tiveram a coragem de vestir a nossa camisa e, ao mesmo tempo, agitar a bandeira do Brasil – quando uma minoria violenta e antidemocrática tentava censurar nossas cores e se apropriar do verde- amarelo, que pertence a todo o povo brasileiro.

 

A vocês, que vieram de todos os cantos deste país – de perto ou de muito longe, de avião, de ônibus, de carro ou na boleia de caminhão. De moto, bicicleta e até mesmo a pé, numa verdadeira caravana da esperança, para esta festa da democracia.

 

Mas quero me dirigir também aos que optaram por outros candidatos. Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim.

 

Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado de divisão e intolerância.

 

A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras.

 

O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria radicalizada que se recusa a viver num regime democrático.

 

Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz.

 

A disputa eleitoral acabou. Repito o que disse no meu pronunciamento após a vitória em 30 de outubro, sobre a necessidade de unir o nosso país.

 

“Não existem dois brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação.”

 

Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca.

 

Ainda que nos arranquem todas as flores, uma por uma, pétala por pétala, nós sabemos que é sempre tempo de replantio, e que a primavera há de chegar. E a primavera chegou.

 

Hoje, a alegria toma posse do Brasil, de braços dados com a esperança.

 

Minhas queridas amigas e meus amigos.

 

Recentemente, reli o discurso da minha primeira posse na Presidência, em 2003. E o que li tornou ainda mais evidente o quanto o Brasil andou para trás.

 

Naquele 1º de janeiro de 2003, aqui nesta mesma praça, eu e meu querido vice José Alencar assumimos o compromisso de recuperar a dignidade e a autoestima do povo brasileiro – e recuperamos. De investir para melhorar as condições de vida de quem mais necessita – e investimos. De cuidar com muito carinho da saúde e da educação – e cuidamos.

 

Mas o principal compromisso que assumimos em 2003 foi o de lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, e garantir a cada pessoa deste país o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia – e nós cumprimos esse compromisso: acabamos com a fome e a miséria, e reduzimos fortemente a desigualdade.

 

Infelizmente hoje, 20 anos depois, voltamos a um passado que julgávamos enterrado. Muito do que fizemos foi desfeito de forma irresponsável e criminosa.

 

A desigualdade e a extrema pobreza voltaram a crescer. A fome está de volta – e não por força do destino, não por obra da natureza, nem por vontade divina.

 

A volta da fome é um crime, o mais grave de todos, cometido contra o povo brasileiro.

 

A fome é filha da desigualdade, que é mãe dos grandes males que atrasam o desenvolvimento do Brasil. A desigualdade apequena este nosso país de dimensões continentais, ao dividi-lo em partes que não se reconhecem.

 

De um lado, uma pequena parcela da população que tudo tem. Do outro lado, uma multidão a quem tudo falta, e uma classe média que vem empobrecendo ano após ano.

 

Juntos, somos fortes. Divididos, seremos sempre o país do futuro que nunca chega, e que vive em dívida permanente com o seu povo.

 

Se queremos construir hoje o nosso futuro, se queremos viver num país plenamente desenvolvido para todos e todas, não pode haver lugar para tanta desigualdade.

 

O Brasil é grande, mas a real grandeza de um país reside na felicidade de seu povo. E ninguém é feliz de fato em meio a tanta desigualdade.

 

Minhas amigas e meus amigos,

 

Quando digo “governar”, eu quero dizer “cuidar”. Mais do que governar, vou cuidar com muito carinho deste país e do povo brasileiro.

 

Nestes últimos anos, o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas.

 

Mães garimpando lixo, em busca do alimento para seus filhos.

 

Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo.

 

Crianças vendendo bala ou pedindo esmola, quando deveriam estar na escola, vivendo plenamente a infância a que têm direito.

 

Trabalhadoras e trabalhadores desempregados exibindo, nos semáforos, cartazes de papelão com a frase que nos envergonha a todos: “Por favor, me ajuda”.

 

Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de automóveis importados e jatinhos particulares.

 

Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade verdadeiramente justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna.

 

Por isso, eu e meu vice Geraldo Alckmin assumimos hoje, diante de vocês e de todo o povo brasileiro, o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade.

 

Desigualdade de renda, de gênero e de raça. Desigualdade no mercado de trabalho, na representação política, nas carreiras do Estado. Desigualdade no acesso a saúde, educação e demais serviços públicos.

 

Desigualdade entre a criança que frequenta a melhor escola particular, e a criança que engraxa sapato na rodoviária, sem escola e sem futuro. Entre a criança feliz com o brinquedo que acabou de ganhar de presente, e a criança que chora de fome na noite de Natal.

 

Desigualdade entre quem joga comida fora, e quem só se alimenta das sobras.

 

É inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%.

 

Que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país.

 

Que um trabalhador ou trabalhadora que ganha um salário mínimo mensal leve 19 anos para receber o equivalente ao que um super rico recebe em um único mês.

 

E não adianta subir o vidro do automóvel de luxo, para não ver nossos irmãos que se amontoam debaixo dos viadutos, carentes de tudo – a realidade salta aos olhos em cada esquina.

 

Minhas amigas e meus amigos.

 

É inaceitável que continuemos a conviver com o preconceito, a discriminação e o racismo. Somos um povo de muitas cores, e todas devem ter os mesmos direitos e oportunidades.

 

Ninguém será cidadão ou cidadã de segunda classe, ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais ou menos obstáculos apenas pela cor de sua pele.

 

Por isso estamos recriando o Ministério da Igualdade Racial, para enterrar a trágica herança do nosso passado escravista.

 

Os povos indígenas precisam ter suas terras demarcadas e livres das ameaças das atividades econômicas ilegais e predatórias. Precisam ter sua cultura preservada, sua dignidade respeitada e sua sustentabilidade garantida.

 

Eles não são obstáculos ao desenvolvimento – são guardiões de nossos rios e florestas, e parte fundamental da nossa grandeza enquanto nação. Por isso estamos criando o Ministério dos Povos Indígenas, para combater 500 anos de desigualdade.

 

Não podemos continuar a conviver com a odiosa opressão imposta às mulheres, submetidas diariamente à violência nas ruas e dentro de suas próprias casas.

 

É inadmissível que continuem a receber salários inferiores ao dos homens, quando no exercício de uma mesma função. Elas precisam conquistar cada vez mais espaço nas instâncias decisórias deste país – na política, na economia, em todas as áreas estratégicas.

 

As mulheres devem ser o que elas quiserem ser, devem estar onde quiserem estar. Por isso, estamos trazendo de volta o Ministério das Mulheres.

 

Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. E esta será a grande marca do nosso governo.

 

Dessa luta fundamental surgirá um país transformado. Um país grande, próspero, forte e justo. Um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário, que não deixará ninguém para trás.

 

Minhas queridas companheiras e meus queridos companheiros.

 

Reassumo o compromisso de cuidar de todos os brasileiros e brasileiras, sobretudo daqueles que mais necessitam. De acabar outra vez com a fome neste país. De tirar o pobre da fila do osso para colocá-lo novamente no Orçamento.

 

Temos um imenso legado, ainda vivo na memória de cada brasileiro e cada brasileira, beneficiário ou não das políticas públicas que fizeram uma revolução neste país.

 

Mas não nos interessa viver do passado. Por isso, longe de qualquer saudosismo, nosso legado será sempre o espelho do futuro que vamos construir para este país.

 

Em nossos governos, o Brasil conciliou crescimento econômico recorde com a maior inclusão social da história. E se tornou a sexta maior economia do mundo, ao mesmo tempo em que 36 milhões de brasileiras e brasileiros saíram da extrema pobreza.

 

Geramos mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada e todos os direitos assegurados. Reajustamos o salário mínimo sempre acima de inflação.

 

Batemos recorde de investimentos em educação – da creche à universidade –, para fazer do Brasil um exportador também de inteligência e conhecimento, e não apenas de commodities e matéria-prima.

 

Nós mais que dobramos o número de estudantes no ensino superior, e abrimos as portas das universidades para a juventude pobre deste país. Jovens brancos, negros e indígenas, para quem o diploma universitário era um sonho inalcançável, tornaram-se doutores.

 

Combatemos um dos grandes focos de desigualdade – o acesso à saúde. Porque o direito à vida não pode ser refém da quantidade de dinheiro que se tem no banco.

 

Fizermos o Farmácia Popular, que forneceu medicamentos a quem mais precisava, e o Mais Médicos, que levou atendimento a cerca de 60 milhões de brasileiros e brasileiras, nas periferias das grandes cidades e nos pontos mais remotos do Brasil.

 

Criamos o Brasil Sorridente, para cuidar da saúde bucal de todos os brasileiros e brasileiras.

 

Fortalecemos o nosso Sistema Único de Saúde. E quero aproveitar para fazer um agradecimento especial aos profissionais do SUS, pela grandiosidade do trabalho durante a pandemia. Enfrentaram bravamente, ao mesmo tempo, um vírus letal e um governo irresponsável e desumano.

 

Nos nossos governos, investimos na agricultura familiar e nos pequenos e médios agricultores, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa. E fizemos isso sem descuidar do agronegócio, que obteve investimentos e safras recordes, ano após ano.

 

Tomamos medidas concretas para conter as mudanças climáticas, e reduzimos o desmatamento da Amazônia em mais de 80%.

 

O Brasil consolidou-se como referência mundial no combate à desigualdade e à fome, e passou a ser internacionalmente respeitado, pela sua política externa ativa e altiva

 

Fomos capazes de realizar tudo isso cuidando com total responsabilidade das finanças do país. Nunca fomos irresponsáveis com o dinheiro público.

 

Fizemos superávit fiscal todos os anos, eliminamos a dívida externa, acumulamos reservas de cerca de 370 bilhões de dólares e reduzimos a dívida interna a quase metade do que era anteriormente.

 

Nos nossos governos, nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro.

 

Infelizmente, muito do que construímos em 13 anos foi destruído em menos da metade desse tempo. Primeiro, pelo golpe de 2016 contra a presidenta Dilma. E na sequência, pelos quatro anos de um governo de destruição nacional cujo legado a História jamais perdoará:

 

700 mil brasileiros e brasileiras mortos pela Covid.

 

125 milhões sofrendo algum grau de insegurança alimentar, de moderada a muito grave.

 

33 milhões passando fome.

 

Estes são apenas alguns números. Que na verdade não são apenas números, estatísticas, indicadores – são pessoas. Homens, mulheres e crianças, vítimas de um desgoverno afinal derrotado pelo povo, no histórico 30 de outubro de 2022.

 

Os Grupos Técnicos do Gabinete de Transição, que por dois meses mergulharam nas entranhas do governo anterior, trouxeram a público a real dimensão da tragédia.

 

O que o povo brasileiro sofreu nestes últimos anos foi a lenta e progressiva construção de um genocídio.

 

Quero citar, a título de exemplo, um pequeno trecho das 100 páginas desse verdadeiro relatório do caos produzido pelo Gabinete de Transição. Diz o relatório:

 

“O Brasil bateu recordes de feminicídios, as políticas de igualdade racial sofreram severos retrocessos, produziu-se um desmonte das políticas de juventude, e os direitos indígenas nunca foram tão ultrajados na história recente do país.

 

Os livros didáticos que deverão ser usados no ano letivo de 2023 ainda não começaram a ser editados; faltam remédios no Farmácia Popular; não há estoques de vacinas para o enfrentamento das novas variantes da COVID-19.

 

Faltam recursos para a compra de merenda escolar; as universidades corriam o risco de não concluir o ano letivo; não existem recursos para a Defesa Civil e a prevenção de acidentes e desastres. Quem está pagando a conta deste apagão é o povo brasileiro.”

 

Meus amigos e minhas amigas.

 

Nesses últimos anos, vivemos, sem dúvida, um dos piores períodos da nossa história. Uma era de sombras, de incertezas e de muito sofrimento. Mas esse pesadelo chegou ao fim, pelo voto soberano, na eleição mais importante desde a redemocratização do país.

 

Uma eleição que demonstrou o compromisso do povo brasileiro com a democracia e suas instituições.

 

Essa extraordinária vitória da democracia nos obriga a olhar para a frente e a esquecer nossas diferenças, que são muito menores que aquilo que nos une para sempre: o amor pelo Brasil e a fé inquebrantável em nosso povo.

 

Agora, é hora de reacendermos a chama da esperança, da solidariedade e do amor ao próximo.

 

Agora é hora de voltar a cuidar do Brasil e do povo brasileiro. Gerar empregos, reajustar o salário mínimo acima da inflação, baratear o preço dos alimentos.

 

Criar ainda mais vagas nas universidades, investir fortemente na saúde, na educação, na ciência e na cultura.

 

Retomar as obras de infraestrutura e do Minha Casa Minha Vida, abandonadas pelo descaso do governo que se foi.

 

É hora de trazer investimentos e reindustrializar o Brasil. Combater outra vez as mudanças climáticas e acabar de uma vez por todas com a devastação de nossos biomas, sobretudo a Amazônia.

 

Romper com o isolamento internacional e voltar a se relacionar com todos os países do mundo.

 

Não é hora para ressentimentos estéreis. Agora é hora de o Brasil olhar para a frente e voltar a sorrir.

 

Vamos virar essa página e escrever, em conjunto, um novo e decisivo capítulo da nossa história.

 

Nosso desafio comum é o da criação de um país justo, inclusivo, sustentável, criativo, democrático e soberano, para todos os brasileiros e brasileiras.

 

Fiz questão de dizer ao longo de toda a campanha: o Brasil tem jeito. E volto a dizer com toda convicção, mesmo diante do quadro de destruição revelado pelo Gabinete de Transição: o Brasil tem jeito. Depende de nós, de todos nós.

 

Em meus quatro anos de mandato, vamos trabalhar todos os dias para o Brasil vencer o atraso de mais de 350 anos de escravidão. Para recuperar o tempo e as oportunidades perdidas nesses últimos anos. Para reconquistar seu lugar de destaque no mundo. E para que cada brasileiro e cada brasileira tenha o direito de voltar a sonhar, e as oportunidades para realizar aquilo que sonha.

 

Precisamos, todos juntos, reconstruir e transformar o Brasil.

Mas só reconstruiremos e transformaremos de fato este país se lutarmos com todas as forças contra tudo aquilo que o torna tão desigual.

 

Essa tarefa não pode ser de apenas um presidente ou mesmo de um governo. É urgente e necessária a formação de uma frente ampla contra a desigualdade, que envolva a sociedade como um todo:

 

trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, governadores, prefeitos, deputados, senadores, sindicatos, movimentos sociais, associações de classe, servidores públicos, profissionais liberais, líderes religiosos, cidadãos e cidadãs comuns.

 

É tempo de união e reconstrução.

 

Por isso, faço este chamamento a todos os brasileiros e brasileiras que desejam um Brasil mais justo, solidário e democrático: juntem-se a nós num grande mutirão contra a desigualdade.

 

Quero terminar pedindo a cada um e a cada uma de vocês: que a alegria de hoje seja a matéria-prima da luta de amanhã e de todos os dias que virão. Que a esperança de hoje fermente o pão que há de ser repartido entre todos.

 

E que estejamos sempre prontos a reagir, em paz e em ordem, a quaisquer ataques de extremistas que queiram sabotar e destruir a nossa democracia.

 

Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, que se sobrepôs à mentira; a esperança, que venceu o medo; e o amor, que derrotou o ódio.

 

Viva o Brasil. E viva o povo brasileiro!"

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E veja aqui quem são os cidadãos que acompanharam Lula na subida da rampa do Planalto e quem lhe entregou a faixa de presidente: https://www.brasildefato.com.br/2023/01/01/posse-presidencial-saiba-quem-subiu-a-rampa-e-passou-a-faixa-para-lula