segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A guerra dos macacos furiosos



 

Acho curiosa a defesa, por vezes apaixonada, ora dos Estados Unidos/Otan, ora da Rússia, na Guerra da Ucrânia, por parte de internautas.

O que muitos não parecem entender é que estamos diante de uma guerra capitalista, apenas e tão somente por maiores nacos de dinheiro e poder.

Isso significa que quem quer que seja o ganhador, os perdedores seremos nós, os trabalhadores, os bilhões de peões desse tabuleiro.

E não só pelos impactos econômicos desse conflito, mas pelas mortes de centenas ou milhares de irmãos russos e ucranianos, chamados a empunhar fuzis contra outros trabalhadores.

Já os verdadeiros vitoriosos serão os de sempre: os donos das grandes fortunas, que controlam as riquezas produzidas por nós, em todo o mundo.

Nem Rússia nem Estados Unidos/Otan estão preocupados com os nossos salários ou condições de vida.

Também não lhes preocupam os efeitos de uma guerra dessas para o planeta, e nem mesmo para a nossa humanidade, que sempre se esvai um pouco diante dessas carnificinas.

Tudo o que lhes importa são os lucros das várias empresas que representam, e como ficará a partilha do mundo, a partir de agora.

Por isso, é uma tremenda ilusão acreditar que exista alguma causa “nobre” nessa guerra.

Os senhores do mundo, que se utilizam de Biden e Putin como máximos representantes, nunca se importaram com as crianças que morrem de fome. Com os velhinhos cujas aposentadorias mal dão para comer. Com as mulheres que morrem sem atendimento na porta dos hospitais. Com as pessoas obrigadas a viver nas ruas, por falta de uma casa.

Então, por que é que se importariam com as centenas, milhares de pessoas que morrerão em mais essa guerra? Ou com a “liberdade” da Ucrânia, país que não passa de mero joguete nessa disputa?

Nem mesmo as imagens de mortos, feridos e refugiados, que exibem nos veículos de comunicação que controlam, têm finalidade humanitária: são apenas parte da estratégia para manipular a opinião pública, levando-a a se posicionar ao lado de um ou de outro.

Em busca de mais e mais dinheiro e poder, esses magnatas nunca se detiveram diante dos massacres de milhões de seres humanos, que provocaram ao redor do mundo.

E menos ainda se detêm diante da destruição ambiental, que coloca em risco a sobrevivência de toda a espécie humana, e de quase tudo o que vive neste planeta.

Habituados a mandar em tudo e em todos, eles realmente acreditam que sobreviverão à toda a miséria e devastação que semeiam, e até a um apocalipse, haja vista as fortunas que gastam na construção de abrigos nucleares e na tentativa de colonização do espaço.

Penso que a dificuldade de muitos entenderem que essa é apenas mais uma guerra do capitalismo, vem dessa insistência de se continuar a chamar a Rússia e a China de países “comunistas”.

Não, não são comunistas: são países capitalistas, onde os trabalhadores continuam a ser explorados, da mesma forma que acontece nos Estados Unidos, e talvez até um pouco mais do que em alguns países europeus.

E se a Rússia e a China escancaram, com os seus regimes autoritários, a falta de liberdade dos trabalhadores, a coisa não é muito melhor nos Estados Unidos, para boa parte da população.

Afinal, que liberdade tem, nos Estados Unidos, um trabalhador miserável, da base da pirâmide, a não ser a de trabalhar até a morte?

Na verdade, quando falamos, no Ocidente, de Liberdade e Democracia, estamos a falar apenas do topo e das classes intermediárias da pirâmide social.

Porque Liberdade e Democracia ainda são conquistas muito, muito distantes para a maioria esmagadora das nossas populações, cujas vidas giram em torno apenas da obtenção de um prato de comida, dia após dia, e não raras vezes em condições subumanas.

Não acredito que algum dia tenhamos um país verdadeiramente comunista, onde os meios de produção pertençam a todos, e onde todos vivam em tamanha harmonia que já não haja necessidade do Estado.

Penso que esse sonho, essa utopia, desconsidera o principal: a essência do macaco humano.

É verdade: somos um animal extraordinário. O único com consciência de si e do mundo, capaz até mesmo de filosofar sobre toda a destruição que provoca...

Mas somos, inegavelmente, um animal perigoso, que precisa de contenção permanente, para não prejudicar, violar, agredir, matar outros macacos ao redor, ou até mesmo destruir a própria espécie, o que é um caso raro, talvez único, entre todas as espécies animais.

Essa periculosidade não nos vem apenas dos nossos muitos “bandos”, das nossas muitas sociedades, como defendem alguns.

Ela é biológica: somos animais predadores e territoriais. Primatas cuja organização social, como acontece também com outros primatas e outros mamíferos, tem a força bruta entre os seus elementos definidores.

E nós precisamos é compreender isto: quem realmente somos.

Em vez de continuarmos a atravessar séculos e mais séculos diante de uma imagem idealizada no espelho.

Muitos analistas não acreditam que o conflito na Ucrânia descambará para uma guerra mundial ou nuclear, até porque os macacos furiosos em disputa possuem armamentos suficientes para destruir várias vezes uns aos outros.

Permaneceriam, assim, apenas no eriçar de pelos, grunhidos e outras exibições ritualísticas.

Ao fim e ao cabo, só os pobres irmãos ucranianos é que acabariam sofrendo, diretamente, os efeitos devastadores dessa fúria, já que, para o resto de nós, as consequências seriam apenas econômicas.

No entanto, creio que há sinais preocupantes de que essa guerra pode, de fato, alastrar-se para o resto do mundo, ou se prolongar por muito, muito tempo.

Um deles é o envio de armas à Ucrânia, por vários países europeus, entre os quais a Alemanha, para delícia da indústria bélica.

Outro, também para delícia da indústria bélica, o fato de Putin ter colocado em alerta as equipes responsáveis pela utilização de armas nucleares, diante das várias retaliações dos Estados Unidos/Otan.

É preciso não esquecer que os Estados Unidos, que antes controlavam o mundo, perderam grandes espaços para a Rússia e a China, que diversificaram suas economias e hoje mantêm negócios, nas mais diferentes áreas, com vários países, além de terem se armado até os dentes, para poderem encarar os “cowboys”.

Daí que é uma incógnita até onde todos estarão dispostos a ir, para reconquistar o que perderam, ou para manter o que conquistaram, até porque, como já dito, vidas humanas e nada, são, para os envolvidos nessa disputa, uma e a mesma coisa.

Por isso, não perca seu tempo a defender a Rússia ou os Estados Unidos/Otan.

Em vez disso, precisamos é nos mobilizar, em todo o mundo, a fim de não continuarmos nas mãos de meia dúzia de macacos alucinados, cuja ganância e constantes ataques de fúria assassinam milhares de irmãos e colocam em risco a nossa própria sobrevivência como espécie.

Eles precisam ser contidos: seus lucros e suas fortunas têm de ser fortemente taxados; seus negócios têm de ser fiscalizados, investigados e até suprimidos, quando incompatíveis com os interesses sociais e ambientais. E aqueles dentre eles que cometem crimes, têm de ir para a cadeia, como acontece com qualquer cidadão.

Precisamos dar um salto evolutivo, rumo a um sistema econômico mais justo e à uma sociedade mais tolerante, mais democrática, mais solidária, mais respeitosa em relação ao ser humano, à Vida e ao planeta.

São essas as grandes tarefas, deste e dos próximos séculos, para o macaco humano e os seus muitos “bandos”, em todo o mundo.

Tarefas que podem parecer difíceis, ou até impossíveis, mas que acabam até parecendo pequenas, quando pensamos no quanto já caminhamos, desde que descemos das árvores, até chegarmos aqui.

E não se esqueça: ore pelos nossos irmãos ucranianos, colocados no meio desse horror por causa de disputas comerciais, que não valem nem sequer o dedo mindinho de um único ser humano.

Que Deus os console e proteja, assim como a todos nós.

FUUIIII!!!!!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

O Barbalhinho está tinindo: Helder investe mais de R$ 3,245 bilhões, o maior volume de recursos que o Pará já viu em quase 30 anos. Recorde de investimentos traz recordes na geração de empregos: 76 mil postos de trabalho, no ano passado, ou 5 vezes mais do que em 2018. Tudo apesar da pior crise do Brasil e do rombo de R$ 1,5 bilhão deixado por Jatene nas contas estaduais. Será que o ex-governador foi “abduzido pelos reptilianos”?


 

O governador Helder Barbalho resolveu arrebentar a boca do balão: no ano passado, ele investiu mais de R$ 3,245 bilhões, a maior quantidade de dinheiro já investida pelo Pará desde pelo menos 1995, ou seja, em quase 30 anos.

É provável, aliás, que nunca, na história do Pará, nenhum governador tenha investido tanto dinheiro em apenas 12 meses (veja no quadrinho que abre esta reportagem).

Só nestes 3 anos de governo, de janeiro de 2019 a dezembro do ano passado, os investimentos de Helder já superam R$ 7,333 bilhões.

Já é mais do que os R$ 7,319 bilhões investidos pelo ex-governador Simão Jatene, nos 4 anos de seu último governo, de 2015 a 2018.

Os números foram atualizados pelo IPCA-E do último dezembro.

Eles foram extraídos dos balanços gerais do Estado, de 1995 a 2020, e do Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO), de dezembro de 2021.

Ambos são documentos oficiais, que registram todas as receitas e despesas do governo, e podem ser acessados no site da SEFA, a secretaria estadual da Fazenda.

Aqui, para os balanços: http://www.sefa.pa.gov.br/index.php/receitas-despesas/contabilidade-geral/4593-balancos-gerais

E aqui, para o RREO: http://www.sefa.pa.gov.br/index.php/receitas-despesas?layout=edit&id=18321

Os percentuais de investimento foram calculados dividindo-se os investimentos de cada ano (em valores da época) pela despesa e multiplicando por 100.

Já as médias de investimento de cada governador foram calculadas somando-se os percentuais de investimento de cada quatro anos de mandato e dividindo-se o total por 4.

 

Helder já ultrapassa médias de investimento de Jatene, que teve R$ 225,5 bilhões para gastar

 

O investimento recorde de R$ 3,245 bilhões de Helder, no ano passado, ocorreu apesar de o Pará e o Brasil enfrentarem a pior crise das últimas três décadas, já que ela engloba a economia, a política e a saúde.

Já Simão Jatene foi o governador paraense que mais teve dinheiro para gastar: só nos dois últimos governos dele, de 2011 a 2018, as receitas do Pará somaram mais de R$ 225,5 bilhões, em valores atualizados.

Foram mais de R$ 108, 849 bilhões em receitas, de 2011 a 2014, e mais R$ 116,699 bilhões, de 2015 a 2018.

Já as receitas de Helder somaram, até agora, R$ 103 bilhões, de janeiro de 2019 a dezembro do ano passado.

Mesmo assim, as médias de investimento de Helder, em relação à despesa (ou seja, a quantidade de dinheiro investida, ano a ano, em relação a tudo o que ele gastou) também já ultrapassam as médias do ex-governador.

Entre 2011 e 2014, Jatene investiu, em média, apenas 6,46% por ano, de tudo o que gastou.

De 2015 a 2018, foi ainda pior: a média ficou em apenas 6,30% anuais.

Já a média de investimentos de Helder já alcança 7,27% anuais.

Em 2019, ele só conseguiu investir 5,17% da despesa, uma vez que teve de reequilibrar as finanças paraenses: em dezembro de 2018, Jatene deixou “de presente”, para o seu sucessor, um rombo de quase R$ 1,5 bilhão nas contas estaduais, o maior de que se tem notícia.

Mas, em 2020, o atual governador conseguiu investir 7,36% da despesa.

E, no ano passado, subiu o investimento para 9,28%.

Ou seja: em apenas 3 anos, Helder quase alcançou o melhor percentual de Jatene, em 8 anos de governo, que foi de 9,35%, no ano eleitoral de 2018, quando ele tentava eleger o seu sucessor.

Caso consiga manter o ritmo de aumento dos investimentos, Helder fechará 2022 com um percentual acima de 11%, e uma média superior a 8%, em quatro anos.

Nada mal para quem enfrenta o pior vendaval da história recente do País.

 

Investimentos trazem recordes na geração de empregos

 

No último domingo, 20/02/2022, o jornal Diário do Pará publicou reportagem, assinada por mim, sobre a retomada dos investimentos estaduais, uma excelente notícia para o povo paraense.

Porque é graças aos mais de R$ 7,333 bilhões já investidos por Helder que o Pará vem batendo recordes na geração de empregos.

Em 2020, o Pará gerou mais de 32,7 mil postos de trabalho com carteira assinada, diz o Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados.

Já entre janeiro e novembro do ano passado, esse número mais que dobrou: foram mais de 76 mil novos empregos formais, diz um estudo do Dieese, com base no Caged.

Foi a maior quantidade de empregos desde 2003.

E cinco vezes mais do que os 15 mil postos de trabalho criados em 2018, no último ano do governo Jatene.

Em 2017, aliás, no penúltimo ano de governo Jatene, o Pará teve até um saldo negativo de 6 mil postos de trabalho.

 

Um Jatene “abduzido pelos reptilianos”?

 

Quando se observa o quadrinho que abre esta postagem, percebe-se que a melhor média de investimentos, nestes quase 30 anos, foi do ex-governador Almir Gabriel: ele investiu, em média, 13,55% por ano, de tudo o que gastou.

Em segundo lugar vem Jatene, em seu primeiro governo, entre 2003 e 2006, com uma média anual de 11,35%.

Mas a série histórica mostra claramente que se trata de outro Jatene, que parece ter sido, como se diz, “abduzido pelos reptilianos”.

Em 2003, no primeiro ano do primeiro governo dele, houve uma queda significativa dos investimentos, apesar de ele ter recebido o estado das mãos de seu aliado político, Almir Gabriel, um dos melhores administradores públicos do Pará, e de não ter enfrentado qualquer crise (como a crise econômica internacional que a petista Ana Júlia Carepa enfrentou).

Mesmo assim, justiça seja feita: depois dessa queda inicial, ele conseguiu ir aumentando os investimentos, devagar e sempre, fechando aquele primeiro mandato com uma respeitável média.

No entanto, nos seus segundo e terceiro governos, entre 2011 e 2018 (especialmente no último), ele pareceu mais perdido do que cego em tiroteio.

Tanto assim, que arrastou o Pará aos piores níveis de investimento em quase 30 anos e, provavelmente, em toda a história deste estado.

Logo de cara, entre 2010, o último ano do governo de Ana Júlia, e 2011, o primeiro ano do segundo governo dele, os investimentos despencaram para menos de R$ 1 bilhão, um quantitativo só registrado até meados da década de 1990. Ou seja: é como se Pará tivesse recuado uns 15 anos, em termos de investimentos.

Mas, novamente, justiça seja feita: nos anos seguintes, ele ainda conseguiu ir subindo, gradativamente, a quantidade de dinheiro investida, até fechar 2014 (quando disputou a reeleição), com um investimento de R$ 2,265 bilhões.

No entanto, ainda foi menos do que os R$ 2,571 bilhões do último ano da ex-governadora Ana Júlia, em 2010.

E assim, ele terminou aquele seu segundo mandato com uma média de investimentos de apenas 6,46%, a pior registrada até então por qualquer governador paraense, desde pelo menos 1995.

No entanto, o fundo do poço cavado por Jatene tinha um alçapão: em seu terceiro governo, entre 2015 e 2018, os níveis de investimentos caíram ainda mais, fechando aqueles 4 anos com uma média de 6,30%, ou seja, ainda menor.

Entre 2014, o último ano de seu segundo governo, e 2015, o primeiro ano de seu terceiro governo, os investimentos caíram de R$ 2,265 bilhões para R$ 1,875 bilhão, apesar de ele ser o sucessor dele mesmo...

E permaneceram muito, muito baixos, em 2016 e 2017.

Como você pode ver na tabela, o percentual de investimento de Jatene, em 2016, foi de apenas 4,37% da despesa, o pior desde 1995. Até então, o pior índice havia sido de 4,51%, em 2011, ou seja, dele também...

Na verdade, em oito anos de governo, Jatene só conseguiu alcançar realmente um percentual e um volume significativos de investimentos no ano eleitoral de 2018, quando tentava eleger o seu sucessor.

Naquele ano, 2018, ele investiu 9,35% da despesa, ou mais de R$ 2,843 bilhões.

Ele queria inaugurar hospitais cujas obras se arrastavam há anos, mesmo que apenas parecessem prontos, como foi o caso do hospital Santa Rosa, em Abaetetuba, onde foi encontrado até um poste de energia “esquecido” no meio, um “causo” que virou notícia nacional...

Também despejou dinheiro no antigo programa Asfalto na Cidade, que teria provocado um prejuízo superior a R$ 1 bilhão nos cofres públicos, entre fraudes licitatórias e obras inacabadas, malfeitas ou até fantasmas.

Aliás, esses R$ 2,843 bilhões que Jatene teria investido, em 2018, dão o que pensar, mesmo considerando as diferenças conjunturais.

É que a maioria do dinheiro de investimentos vai para obras. E a construção civil é uma grande locomotiva econômica, que gera muitos, muitos empregos.

Assim, fica a pergunta: como é possível que, com R$ 2,843 bilhões investidos em 2018, o Pará só tenha gerado 15 mil novos empregos formais, quando, no ano passado, com os R$ 3,245 bilhões investidos por Helder, o Pará gerou 76 mil novos empregos formais?

 

Por trás do recorde de investimentos, um aumento recorde das receitas

 

A não ser em situações críticas de escassez de recursos, investimentos públicos dependem muito mais de vontade política do que de abundância de dinheiro.

Até porque, quando se quer realmente investir, corre-se atrás dos recursos necessários.

Em seu segundo governo, Jatene conseguiu realmente um belo crescimento das receitas estaduais, que eram de R$ 23,6 bilhões, em 2011, e fecharam 2014 em R$ 30 bilhões (atualizados).

Já em seu terceiro governo a coisa desandou.

Em 2015, as receitas caíram para R$ 29,3 bilhões.

Caíram ainda mais, em 2016 e 2017, para R$ 28,9 bilhões e R$ 28,8 bilhões, respectivamente. E fecharam 2018 em R$ 29,7 bilhões.

Ou seja: no final, voltaram a crescer.

Mas acabaram ficando quase no mesmo nível de 2014, como se ele tivesse ficado patinando, ao longo de 4 anos, sem saber o que fazer.

Já Helder assumiu o governo, em 2019, com o rombo de R$ 1,5 bilhão deixado por Jatene, o que dificultou até mesmo a obtenção de empréstimos para investimentos, já que o estado estava inadimplente junto à Secretaria do Tesouro Nacional (STN).  

Mesmo assim, ele conseguiu aumentar as receitas em quase R$ 3 bilhões (atualizados), ainda naquele ano: elas saltaram dos R$ 29,7 bilhões, de 2018, para R$ 32,2 bilhões, já em 2019, um recorde de arrecadação até então.

E, em 2020 e 2021, atingiram novos recordes, ultrapassando a casa dos R$ 35 bilhões (atualizados).

Em grande parte, devido ao crescimento da arrecadação de ICMS, o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, a maior das receitas próprias do Pará.

Em 2019, o crescimento do ICMS foi de 11,8%. Em 2020, de 13,38%.

E se, em 2018, as receitas próprias do Pará representavam 62% de suas receitas totais, em 2020 já representavam 71%, diz uma análise da STN sobre os RREOs de todos os estados e Distrito Federal.

Fatos que demonstram o vigor da economia paraense, apesar da pandemia, e o aperto na arrecadação tributária.

 

Editorial: Investimentos são o filé mignon dos gastos públicos. E a sua retomada traz esperança ao povo do Pará.

 

Quem é leitor deste blog, sabe que A Perereca da Vizinha acompanha os investimentos dos governos paraenses há cerca de 10 anos.

O interesse tem razão de ser: investimentos são o filé mignon dos gastos públicos.

Eles não “apenas” aquecem a economia, para aumentar a produção e a venda de mercadorias, pelas empresas, gerar empregos e aumentar a arrecadação tributária.

Eles não são “apenas” um eficaz remédio conjuntural contra qualquer crise econômica: na verdade, são eles que permitem, a médio e longo prazos, tirar do papel o velho discurso de “melhorar a qualidade de vida da população”.

É com o dinheiro dos investimentos que um governo amplia ou constrói escolas, postos de saúde, hospitais, delegacias de polícia, estradas, sistemas de saneamento.

É com esse dinheiro que ele também coloca, nos prédios públicos, os equipamentos necessários para atender os cidadãos, como é o caso de mesas, veículos, computadores, e das máquinas que a gente vê nos hospitais.

Por isso, quando um governo não investe o suficiente, ou o faz de maneira aloprada, sem planejamento, persistência, recursos crescentes; ou até escolhe investir apenas em obras “grandiosas”, superfaturadas, megalomaníacas, e até fantasmas, o resultado é o caos.

Fatalmente, as estruturas de atendimento ao distinto público, e também necessárias ao desenvolvimento econômico, começarão a colapsar, já que a população não para de crescer.

E isso é muito mais grave em estados que possuem déficits históricos de estruturas públicas e significativo fluxo migratório, como é o caso do Pará.

Porque significa, por exemplo, aumentar o número de estudantes por sala de aula e as filas dos hospitais, já que milhares de novos habitantes terão de ser atendidos pela mesmíssima quantidade de escolas e hospitais, que, aliás, já era insuficiente.

Quando Jatene assumiu o governo, em 2011, o Pará possuía menos de 7,7 milhões de habitantes.

Quando ele saiu, em 2018, a nossa população já ultrapassava 8,5 milhões.

Um aumento de 10,72%, ou de exatos 824.904 novos habitantes.

É como se o Pará tivesse ganhado mais uma Ananindeua e uma Marabá, duas das suas cidades mais populosas, que somam, hoje, cerca de 828 mil habitantes.

E tudo isso em meio a déficits históricos de estruturas públicas.

E sem investimentos que, ao menos, acompanhassem esse crescimento populacional.

Para agravar a situação, a administração do ex-governador não se preocupou nem mesmo em realizar a manutenção das estruturas existentes: tirar infiltrações das paredes, reformar os telhados de grande parte dos prédios públicos, por exemplo.

Resultado: delegacias de polícia e escolas caindo aos pedaços, e até impróprias à utilização.

Um impressionante abandono, especialmente nos municípios mais distantes, os quais o ex-governador parecia não reconhecer como habitados por cidadãos paraenses.

Ao contrário do que parecem pensar as carpideiras do jatenismo, que não param de choramingar nas redes sociais, investimentos não são apenas obras “grandiosas”.

Investimento é, também, a escola que se constrói ou se amplia lá naquele interiorzão tão esquecido, e na qual os estudantes terão melhores condições de se preparar para melhores empregos.

Investimento é, também, reconstruir e ampliar um sistema de água e saneamento sucateado ao longo de 8 anos, um tipo de obra que, se não traz tanto voto quanto o palácio que se pode mostrar ao eleitor, tem um impacto enorme na saúde de toda a população, no presente e no futuro.

Investimento é, também, a estradinha ou o porto, para que o agricultor possa transportar a sua produção e melhorar a sua renda.

É a rua, que era só poeira ou lama, e cuja pavimentação traz um outro nível de bem estar, Cidadania, e oportunidades de trabalho para centenas de famílias.

É a ponte que não “apenas” integra as regiões paraenses e facilita o escoamento da produção, mas como que “liberta” a população do desconforto e do gasto com as balsas.

É até mesmo a pracinha que se constrói naquela cidadezinha tão distante, para que aqueles cidadãos, que são paraenses sim, tenham ao menos onde levar os filhos, numa manhã de domingo. Ou até onde possam colocar uma banquinha, para a venda de comida.

O que as carpideiras do jatenismo não parecem entender é que, quando se fala de investimento, não é apenas de tijolo, cimento, dinheiro que se está a falar. Mas da vida, do cotidiano, de seres humanos.

São as pessoas, a coletividade, que têm de ser o objetivo final dos investimentos, e não a mera propaganda eleitoral.

É a saúde, a educação, segurança, lazer a que elas têm direito.

São as oportunidades de renda e emprego, a prosperidade, a qualidade de vida a que têm direito todos os paraenses, em todos os 144 municípios.

A retomada dos investimentos representa uma esperança para a população paraense, especialmente aquela que foi simplesmente esquecida, durante os oito anos do ex-governador.

E o fato de essa retomada ocorrer apesar de uma crise monstruosa, sinaliza que, quando tudo isso passar, e se Helder reeleito for, atingirá, provavelmente, níveis de investimento como há muito não se vê neste estado.

Mas, é claro, não se pode agradar a todos.

E as carpideiras do jatenismo seguirão a choramingar e a espalhar as suas fake news, nas redes sociais.

Até porque o interesse de tais criaturas não é, e nem nunca foi, o desenvolvimento do Pará e a melhoria de vida da população paraense.

Em verdade, o que realmente lhes interessa são os empregos da parentada e as gordas contas bancárias que possuíam, na administração do ex-governador.

FUUIIIII!!!!!!!

 

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Nota do blog: Quem pegar as tabelas anteriormente publicadas, notará alterações nos valores das despesas de 1997 e 1998. É que, por dificuldade de obtenção de dados, havia usado, naqueles dois anos, uma soma de despesas que incluía o déficit ou superávit, como está nos anexos dos balanços. Tecnicamente, não está errado. Só que isso impossibilitava a visualização, nas tabelas, do déficit ou superávit, quando comparadas receitas e despesas. Daí que resolvi retirá-los, até porque é assim que está nos demais anos. Também alterei os valores da despesa e dos investimentos de 2017, porque vinha usando, creio eu, os números do balancete de dezembro daquele ano. Todas essas alterações, no entanto, foram bem pequenas e quase nada vinham interferindo no resultado final. Com elas, a média de investimentos de Almir, entre 1995 e 1998, subiu apenas de 10,39% para 10,54%. Já a média de investimentos de Jatene, entre 2015 e 2018, nem sequer sofreu alteração, uma vez que o percentual de investimento de 2017 subiu apenas de 4,94% para 4,97%. Já a soma atualizada dos investimentos dele, naquele período, subiu apenas de R$ 7,308 bilhões para R$ 7,319 bilhões.