sexta-feira, 24 de outubro de 2008

na berlinda

Na Berlinda





Recebi, há pouco, o seguinte comentário:




núcleo13 deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Juvêncio":





O PT rachou esta semana com a decisão inédita da DS (Democracia Socialista), tendência interna do PT da qual faz parte a governadora Ana Julia e a maioria dos secretários de estado que são do PT.


Falando em nome da DS, Claudio Puty (Casa Civil), Edilza Fontes (Escola de governo), os irmãos Marcílio Monteiro (Projetos Estratégicos) e Maurílio Monteiro (Ciência E Tecnologia), estão orientando integrantes do governo e lideranças de base da DS a votarem e pedirem voto para Duciomar Costa; e quem não quiser que opte pela neutralidade na disputa, como fez a governadora.


Segundo esses militantes da DS, Claudio Puty tem dito que votar em Priante no atual momento é fortalecer não somente um partido (no caso, o PMDB), e sim uma família (no caso, a Barbalho) e um único grupo de comunicação.


Tem explicado que a vitória de Priante é a vitória de Jader Barbalho, que de fato iria mandar na prefeitura; e mais, seria fazer refém o povo do Pará, o PT e a governadora Ana Júlia dos mandos e desmandos dessa família.


Sabendo disso, o antigo Campo Majoritário do PT resolveu agir, comandado pelo deputado federal Paulo Rocha.


O Campo Majoritário é a união de várias tendências internas do PT, que tem como seus representantes no Pará cinco dos seis deputados estaduais petistas (Regina Barata é independente, porém está insatisfeita com os rumos do governo), os três deputados federais do PT, aproximadamente 150 dos 176 vereadores eleitos pelo PT paraense e 22 dos 27 prefeitos eleitos pelo PT no Pará.


Proporcionalmente falando, é como se Paulo Rocha tivesse controle de 75% a 80% do PT-Pará, o que lhe dá ampla vantagem para disputar em 2009 o PED-PT, que é o Programa de Eleições Diretas do PT.


Para não ficar mais atrás nessa disputa, a DS resolveu se organizar e ir a campo filiar mais de 20.000 novos militantes para o PT, para dessa forma buscar vencer o Campo Majoritario.


Com o apoio do deputado Jáder Barbalho, Paulo Rocha resolveu fazer uma manobra arriscada em termos políticos, além de ganhar o PED-PT/2009.


Paulo Rocha vai propor prévias em 2010 para a escolha dos candidatos petistas ao governo e ao Senado, caso os índices de aprovação do governo Ana Julia continuem baixos.


A manobra é arriscada, mas o inquilino do poder (Jader Barbalho) deu seu aval para Paulo Rocha começar a operar tal manobra.Muitos petistas estão encarando essa proposta como uma verdadeira imposição de Jader Barbalho para continuar a aliança em 2010.


Outros tratam o assunto como se fosse uma verdadeira intervenção dos Barbalhos em assuntos de consumo interno do PT, o que tem feito tremer essa famosa aliança política.


A proposta de Jader Barbalho, caso Priante saia vitorioso, é que Maria do Carmo deixe a Prefeitura de Santarem para disputar o governo do Estado pelo PT com um vice do PMDB, deixando assim a Prefeitura de Santarém para o PMDB.


Segundo ele, Maria do Carmo contaria com as 38 prefeituras ganhas pelo PMDB, entre elas Belém, Ananindeua e Santarém.


Já para o Senado, os candidatos seriam ele mesmo [Jader], mais o deputado Paulo Rocha, ou seja, a verdadeira aliança que Jader quer é pelo poder.


Quanto a Ana Júlia, os planos para a governadora é que ela seria uma boa puxadora de votos para a Câmara de Deputados, sendo provavelmente a mais votada do Pará; puxaria no mínimo mais dois deputados, além dos três existentes.


Agora, é como dizem alguns petistas históricos, só falta combinar com os russos!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Juvêncio

Não adianta, Juvêncio!



Esse negócio de voto branco ou nulo até pode dar a ti e aos que te lêem alguma “parecença” de tranqüilidade.


Mas, será apenas isso - impressão.


Mesmo que não votes – e contigo os cinco ou, no máximo, sete por cento da internet – ainda assim haverá um resultado doloroso para Belém: Dudu ou Priante.


E a questão que permanecerá é esta: será que fizemos o suficiente?
Nós, os diz-que formadores de opinião?


Não, querido, isso não é uma provocação.


É, antes, uma meditação.


Tenho pensado no que fazemos, Juva.


Essa coisa da internet, que atinge, apenas, uns poucos.


Ou não sabes que são uns poucos?


Meu amigo, desculpe essa minha consciência fria.


Mas, a verdade, é que se dividirmos os nossos acessos por meses, semanas, dias ou anos, sobrarão, talvez, mil ou dois mil freqüentadores.


Mil ou duas mil pessoas numa terra de mais de seis milhões.


Por isso, acho blog bacana, para conversarmos, trocarmos idéias.


Mas, não me iludo quanto ao impacto societário do que produzimos.


Este Brasil, Juvêncio, não é os Estados Unidos, onde reside metade dos internautas domiciliares do mundo.


Não é nem mesmo a Europa.


E mesmo nos Estados Unidos e Europa temos de expurgar, das resultantes de acesso, os que usam a internet, apenas, para acessar e-mails ou sites de fofocas – que não é o nosso caso.


Somos, portanto, uma luz solitária neste universo – como são os nossos leitores.


Nada além de massa pensante num mundo que deseja – e que faz por isso – nunca mais ter de pensar.


Portanto, esse teu protesto do voto em branco, na prática, resultará em nada – assim como a minha opção pelo Dudu – a não ser que vá, como irei, para o corpo-a-corpo com o meu plantel...


Mas, analisemos o teu voto em branco sob outra ótica.


Façamos de conta que isso se torne massivo.


E o que isso quererá dizer numa eleição democrática?


Rigorosamente nada.


Porque a democracia supõe que tu, Juvêncio, e eu, Perereca, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, para emplacarmos a nossa vontade.


Quer dizer: fomos pra rua, distribuímos panfletos, discursamos, reunimos com sindicatos e associações de moradores, escrevemos artigos para os jornais, os rádios; mandamos sugestões de pauta para as televisões.


E até, quem sabe, encaminhamos denúncias ao Ministério Público.


Não fizemos nada disso?


Mas, o fato é que poderíamos ter feito.


A sociedade, a democracia, o Direito, nos permitia isso e mais alguma coisa.


Não sabíamos?


Me desculpe, querido, mas essa desculpa não nos cabe.


Afinal, como poderíamos ser, então, formadores de opinião?


É claro que sempre soubemos do terreno imenso em que poderíamos jogar.


É claro que sempre soubemos das possibilidades enormes desse jogo, a todos nós.


Não fizemos.


Não há, agora, como pedir absolvição.


E veja, querido, que não me eximo dessa responsabilidade.


Afinal, poderia ter ido ao Benguí ou à Terra Firme ou ao Guamá, com um cartaz na mão, a chamar a comunidade para uma discussão.


E o seu José e a dona Maria, educadíssimos que são, certamente que me atenderiam.


Iriam para a minha reunião, nem que fosse para cochichar, posteriormente, bem distante dos meus ouvidos: “Ô sujeita doida, essa!”.


Mas, não fiz isso. Assim como, também, não fizeste.


Nem os nossos leitores.


A nós, resta, portanto, a escolha: Dudu ou Priante.


Que é?


Vais fugir do pau, é?


Beijinhos,



Da tua admiradora, a Perereca

o diploma


O diploma, os jornalistas,
a sociedade e o destino dela.





I



Nos próximos dias, o STF deverá se manifestar, finalmente, sobre um tema importantíssimo para a sociedade brasileira: a obrigatoriedade de diploma específico, para o exercício da profissão de jornalista.


Pelo que li, na internet, seis dos 11 ministros do STF são favoráveis à derrubada dessa exigência.


O que leva a crer que ela venha, de fato, a cair.


É uma pena que um tema como esse, que diz respeito à própria democracia brasileira, não tenha sido debatido, profundamente, em todos os segmentos sociais.


E que a decisão acabe restrita, portanto, a 11 cabeças iluminadas, numa Nação de 180 milhões.


Infelizmente, a sociedade brasileira, seus formadores de opinião, seus representantes, suas entidades, não parecem ter se dado conta da importância desse debate.


E creio que nós, os jornalistas, com ou sem diploma, temos, todos, parcela significativa de culpa por essa incompreensão.


Afinal, essa batalha jurídica em torno da obrigatoriedade do diploma de jornalismo vai completar seis anos.


E, ao longo de todo esse tempo, nós, os jornalistas – todos nós – conduzimos esse debate como se de mera questão interna se tratasse.


Perdemo-nos em mil falácias, especialmente acerca da relação de necessidade que haveria entre a aprendizagem e o exercício da ética profissional.


Quer dizer, transferimos esse debate para a estratosfera, na qual radicam essas discussões milenares, platônicas, talvez até que insolúveis, das relações entre a prática e a teoria.


Nós, que temos por matéria-prima a informação e por ferramenta básica a linguagem, demonstramos uma incapacidade exemplar - no péssimo sentido - em transmitir aos cidadãos a importância dessa discussão.


Talvez até por não compreendermos, de fato, essa importância; talvez por medo ou por meras motivações corporativistas, não levamos esse debate para a arena em que deveria ter acontecido: as escolas, as universidades, os sindicatos, as associações de bairro, o parlamento. As ruas, enfim.


Permitimos, assim, que a sociedade brasileira como que perdesse “o bonde da história”.


E agora, qualquer que seja a decisão do STF, permanecerá em aberto a discussão principal: qual o jornalismo que nós, sociedade, queremos?



II


Não tenho diploma de jornalismo, apesar dos meus 28 anos de profissão.


E, como já disse aqui, em diversas ocasiões, defendo, obviamente, o fim dessa obrigatoriedade.


O problema é que esse “obviamente” não é tão “óbvio” na minha cabeça, digamos assim.


Também aqui – e contra os meus interesses, já que não possuo qualquer graduação – já defendi que os jornalistas fôssemos forjados em uma extensão, pós-graduação, da área das Ciências Humanas.


Porque me parece que os cursos dessa área fornecem um instrumental teórico mais adequado à compreensão da realidade.


E a “técnica” jornalística, de mera confecção da notícia, poderia ser apreendida num prazo menor e por cidadãos com um “olhar mais agudo”, digamos assim, diante da história, do “universo” que construímos.


Não, não se trata desse debate horroroso, preconceituoso e apaixonado em torno da relação necessária entre a ética e um curso superior.


Lembro até que já pensei assim, já tive essa ilusão...


Há uns doze anos, conversava com um amigo – para a informação dos leitores, um pedagogo.


Na época, era apaixonada por Platão – mais por Sócrates, é verdade... E até estava a ler um calhamaço maravilhoso, que recomendo vivamente: a Paidéia, do Jaeger.


De repente, deparei-me com um(a) jornalista com um comportamento ético absurdo.
E eu me lembro que disse a esse meu amigo, entre triste e espantada:


_Mas como é possível isso? Ele(a) conhece, sabe que isso é errado!...


E esse amigo, que tem uma cabeça formidável, respondeu-me, de pronto:


_Ah, quer dizer que tu achas que só age assim quem não conhece, é? Bem feito pra ti!...



III



No fundo, o que eu gostaria é que nós, os jornalistas, e o conjunto da sociedade que nos pariu pudéssemos ter um debate desapaixonado acerca do jornalismo que queremos.


E que começássemos, portanto, pelo básico: que é notícia e que é ser jornalista?


Para além do “faro” jornalístico e do interesse das empresas, que é, realmente, “notícia”?


Qual o conceito dessa coisa, da informação que acreditamos que vale a pena “vestir”, confeccionar, para levar ao conhecimento de uma parte ou da totalidade dos cidadãos?


Pode-se, de fato, conceituá-la? Quer dizer, podemos, realmente, escapar à abstração do “faro” e a este momento, aos interesses conjunturais das empresas jornalísticas, para cunhar a universalidade, a atemporalidade, que requer o conceito?


Que é a notícia?


Ou, parafraseando a pergunta radical da Filosofia: que é isso, essa coisa que é?


(Realmente, leitores, esse papo rende umas quantas grades de cerveja...)



IV



De outro lado, que é ser jornalista?


De fato, o leitor da Perereca, inteligente como só ele sabe ser (égua da puxada de saco!...) deve de estar pensando: você está, simplesmente, “punhetando”.


Afinal, se não conceituamos sequer a notícia, e o jornalismo, por conseguinte, como conceituar, portanto, o profissional, o jornalista?


Bom, se vocês me permitem, farei, assim mermo, algumas incursões nesse sentido, embora que, é verdade, sem base suficiente na objetividade...



V



Que é ser jornalista?


Não sei se os colegas jornalistas, os companheiros de profissão, já se deram conta, mas a definição de jornalista está ligada à negação – é algo muito semelhante ao que acontece com a Lei.


A Lei diz, por princípio, não matarás, não roubarás, não farás.


Nenhuma legislação que eu conheça, a não ser a teocrática, diz: amarás, farás assim. E mesmo ela mistura essa visão “benfazeja” com a repressão.


E, nesse nosso mundo profano, o que impera, o que conta, é o cerceamento, o controle dos instintos do animal humano.


É espécie de “negatividade positiva”, para a vivência em sociedade.

E, é claro, parte de um suposto: a intrínseca “maldade” humana.


Se essa raiz, esse dado, é subjetivo ou objetivo não vou discutir aqui.


Mas, o fato é que essa negação radica, sem sombra de dúvida, no suposto de “instintos maléficos” , que é necessário reprimir, para a existência da coletividade (que é a raiz da individualidade, do “ser humano” e por aí vai...).


Ou seja, a sociedade protege o indivíduo para que, até ele, possa existir...


De forma muito parecida é o jornalista.
E que é um jornalista?
Sempre que penso num jornalista, penso: não, não é um vendedor de sabonetes. Não, não é um fazedor de atas. Não, não é um serviçal. Não, não é um mero operário, a “formiguinha”, da grande “cadeia produtiva” da comunicação. Também não é um Lênin arrebatado. Um Cícero. Ou um Guevara.
E é estranho que a gente tenha de repetir, como que naquele filme do Homem-Elefante: eu sou um ser humano...
Quer dizer, que tenhamos de lembrar, cotidianamente, à sociedade, que somos indivíduos como os demais: com sonhos, frustrações, necessidades.
Exatamente, como todo e qualquer cidadão.
Que temos, por trás de nós, uma história, que nos permite ver o mundo desta ou daquela maneira.
E que a conseqüência – essa sim, necessária - da nossa própria história e da visão que temos, é a notícia que produzimos.
O que escrevemos, portanto, não é, apenas, uma “fotografia” do fato, mas, de nós.
Mas, ao fim e ao cabo, somos espécie de servidores públicos.
Nós, os jornalistas.
Não, não se iludam, portanto, coleguinhas: para além do rostinho bonito que aparece num telejornal; para além da voz amável de um programa de rádio; para além do “furo”; para além dos resultados eleitorais produzidos por uma notícia; para além da beleza de uma página que convida a ler; para além de uma fotografia que convida a sonhar; para além da manchete que vende o jornal; para além da ansiedade que eletriza as redações...
Para além de tudo isso, somos, apenas e tão somente, servidores públicos.
É verdade que sem aqueles salários e vantagens bacanas que, algumas vezes, têm os servidores públicos.
Mas, apenas, servidores públicos.
Quer dizer, prestamos um serviço essencial.
Porque, sem informação, nem as pessoas se reconhecem, nem a sociedade anda.
E o que temos nas mãos, portanto, como “matéria-prima” – e isso desde os primórdios do jornalismo, talvez que até antes das revoluções burguesas, talvez até a remeter aos carteiros-repórteres – é a própria condição de o cidadão se situar no mundo, saber onde pisa, e até que pode sonhar e ir adiante...
É essa a responsabilidade, imensa, que pesa sobre os nossos ombros.
Colher, apesar de nós, de tudo o que somos, de tudo o que a vida e nós forjamos em nós, essa riqueza que é a informação.
E vesti-la de uma forma compreensível a todos.
E divulgá-la, o mais possível, apesar de todos os interesses em jogo.
Pela certeza de que essa riqueza é um bem social.
A coisa que é pertença de toda sociedade.

VI

Se me fosse dado escolher, estaria, agora, na Academia.
Deixaria pra trás, sem muita saudade, a reportagem investigativa, as campanhas políticas, a assessoria de imprensa.
Sinto um frio na espinha quando penso que posso morrer sem transmitir o que aprendi.
Porque isso, para mim, é o mais importante: contribuir para formar as novas gerações, os que ficarão aqui, depois que me for.
Sinto uma ansiedade enorme quando pego, eventualmente, um “aluno”.
Como aconteceu em Capanema.
Em que dei um intensivão de rádio e de marketing político.
Não, não era o momento apropriado: uma campanha política que, quando peguei, andava meio que atabalhoada.
Mas, fiz o que podia. E acho que o meu aluno interiorizou o mais importante: a esquecer o palavreado universitário e a ampliar, ao máximo, o vocabulário, para se comunicar com a massa.
E esse é o grande engano que cometem os jornalistas e os intelectuais: bem mais difícil que usar as palavras que aprendemos no cotidiano universitário é encontrar a palavra certa, adequada, para se transmitir alguma coisa ao conjunto da sociedade. Ao conjunto dos que nos lêem, por pouco que saibam ler.
Esse esforço é que exige, de fato, muita leitura e um profundo conhecimento da linguagem.
Quanto mais fácil um texto, de ler, de compreender, mais difícil, mais complexa é a sua confecção.
Porque requer a capacidade de esquecermos, de deixarmos para trás, o meio em que vivemos, para “descermos” ao cotidiano de poucas palavras que a população, de fato, domina.
Mas, quatro anos me separam da Academia. Preciso de um pedaço de papel, um “passe”, para ajudar a educar esses meninos e meninas...
De sorte que seguirei pegando, individualmente, esses meninos e meninas.
E sem cobrar nada!
(Não contem, por favor, pra minha filha-empresária que ela me mata!...)
Mas, acho que isso não tem preço.
É, simplesmente, a satisfação, a felicidade, de sentir que estou a devolver à sociedade um pouquinho do muito – e ponha muito nisso! - que ela me deu...

FUUUIIIIII!!!!

VII

Ah, sim, estávamos a discutir o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo.
Bem, o que é que eu penso?
Compreendo, é claro, a frustração de quem estudou quatro, cinco anos numa universidade.
Compreendo, mermo.
Mas, acho que essas pessoas não compreendem o seguinte: a dinâmica do mercado de trabalho.
Se amanhã, por exemplo, eu (uma “adiplomática”) e um diplomado formos disputar uma vaga, é claro que ele levará vantagem.
Para qualquer coisa: veículos de comunicação, assessoria de imprensa.
Vocês pensam que eu acho isso errado? Não. Tá certíssimo. Significa que vocês fizeram o esforço que eu não fiz.
Afinal, aos 48 anos, eu já deveria ter concluído um curso superior, né mermo?
Nem que fosse pra me estapear com os “fessores” ( e eu, aqui, por pura preguiça “macunaímica”, a perder essa experiência inesquecível...).
Mas creio que é preciso, coleguinhas (e sociedade), discutir outros pontos dessa coisa toda.
E o mais importante é: um registro profissional não pode ser condição necessária para a divulgação de uma informação ou de uma notícia.
No fundo, todos os cidadãos somos repórteres em potencial.
No fundo, todos temos, portanto, de ter a possibilidade de veicular informação, notícia.
Esse é um ganho da Sociedade da Informação. Todos temos alguma coisa a dizer. Nem que seja na forma de auto-ajuda – e como separar até a auto-ajuda da informação?
Então, não há como restringir isso.
O que se pode fazer é isso que vocês, de há muito, já vêm fazendo: estudar
E eu?
Bom, eu e outros teremos de ter a humildade que vocês tiveram: vamos estudar.
Mas, a dona Maria e o seu José, e todos aqueles que não tiveram essa oportunidade, e todos os que não vão adiante nessa caminhada, porque a sociedade capitalista não tem interesse em que caminhem, têm, sim, o direito de transmitir informação.
Mesmo os nossos intelectuais médios, digamos assim, que fazem, hoje, comunicação na internet, nos sites e blogs, sem o domínio da linguagem que essa categoria, a dos jornalistas, tem ou deveria ter, devem ter o direito, sim, de prosseguir naquilo que fazem, porque isso é fundamental para sociedade, na conjuntura que temos.
Mas, vocês, prosseguirão, orgulhosamente (e eu só peço: leiam, obstinadamente, de tudo, por favor!)
Quanto a mim, vou seguir o exemplo de vocês: vou estudar.
E talvez que essa seja a única chance de entrar na Academia, afinal...

Fumus. I ingora, fumu mermo!!!!!


VIII

Ah, sim! Tenho de remeter ao primeiro post.
A importância desse debate para a sociedade.
Vejamos.
Não é justo, não é correto, não é democrático que a possibilidade de divulgação de uma notícia esteja subordinada a um registro profissional de jornalista.
Isso não cabe na cabeça de ninguém, queridinhos!
Vejam: a internet trouxe uma possibilidade ímpar de veiculação de informações.
O primeiro formato foram os sites, depois os e-mails, mais recentemente os blogs. Daqui pra frente, sabe Deus o que virá.
Por que e para que obstar isso?
Os próprios veículos de comunicação tradicionais se enriquecem com essa participação.
Por que e para que obstar isso?
Ora, reconheçamos: lead, sublead e outras técnicas de formatação da informação são facilmente domináveis.
E se, apesar desses 50 anos de reconhecimento dos cursos de comunicação, não conseguimos responder àquela pergunta lamentável (que é a notícia?) por que, então, impedir a participação societária?
Temos de ter um mínimo de humildade, nós, os jornalistas.
E temos de reconhecer que a sociedade escolhe caminhos que, muitas vezes, nada têm a ver com os interesses da gente.
Não pensem que não me sinto incomodada ao ver gente que nunca foi jornalista se intitulando jornalista.
Não pensem que não sinto uma dor no peito ao ver analfabeto se dizendo jornalista.
Afinal, vocês estudaram quatro anos numa universidade; eu, tenho estudado, me preparado para isso ao longo de 28 anos – quer dizer, bem mais que a metade da minha vida...
E o que vocês não perceberam é que, na verdade, somos cúmplices – não, adversários.
Não quero a abertura dessa profissão para qualquer um.
Mas, sou obrigada a reconhecer, democraticamente, que algumas exigências tem, sim, de cair.
Em face da liberdade de expressão constitucionalmente garantida.
E a primeira que tem de cair é a exigência de registro profissional para a divulgação de informações.
E o Código Civil que trate da responsabilização de cada qual.


Agora, FFFFFFUUUUIIIII!!!!!!!


IX

No fundo, a verdade, é que, apesar da importância, nenhum de nós sabe como tornar essa discussão participativa...
Temos mais é que jogar pra fora. Temos mais é que chamar a sociedade...

X

Continuo com a idéia fixa de cursar Comunicação.
E recomendo, vivamente, a todos os colegas, que, como eu, têm registros precários ou, mesmo, com registros definitivos que façam o mesmo.
Por quê?
Porque a Comunicação vai atingindo, a cada dia, uma complexidade imensa.
E mesmo para quem está, hoje, nas redações, vai ficando difícil se adequar a esse avanço.
Vão – vamos – para o curso, nem que seja para conseguir alguma bibliografia.
Mais importante, porém, é que, apesar dos “fessores” (muitos dos quais nossos ex-colegas, muitos dos quais despreparados) ajudaremos a formar novos jornalistas, à nossa imagem e semelhança.
Jornalistas com vontade de fazer jornalismo. Jornalistas com a compreensão do que é jornalismo. Jornalistas que estarão, de fato, em condições de nos substituir.
Vou para o Ipiranga. Cês topam?
Ué, cês não falavam tanto em revolução?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O retorno

Olá, gentalha!



I


Finalmente, estou de volta a Belém – à nossa amada, fantástica, inesquecível Belém.


Sei que essa foi, realmente, uma ausência prolongada. Por isso, até agradeço a insistência da gentalha extraordinária que freqüenta este cafofo.


Pelo que vi vocês continuaram entrando religiosamente na Perereca, né mermo? (Ah, o que não faz a força desse velho hábito, tão antigo quanto à humanidade...)


Muitos de vocês até cravaram comentários na Perereca, que, agora, vou tratar de postar.


Obrigada, gentalha! Vocês nem imaginam o quanto a atenção de vocês me envaidece!


(Embora eu continue achando que a insistência de vocês em entrar neste blog tem, sim, algo de subliminar...).


II


Foi bacana a campanha que coordenei, no interior do estado, onde o meu candidato – um sujeito pra lá de gente boa – acabou se elegendo com mais de 63% dos votos válidos.


Foi uma proeza e tanto, tendo em vista o quadro político: o outro candidato tinha o apoio da máquina municipal, do Governo do Estado e até do Barbalho-mor.


E eu, sinceramente, que até senti uma dor no coração pela minha xará!...


Afinal, ela, governadora do Estado, teve de pagar o mico de comparecer a um comício com menos de cem gatos pingados – entre bandeiretes deles, olheiros nossos e uns 50 passantes e moradores incomodados...


Aliás, que até me postei bem em frente ao palanque – coisa que nem era difícil, porque havia tão pouca gente que dava até pra dançar carimbó...


Mas, quis mostrar a minha xará que, pelo menos eu, estava a seguir atentamente o seu discurso. Sabe como é: é tudo uma questão de sensibilidade feminina...




III



Quanto ao Barbalho-mor, nos limitamos a veicular o depoimento que ele deu, em 2004, no qual rasgava elogios ao nosso candidato.


“Um jovem e competente empresário”, dizia ele, observando que bastava a população comparar a qualidade desse jovem com a “de quem já foi, de quem está junto, de quem é” – e o nosso oponente era um ex-prefeito, que estava aliado ao alcaide atual.


Quer dizer: mesmo passados quatro anos, o depoimento do Barbalho-mor parecia, incrivelmente, recém saído do forno!...


Mas, a euforia da vitória foi tamanha que até nos esquecemos de agradecer a Jader, pelas palavras tão sinceras e apropriadas...


Afinal, ele como que “abriu o coração”...


Fica aqui, portanto, o agradecimento, embora que tardio, ao Barbalho-mor...


IV



Cheguei do interior e fui passando direto para as águas belíssimas da minha Algodoal.


Foi lá que passei o Círio, bem longe da agitação que, nesta época, toma conta de Belém.


E cada vez que vou a Algodoal fico com a certeza de que, um dia, ainda vou me mudar pra lá.


Pra viver eternamente de céu e de mar...


A velejar, em pensamento, entre as ondas do Sublime...




V



Mas, como sou uma fumada, tive de voltar pra Belém.


E cá estou, novamente, a pensar no que vou fazer da vida.


Nos próximos dias, penso publicar algumas crônicas e poesias.


Mas, na verdade, vou é decidir se acabo com este blog ou se o reformulo.


Talvez que volte a fazer reportagens. Ou talvez que encerre essa fase da minha vida.


Vou pensar, enquanto saboreio um Ice, em plena tarde de quarta-feira.


A ouvir umas músicas bem bacanas.


E com uma preguiça rrrealmente “macunaímica”.


Em outras palavras: morrrram de inveja!


E antes que eu me esqueça: Gentalha, gentalha, gentalha!!!...



FUUUUIIIIII!!!!!!!




Na Carreira


Pintar, vestir
Virar uma aguardente
Para a próxima função
Rezar, cuspir
Surgir repentinamente
Na frente do telão
Mais um dia, mais uma cidade
Pra se apaixonar
Querer casar
Pedir a mão


Saltar, sair
Partir pé ante pé
Antes do povo despertar
Pular, zunir
Como um furtivo amante
Antes do dia clarear
Apagar as pistas de que um dia
Ali já foi feliz
Criar raiz
E se arrancar


Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
Arte de deixar algum lugar
Quando não se tem pra onde ir


Chegar, sorrir
Mentir feito um mascate
Quando desce na estação
Parar, ouvir
Sentir que tatibitati
Que bate o coração
Mais um dia, mais uma cidade
Para enlouquecer
O bem-querer
O turbilhão


Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Palmas pro artista confundir
Pernas pro artista tropeçar


Voar, fugir
Como o rei dos ciganos
Quando junta os cobres seus
Chorar, ganir
Como o mais pobre dos pobres
Dos pobres dos plebeus
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus


(Chico Buarque e Edu Lobo)