É muita pretensão de certos evangélicos acreditarem
que Deus só pertence a eles.
Deus pertence a todas as suas criaturas: desde a uma
Íris, que se abre apenas por algumas horas, até aos anjos e espíritos, que são
eternos.
E Ele não fala apenas ao crente, que anda com a
Bíblia debaixo do braço: fala a cada criatura, a cada coração.
Deus não está presente apenas em religiões, igrejas
ou templos, por mais suntuosos que eles sejam.
Deus É em cada estrela, em cada planeta; em cada
grão de areia, pedra, árvore, animal; em cada gota dos mares imensos que Ele criou.
Deus está em nós, em cada célula do nosso corpo.
E para encontrá-Lo é preciso apenas olhar ao redor,
ou até para dentro de nós.
Deus não quer dízimos, oferendas, esmolas, sacrifícios.
Deus não se compraz no ódio daqueles que vivem a acusar
os seus semelhantes, buscando condená-los a um fogo infernal.
O que Deus quer de nós é o amor. E o amor não apenas
a Ele, mas a todas as maravilhas que Ele criou.
É por isso que esses pastores evangélicos que pregam
o ódio em nome de Deus realizam, em verdade, o oposto daquilo que deseja o Senhor.
Deus não é um terrorista, a quem devemos servir apenas
por medo de um castigo atroz e eterno.
Também não é um psicopata, capaz de nos condenar a
um sofrimento de fazer inveja a um Vlad, o Empalador.
Tampouco é um ser odioso e amargurado, que mais
parece um bezerro de ouro, moldado à semelhança desses sepulcros
caiados.
Deus é todo amor e misericórdia. É um criador
apaixonado pela vida. E o Seu coração jamais será um rio lamacento de intolerância
e rancor, como tais pastores insistem em pregar.
Peço que Deus me perdoe por julgar, já que só a Ele
compete julgar.
Mas penso que esses pastores nem sequer acreditam Nele.
Apenas se utilizam de Seu nome para enganar e enriquecer.
Querem é
usurpar o lugar de Deus, certos de que não existe vida após a morte, e de que jamais
prestarão contas por todo o mal que andam a semear.
Tais pastores, por onde quer que passem, deixam uma
trilha de ódio, violências e perseguições.
Então, como é que podem ser de Deus?
Como é que podem externar a Palavra Divina; estarem repletos
do Espírito Santo, quando ignoram o principal, que é o amor?
“Misericórdia quero, e não sacrifícios”, disse o
Senhor.
E “pelos frutos os conhecereis”, disse Jesus.
E foi também Jesus quem nos revelou quais os principais
mandamentos: “Amarás ao Senhor
teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento; e ao teu próximo, como a ti mesmo”.
E amar alguém como a nós mesmos significa desejar
para ele o mesmo respeito e dignidade que queremos para nós. Significa olhar o
outro como criatura do mesmo Deus que nos criou, e com o mesmíssimo direito à vida e à felicidade.
Não, meus queridos: quem ama a Deus não vive a
incitar o ódio, para se encharcar no sangue de irmãos.
Sangue de gays, perseguidos e assassinados por serem
gays.
Sangue de negros, que morrem de fome, diarreia ou “bala
perdida”, por vezes, ainda na infância.
Sangue de mulheres, humilhadas, espancadas e assassinadas
por misóginos.
Sangue de homens e mulheres, crianças e idosos,
trucidados ao lutarem por um pedaço de chão.
É aquilo que fazemos ao nosso semelhante, e a toda a
Criação Divina, a testemunhar sobre quão próximos ou distantes estamos do Criador.
De nada adianta viver a gritar “Aleluia” ou até a
acompanhar procissões de joelhos, quando se é incapaz de dividir até um pedaço
de pão com aqueles que têm fome, ou de respeitar aqueles que são diferentes.
Temos é de compreender que o corpo não passa de uma
vestimenta de pó a aprisionar o Espírito; Espírito que terá de seguir de vida
em vida, até conseguir postar-se diante de Deus, sem abaixar os olhos de
vergonha.
Não, não existe essa coisa de “lago de fogo e
enxofre, onde haverá choro e ranger de dentes”.
E se você se chegou a Deus apenas por medo do inferno,
está no caminho errado.
Isso não passa de uma alegoria sobre o sofrimento do
Espírito, quando se encontra distante do Senhor.
E não porque Deus o torture, eis que Ele também não
é um torturador.
Mas porque o Espírito necessita de Deus da mesma
forma que o corpo necessita de água e de ar.
Só em Deus o Espírito reencontra a paz. E a ânsia de
estar com Ele, de retornar aos braços Dele é, sim, como um “arder em chamas”, um
“sofrimento infernal”.
Ao contrário do que imaginam tais pastores, Deus jamais
deixará de estender as suas mãos para nós, por mais imperfeitos que sejamos.
Ele zela por nós, a nos guardar em todos os nossos caminhos.
É Dele a mão forte que nos levanta, a cada queda tão
humana. É Dele a mão terna que nos afaga, quando tudo nos parece dor.
E de nós o que Ele espera, tão somente, é que
possamos abrir o nosso coração ao amor, o substantivo de toda a Criação.
Amar a Deus, por toda a Sua glória, pode parecer fácil.
Mas não há como amá-Lo de verdade, sem amar ao nosso
semelhante e a tudo o mais que Ele criou.
E esse, em verdade, é o grande desafio que se coloca
diante de nós.
E que se coloca, inclusive, entre nós e o Criador.
FUUUUUIIIIIIII!!!!!!!!
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