domingo, 22 de maio de 2016

Defesa da Democracia não é só pra “mortadela”: também tem muito “jámon”. E daí?





Grande coisa o fato de não ser pobre a mulher que viajou 10 horas de barco, de Oriximiná a Santarém, para homenagear a Dilma.

Aliás, em qual parte do vídeo se diz que aquela mulher é pobre?

E quem, em sã consciência, acharia que ela é pobre, com aquele cabelo bem tratado e falar correto?

É claríssimo que se trata de uma mulher de classe média. Mas e daí?

Quem foi que disse que desse lado só tem “mortadela”? Aqui também tem muito “jámon”, mermão!

Aliás, se duvidar, aqui tem muito mais apreciador de “jámon” do que do lado do “Fora, Dilma”, que gosta mesmo é de um sardinhão, mas arrota bacalhau...

Sejamos honestos: essa porrada ainda é, praticamente, das “zelites”.

O povão só aos poucos começa a ir pras ruas, com os movimentos sociais, especialmente, do Povo Sem Medo.

E quando o povão estiver maciçamente nas ruas, aí acaba rapidinho com essa “brincadeirinha” de golpe de Estado.

E não pensem que vai demorar: logo, logo o povão vai perceber que esse golpe quer é acabar com as conquistas sociais, para devolvê-lo ao tempo em que tinha de comer até calango, pra não morrer de fome.

Todas as pesquisas realizadas nas passeatas, contra e a favor do golpe, mostraram que a maioria esmagadora dos manifestantes possui curso superior.

Só esse dado já diz tudo, em um país onde apenas 3% do eleitorado possui curso superior, e 6% cursam uma universidade.

A verdade é que as “zelites” brasileiras racharam ao meio – e não é de hoje.

De um lado, os que defendem a modernização do Brasil, o que passa, necessariamente, pela inclusão social.

É o pessoal que defende a Legalidade e a Democracia, até porque sabe que fora da via democrática não há saída para país algum.

Não, não é um pessoal majoritariamente “comunista” ou “socialista”.

E o que o PT vinha fazendo não era nenhuma “revolução vermelha”, mas apenas reformas  - e reformas, pra quem não sabe, até vitaminam o capitalismo, na medida em que amenizam as tensões sociais.

O problema, parafraseando um antropólogo, é que, no Brasil, até o capitalismo é revolucionário.

A Casa Grande é tão enraizada na sociedade brasileira, que, quando você fala em capitalismo, acaba por jogar o País à beira de uma revolução como a de 1789.

Não por acaso, há gente na imprensa internacional que até já comparou a Marcela Temer à Maria Antonieta – quer alguma coisa mais significativa?

No fundo, os “apreciadores de jámon” e os “mortadelas”, e vocês, os “arrotadores de bacalhau”, nem inimigos somos.

Todos rebolamos pra pagar as contas no final do mês e pra juntar um dinheirinho pra uma comida melhor, ou pra uma tão sonhada viagem à Europa.

Todos queremos um Brasil desenvolvido, moderno, honesto, sem tanta miséria e economicamente estável.

A diferença é que nós não temos vergonha de ser classe média, até porque compreendemos a importância da classe média, para o desenvolvimento de um país.

A diferença é que nos recusamos a marchar ao lado de misóginos, homofóbicos, racistas, torturadores e de pastores evangélicos que querem é detonar o Estado laico.

A diferença é que jamais seremos massa de manobra do 1% mais rico do Brasil, que quer é manter este país como um grande senzalão, no qual não apenas os pobres, mas também eu e você, não passamos de meros capachos.

E é você, que apoia esses aristocratas perdidos no tempo, a dizer por aí que é a favor do capitalismo e do liberalismo...(pausa para gargalhar).

Veja que não estou a falar de todos os ricos e empresários, porque o Brasil tem, sim, verdadeiros espíritos empreendedores; ricos e empresários que dão duro no batente e que merecem, sim, a riqueza que acumularam.

Estou a falar é daquela parcela imunda que sobrevive apenas da corrupção, da especulação financeira e de bilionária sonegação de impostos.

Aqueles parasitas que não produzem um alfinete, mas que se apropriam da maior parte da riqueza da Nação.

É essa gente que é o nosso inimigo, o inimigo que temos em comum, embora você ainda não tenha percebido.

Você, que fica por aí criticando as políticas sociais, que impediram que este país explodisse.

Você, que quer acabar com o Bolsa Família que, como lembrou o Ciro Gomes, custa apenas R$ 15 bilhões por ano, para alimentar 60 milhões de seres humanos.

Mas que fica aí, caladinho, diante dos R$ 570 bilhões de juros que o Brasil paga por ano, e que beneficiam apenas 10 mil famílias.

E mais: o pessoal do Bolsa Família, quando recebe o dinheiro, compra comida, gerando empregos e impostos em cada cidade deste país.

Já esses 10 mil vão é derramar dinheiro no exterior.

Acorda, cara! O que você tá defendendo não é o “capitalismo contra o comunismo”.

O que você tá defendendo são os privilégios de meia dúzia de predadores sociais.

Então, pare com essa fixação em mortadela: do lado de cá também tem muita “zelite”que aprecia um belo de um conforto, o que não é vergonha alguma.

Não tem só petista e comunista, não: tem é muito democrata, legalista e reformista.

Gente que até critica os petistas, ou que até faz oposição aos petistas, mas que vê Democracia e inclusão social como questões inegociáveis.

Nós, “mortadelas” e “jámons”, não estamos preocupados com a inflação e com a estabilidade econômica? É claro que estamos.

Até porque, da mesma forma que você, vivemos do nosso trabalho. A gente também sente o aperto no bolso, quando vai ao supermercado, ok?

Mas é por causa disso que vamos apoiar um golpe de Estado?

Mas nem a pau! Nem debaixo de bala!

E vamos é continuar nas ruas, até derrubarmos esse governo golpista; até resgatarmos a Democracia, que foi sequestrada por esse bando de reacionários.

E sabe por que insistimos nisso, meu irmão brasileiro?

Porque sem liberdade de expressar o que quiser, de vestir o que quiser, de fazer o que quiser, de ir para onde quiser o ser humano não vive: vegeta.

E isso vale tanto para o Brasil sob o domínio desses aristocratas, quanto  para uma Venezuela, outra das suas obsessões.

Por isso, tenha certeza de uma coisa: se esse golpe se consolidar, logo, logo você também estará nas ruas, com a sua camisa amarela, marchando ao nosso lado.

E eu lamento é não ter tido a ideia dessa mulher que foi lá agradecer à Dilma.

E não porque goste da Dilma: tenho é muitas críticas ao governo dela e, se ela pudesse se candidatar novamente à Presidência, em 2018, não teria o meu voto de jeito nenhum.

Mas assim como aquela mulher agradeceu à Dilma por tudo o que ela fez por Oriximiná, eu gostaria de agradecer pela firmeza que ela tem tido em defender o maior bem da sociedade brasileira: a Democracia.

Um bem que nos custou muito sangue e suor. E que nos permite, inclusive, estarmos aqui a debater, livremente, o futuro que queremos para este país.

Ainda.

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Clique no link para ver o vídeo da mulher de Oriximiná homenageando a Dilma: https://www.facebook.com/DilmaRousseff/videos/1116225958430994/?pnref=story

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Atualizada às 20h30:
Só agora consegui localizar no YouTube esse sambão bacana. É mais um contra o golpe de Estado. Não deixe de ouvir:

 

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