Grande coisa o fato de não ser pobre a mulher que
viajou 10 horas de barco, de Oriximiná a Santarém, para homenagear a Dilma.
Aliás, em qual parte do vídeo se diz que aquela mulher
é pobre?
E quem, em sã consciência, acharia que ela é pobre,
com aquele cabelo bem tratado e falar correto?
É claríssimo que se trata de uma mulher de classe
média. Mas e daí?
Quem foi que disse que desse lado só tem “mortadela”?
Aqui também tem muito “jámon”, mermão!
Aliás, se duvidar, aqui tem muito mais apreciador de
“jámon” do que do lado do “Fora, Dilma”, que gosta mesmo é de um sardinhão, mas
arrota bacalhau...
Sejamos honestos: essa porrada ainda é,
praticamente, das “zelites”.
O povão só aos poucos começa a ir pras ruas, com os
movimentos sociais, especialmente, do Povo Sem Medo.
E quando o povão estiver maciçamente nas ruas, aí
acaba rapidinho com essa “brincadeirinha” de golpe de Estado.
E não pensem que vai demorar: logo, logo o
povão vai perceber que esse golpe quer é acabar com as conquistas sociais, para
devolvê-lo ao tempo em que tinha de comer até calango, pra não morrer de fome.
Todas as pesquisas realizadas nas passeatas, contra
e a favor do golpe, mostraram que a maioria esmagadora dos manifestantes possui
curso superior.
Só esse dado já diz tudo, em um país onde apenas 3%
do eleitorado possui curso superior, e 6% cursam uma universidade.
A verdade é que as “zelites” brasileiras racharam ao
meio – e não é de hoje.
De um lado, os que defendem a modernização do
Brasil, o que passa, necessariamente, pela inclusão social.
É o pessoal que defende a Legalidade e a Democracia,
até porque sabe que fora da via democrática não há saída para país algum.
Não, não é um pessoal majoritariamente “comunista”
ou “socialista”.
E o que o PT vinha fazendo não era nenhuma “revolução
vermelha”, mas apenas reformas - e
reformas, pra quem não sabe, até vitaminam o capitalismo, na medida em que amenizam
as tensões sociais.
O problema, parafraseando um antropólogo, é que, no
Brasil, até o capitalismo é revolucionário.
A Casa Grande é tão enraizada na sociedade brasileira,
que, quando você fala em capitalismo, acaba por jogar o País à beira de uma
revolução como a de 1789.
Não por acaso, há gente na imprensa internacional
que até já comparou a Marcela Temer à Maria Antonieta – quer alguma coisa mais
significativa?
No fundo, os “apreciadores de jámon” e os “mortadelas”,
e vocês, os “arrotadores de bacalhau”, nem inimigos somos.
Todos rebolamos pra pagar as contas no final do mês
e pra juntar um dinheirinho pra uma comida melhor, ou pra uma tão sonhada viagem
à Europa.
Todos queremos um Brasil desenvolvido, moderno,
honesto, sem tanta miséria e economicamente estável.
A diferença é que nós não temos vergonha de ser
classe média, até porque compreendemos a importância da classe média, para o
desenvolvimento de um país.
A diferença é que nos recusamos a marchar ao lado de
misóginos, homofóbicos, racistas, torturadores e de pastores evangélicos que
querem é detonar o Estado laico.
A diferença é que jamais seremos massa de manobra do
1% mais rico do Brasil, que quer é manter este país como um grande senzalão, no
qual não apenas os pobres, mas também eu e você, não passamos de meros
capachos.
E é você, que apoia esses aristocratas perdidos no
tempo, a dizer por aí que é a favor do capitalismo e do liberalismo...(pausa para gargalhar).
Veja que não estou a falar de todos os ricos e
empresários, porque o Brasil tem, sim, verdadeiros espíritos empreendedores;
ricos e empresários que dão duro no batente e que merecem, sim, a riqueza que
acumularam.
Estou a falar é daquela parcela imunda que sobrevive
apenas da corrupção, da especulação financeira e de bilionária sonegação de
impostos.
Aqueles parasitas que não produzem um alfinete, mas que
se apropriam da maior parte da riqueza da Nação.
É essa gente que é o nosso inimigo, o inimigo que
temos em comum, embora você ainda não tenha percebido.
Você, que fica por aí criticando as políticas
sociais, que impediram que este país explodisse.
Você, que quer acabar com o Bolsa Família que, como
lembrou o Ciro Gomes, custa apenas R$ 15 bilhões por ano, para alimentar 60
milhões de seres humanos.
Mas que fica aí, caladinho, diante dos R$ 570
bilhões de juros que o Brasil paga por ano, e que beneficiam apenas 10 mil famílias.
E mais: o pessoal do Bolsa Família, quando recebe o
dinheiro, compra comida, gerando empregos e impostos em cada cidade deste país.
Já esses 10 mil vão é derramar dinheiro no exterior.
Acorda, cara! O que você tá defendendo não é o “capitalismo
contra o comunismo”.
O que você tá defendendo são os privilégios de meia
dúzia de predadores sociais.
Então, pare com essa fixação em mortadela: do lado
de cá também tem muita “zelite”que aprecia um belo de um conforto, o que não é
vergonha alguma.
Não tem só petista e comunista, não: tem é muito
democrata, legalista e reformista.
Gente que até critica os petistas, ou que até faz
oposição aos petistas, mas que vê Democracia e inclusão social como questões inegociáveis.
Nós, “mortadelas” e “jámons”, não estamos
preocupados com a inflação e com a estabilidade econômica? É claro que estamos.
Até porque, da mesma forma que você, vivemos do
nosso trabalho. A gente também sente o aperto no bolso, quando vai ao
supermercado, ok?
Mas é por causa disso que vamos apoiar um golpe de
Estado?
Mas nem a pau! Nem debaixo de bala!
E vamos é continuar nas ruas, até derrubarmos esse
governo golpista; até resgatarmos a Democracia, que foi sequestrada por esse
bando de reacionários.
E sabe por que insistimos nisso, meu irmão
brasileiro?
Porque sem liberdade de expressar o que quiser, de
vestir o que quiser, de fazer o que quiser, de ir para onde quiser o ser
humano não vive: vegeta.
E isso vale tanto para o Brasil sob o domínio desses
aristocratas, quanto para uma Venezuela,
outra das suas obsessões.
Por isso, tenha certeza de uma coisa: se esse golpe
se consolidar, logo, logo você também estará nas ruas, com a sua camisa
amarela, marchando ao nosso lado.
E eu lamento é não ter tido a ideia dessa mulher que
foi lá agradecer à Dilma.
E não porque goste da Dilma: tenho é muitas críticas
ao governo dela e, se ela pudesse se candidatar novamente à Presidência, em
2018, não teria o meu voto de jeito nenhum.
Mas assim como aquela mulher agradeceu à Dilma por
tudo o que ela fez por Oriximiná, eu gostaria de agradecer pela firmeza que ela
tem tido em defender o maior bem da sociedade brasileira: a Democracia.
Um bem que nos custou muito sangue e suor. E que nos
permite, inclusive, estarmos aqui a debater, livremente, o futuro que queremos
para este país.
Ainda.
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Clique no link para ver o vídeo da mulher de
Oriximiná homenageando a Dilma: https://www.facebook.com/DilmaRousseff/videos/1116225958430994/?pnref=story
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Atualizada às 20h30:
Só agora consegui localizar no YouTube esse sambão bacana. É mais um contra o golpe de Estado. Não deixe de ouvir:
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Atualizada às 20h30:
Só agora consegui localizar no YouTube esse sambão bacana. É mais um contra o golpe de Estado. Não deixe de ouvir:
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