Ao longo de todos esses anos, sempre dividi meus votos entre tucanos e petistas.
Votei em Jatene, em 2010; em Manoel Pioneiro, para
prefeito de Ananindeua, em 2012.
Em 2014, estive a um passo de votar em Aécio, a quem
sempre admirei.
Fiquei entre os indecisos até quase o final da
partida.
E foi com alguma relutância que acabei por votar em Dilma,
já que a própria campanha tucana acabou por revelar um Aécio extremamente problemático.
Um Aécio cínico até, a exemplo de quando declarou
que Jatene é um dos políticos mais
honestos deste país...
Nunca vi o PSDB como um partido de direita, mas, de
centro esquerda.
Um partido que, juntamente com o PT, sempre
representou o que de melhor a sociedade brasileira conseguiu parir após a
redemocratização. E isso apesar dos muitos erros de ambos.
Hoje, no entanto, ao olhar para o PSDB, já não
consigo me reconhecer nele – e muito menos reconhecer nele os ideais que
levaram à sua criação.
O partido que deveria ser uma alternativa à
arrogância e à ordem unida do petismo, revelou-se infinitamente pior: aliou-se aos
que defendem um golpe militar, ou seja, à direita mais abominável deste país.
O PSDB acusa Dilma de trair o eleitorado. Mas, na
verdade, quem traiu o seu eleitorado de décadas foi o PSDB.
Quem, como eu, sempre votou em tucanos, sempre considerou
o PSDB comprometido com a Democracia tão duramente conquistada pela sociedade
brasileira.
Até porque muitos dentre os tucanos arriscaram a
própria vida no combate à ditadura.
E é por isso que me sinto tão angustiada, ao
constatar que nada, rigorosamente nada, restou daquele projeto original dos
tucanos. Foi-se até mesmo o básico, que é o respeito à Democracia e à vontade
popular.
Além de jornalista, sou dona de casa, faço compras
no supermercado e temo, sim, a volta do descontrole inflacionário, que vivenciei
antes do Plano Real.
Além disso, fiquei com um nó na garganta com algumas
das escolhas ministeriais de Dilma Rousseff: nunca imaginei ver em um governo
de esquerda uma figura como a Kátia Abreu. E até agora ainda me sinto perplexa
quando paro pra pensar nisso.
Tenho críticas a Belo Monte, aos impactos ambientais
e sociais dessa obra.
Tenho críticas ao parco empenho do PT na aprovação
da reforma política, essa sim, capaz de reduzir significativamente a corrupção.
No entanto, a resposta a tudo isso pretendo dar nas
urnas, em 2018. E jamais aceitarei qualquer outra solução que não seja a das
urnas, a do Estado Democrático de Direito, a da Soberania popular.
É triste ver o final tão degradante de um partido no
qual acreditei ao longo de décadas.
Penso que Ruth Cardoso, Mário Covas e Almir Gabriel
devem estar a se revirar no túmulo, da mesma forma que o avô de Aécio e o
grande Ulisses Guimarães, os dois últimos do PMDB.
Por não aceitar, democraticamente, o resultado das
urnas, fazer oposição responsável e preparar-se para a batalha de 2018, o PSDB
ajudou a conduzir o Brasil a este momento aterrador, quando imaginar um golpe
militar deixou de ser simples paranoia de um personagem do Angeli.
Em vez de apostar em programa de Governo e na
Democracia, o PSDB resolveu apostar no ódio.
E é por isso que tanta gente já fala até em guerra
civil. Sim, guerra civil.
Porque os militares não tomarão o poder tão
facilmente. Dilma não renunciará. E aqueles que cresceram lutando pela
Democracia não se calarão.
Não, não, eles não passarão.
E tendo em vista o apreço da nossa juventude-internauta
pela liberdade, os militares golpistas terão de marchar até sobre os cadáveres de seus próprios
filhos e netos.
Era isso o que queria o PSDB? Ou será que como todo
partido que se deixa comandar por marqueteiros, pensou apenas no cenário, sem
se preocupar com a possibilidade de incêndio?
Minha infância foi sob a ditadura; minha juventude,
a lutar pela Democracia.
Faço parte da geração que se rebelou contra todos os
muros, sistemas, costumes, tradições. A geração que imaginou construir com a
própria alma, uma grande Nação, um grande País.
Aos 54 anos, nunca imaginei viver um momento como
este.
Já quase nem ando, padeço de grandes dificuldades
locomotoras, mas ainda tenho os meus ideais e a minha voz.
Ainda tenho a própria vida para defender a maior
herança que deixarei à minha filha: a Democracia.
Não, eles não passarão!
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A manifestação de Belém em Defesa da Democracia e do
Brasil será amanhã, 13 de Março, a partir das 15 horas, na Praça da República.
Participe você também, pra gente tentar evitar o pior.
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Pra todos aqueles que amam verdadeiramente este país!
Um comentário:
deixa de ser juvenil...ningm(que raciocine) quer impeachment, mto menos, golpe militar...o que queremos é sangrar o Pt até que ele morra em 2018. o resto é massa de manobra!
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