quinta-feira, 13 de junho de 2024

O bebezinho voou...




Laila se foi.

Deus resolveu pegar-lhe de volta o espírito.

Reclamei.

Mas aí me lembrei de que ela foi apenas um empréstimo, em um momento difícil da minha vida.

Ademais, quer melhor cuidador do que Ele?

Minha filha ri das minhas histórias, mas sei que Laila e eu já vagamos juntas pela Terra, há milhares e milhares de anos.

Certa vez, ao visitar a minha mãe, olhei para a cozinha e vi dois homens altos, vestidos de branco.

Voltei os olhos para a mamãe, olhei de novo para a cozinha, mas eles haviam sumido.

Compreendi que permitiram que os visse.

E o engraçado é que não senti medo.

Pelo contrário: foi como se os conhecesse de longa data, eras talvez.

Foi essa a sensação que tive ao conhecer a Laila.

E certa vez, tive até uma visão, dessas de que a minha filha se ri.

Vi-me, há milhares de anos, como um caçador.

E a Laila como um animal grande e feroz, um lobo, talvez.

Lutávamos e, sei lá como, consegui domesticá-la.

E desde aí as nossas almas se ligaram, por toda a eternidade...

Quando conheci a Laila, em outubro de 2015, ela era apenas uma bolinha de pelos, de dois meses e meio.

Era muito maltratada por uma criatura ridícula, que a mantinha acorrentada, muitas vezes sem água e comida.

Mas sempre que a criatura a soltava, para que fizesse as necessidades na frente da casa, a Laila escapava e vinha se deitar no meu sofá.

Paguei veterinário, vacinas, vermífugo, vitaminas, comprei ração.

E já angustiada com a situação dela,  tentei até comprá-la.

A gota d’água foi quando ela foi acorrentada durante dois dias seguidos, latindo e chorando sem parar.

E eu a ouvir, dia e noite, aqueles pedidos desesperados de socorro.

Mas, novamente, a criatura deu sopa e a Laila fugiu.

Só que, dessa vez, não a devolvi.

Pedi ajuda a duas ONGs, e nada.

Uma até me disse que, se a levasse, teria de acorrentá-la também...

Levei-a à DEMA, mas não quiseram registrar a queixa.

Ela estava muito bem, sem sinais evidentes de maus-tratos, disseram-me.

Respondi: “É claro que ela parece bem, já que pago veterinário, ração e vitaminas!”.

Aí, um técnico disse uma coisa de que jamais esqueci: que eu havia feito algo semelhante à uma “destruição de provas”.

Como se estivéssemos a falar de uma “coisa” que eu tivesse que deixar ser maltratada até quase à morte, para só então acionar as autoridades.

Fiz uma queixa ao Ministério Público e a escondi em uma clínica.

Só a trouxe de volta depois que a criatura foi expulsa, pela dona daquela casa.

Desde então, Laila e eu viramos companheiras inseparáveis.

Tornou-se uma vira-lata grande, gorda e sorridente como a tutora.

Mas, ao contrário de mim, extremamente mansa.

Às vezes, dizia a ela: “Cara, se um ladrão entrar aqui, eu é que vou ter de nos defender, a bengaladas! Porque tu ainda vais é ciceronear o sujeito pela casa!”

Até os passarinhos tiravam graça com a cara dela.

Há uns dias, via-a correndo atrás de uns e ralhei: “deixa os bichinhos em paz!”

Mas meia hora depois, quando voltamos ao pátio, dois passarinhos levantaram vôo – e ela resmungando, quase falando que nem um ser humano.

E só então percebi que eles é que estavam a atentá-la...

Nunca senti pela Laila um amor de mãe: a minha racionalidade jamais permitiria isso.

E ao contrário do que dizem alguns psicólogos, nunca a tive como fuga da solidão, até porque sempre gostei de solidão.

Resgatei-a por piedade, e mesmo sem condições físicas e financeiras para tê-la.

É verdade que aprendemos, sim, a amar uma a outra.

Mas a nossa relação sempre foi baseada no respeito entre espécies diferentes.

Nunca a obriguei a nada.

E até quando ela sentia fome, simplesmente aparecia na cozinha.

E eu lhe dava pedaços de carne na boca e ela os pegava cuidadosamente.

O que me levou a compreender o quanto os cães sabem que podem nos machucar.

Também quase nunca saía de casa, principalmente nos finais de ano.

Sabia o quanto cães são sociáveis, muito mais do que nós.

Além disso, ela tinha um medo danado de foguetórios e de trovões.

E eu ficava angustiada, se começasse a chover e ela estivesse só.

Também tinha pavor de que ela fugisse: grande e tão mansa, um bicho-homem poderia lhe fazer mal, por medo ou por perversidade.

Mas hoje Laila se foi.

Começou a passar mal a uma da manhã e, às 7, a sua luz se apagou.

Imagino que deve estar a cheirar todos os perfumes do Paraíso.

Quem sabe, a achá-los surpreendentes.

Como o hidratante de flor de laranjeira, que uma vez se pôs a cheirar nas minhas pernas.

Já a mim restou um vazio enorme, um peso no peito que quase não me deixa respirar.

“É o ciclo da vida, a fugacidade da vida”, fico a repetir a mim mesma, “Todos passaremos por isso”.

Mesmo assim, permanece um quê de irrealidade, neste dia sombrio.

Até ontem à noite ela estava bem.

Mas, de repente, celeremente, já não estava aqui...

E agora só me resta esperar pelo dia em que tornaremos a nos encontrar.

Entre as estrelas, das quais viemos, e ao longo de muitas e muitas vidas.

Voa, bebezinho, voa!

Segue a tua nova jornada em paz!


12/06/2024

terça-feira, 28 de maio de 2024

Sem organização e proatividade, perderemos a guerra da comunicação para o nazifascismo. E, talvez, as eleições de 2026.



Enquanto não unificarmos os nossos recursos e ações, continuaremos a apanhar do nazifascismo, nas redes sociais.

E isso poderá ser determinante, para o resultado das eleições de 2026.

Estamos diante de uma estrutura gigantesca, milionária, ágil, capilarizada, barulhenta e cada vez mais internacionalizada.

E não conseguiremos vencê-la sem organização.

Especialmente, quanto ao planejamento estratégico; unidade do discurso e das ações; qualificação dos nossos “exércitos” nas técnicas do universo virtual, recursos financeiros e educação política da população.

Parece difícil, mas não é.

Até porque já temos um modelo para nos "inspirar": a estrutura de comunicação do nazifascismo, nas redes sociais.

Se hoje não podemos vencê-la, temos de imitá-la naquilo que possui de mais eficaz, até conseguirmos superá-la.

Obviamente, não usaremos a nossa estrutura para a disseminação do ódio e da desinformação.

Mas para combater o ódio, a mentira, os discursos nazifascistas, anticiência e teocráticos dessa horda.

E se cada vez mais eles se internacionalizam, nós também temos de nos internacionalizar, na defesa da Democracia, da Ciência e do Estado Laico.

Até onde sei, a produção das publicações nazifascistas é centralizada em um punhado de sites e canais, que se encontram no topo da pirâmide comunicacional.

A partir desse topo, tais publicações vão se disseminando, rapidamente, pelo resto da pirâmide: parlamentares, grupos de zap, Facebook, YouTube etc...

Na base, atingem até mesmo as postagens dos grandes veículos de comunicação e de perfis e canais de grande alcance, através de robôs, perfis fakes e “soldados-comentaristas”, o que gera uma sensação de grande adesão ao pensamento deles.

Enquanto isso, a nossa militância, embora em igual ou maior número e politicamente mais bem preparada, não consegue obter os mesmos resultados.

Dispersos, e muitas vezes sem domínio técnico das redes sociais, gastamos o nosso tempo atirando para todos os lados, sempre correndo para combater as fake news, que eles produzem em massa.

E este é o xis da questão: temos de sair dessa postura meramente reativa, dispersa e amadora, para que sejam eles a correr atrás de nós.

Coisa que só conseguiremos com uma estrutura formal, parida pelas forças democráticas.

Uma entidade civil que se coloque no topo da pirâmide de comunicação, para:

-Conceber um plano estratégico de combate.

-Unificar o nosso discurso e ações.

-Definir as abordagens desse fenômeno, sob vários aspectos: linguagem, psicologia, política, teologia, por exemplo.

-Produzir materiais informativos em grande quantidade, simples e chamativos, até utilizando os mesmos formatos e configurações de sucesso que eles utilizam.

-Mapear os polos de disseminação de informações na internet, para distribuir a nossa militância, em um corpo a corpo virtual.

-Medir sistematicamente o nosso desempenho, para detectar, rapidamente, equívocos e eventuais entraves.

-Coletar e/ou produzir Conhecimento acerca das fake news e da propaganda nazifascista.

-Disponibilizar cursos de formação à militância, acerca do discurso político e do funcionamento como um todo das redes sociais.

-Buscar parcerias e recursos financeiros, no Brasil e no exterior.

-Educar a população, dentro e fora do universo virtual, para que ela consiga detectar as publicações mentirosas e de ideais totalitários, e possa se defender.

Uma estrutura que nos ajude a definir ganchos estratégicos, gerais e conjunturais, e a maneira de disseminá-los, na defesa da Democracia, da Ciência e do Estado Laico.

Uma estrutura que nos permita atingir as fake news em sua espinha dorsal, em vez de apenas seguirmos atirando em seus muitos braços.

Uma estrutura que seja ágil, participativa e criativa, utilizando modernas ferramentas de gestão, como as usadas nas inovações.

Uma estrutura barulhenta, para gerar engajamento e fazer o algoritmo trabalhar a nosso favor, como hoje trabalha a favor dos bolsonazistas.

Já possuímos vários recursos para essa estruturação.

Temos a Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia, que pode nos ajudar com as formalidades legais, para a criação dessa entidade e maneiras de captação de recursos, nacionais e internacionais, para vários tipos de produções e parcerias.

Temos os pesquisadores das universidades, do Brasil e do exterior, que há muito se debruçam sobre tal fenômeno, e cujos trabalhos talvez precisemos apenas reunir e analisar.

Temos entidades como o ICL, que podem nos ajudar, através de parcerias, nos cursos de qualificação específica, para a nossa militância.

Temos canais do YouTube, perfis e grupos das redes sociais que já combatem todo esse ódio e mentira, mas sem os recursos e o alcance do bolsonazismo.

Temos companheiros, como o Felipe Neto e o Janones, que dominam o universo de likes e compartilhamentos.

Temos companheiros, como o Bruno Sartori, que dominam as tecnologias de produção para o universo virtual.

Temos jornalistas bons de Tv e podcasts e que, com um simples ajuste para uma linguagem mais popular, podem se tornar grandes contadores de histórias, para mexer diretamente com as emoções – coisa essencial no combate à Teocracia e ao nazifascismo.

Temos, o que é mais importante, uma militância aguerrida, calejada, muito bem preparada politicamente, e que só precisa é de unidade de discurso e ação e de domínio técnico das redes sociais.

Se pararmos para pensar, são inúmeros os recursos que já possuímos.

O que falta é integrá-los, para que caminhemos todos na mesma direção e de maneira ágil e pró-ativa.

Quanto aos recursos financeiros, acredito, sim, que conseguiremos captá-los, tendo em vista a importância dessas bandeiras, para a sobrevivência da própria civilização.

Apesar das divergências dessa nossa frente democrática, que reúne da direita às esquerdas, precisamos aprender a agir, nas redes sociais, como uma só voz, em torno dos grandes eixos que nos unem.

E temos de nos comunicar de verdade: ou seja, com eficácia.

O que significa nos fazer entender.

Porque de nada adianta possuirmos uma multiplicidade de conhecimentos e estarmos cobertos de razão, se não conseguimos nos fazer entender, para ensinar e convencer.

Daí a importância de traduzir esses conhecimentos e informações em linguagem popular: algo que até mesmo pessoas com pouquíssima instrução sejam capazes de compreender e replicar, tornando-se multiplicadoras, dentro e fora do universo virtual.

A meu ver, essa estrutura é a nossa melhor alternativa, para que consigamos vencer os bolsonazistas, nas redes sociais.

Na verdade, nem sei se existe mais alguma.

O que sei é que, se continuarmos dispersos, sem dinheiro e agindo apenas reativamente, perderemos a guerra da comunicação.

E aí, nem quero pensar no que será.


FUUUIII!!!!

quinta-feira, 16 de maio de 2024

A tragédia do Rio Grande do Sul, o neoliberalismo e a lógica do absurdo: é isso que queremos para o Brasil?


 

É uma lógica inacreditável: o grande empresariado acima de tudo, inclusive o meio ambiente e os demais seres humanos, considerados peças descartáveis da engrenagem econômica.

Tudo é feito pelos grandes empresários: são eles que produzem, comercializam e, aparentemente, até consomem em massa, em um processo mágico de retroalimentação.

Como se as matérias-primas não adviessem da natureza.

E como se não fôssemos nós, os trabalhadores, a produzir as riquezas sociais e a consumi-las massivamente, fazendo girar essa engrenagem.

Assim, são apenas os interesses desses “heroicos” e “meritórios” empresários que devem ser protegidos.

Ainda que à custa da dramática redução do poder aquisitivo dos trabalhadores/consumidores.

Ainda que à custa da devastação do mundo, que tende a levar ao esgotamento de recursos naturais, e até à extinção da espécie humana.

E ainda que à custa de tragédias colossais, como essa do Rio Grande Sul e de vários pontos do Planeta.

Tragédias já decorrentes das mudanças climáticas, provocadas pela destruição ambiental.

E que são apenas uma amostra do que enfrentarão os nossos filhos e netos.

Qualquer pessoa com um mínimo de inteligência, e sem traços de sociopatia, não consegue entender essa lógica.

Afinal, se os recursos naturais se esgotarem e a espécie humana for extinta, o que e para quem você produzirá (se é que estará vivo)?

De igual forma, se você destruir o poder aquisitivo dos trabalhadores/consumidores, esmagando salários e direitos, como é que eles comprarão o que você produz?

No entanto, essa lógica burra e suicida é uma das principais características do neoliberalismo.

Tudo gira em torno de uma liberdade econômica predatória para as grandes empresas.

Através de seus prepostos políticos, elas sequestram o Estado, para a proteção de seus interesses, através da elaboração ou derrubada de leis, trabalhistas e ambientais, por exemplo.

Ao mesmo tempo, surrupiam as empresas estatais, para reduzir o Estado ao mínimo do mínimo, em termos de serviços públicos.

Assim, o Estado e a Sociedade passam a existir apenas como hospedeiros de lucros parasitários.

Na pandemia, vimos o que acontece quando os trabalhadores/consumidores param de comprar.

Pequenas e médias empresas, há anos no mercado, fecharam as portas porque não havia para quem vender. Ou até mesmo como produzir.

Com os cortes salariais e de direitos, iniciados por Temer e acentuados pelo Bolsonazi, a crise se tornou ainda pior, já que a esmagadora maioria dos brasileiros quase não tinha dinheiro nem para comer e pagar o aluguel.

Muitos acabaram pendurados no Serasa. Outros, a viver nas ruas.

E muitos nem sequer tinham emprego, já que o governo nem ajudou financeiramente as pequenas e médias empresas, nem descarregou investimentos, para aquecer a economia.

Só quem lucrou foram os bancos, o agronegócio, meia dúzia de bilionários.

Mesmo assim, o grosso do nosso empresariado, que sentiu na pele os efeitos dessa lógica do absurdo, continua a acreditar que possui alguma identificação com esses interesses predatórios.

Agora mesmo, centenas ou milhares de empresários sofrem graves prejuízos, ou até perderam tudo, em decorrência das enchentes do Rio Grande do Sul.

Qual o tamanho dos seus prejuízos?

Como conseguiriam se reerguer, se o Governo Federal (leia-se, o Estado) não estivesse abrindo linhas de crédito especiais para eles?

E se nada for feito para conter a destruição ambiental, como as suas empresas resistirão a novas enchentes?

Nada mais revelador sobre a absurdez e crueldade dessa lógica do que as recentes declarações do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Diante de toda essa tragédia humana e ambiental, ele disse estar preocupado com a grande quantidade de doações recebidas, porque isso poderia prejudicar os comerciantes das cidades inundadas.  

Como se os milhares de desabrigados estivessem cheios da grana e loucos para redecorar as casas que perderam.

Ou até mesmo para irem comemorar em alguma pizzaria.

Como se não estivéssemos a falar de seres humanos, que viram morrer parentes; que perderam animais de estimação; que tiveram de ser resgatados só com a roupa do corpo; que estão alojados nas casas de familiares, ou até em abrigos.

Que estão traumatizados, pensando no que farão das suas vidas, e que necessitarão até de auxílio psicológico.

Ademais, de quais empresários o governador estava a falar?

Certamente, não era dos pequenos e médios.

Já que estes não têm nem o que vender: as empresas deles também estão debaixo d’água.

Assim, o governador devia estar a se referir aos grandes empresários, cujos prejuízos são, proporcionalmente, muito menores.

Alguns já até pressionando os funcionários para que voltem ao trabalho (a nado?) (https://iclnoticias.com.br/mpt-denuncia-rede-lojas-rs-ameaca-funcionarios/ ).

E, quem sabe, já de olho nos recursos que o Lula anunciou, para as famílias atingidas.

Para que possam começar a reconstruir as suas vidas, depois que as águas baixarem  (https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/05/15/auxilios-rio-grande-do-sul.htm).

A fala de Eduardo Leite causou tanto furor nas redes sociais, que ele teve de pedir desculpas.

Até tentando atribuir as suas declarações a um certo abalo emocional.

Mas penso que quem tem razão é o jornalista Renato Rovai, da Revista Forum: Leite apenas externou o que pensa.

Sem rodeios, sem maquiagem, sem um marqueteiro ou assessor de imprensa por perto.

Ele apenas “se revelou” (https://revistaforum.com.br/blogs/blog-do-rovai/2024/5/15/neoliberalismo-mata-governador-eduardo-leite-pede-pra-no-enviarem-doaes-depois-pede-desculpas-158868.html).

É esta lógica do absurdo que está entranhada na cabeça dele: os interesses dos grandes empresários acima de tudo.

O que, aliás, é compatível com os seus antecedentes: Leite é apontado como um dos responsáveis pelas dimensões dessa tragédia, por haver desmantelado a legislação ambiental daquele estado (https://www.brasildefato.com.br/2024/05/04/eduardo-leite-cortou-ou-alterou-quase-500-pontos-do-codigo-ambiental-do-rs-em-2019 ).

Ele alega que apenas adequou a legislação estadual à federal.

Legislação da época do Bolsonazi, que incentivou garimpos ilegais e a destruição de florestas.

Uma desculpa semelhante a de um soldado que comete um crime, mas tenta imputar total responsabilidade ao seu comandante.

E que fica ainda pior na boca de um governador.

Na verdade, Leite fez o que fez porque tudo estava de acordo com a cartilha neoliberal, com o seu descaso pela vida humana.  

E agora quem paga o pato são milhares de famílias gaúchas, que perderam tudo o que tinham, para os lucros de uns poucos.

É isso o que queremos para o Brasil?

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Uma “profecia” em forma de canção


Em 1984, foi lançado o álbum abaixo, “Cantoria”.

Nele, há uma canção, “Matança”, interpretada pelo Xangai.

Na época, eu tinha 24 anos.

Mas me lembro bem o quanto essa canção me marcou.

No entanto, nunca imaginei que viveria para ver o que ela “profetizou”.

Destruímos tanto a natureza, que agora ela como que tenta nos extirpar, da mesma forma que extirpamos a um câncer.

E de nada adianta clamar por Jesus, Maria, Yahweh ou Alá.

Muitos já estão morrendo devido às mudanças climáticas.

Milhares já estão perdendo o pouco que juntaram ao longo de toda uma vida.

O mundo que deixaremos aos nossos filhos e netos será, provavelmente, um filme de terror.

Tudo como resultado das nossas ações e inações, ao longo de décadas.

Por ignorância, descrença, manipulação ideológica das massas.

Ou até mesmo pela vã esperança de sensibilizar quem só enxerga cifrões.

Para agravar as coisas, somos apanhados por esse furacão em meio à ameaça de uma nova Idade Média piorada.

Com grupos nazifascistas a operar máquinas de fanatização político-religiosa sem paralelo na História.

O caos social lhes é propício, e eles sabem disso.

Aos olhos das multidões fanatizadas, as tragédias oriundas das mudanças climáticas soam como “castigos divinos”, a exigir bodes expiatórios.

Temos visto isso nas redes sociais: gente a dizer e a replicar que a tragédia do Rio Grande do Sul foi provocada pela “ira divina”.

Os bodes expiatórios são os de sempre: gays, “comunistas”, feministas, umbandistas, com ênfase nesses últimos.

Isso gera a possibilidade de crimes de ódio.

Afinal, estamos a falar de uma população já desesperada, e que ainda poderá sofrer com doenças decorrentes do contato com águas contaminadas.

E que, mesmo assim, continua a ser massacrada por essa máquina de mentiras e fanatização.

Vimos isso, também, durante a pandemia e na época das últimas eleições presidenciais.

Gente ajoelhada pelas ruas, a rezar; fanáticos religiosos que vandalizaram os prédios dos Três Poderes, na expectativa de um golpe militar.

E enquanto isso, prosseguem as motosserras e o fogo nada divino do agronegócio a destruir florestas.

Prosseguem os garimpos, a especulação imobiliária, as indústrias a poluir os rios.

E prosseguimos todos com o nosso consumismo desenfreado, a “construir” montanhas de lixo por todo lado e a espalhar a fumaça de combustíveis poluentes, como símbolos de dinheiro e poder.

Desde os primórdios da Civilização, e hoje muito, muito mais, vivemos sob o  império do TER.

É o “ter” que nos define.

É o “ter” que nos move.

É o “ter” que nos consome.

E é o “ter” que, enfim, irá nos extinguir.

O Apocalipse que nos espreita é tecno-capitalista-medieval.

Sem Jesus voltando, glorioso.

Mas com montanhas de lixo (roupas, carros, computadores, smartphones, TVs...), onde dantes existiam florestas e rios.

Com multidões em procissão ou ajoelhadas pelas ruas, vítimas das pestes trazidas pela devastação.

E com grandes fogueiras a queimar os “hereges”, nos altares expiatórios.

Para os criminosos que orquestram toda essa destruição (bilionários, barões do agro, banqueiros, grandes industriais) pouco importa que a espécie humana se acabe, desde que vivam como reis-sacerdotes até lá.

Para eles, florestas, rios, bichos e gente são apenas negócios, e nada mais.

E ainda nos dizem que é preciso continuar a “negociar”, no jogo político, com essa bandidagem.

Temos de ser “cordatos", “politicamente hábeis” e parar de “alarmismo”.

Quando o que precisamos, em verdade, é de leis mais duras, com longas penas de cadeia, para enfiar goela abaixo desses abutres o respeito à Constituição.

Resta-nos pouco tempo até o Apocalipse.

Construído pelas mãos humanas.

E que, pelas mãos humanas, também precisará ser detido.


FUUUIIII!!!

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Pra vocês. Pra todos nós.


terça-feira, 7 de maio de 2024

Tragédia no Rio Grande do Sul: a culpa é de Deus. Será?



É fácil culpar a Deus por tudo de ruim que acontece no mundo.

Há uma guerra?

A culpa é de Deus!

Houve uma pandemia?

A culpa é de Deus!

As pessoas estão passando fome?

A culpa é de Deus!

O Rio Grande do Sul foi destruído por enchentes?

A culpa é de Deus!

É sempre Deus o culpado.

É como se Ele fosse perverso e vingativo, uma espécie de espelho do diabo.

Não, a culpa nunca é do ódio, do egoísmo, da ganância do ser humano.

Somos nós os administradores, os “jardineiros” deste mundo.

Mas nunca temos responsabilidade alguma por tanta dor e sofrimento.

Agora mesmo, nas redes sociais, profetas de Baal juram que Deus é o culpado pelas tragédias que se abatem sobre o Brasil, como essa do Rio Grande do Sul.

Dizem que é a ira de Deus que tem provocado essas enchentes, por causa de um show ou de uma saia curta.

Querem que acreditemos que Deus não passa de um lunático, cuja única preocupação é matar pessoas, por causa de meia dúzia de gays e feministas.

Quando, em verdade, todas essas tragédias são obras das mãos humanas.

São obras de grandes fazendeiros, madeireiros, donos de garimpos, industriais, e dos políticos que protegem essa gente.

São esses ricaços que destroem as nossas florestas e poluem os nossos rios.

É a ganância deles a maior responsável por essas mudanças do clima, que atingem o Brasil e o mundo: as ondas de calor e de frio e as inundações.

Mas todos também somos responsáveis por tudo isso, quando não cuidamos do meio ambiente e nada fazemos para deter toda essa destruição.

Não, Deus não tem nada a ver com esses desastres ambientais, e com toda essa miséria, guerras, violência.

O mundo está assim por causa da nossa ganância, do nosso egoísmo, da nossa falta de amor ao próximo.

É o ser humano quem odeia, persegue e mata!

É o ser humano quem está acabando com toda a vida deste Planeta!

Somos nós, com o nosso amor ao dinheiro, à fama e ao poder!

Com toda essa adoração a Mamom, que transforma até igrejas em mercados.

Com esse "Cristianismo" do ódio, que é oposto a tudo o que Jesus ensinou.

Com esse "Cristianismo" de fariseus, que só se preocupa com as aparências.

Com esse "Cristianismo" que se escandaliza diante de um gay ou de uma saia curta, mas que não se escandaliza diante da fome de uma criança.

Um "Cristianismo" que acha "normal" a destruição do mundo por meia dúzia de ricaços.

Que acha "normal" pastores espancarem e assediarem mulheres e crianças.

Que acha "normal" pastor que até beija a boca da própria filha, estimulando outros homens a fazerem o mesmo.

E, novamente, a culpa é de Deus. Porque esses pastores seriam "ungidos", que ninguém pode acusar, sob pena de sofrer a ira de Deus.

Como se Deus tivesse virado um mero guarda-costas de criminosos.

Quando será que o ser humano deixará de culpar a Deus por tudo de ruim?

Quando será que o ser humano assumirá a responsabilidade pelo seu egoísmo, ganância e crueldade?

Quando pararemos de transformar Deus em um psicopata, sedento da dor de tantos inocentes?

Quando tantos irmãos deixarão de distribuir essas mentiras, essas fake news, cujo pai é o diabo? 

Essas mentiras que machucam ainda mais quem já está tão machucado?

Quando aprenderemos realmente a amar a Deus, e a ver Nele um criador amoroso e cheio de misericórdia?

De que valeu, afinal, todo o sofrimento, todo o sacrifício de Jesus?

sábado, 4 de maio de 2024

Reflexões sobre os presos do 8 de Janeiro: até quando os chefões nazifascistas continuarão soltos?



Dá um misto de tristeza, revolta e espanto assistir aos interrogatórios dos bolsonaristas que participaram do 8 de Janeiro, a tentativa golpista de instaurar uma ditadura nazifascista no Brasil.

Tristeza porque essas pessoas destruíram não “apenas” o patrimônio público, mas as próprias vidas.

Espanto pelo grau de perturbação mental que demonstram: elas não conseguem entender a gravidade do que fizeram.

E preferem sacrificar o bem-estar de seus filhos e a própria liberdade, a acusar Jair Bolsonaro, o nazista-mor que as colocou nessa situação.

Revolta porque Bolsonaro, militares, empresários, políticos e pastores que articularam aquela tentativa golpista continuam soltos.

E talvez assim muitos deles permaneçam, devido às tenebrosas transações que sempre marcaram a política brasileira.

Além disso, também permanecem livres os operadores das redes de fake news que levaram essas pessoas a tal nível de fanatismo.

É difícil assistir a esses interrogatórios e não sentir pena delas.

Para vacinar-se contra esse sentimento tão humano, é preciso lembrar, a todo momento, que se elas tivessem alcançado o poder ditatorial que desejavam, estariam agora nas ruas a apedrejar gays, pretos e feministas.

Entre os bolsonaristas já sentenciados, com penas que chegam até a 17 anos de cadeia, há trabalhadores que ganhavam R$ 3 mil por mês, ou até menos.

E aí você se pergunta: como é possível que gente tão pobre, que ganha R$ 3 mil por mês para sustentar uma família numerosa, sacrifique a própria liberdade, em defesa dos barões do agronegócio e de um bandido como Bolsonaro?

Isso vai muito além do massacre ideológico nosso de cada dia. É um nível de lavagem cerebral muito mais profundo, só possível nestes tempos de redes sociais sem qualquer controle social.

Uma sectarização em massa que transforma donas de casa, idosos, estudantes, operários em criminosos violentos, capazes de vandalizar prédios públicos, tentar instaurar uma ditadura nazifascista e planejar até o enforcamento de magistrados, em praça pública.

E tudo entre sorrisos, selfies, cânticos, orações. E, por vezes, com o mesmo ar inocente que exibem nesses interrogatórios.

É uma perversão de valores: eles defendem a humilhação, segregação, prisão, tortura, extermínio de outros seres humanos, por causa de religião, gênero, política, “raça”, saia curta ou sabe-se lá mais o quê.

No entanto, acham que isso é que é o “Bem”.

Acham que agem “em nome de Deus”.

E no espelho distorcido em que se veem, acreditam-se, sinceramente, os “heróis” dessa fita.

É a transformação da maldade em “bem coletivo”, e até em ideal de vida.

É a criação de um exército de fanáticos dispostos a tudo, para a construção de um “paraíso” teocrático e sanguinário.

Coisa que nos habituamos a ver, nos últimos séculos, apenas em países do Oriente.

E da qual nos acreditávamos livres, com a evolução histórica que nos conduziu ao Estado laico e à Democracia.

Entre os bolsonaristas já apenados, há idosos, pastor, desempregados, pequenos empresários, portadores de diplomas de nível superior ou apenas do ensino fundamental.

Gente de todo tipo e condição social, cujo liame parece ser exclusivamente o fanatismo político-religioso.

E há jovens, de 20 e poucos anos, que você até pensa: “ela poderia ser a minha filha”...

Pessoas que poderiam ser nossos amigos, vizinhos, familiares. Algumas, de aparência frágil e doce.

Mas que essa seita maldita, que é o bolsonazismo, transformou em um perigo para a sociedade e para elas mesmas.

Há gente que largou os filhos pequenos (crianças, adolescentes, alguns até doentes), e se jogou de uma cidade distante até Brasília, para conquistar o “direito” de perseguir e matar os outros, em nome desse novo “bem comum”.

Nos rostos de juízes que presidiram esses interrogatórios, é possível identificar, às vezes, uma certa tristeza.

Especialmente, diante de jovens que tinham um futuro promissor, mas que acabaram destruindo as próprias vidas.

Ou diante de pais e mães de crianças pequenas. E que, além de destruírem as próprias vidas, destruíram as vidas delas também.

Não creio que haja alguma coisa que se possa fazer por essas pessoas, a não ser rezar.

A meu ver, nem terapias e nem os longos anos que passarão na cadeia, conseguirão trazê-las de volta à realidade.

Elas simplesmente não entendem a gravidade do que fizeram e intentaram.

Acreditam-se “injustiçadas”, “vítimas inocentes”, “mártires” da luta por esse Estado Teocrático, que, em suas mentes perturbadas, será semelhante ao Paraíso.

E, provavelmente, continuarão a alimentar-se, na prisão, dessa realidade paralela para a qual foram abduzidas.

Todos cujos interrogatórios assisti até agora, optaram por proteger Bolsonaro: preferiram arriscar-se a longas penas de prisão, a admitir que foram as sistemáticas mentiras dele que os fizeram convergir para Brasília, no 8 de Janeiro, na expectativa de um golpe militar.

Mentiras sobre “fraude” nas urnas eletrônicas. Mentiras sobre um comunismo imaginário, que ameaçaria a liberdade religiosa e o Brasil. Mentiras sobre a iminência de um golpe militar, que Bolsonaro sempre soube impossível, sem o apoio dos EUA.

Não sei se eles tinham realmente consciência de que as pesadas sentenças eram não apenas um risco, mas o resultado previsível da opção que fizeram.

Mas também não sei se essa consciência, na irrealidade em que vivem, faria alguma diferença.

Apesar do coração apertado, ficou-me a certeza de que eles e todos os que atentarem contra Democracia têm de ser exemplarmente punidos. E sem qualquer possibilidade de anistia.

Ficou-me também a certeza de que é preciso mostrar ao povo brasileiro toda a carga destrutiva dessa seita diabólica, que é o bolsonazismo.

E, sobretudo, de que é preciso “desligar” essa fábrica de abduções mentais.

É preciso que a Sociedade e o Estado estabeleçam o controle das redes sociais, com duras penas para os criminosos que espalham fake news; e para as Big Techs donas dessas redes, que fazem cara de paisagem diante de toda essa tragédia.

É urgente, ainda, colocar Bolsonaro e os chefões nazifascistas atrás das grades. Com ou sem farda, com ou sem mandato, com ou latifúndio, com ou sem Bíblia na mão.

Eles precisam pagar não apenas pelos crimes que intentaram contra o Brasil e todos nós.

Mas, também, pelos crimes irreparáveis que cometeram contra as pessoas que fanatizaram.

Eles precisam pagar pela captura de tantos brasileiros nessa alucinação coletiva, que tanta destruição já causou.

Nem o maior tragediógrafo imaginaria uma tragédia social como a que estamos a viver: filhos expulsos de casa pelos pais, pais que já não conseguem reconhecer os próprios filhos, milhares de famílias despedaçadas por causa dessa fanatização.

Espero que todos os chefões nazifascistas peguem décadas e décadas de cadeia, para que tão cedo não vejam a luz do sol.

E que, se inferno houver, que as suas almas queimem por toda a eternidade.

Que Deus me perdoe, mas não consigo sentir nem um pingo de misericórdia por gente que usa até mães de crianças pequenas e velhinhos doentes como bucha de canhão.


FUUUIIII!!!!

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Sem anistia: todos os golpistas no xilindró!


 

É ou não é muita cara de pau?

Em 8 de Janeiro do ano passado, bolsonaristas invadiram o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

Quebraram vidraças, móveis, obras de arte. 

E até espancaram jornalistas e policiais.

Queriam acabar com a Democracia.

Queriam uma ditadura militar.

Uma ditadura como a que tivemos durante 20 anos.

Que perseguiu, prendeu, torturou e matou milhares de pessoas.

Mas agora, os bolsonaristas querem bancar os “coitadinhos”.

Dizem até que estão sendo “perseguidos”.

Só porque estão indo pra cadeia, por causa dos crimes que cometeram.

Parece ou não parece papo de assaltante apanhado pela polícia?

Bolsonaristas tentaram até explodir uma bomba, perto do aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022.

Imagine se essa bomba não tivesse falhado.

Imagine quantas pessoas teriam morrido.

Alguém os obrigou a fazer o que fizeram?

Alguém apontou uma arma pra cabeça deles?

Não.

Eles agiram assim de livre vontade.

E sabiam, sim, que estavam cometendo crimes.

Imagine se todo mundo resolvesse explodir bomba, quebrar prédio público e tentar dar golpe, só porque lhe deu na telha.

Imagine o terror que estaríamos vivendo, se o golpe que eles queriam tivesse dado certo.

A ditadura militar foi tão perversa, que torturou até crianças.

Que torturou e matou até mulheres grávidas.

E são esses perversos que os bolsonaristas admiram.

É essa ditadura que eles queriam repetir.

Não, eles não são “santinhos”.

Não, eles não são “coitadinhos”.

E têm, sim, de pagar pelos seus crimes.

Mas não só eles: os chefes deles também.

Cadê os militares, os deputados, os pastores, que planejaram esse golpe?

Cadê o Bolsonazi, o chefão dessa quadrilha?

Esses covardes foram os maiores responsáveis pela tentativa golpista.

Depois, abandonaram os coleguinhas presos.

Pra fazer de conta que não tiveram nada a ver com aquilo.

Mas no CarnaGado da Paulista, esses covardes vieram até  pedir “anistia”, “perdão”, pros coleguinhas presos.

E sabe por quê?

Porque se houver anistia, eles, os chefes, também ficarão livres.

Prontos pra tentar um novo golpe, na primeira oportunidade.

Mas não, não vai ter anistia.

Não vai ter esse negócio de “passar uma borracha” e “esquecer o passado”, como pediu o Bolsonazi, quase derramando lágrimas de crocodilo.

Todos esses bandidos vão é pra cadeia.

Pra que nunca mais ninguém tente impor uma ditadura neste país.

Pra que nunca mais ninguém tente roubar a nossa liberdade.

A liberdade de ser o que quisermos.

De amar quem quisermos.

De ter a religião que escolhermos.

De lutar pelos nossos direitos.

De não sermos presos, torturados e mortos, pelas nossas opiniões.

A liberdade que custou o sangue de tantos irmãos brasileiros.

A liberdade que é um direito fundamental de cada um de nós.

E que será, certamente, a maior herança que todos deixaremos às futuras gerações.

Viva a Democracia!

Viva a liberdade!

Sem anistia!

Cadeia pra todos os bandidos golpistas!


FUUUUIIIII!!!!!!

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Senadora Damares Alves, sobrinha do Josué Bengtson, ofende o povo do Pará, mais uma vez. Segundo ela, crianças do Marajó sofrem “abusos”, mas quem denuncia é “silenciado”.



A senadora Damares Alves, do partido Republicanos, voltou a ofender a população do Marajó e de todo o estado do Pará.

Em suas redes sociais, ela disse que as crianças do Marajó sofrem “abusos”.

E que quem tenta denunciar é “silenciado”.

Disse que é preciso que o Brasil “acorde”.

Para que, segundo ela, as pessoas sejam forçadas a agir, diante do “choro silencioso” das nossas crianças.

Quer dizer: pelo que afirma essa senadora, as nossas crianças são maltratadas, agredidas, ou até violentadas, aos montes.

Mas nós, os paraenses, não estamos nem aí.

ONGs do Marajó já desmentiram essa criatura perturbada.

E ela até já responde a um processo, pelos absurdos que inventa sobre o Marajó.

E eu fico pensando: como é que pode uma senadora, uma “pastora”, mentir desse jeito?

Se o diabo é o pai da mentira, o que é que é essa mulher?

Na verdade, tudo isso não passa de politicagem canalha e covarde.

O que a Damares quer é usar as crianças do Marajó, pra conseguir votos pra patota dela.

Essa patota de bolsonaristas doidos de pedra, que até rezam pra ET.

Ela não está nem aí pra criança, pra Marajó, nem pra nada.

Ela cria esses escândalos só pra enganar os crentes, pra que eles votem nos candidatos dela.

Pode reparar: toda eleição ela vem com esse papo furado.

Aí, depois que acaba a eleição, ela pega o beco.

Foi assim na eleição de 2022.

Ela espalhou, uma mentira, uma fake news, sobre abusos sexuais horríveis, que estariam ocorrendo contra as nossas crianças.

Ela disse que bandidos sequestravam criancinhas do Marajó, arrancavam os dentes delas e só as alimentavam com comida pastosa, pra facilitar o sexo com os pedófilos.

Aí, a imprensa perguntou pra ela: “Cadê as denúncias desse negócio?”, “Cadê os documentos?”, “Cadê as provas?”

E aí, a tal da Damares, no maior perobal, disse mais ou menos assim: “Ah, isso são histórias que ouvi nas ruas!”

Nas ruas?

As pessoas estão até comentando isso nas ruas, e ninguém nunca ouviu falar?

Nem jornalistas, nem religiosos, nem policiais, nem mesmo as famílias e os vizinhos dessas crianças?

Ou será que todos nós, paraenses, sabíamos dessa aberração, e nunca fizemos nada?

Será que era isso que essa criatura queria que o resto do Brasil pensasse de nós?

Por causa dessa mentira, a Damares está sendo processada pelo Ministério Público.

E eu acho é pouco, que é pra ela aprender a respeitar o povo do Pará.

Aqui não é tudo tarado, não, senadora!

Aqui ninguém vive olhando fantasia sexual de pedófilo, na deep web!

Aqui tem cidadãos, famílias, que jamais permitiriam as monstruosidades que a senhora diz que ocorrem no Pará!

Depois dessa nova mentira da Damares, a patota bolsonarista dela espalhou na internet mais um monte de mentiras.

Tudo pra mostrar o Marajó como um “paraíso” pros abusadores de crianças.

E foi uma mentirada tão absurda, que o Governo mandou até abrir uma investigação, pra identificar os criminosos que espalharam esses horrores.

E sabe o que é que mais me revolta?

É que essa tal de Damares é sobrinha do empresário-político-pastor Josué Bengtson, que chegou aqui com uma mão na frente, e outra atrás.

Ninguém me disse: eu vi!

O Josué dirigia um carrinho caindo aos pedaços. Se não me engano, um fusca.

E a mulher e os filhos dele andavam até com a roupa tudo remendada.

Todos os domingos, eles almoçavam lá em casa, porque a mamãe tinha uma pena danada deles.

Mas hoje o Josué tá rico, milionário, graças à generosidade do povo do Pará.

O mesmo povo que a sobrinha querida dele não se cansa de ofender.

Pra ver como é que são as coisas, né?

A gente aqui recebe todo mundo de braços abertos.

Porque somos um povo bom, de coração enorme.

Mas algumas dessas pessoas são incapazes de um mínimo de gratidão.

Pelo contrário: elas têm é preconceito contra a gente.

Pensam que achamos “natural” que abusem das nossas crianças.

Mentem, e mentem, e mentem, pra que o Brasil nos veja como um bando de monstros.

E olhe que, mesmo assim, ainda têm a cara de pau de se dizerem “religiosos”.

FUUUIIII!!!!


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Aqui, matéria do UOL sobre as novas mentiras da Damares: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/02/22/ongs-do-marajo-questionam-tuite-de-damares-que-associa-regiao-a-pedofilia.htm

E aqui, também na revista Forum: https://revistaforum.com.br/brasil/2024/2/22/damares-usa-cantora-gospel-fake-news-para-abrir-caminho-de-misses-de-evangelizao-no-marajo-154496.html

No G1, a investigação que o Governo mandou abrir sobre o caso: https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/02/24/agu-vai-investigar-se-redes-de-desinformacao-atuaram-para-espalhar-fake-news-sobre-criancas-na-ilha-do-marajo.ghtml

Aqui, postagem da Perereca sobre as mentiras da Damares, acerca de terríveis abusos sexuais contra criancinhas do Marajó. Mentiras que ela espalhou às vésperas do segundo turno das eleições de 2022: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2022/10/alo-alo-marajo-alo-alo-mpf-damares.html

E aqui, postagem mostrando que ela nunca denunciou esses supostos crimes ao Ministério Público: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2022/10/damares-usa-as-nossas-criancas-e-ofende.html

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Bolsonaro, a nau dos desesperados e a grande batalha de comunicação que se avizinha.



 Assim como na natureza, também na política um animal acuado lutará ferozmente.

“Pelos eriçados”, para parecer maior do que é, partirá para o ataque, a fim de assustar os adversários e obter uma rota de fuga.

Mais do que as eleições municipais, o foco imediato de Bolsonaro é o próprio pescoço.

Porque, obviamente, ele já sabe que o seu encarceramento se aproxima.

O mesmo vale para os “pastores” e outras lideranças nazifascistas, que sabem muito bem o que fizeram no Janeiro passado.

Afinal, se a PF e o STF já começam a encurralar até militares de altas patentes, tidos como “intocáveis”, é certo que a hora desses “pastores” e demais lideranças também chegará.

O comício da Paulista é uma jogada perigosa, mas a única que restou a essas pessoas.

Elas precisam demonstrar força.

Precisam invocar o fantasma de uma “agitação popular”.

Para assustar a turma do “deixa-disso”: o centro político, facilmente “assustável” e contemporizador.

Assim, poderão obter uma anistia, ou saída política semelhante, enquanto aguardam novos ventos, oriundos do exterior.

É claro que, como estamos em ano eleitoral, o comício também servirá para animar as fileiras bolsonaristas.

E, ainda, para lhes fornecer argumentos, para a defesa de seus candidatos.

Mas o objetivo principal é mesmo este: fugir das prisões iminentes e se abrigar da chuva, enquanto aguardam o possível retorno de Trump.

Essa postura malandra, dos “espertos” que acreditam que ninguém lhes vê o jogo, dará o tom discursivo desse comício político-religioso.

Teremos, provavelmente, discursos marcados pela falácia do apelo à piedade.

E por graves distorções sobre o que são a Democracia e o Cristianismo, com ênfase nas liberdades religiosa e de “opinião”.

Será, sobretudo, uma grande batalha de comunicação.

E nós não podemos cometer a bobagem de tentar vencê-la com longas teses e linguagem acadêmica.

Temos de ser ágeis: podemos até já ir preparando respostas para o choro fingido da Michele e do Bolsonaro, devido à “perseguição” que jurarão sofrer.

Podemos já ir preparando respostas para os raciocínios tortuosos que cometerão, a fim de confundir crime com liberdade de expressão.

Mas se não usarmos uma linguagem simples, muitas imagens e até uma boa dose de humor, acabaremos derrotados.

E o discurso dessas pessoas se espalhará entre a população, adquirindo ares de “verdade”.

Precisamos ter clareza que os bolsonazistas submeterão o povo à uma torrente de emoções, alavancada pela religiosidade (um grande culto).

Querem obter uma identificação solidária, em relação ao suposto “sofrimento” deles.

Querem se transformar nos “mocinhos” desse filme, o que colocaria ao STF, e a todos nós, no papel de “vilões”.

É o uso do raciocínio maniqueísta, predominante na sociedade, para obter uma blindagem via emocional.

E até para criar uma barreira de comunicação, difícil de transpor, entre nós e o povo.  

É o tipo de manipulação mental que não se consegue combater com longos e complicados discursos, ou com grandes doses de racionalidade.

Precisamos usar a emoção, talvez até contrastando a situação dos liderados que já estão presos, com a dos líderes que tentam escapar.

Precisamos usar o humor, com o seu poder corrosivo e de fixação na memória.

Mas o humor que não é ofensivo às crenças, à moralidade e à inteligência do distinto público.

Do contrário, só conseguiremos é piorar as coisas, frente a esse lacrimoso coitadismo.

Lembrem-se: eles TENTAM, QUEREM enganar o povo.

Mas o povo é muito mais sábio, inteligente, esperto do que isso.

As chamadas das massas à razão, para que percebam as reais motivações desse comício, precisam ser realizadas em linguagem popular, com textos curtos e fartura de imagens.

Textos com orações diretas, frases curtas e sem intercalações.

E, também, dosando a agressividade, para evitar leituras distorcidas e o aproveitamento político pelo lado de lá.

Afinal, tudo o que não queremos é contribuir para a vitimização que pretendem.

Quem puder, produza vídeos ou até podcasts “novelescos”: é hora de exercitar a nossa capacidade de contar histórias.

Mas tudo com duração de segundos, ou de 1 ou 2 minutos, já extrapolando.

E, repetindo: com orações diretas, frases curtas e sem intercalações.

_“Ah, mas eu me lembrei de um detalhe importante!”

Então, acabe o que estava dizendo e, depois, fale sobre aquele detalhe.

O que não pode é quebrar o raciocínio do ouvinte/espectador.

Não tenham medo de repetir palavras, para melhorar a compreensão do que vocês estão dizendo.

Principalmente em áudios e vídeos, que são danados para levar à perda do fio da meada. E, em consequência, do interesse pelo que está sendo dito. 

Também não tenham medo de usar pronomes com verbos flexionados: ele disse, eles juraram.

E esqueçam esse negócio de longos parágrafos, dada a necessidade de sentido completo.

Cortem os parágrafos a cada três ou quatro frases.

Isso tornará a leitura mais leve.

Além de realçar questões importantes, que se perderiam num amontoado de linhas.

Abusem do ponto: “Ela sempre acordava assustada. Porque sentia uma presença em seu quarto”.

Lembrem-se: não é uma disputa pela Academia Brasileira de Letras.

É comunicação popular.

O importante é que as pessoas entendam a mensagem, para que consigam até reproduzi-la.

Não esqueçam de dar títulos chamativos, escandalosos, aos seus vídeos e áudios.

E, também, às suas fotos e textos curtos.

E marquem aí, nas suas agendas: todos nas redes sociais, no final de semana.

........

II

Esse comício político-religioso trará o resultado que eles esperam?

Creio que tudo dependerá da nossa ação, nas redes sociais, e do noticiário da grande imprensa.

Temos de considerar que eles jogarão em condições extremamente favoráveis: governador e prefeito que precisam do apoio eleitoral do bolsonazismo; mobilização das igrejas; dinheiro para bancar a participação de pessoas etc.

Se, apesar de tudo isso, esse comício for um fiasco, poderemos comemorar a redução do “fervor” bolsonarista, ainda que decorrente dos rigores da Lei.

Mas se nos depararmos com uma multidão na Paulista, convém não se assustar.

Em primeiro lugar, porque condições tão favoráveis contaminarão tais números, tornando-os imprestáveis para mensurar o real tamanho desse movimento.

Em segundo, porque temos, sim, condições de combater a propagação desse discurso entre as massas, isolando-o em sua bolha.

No entanto, prestem atenção no seguinte: as lideranças desse movimento não são burras.

O que temos diante de nós é um movimento mundial, que conseguiu chegar ao poder em duas das maiores democracias do mundo: Estados Unidos e Brasil.

E que avança até mesmo na Europa, que foi devastada, há poucas décadas, na guerra contra o nazifascismo.

Os militares e as lideranças bolsonaristas sabem que há grande chance da volta do Trump ao poder.  

E se esses sujeitos conseguirem voltar, lá e aqui, será muito mais difícil derrotá-los, porque eles já sabem os erros que cometeram e não os repetirão.

Por isso, precisamos correr contra o tempo, para expor e encarcerar essas lideranças nazifascistas.

Mas, sobretudo, esvaziar a massa que ainda lideram.

Não sei se todos os abrigos, trincheiras, barricadas, conseguirão nos proteger de um provável vendaval, a partir do ano que vem.

Mas sei que se não tivermos a prisão desses caras e um grande esvaziamento dessas massas, aí sim é que não teremos chance nenhuma.

.........

III

Peço desculpas por estar tão afastada do blog e das redes sociais, só aparecendo quando extremamente necessário.

Desde o ano passado, venho cursando duas graduações simultâneas: Teologia e Jornalismo.

E neste ano, aliás, até troquei o Jornalismo pela Filosofia, que me ajudará nos estudos teológicos.

Penso que o fenômeno religioso e a Comunicação serão os territórios das principais batalhas contra essas hordas, durante as próximas três ou quatro décadas.

Além disso, percebi, há tempos, inquietantes sinais da possibilidade de retorno dessas hordas, nos EUA.

Assim, já no início do ano passado, comecei a me preparar para as batalhas de 2025 e 2026.

E, também, para as batalhas a longo prazo.

E como trabalho e, também, faço cursos de extensão, quase não tenho tempo nem de me coçar.

Preocupa-me, sobretudo, o fanatismo religioso.

Porque precisaremos lutar no território desses pastores nazifascistas; disputar palmo a palmo com eles, para furar essa bolha de ódio, terror, fanatismo e manipulação.

Para mim, e penso que para muitos de vocês, trata-se, também, de defender a nossa fé em Cristo.

Essa aliança entre neonazistas, obscurantistas e fanáticos religiosos é a maior ameaça já enfrentada pela Civilização.

E, também, a maior ameaça já enfrentada pelo Cristianismo.

É a tentativa de extirpar o cerne do Cristianismo, que é o amor de Cristo.

Para incorporar essa Fé à máquina de extermínio neonazista, contra todos aqueles que eles consideram “inferiores”: gays, feministas, pretos e pobres.

Assim, quem puder, enverede também pelo estudo da Teologia e da Comunicação.

Ao longo desta semana não poderei estar aqui: tenho um trabalho a fazer, no jornal.

Mas, no final de semana, contem comigo.


FUUUIIIIII!!!!!