O blog Sol do Carajás, de Parauapebas, foi censurado: por ordem judicial, ele foi obrigado a excluir nove postagens consideradas ofensivas à Flávia Cristina Queiroz Mariano, filha do prefeito da cidade, Walmir Mariano, o “Walmir da Integral”.
Segundo o blogueiro Lindolfo Mendes, as postagens
excluídas tratavam de denúncias de nepotismo, funcionários fantasmas, gastos
sem licitação e atrasos de pagamento à Universidade Federal do Pará (UFPa).
Flávia Mariano, noticiou o blogueiro, era
coordenadora de Licitações e Contratos da Prefeitura, na gestão do próprio pai,
mas foi afastada do cargo por decisão judicial. No dia seguinte, porém, foi nomeada
secretária municipal de Planejamento.
Ainda segundo o blogueiro, os gastos sem licitação
na Prefeitura já ultrapassam R$ 600 milhões, o que estaria documentado em
processos que tramitam no Tribunal de Justiça do Estado (TJE), no portal da
transparência municipal e no Diário Oficial do Estado (DOE).
Lindolfo também observa que a sentença que o
condenou não apontou as expressões que
poderiam ser consideradas ofensivas à filha do prefeito.
O caso foi apreciado por um juizado especial, que,
comenta Lindolfo, “não comporta tema tão complexo e caro à democracia como o é
a LIBERDADE DE EXPRESSÃO e o DIREITO À INFORMAÇÃO, ainda mais quando envolve
agente político, titular de secretaria municipal”.
O advogado Helder Igor, que defende o blogueiro, vai
recorrer da decisão.
A Perereca registra
o fato e se solidariza a Lindolfo e ao “Sol do Carajás”.
São vários os blogs censurados pela Justiça paraense,
em um verdadeiro atentado ao direito à informação, já que, em geral, as postagens
censuradas versam sobre temas de interesse público – e não sobre a vida do
quitandeiro da esquina.
Além disso, como já perguntei aqui, alguém considera
legítimo e legal mandar destruir livros de História de uma biblioteca? Então,
como é que um juiz determina a exclusão de conteúdo de blogs jornalísticos que
documentam a História da sociedade em que vivemos?
Por todo o Brasil, infelizmente, magistrados têm se
prestado a exercer o papel reservado aos antigos censores da ditadura militar.
Privilegiam a imagem de agentes públicos e políticos,
em detrimento do direito à informação.
Ou seja, privilegiam o direito de um indivíduo que,
por livre escolha, decidiu receber ou administrar recursos públicos, em
prejuízo do direito de toda a sociedade de saber como tais recursos estão sendo
gastos.
O mais impressionante é que tais sentenças, que não
raro envolvem também punições pecuniárias, atingem principalmente blogueiros –
mas não as grandes empresas jornalísticas, que, muitas vezes, divulgam o
mesmíssimo conteúdo dos blogs.
Sinal de que a Justiça brasileira precisa buscar,
urgentemente, quem lhe “conserte” os pesos da balança.
Leia
mais sobre a censura ao Sol do Carajas:
E
leia no jornal Diário do Pará denúncias de irregularidades que teriam sido
cometidas pelo prefeito Walmir Mariano; fraudes que chegariam a R$ 100 milhões:
http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-323242-fraudes-ja-chegam-a-r$-100-milhoes.html
E
leia na Perereca declarações do procurador de Justiça Nelson Medrado acerca de
irregularidades detectadas naquela prefeitura:
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2015/04/prefeituras-paraenses-na-mira-do-mp.html
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