Vamos a mais um comentário.
"Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Berlinda2":
Ana Célia,
Não a conheço pessoalmente, mas pelo que sei, você é uma boa jornalista, competente, e não vai deixar de sê-lo por conta de toda essa discussão, assim como o Fábio Castro não deixará de ser um bom professor e crítico da nossa sociedade, sob a ótica de grandes pensadores franceses.
Não se desgaste demais com tudo isso. Pelo que você apontou sobre a própria trajetória, a tensão, a tristeza e o estresse não fazem jus a todo esforço que vens empreendendo para ter uma vida digna.
O confronto é positivo apenas se o debate trouxer aos envolvidos a possibilidade de refletir sobre a própria conduta, valores, credos. E foi essa a crítica feita em relação à cobertura do FSM. Pode ter sido uma interpretação truncada - pode ser -, mas a idéia era discutir mesmo, trazer à tona as múltiplas interpretações que podem ser feitas, inclusive no contexto de todo o texto, de uma simples palavra, "fauna".
Desculpe se a aborreci, não foi essa a intenção e não voltará a acontecer.
No mais, tenha um dia ameno e realmente bom.
9:53 AM"
Minha resposta:
Olha, anônimo das 9:53:
Não fiquei aborrecida. Fiquei é chocada, triste e até um bocado angustiada, porque um texto jornalístico é um texto simples. Não é um tratado, nem um romance ou um conto complexo, como aqueles produzidos pelo Machado de Assis, por exemplo. Um texto jornalístico é alguma coisa que se pretende acessível a quem possuir um mínimo de competência de leitura.
Fiquei agoniada porque a minha vida inteira tenho feito um esforço enorme para simplificar aquilo que escrevo, porque entendo que o esforço de compreensão cabe, em primeiro lugar, ao autor. É o autor que tem de traduzir numa linguagem fácil, acessível, aquilo que pensa.
Quando li o primeiro e-mail que me acusava de ter chamado o pessoal do FSM de “animais”, imaginei que se tratasse simplesmente de uma mentira, falta de caráter, sei lá.
Mas, quando li o segundo e-mail, percebi que a pessoa que o escreveu acreditava piamente nisso. Quer dizer: leu, sinceramente, de forma pejorativa a expressão “fauna” diversificada, que usei em relação ao pessoal do FSM.
Fiquei ontem à noite pensando nisso, hoje de manhã pensando nisso. E, se você quer saber, me senti realmente muito abatida – “desconstruída”, como disse.
Cada vez que me deparo com algo assim, fico a pensar em todo o mal que a ditadura militar fez a este País; na gravidade, na extensão desse projeto destrutivo que ela empreendeu em relação ao ensino brasileiro.
Confesso que essas coisas deixam a gente até meio que desesperançado...
A maneira como se foi buscar esse texto, “para me desmascarar”, não deixa dúvida de que realmente foi interpretado de forma distorcida.
E eu fiquei olhando aquele texto, lendo e relendo, analisando a própria estrutura dele, que é uma estrutura leve, como convém, aliás, a um texto acerca de um evento como o FSM.
Fiquei olhando se o contexto – que é quase uma celebração à “doidice” daquela meninada; que é de riso, mas, quase que de nostalgia em relação a essa coisa tão radical da juventude – permitiria, em algum momento, essa leitura ofensiva da expressão “fauna” diversificada.
E eu lhe digo com toda a sinceridade, anônimo: preferia mil vezes que o erro fosse meu; que eu tivesse expressado de alguma forma essa obscenidade que me foi atribuída.
Porque, ao constatar a outra hipótese, a de um erro tão grosseiro de leitura por parte de um jornalista, de um formador de opinião, em relação a um texto simples, sinto uma angústia enorme, indescritível.
Das duas uma: ou a pessoa lê o que escrevi dessa forma por uma questão psicológica (ou porque, na verdade, vê aquela festa toda como “animalesca”; ou porque é vítima de um “ruído” de comunicação provocado por uma aversão ao autor) ou lê o texto dessa forma por falta mesmo de capacidade de leitura.
E aí, a gente chega à enormidade que é a tarefa de reconstrução do ensino brasileiro e à enormidade que é essa tarefa de quebrar as barreiras de comunicação com as massas, já que até naquilo a que chamamos “elites” há tamanha dificuldade de compreensão textual.
E confesso, anônimo, que coisas assim me fazem sentir muito cansada. Com vontade, sabe?, de sumir lá pras bandas de Algodoal e passar o resto da vida só olhando o mar e enchendo a cara – claro está que, com um pescador parrudíssimo à tiracolo...
Pode me “incomodar” à vontade; não se avexe. Daqui a pouco vou ouvir a “Nação” do João Bosco e isso passa. Obrigada pela sua valiosa participação, por nos fazer pensar. Afinal de contas, tudo o que vale a pena é dor e é prazer.
FUUUIIIIIIIII!!!!!!!!
4 comentários:
Égua,
É muita neurose, Perereca. Escreves 5 mil e tantos caracteres, gasta um cuspe danado até com os comentários anônimos. Relaxe. Não sei de onde tiras tanto fel. És um cão em busca de notícias, com um faro pouco visto hoje em dia. Não percas tempo com anônimos. Outra coisa: o Fábio era um bom professor até pular de cabeça no governo. No "poder", não mostrou muita serventia. Ele te usou como exemplo de uma realidade da imprensa paraense e pode ter errado nisso, mas a avaliação primorosa é procedente, com ressalvas - e acredito que esteja dentro dessas ressalvas.
FUI!
Anônimo de uma hora qualquer
Oi, anônimo das 8:43.
Não conheço o Fábio Castro – e pra falar a verdade, agora nem quero.
Fiquei muito chateada com a maneira como ele agiu. Até disse, ao responder um comentário: e se eu não tivesse visto o que ele escreveu? Tava ardendo numa fogueira inquisitorial e nem sabia, né? Ele pode até ser um grande professor e um grande intelectual, não estou dizendo o contrário. Égua, mas foi muito lamentável o que ele fez!...
Quanto à postagem que escrevi em cima desse comentário é que fiquei realmente perplexa, até agora não digeri a história de um jornalista achar que chamei de animais os participantes do FSM só por causa da expressão “fauna” diversificada.
Já não estou tão amargurada, mas, continuo atônita.
Égua, que eu nunca tinha visto isso, mano!
Obrigada pela visita. Bjs
ele é um babaca.
Zoólogos e paleontólogos geralmente usam o termo fauna para se referir a uma coleção de animais tipicamente encontrados em um período específico ou lugar específico.
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