domingo, 28 de agosto de 2022

Lula e a cova dos leões




Tenho minhas dúvidas se Bolsonaro irá ao debate deste domingo.

À primeira vista, tal ida mais parece suicídio político, devido ao seu desequilíbrio emocional, despreparo e diminuta inteligência.

Mas não se pode esquecer de que ele está cercado por uma equipe de profissionais de marketing.

Assim, se ele for, será dentro de uma estratégia para criar, talvez, um fato político que o mantenha na “crista da onda”.

Ou, quem sabe, para tentar vitimizar-se, até com o recurso às lágrimas de crocodilo.

Ou, ainda, para atrair Lula para uma armadilha.

Afinal, se Bolsonaro na última hora não comparecer, ou se retirar logo após o início do debate, as baterias dos demais candidatos tendem a se voltar contra Lula.

Especialmente, as baterias de Ciro Gomes.

Então, Lula não deveria ir?

Em geral, a recomendação do marketing a candidatos que possuem tão ampla vantagem nas pesquisas, com possibilidade de vencer a eleição já no primeiro turno, é para que evitem se expor desse jeito.

Mas não creio que isso se aplique a Lula, tendo em vista a sua capacidade de comunicação, o processo de satanização que sofreu e a conjuntura do país.

Quer se goste dele ou não, é forçoso admitir que Lula é um fenômeno de comunicação popular.

Ele consegue se fazer entender por todas as camadas sociais, e se fazer acreditar por boa parte delas.

Não bastasse isso, também emociona a plateia, como se estabelecesse um link direto com o coração daqueles que o escutam.

A entrevista ao Jornal Nacional deixou patente a inteligência, o preparo e a capacidade de comunicação desse senhor, que quase não esquentou os bancos escolares.

Mas que soube agarrar cada oportunidade de aprender, que Deus e a vida lhe ofereceram.

Foi assim que se tornou PhD das profundezas humanas: daquilo que se esconde por trás das dezenas de máscaras que todos usamos, para conter e dissimular o animal em nós.

Foi assim que compreendeu a necessidade de ler e se preparar para conviver com os intelectuais que há décadas o cercam, para não acabar virando uma Maria vai com as outras.

Foi assim que aprendeu a rever, interiormente, cada uma das batalhas que enfrentou: não para chorar e quedar-se inerte, com pena de si mesmo. Mas para extrair lições dos erros, acertos, circunstâncias, e seguir em frente, ombros eretos e cabeça erguida.

Lula é um forte. Mas possui uma qualidade que nem sempre os fortes possuem: a solidariedade para com os mais fracos.

A nobreza de sentimentos que leva a estender as mãos aos caídos, por enxergar neles um espelho da sua própria humanidade.

Foi esse homem de inteligência luminosa, a quem as circunstâncias negaram os bancos escolares, mas que se doutorou na escola da vida, que os brasileiros viram na entrevista ao Jornal Nacional.

Diante dele, dois dos mais renomados jornalistas brasileiros.

E o local, uma espécie de cova dos leões.

A poderosa Rede Globo, habituada a eleger e a derrubar governos.

A máquina de manipulação das massas que a ditadura militar impulsionou.

E que teve papel estratégico na tentativa de destruição da imagem de Lula.

Não fosse ele também um gigante da comunicação, é possível que nem pudesse andar pelas ruas, sem acabar humilhado.

Provavelmente, todos os políticos quereriam distância dele.

Mas o que vemos é justamente o oposto: milhões de pessoas se reúnem para ouvi-lo, nas ruas e através dos veículos de comunicação.

E os políticos, de todos os partidos, disputam até a simples possibilidade de usar o nome dele em suas campanhas.

E lá estava Lula na cova dos leões, na última quinta-feira (25/08), capturando a atenção de milhões de brasileiros.

Ao final da entrevista, ouviram-se gritos de comemoração e até foguetório, em várias cidades, em um clima de jogo vitorioso da seleção brasileira.

Pudera: na cova dos leões, em vez de medo e nervosismo, Lula mostrou segurança, tranquilidade, competência.

Em vez de abaixar a cabeça, olhou nos olhos de William Bonner, e até sorriu das perguntas do jornalista.

Não para debochar, ou como se apenas já as esperasse.

Mas por perceber que as armadilhas que lhe atiravam, crentes talvez de que sucumbiria, eram uma oportunidade ímpar para se defender da máquina de moer gente a que foi submetido, ao longo de décadas.

Lula saiu ainda maior daquela entrevista.

E a Rede Globo ainda menor, dado o envergonhado e insincero pedido de desculpas, que se resumiu ao reconhecimento de que Lula não deve nada à Justiça.

Como se só isso fosse suficiente, depois de todos os anos que aquela emissora gastou, para ajudar a encarcerá-lo.

Mas o desempenho de Lula mostrou o quanto o palanque televisivo pode ajudá-lo a conquistar os votos de que precisa, para liquidar essa fatura ainda no primeiro turno.

Sua inteligência, preparo, coragem, equilíbrio emocional, domínio da palavra, capacidade de se comunicar com as massas, formam um conjunto de qualidades que nenhum outro presidenciável possui.

Um conjunto de qualidades que, quando levado massivamente ao distinto público, gera um impacto positivo naqueles que não o conhecem, além de vencer a resistência daqueles que acreditaram nas campanhas difamatórias contra o ex-presidente.

Também a conjuntura recomenda a participação de Lula no debate deste domingo, e nos demais.

As ameaças bolsonaristas às eleições fatalmente se tornarão ainda mais agudas, em um eventual segundo turno.

Haverá, certamente, ainda mais derramamento de sangue e de dinheiro.

Um clima de terror como nunca vimos, na história recente deste país.

Assim, é preciso avançar não apenas nas redes sociais e no trabalho de formiguinha, que é extremamente eficaz para a conquista de votos.

É preciso, também, ocupar todos os espaços possíveis nos palanques eletrônicos, o que significa comparecer a debates e entrevistas.

Deus protegeu e iluminou o Lula até na cova dos leões.

Certamente, Ele vai protegê-lo e iluminá-lo em qualquer lugar.


FUUUIIIII!!!!!

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Criminosos falsificam vídeo com Renata Vasconcellos e pesquisa eleitoral, para colocar Bolsonaro à frente de Lula. Cuidado: as falsificações de áudios e vídeos, com avançadas técnicas de computador, estão apenas começando. Por incrível que pareça, essas técnicas permitem até “ressuscitar” pessoas. E as fraudes são tão perfeitas que podem até enganar você.




Na semana passada, um vídeo que circulava nas redes sociais assustou políticos e jornalistas.

Nele, a apresentadora do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos, anunciava uma pesquisa do Ipec na qual o presidente da República, Jair Bolsonaro, teria 44% das intenções de voto, contra apenas 32% do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Motivo do susto: o vídeo é falso.

Na pesquisa verdadeira do Ipec, é Lula quem tem 44% das intenções de voto, contra 32% de Bolsonaro.

Mas o vídeo falsificado ficou tão perfeito que deixou muita gente de cabelo em pé, com medo das notícias falsas (fake news) que ainda aparecerão nesta campanha eleitoral.

Foi assim: os criminosos gravaram um pedaço do Jornal Nacional, do último 15 de agosto, no qual Renata Vasconcellos falava sobre a nova pesquisa do Ipec.

E aí, no pedacinho em que ela anunciou o resultado da pesquisa, eles substituíram a voz dela por uma voz parecida, lendo o resultado falso.

Também trocaram o gráfico verdadeiro, que apareceu no Jornal Nacional, por um gráfico falso, para mostrar Bolsonaro na frente.

Tudo usando técnicas tão avançadas de montagem de vídeos, que até os pais da Renata Vasconcellos podem ter acreditado que aquela voz falsa era dela.

Essas técnicas são chamadas de “deepfake”, uma expressão inglesa que significa “mentiras profundas”.

E você precisa saber o que é “deepfake”, para não acabar enganado.

Porque, com essas técnicas, é possível fazer com que qualquer pessoa apareça fazendo ou dizendo coisas horríveis.

Como, por exemplo, que é “adorador de satanás” ou “a favor da pedofilia”.

E o pior é que tudo parece tão real, tão verdadeiro, que você pode acabar acreditando.

Por incrível que pareça, com deepfake dá até para “ressuscitar” pessoas.

E até “conversar” com o morto.


O que é deepfake?


Sabe aqueles aplicativos dos smartphones, que trocam a cara e a voz de um famoso, pela sua cara e voz?

A técnica é a mesma.

Só que os vídeos e áudios feitos com deepfake, para campanhas eleitorais, têm uma aparência muito mais verdadeira, para que consigam enganar o eleitor. 

Funciona assim: o falsificador pega um computador “poderoso” e coloca nele um monte de vídeos daquele político.

Aí, pega um programa de deepfake, para manipular, ou seja, “mexer”, nessas imagens de vídeo.

Um programa é uma espécie de “pacote de instruções”, para que um computador faça determinadas coisas.

Tá ligado no Word, que você usa para escrever seus trabalhos da escola, um hino da igreja, ou o seu currículo?

Pois é: o Word é um programa que “diz” ao computador como escrever tudo isso.

Os programas de deepfake examinam todo o rosto do político, que está nas imagens colocadas no computador: o formato, a cor, os movimentos de seus olhos, a maneira como ele movimenta a boca.

Também examinam a maneira como ele fala, como ele diz as coisas.

Aí, o falsificador grava um vídeo, no computador, falando as coisas que ele quer botar na boca do político. Faz até os gestos que ele quer que o político apareça fazendo.

O programa de deepfake mistura, então, todos esses materiais, e cria uma imagem do político, repetindo, com a voz e o corpo dele, tudo aquilo que o falsificador falou e fez naquele vídeo que gravou.

Ou seja: o deepfake cria uma espécie de “fantasma de computador”, uma coisa que só aconteceu no computador.

Aí, o vídeo falso é espalhado nas redes sociais.


Deepfake até “ressuscita” pessoas


Com deepfake dá até para “ressuscitar” pessoas.

Em 2019, um museu da Flórida, nos Estados Unidos criou, com deepfake, mais de 100 vídeos do pintor espanhol Salvador Dali, que morreu em 1989.

Os vídeos foram espalhados em várias áreas do museu e, segundo reportagens na internet, dava até para “bater papo” com o pintor: https://www.youtube.com/watch?v=faKicQeLHuo

Isso acontece porque as técnicas de deepfake usam “inteligência artificial”, que é quando a máquina aprende e toma decisões, com base nas informações que recebeu.

Sabe quando você faz uma pesquisa no Google e ele lhe sugere um monte de sites?

Ou quando um aplicativo do seu smartphone mostra o caminho que você deve seguir, para chegar a um lugar?

Tudo isso usa inteligência artificial, como vários outros programas que a gente utiliza no dia a dia. 


Deepfake é usado também para piadas


Há gente que usa deepfake apenas para fazer vídeos de humor.

É o caso do jornalista Bruno Sartori, que fez aquele vídeo famoso, com as caras e as vozes de Lula e Bolsonaro, nos corpos das atrizes da novela “A Usurpadora”: https://www.youtube.com/watch?v=H9iB1Jzq8Ac

E é o Bruno quem mostra como um áudio falso pode enganar direitinho as “tias do zap”, ou seja, aquelas senhoras que acreditam em tudo que é notícia falsa, que elas recebem no WhatsApp e Telegram.

Ouça o áudio falso da ex-presidenta Dilma Rousseff, que o Bruno fez com deepfake e mandou para a tia dele: https://www.youtube.com/watch?v=EUz9E-geuz8


Com deepfake, todo cuidado é pouco


Acho que já deu para entender que deepfake, quando usada para o mal, pode ser muito perigosa, já que engana direitinho as pessoas.

Coisa que é ainda mais preocupante porque já existe, no Brasil, uma grande fábrica de notícias falsas, contra a Democracia e as eleições.

Então, fique esperto, para não ser enganado.

Veja, nesta reportagem da TV Cultura de São Paulo, como se defender desses áudios e vídeos falsos: https://www.youtube.com/watch?v=uSSTPSWg8Jk

Veja, também, este vídeo muito bom, de 2020, da Justiça Eleitoral, sobre deepfake: https://www.youtube.com/watch?v=K_FNhNIM9JY

Aqui, um vídeo de 2019, do Gilmar Lopes, do E-Farsas, com 8 dicas para identificar notícias falsas:https://www.youtube.com/watch?v=ep6BabAPOwU

Aqui, notícia do UOL sobre o vídeo falsificado com a Renata Vasconcelos e a pesquisa do Ipec: https://www.youtube.com/watch?v=X3tU01FDPhA

Aqui, notícia do G1 sobre o caso: https://g1.globo.com/fato-ou-fake/eleicoes/noticia/2022/08/17/e-fake-video-que-mostra-bolsonaro-com-44percent-das-intencoes-de-voto-na-pesquisa-ipec-divulgada-em-15-de-agosto-de-2022.ghtml

 

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Boa parte dessa matéria foi extraída de reportagem publicada pela Perereca da Vizinha, em 11 de maio deste ano, e que pode ser lida aqui: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2022/05/voce-viu-um-video-em-que-o-seu.html

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Você sabe o que é o STF?


 


O STF é o Supremo Tribunal Federal.

Ele é o mais importante tribunal do Brasil.

Porque é o grande defensor, o guardião, da nossa Constituição, a maior de todas as nossas leis.

Mas o STF e os tribunais não fazem as leis.

Quem faz as leis são as câmaras de vereadores, assembleias legislativas e o Congresso Nacional.

E aí o STF e todos os tribunais julgam as pessoas, os processos, de acordo com o que essas leis determinam.

Agora, imagine que a Justiça brasileira é uma escada.

No primeiro degrau está aquele juiz que fica no fórum, no tribunal perto da sua casa.

No segundo degrau estão os tribunais que ficam nas capitais dos estados, e onde os juízes são chamados de “desembargadores”.

No terceiro degrau estão os tribunais superiores, que ficam em Brasília, e onde os juízes são chamados de “ministros”.

No quarto e último degrau está o nosso STF, que também fica em Brasília, é um tribunal superior, e onde os juízes também são chamados de “ministros”.

Só que como o STF está na parte mais alta da escada, é ele quem bate o martelo, quando as decisões de outros juízes e tribunais desrespeitam os direitos que a Constituição garante pra nós.

Imagine o seguinte: tem um delegado que não vai com a sua cara e, do nada, resolve lhe prender.

Aí o seu advogado vai atrás de tudo que é juiz e tribunal, mas todos eles dizem que o delegado está certo e que você tem mais é que ficar preso.

Sabe quem é que vai lhe socorrer? O STF.

Porque o STF vai dizer: não, negativo, a Constituição diz que um cidadão não pode ser preso desse jeito, só porque deu na telha de alguém. Pra prender um cidadão, tudo tem de estar nos conformes, como manda a Lei.

Mas não são apenas cidadãos vítimas de prisões ilegais que recorrem, se queixam, ao STF.

Governadores, prefeitos, deputados, senadores, Ministério Público, entidades e até o presidente da República também enviam as suas queixas ao STF, sempre que acham que a Constituição está sendo desrespeitada, por alguma lei, decreto ou decisão.

E depois de estudar o caso, os juízes do STF se reúnem num grande salão, chamado plenário, pra decidir se aquela lei, decreto ou decisão está ou não está de acordo com a Constituição.

Se estiver de acordo, continua valendo.

Se não estiver, perde a validade.

Mas então por que é que o Bolsonaro vive atacando o STF, se esse tribunal apenas protege a nossa Constituição?  

É por isto mesmo: porque o STF protege a nossa Constituição.

O problema é que Bolsonaro não quer respeitar nenhuma lei, nem mesmo a Constituição.

Mas o STF diz pra ele mais ou menos assim: Peralá! O senhor é presidente da República, mas é um cidadão. E todos os cidadãos têm, sim, que respeitar a Lei.

Lembra da pandemia de covid?

O Bolsonaro não queria fechar o comércio, não queria fazer nada pra impedir que essa doença se espalhasse.

E queria até mesmo impedir que os governadores e prefeitos fizessem alguma coisa.

Mas o STF decidiu que os prefeitos e governadores podiam, sim, agir contra essa doença.

Podiam, sim, fechar o comércio, tudo aquilo que não fosse serviço essencial, pra impedir que essa doença se espalhasse.

Porque, pela Lei, não é só o Governo Federal, que é chefiado pelo Bolsonaro, que tem poder pra tomar medidas na Saúde: governadores e prefeitos também têm esse poder.  

E se não fossem os governadores, prefeitos e o STF é provável que essa doença tivesse matado três vezes mais brasileiros, do que os 678 mil que já matou.

É por causa dessa defesa corajosa da nossa Constituição, que o STF vem sofrendo uma série de ataques, numa onda de violências como o Brasil nunca viu.

Em 2020, bolsonaristas chegaram a disparar foguetes, fogos de artifício, na direção daquele tribunal, lembrando um bombardeio.

No ano passado, o deputado bolsonarista Daniel Silveira incentivou os seus seguidores, nas redes sociais, a invadir o STF e espancar os juízes.

Na mesma época, as criminosas redes de mentiras (fake news), comandadas por aliados de Bolsonaro, espalhavam calúnias, xingamentos e ameaças contra esses juízes.

E agora, com as eleições já pertinho, voltam as ameaças de invasão do STF, e até contra a vida desses juízes.

Tudo porque Bolsonaro sabe que vai perder pra Lula, como mostram todas as pesquisas.

Por isso, ele quer fraudar as eleições e ameaça até não aceitar o resultado das urnas, a vontade do povo.

Mas, novamente, ele encontra no nosso STF uma grande barreira em defesa da nossa Constituição.

Daí toda essa fúria dele e dos seus fanáticos e arruaceiros.

 

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Se você quiser saber mais sobre o STF veja aqui: https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=sobreStfConhecaStfInstitucional

E aqui: https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=sobreStfConhecaStfHistorico

E leia sobre a prisão, no último 22 de julho, do bolsonarista que ameaçou pendurar, “de cabeça para baixo”, os juízes do STF: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2022/07/bolsonarista-que-ameacou-cacar-lula-e-ministros-do-stf-e-preso/

Aqui, a postagem da Perereca sobre o “perdão” dado por Bolsonaro a Daniel Silveira, que incentivou seguidores a espancar ministros do STF: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2022/04/bolsonaro-perdoa-criminoso-condenado.html

E aqui, matéria do G1 sobre os fogos lançados por bolsonaristas contra o STF: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/06/14/grupo-de-apoiadores-de-bolsonaro-lanca-fogos-de-artificio-contra-o-predio-do-stf.ghtml

quarta-feira, 27 de julho de 2022

O que esperar para 7 de Setembro? Bolsonaristas podem tentar destruir as urnas eletrônicas? E o que é que vamos fazer com Bolsonaro, que não para de tramar contra a Democracia?


 


Bolsonaro é um sujeito perverso, que sempre defendeu a tortura e a matança de adversários.

Para ele, os únicos que importam, além dele mesmo, são os seus familiares mais próximos e as pessoas que lhe são momentaneamente úteis.

É paranoico, imaturo, mitômano, instável, inconfiável.

E agora é, também, um animal acuado, armado e desesperado.

No comando de um exército de militares golpistas, bandidos de todo tipo e cidadãos fanatizados.

Muitos deles dispostos a arriscar até a vida em defesa de seu “mito”, que não terá nenhum pudor em utilizá-los no cometimento de crimes, para salvar o próprio pescoço.

Bolsonaro sabe que vai perder as eleições, e teme ser preso, devido aos crimes que cometeu.

Provavelmente, quando assumiu o governo, ele e os seus militares pretendiam dar um golpe.

Em seus delírios, imaginavam que seriam recebidos, no Brasil e no mundo, como “salvadores da moral e dos bons costumes”.

Mas a resistência das forças democráticas, a derrota de Trump e o repúdio mundial à invasão do Capitólio acabaram lhes mostrando que a realidade seria outra.

Todos os veriam como aquilo que realmente são: uma horda de militares golpistas, bandoleiros, religiosos fundamentalistas e alucinados, sedentos por dizimar pretos, pobres, gays, índios, feministas, e por saquear as riquezas do próprio país.

Um bando de hipócritas desequilibrados, que se imaginam “heroicos cavaleiros”, em uma delirante cruzada em prol do patriarcado.

Assim, com anos de atraso, Bolsonaro e os seus militares constataram o óbvio: se dessem um golpe, não conseguiriam se manter no poder, devido às enormes transformações do jogo das forças políticas, no Brasil e no mundo, nestes 58 anos que nos separam de 1964.

Em semanas ou meses, acabariam sufocados, ou pelas forças leais à Constituição, ou por um bloqueio econômico mundial.

Restou-lhes, portanto, apostar na fraude eleitoral.

Daí terem intensificado os ataques ao STF e ao TSE, para que os ministros deixassem “a boiada passar”.

Afinal, a fraude reduziria, significativamente, a velocidade de resposta, dentro e fora do Brasil, devido ao tempo necessário à comprovação.

Isso lhes permitiria avançar, e muito, em seu projeto ditatorial, alterando leis e corroendo a Democracia.

O problema é que nada do que têm feito lhes dá alguma esperança de que essa fraude se concretize.

O seu lance mais ousado foi a PEC dos Auxílios, que está liberando bilhões à população, às vésperas das eleições, em uma escancarada tentativa de compra de votos.

No entanto, esses brilhantes estrategistas da Terra Plana não consideraram o básico, em seus planos.

Como a reação das oposições, que, previsivelmente, estão mostrando que toda essa “bondade” acaba depois das eleições.

Como a sagacidade da nossa população, já habituada às benesses eleitoreiras, e a reconhecer um “sangue ruim”, como é o caso de Bolsonaro, que a jogou na miséria e no abandono.

Como o fato de que parte dessa ajuda financeira beneficiará categorias que já votam majoritariamente em Bolsonaro (caminhoneiros, taxistas), o que significa um baixo retorno eleitoral.

Todas as análises levam a crer, aliás, que essa PEC não terá grande impacto na tendência apontada em quase todas as pesquisas: a vitória de Lula, talvez já no primeiro turno.

E é possível que tenha sido essa constatação que deixou Bolsonaro ainda mais desesperado, a ponto de cometer a patética reunião com 50 embaixadores.

Nos mais de 45 minutos daquele encontro, a sua única afirmação correta foi: “Eu me sinto até envergonhado deste momento, dado o que está acontecendo no nosso país”. 

Uma frase que todos os brasileiros, com um mínimo de decência e sensatez, repetem todos os dias, desde 2019.

Todo o resto de sua “palestra” foi um festival de mentiras e ataques às urnas eletrônicas.

E, também, aos ministros Édson Fachin, o atual presidente do TSE; Luís Roberto Barroso, o ex-presidente; e Alexandre de Moraes, o presidente que assume no mês que vem.

A impressão que me ficou é que Bolsonaro queria vitimizar-se, para atiçar os seus fanáticos.

Mas, sobretudo, desgastar e pressionar o TSE, para que os seus militares conseguissem acesso à totalidade dos sistemas das urnas eletrônicas. Possivelmente, para tentar inutilizá-las.

O primeiro problema (do ponto de vista dele) é que essas urnas não podem ser conectadas a nenhum tipo de rede, já que não possuem equipamentos para tal.

Além disso, programas não certificados, que se tente introduzir nelas, fazem com que acabem bloqueadas.

Há checagem dos equipamentos, programas e votação, em várias etapas, com boletins de urna, chaves aleatórias, senhas e assinaturas eletrônicas, por exemplo.

Ou seja: invadir tais sistemas, para alterar informações, é quase impossível, mesmo para habilidosos hackers russos, como aqueles que teriam se encontrado com parte da comitiva de Bolsonaro, quando ele esteve na Rússia, em fevereiro deste ano.

Penso que a extrema dificuldade de “emprenhar” as urnas, acabou levando à uma aposta na inutilização.

E se esse raciocínio estiver correto, vai nesse sentido a convocação de Bolsonaro, em 24/07, aos seus fanáticos, para o próximo 7 de Setembro: “Vamos às ruas pela última vez”.

Como Bolsonaro é um sujeito desequilibrado, não se pode descartar que essa frase seja apenas uma manobra para desviar o foco da situação do país, ou até para se manter em evidência.

Uma manobra desastrada, é verdade, já que pode turbinar o voto útil em Lula, ainda no primeiro turno.

No entanto, creio que é bem mais possível que essa frase tenha sido uma "senha", para a utilização dos seus fanáticos em uma invasão do TSE e TREs, para a destruição das urnas eletrônicas.

Ao fim e ao cabo, ele juraria que não teve nada a ver com isso.

E quem pagaria o pato seriam esses fanáticos, que acabariam presos, ou até mortos, em confrontos com as forças de segurança.

É claro que estou apenas especulando. Mas vamos supor que esse raciocínio esteja correto.

Se essa destruição acontecesse, as eleições teriam de ser adiadas.

Ou para um momento mais propício a Bolsonaro, daqui a um ou dois anos; ou por poucos meses, através da adoção do voto impresso, que é facílimo de fraudar.

Mas vamos supor, também, que o TSE e os TREs se prevenissem e as hordas fossem repelidas: o que é que faríamos com Bolsonaro?

O assassinato do petista Marcelo Arruda e o juramento dos fanáticos bolsonaristas, na convenção do PL, de dar a vida pela “liberdade”, indicam que, dificilmente, conseguiremos evitar novos episódios sangrentos, nestas eleições.

Mesmo que a convocação para o 7 de Setembro seja apenas mais uma cortina de fumaça, é forçoso admitir que muitos bolsonaristas são, hoje, verdadeiras bombas prestes a explodir.

E continuam a ter essa agressividade estimulada, todos os dias, seja pelas redes de fake news comandadas pelo "Gabinete do Ódio", seja pelos discursos do presidente.

Então, mesmo que nada aconteça em 7 de Setembro, persiste a pergunta: o que é que vamos fazer com Bolsonaro, nestes meses que nos separam da eleição e posse do novo presidente?

quinta-feira, 14 de julho de 2022

A violência bolsonarista: temos de resistir a esses perversos. Pelo futuro dos nossos filhos. Pelo futuro do Brasil.




No último sábado (09/07), o petista Marcelo Arruda estava em sua festa de aniversário, com amigos e familiares.

O bolsonarista Jorge Guaranho parou o carro na porta do salão de festas e começou a xingar todo mundo de “vagabundo”.

Pediram pra ele que fosse embora.

Mas antes de ir embora, ele prometeu voltar, pra matar todo mundo.

E quando Jorge Guaranho voltou, já foi disparando tiros pra dentro do salão de festas, onde havia adultos e crianças.

Mesmo ferido, Marcelo Arruda, que era guarda municipal, conseguiu balear o bolsonarista.

Se não tivesse conseguido, talvez tivesse ocorrido uma chacina.

Marcelo foi assassinado por um fanático bolsonarista apenas por ser petista.

Segundo testemunhas e vídeos na internet, foi isso o que aconteceu.

O resto é conversa fiada de Bolsonaro e dos bolsonaristas, que tentam confundir você.

Os bolsonaristas não querem que você perceba o quanto eles são violentos e intolerantes.

O perigo que eles representam pra todos nós.

Imagine você, na sua festa de aniversário, comemorando com a sua família e com os seus amigos.

E aí chega um fanático, um criminoso, chamando todo mundo de “vagabundo” e atirando nas pessoas.

Bolsonaro e os seus fanáticos querem aterrorizar, silenciar, destruir todos os seus opositores, pra continuarem no poder.

Para eles é totalmente “normal” cometer todo tipo de crimes.

E ainda têm a cara de pau de dizer que estão lutando pela “liberdade” e pelo “bem”.  

“Liberdade” para agredir?

 “Liberdade” para matar?

“Bem” que assassina um pai de família na frente de seus filhos?

Repare no comportamento dos fanáticos bolsonaristas, nas ruas e nas redes sociais.

Eles xingam todo mundo de “vagabundo” e “vagabunda”.

Eles perseguem, ameaçam e agridem pessoas, inclusive jornalistas e juízes.

Eles não conseguem respeitar quem pensa diferente.

E o que é que Bolsonaro faz?

Você já viu Bolsonaro pedindo que esses fanáticos parem com essa violência?

Que eles parem de ameaçar e agredir os outros, e que respeitem a Democracia?

Pelo contrário: ele facilitou a venda de armas pra esses fanáticos. 

E incentiva o ódio contra as oposições. 

Como quando gritou, na campanha eleitoral de 2018: "Vamos fuzilar a petralhada".

Essa seita violenta precisa ser contida.

Porque se Bolsonaro se reeleger, e ele e os seus fanáticos se tornarem ainda mais poderosos, nada mais os deterá.

Todos os dias teremos casas invadidas, com gente sendo espancada, e até assassinada.

Exatamente como aconteceu na Alemanha nazista.

E não, não será “mera coincidência”.

Como diz o professor Michel Gherman, o bolsonarismo é NAZISTA (https://www.youtube.com/watch?v=ddXjpDOAylc&t=6s).

E se você desconhece os bárbaros crimes cometidos pelos nazistas, quando conseguiram dominar a Alemanha, leia esta matéria aqui: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2022/03/voce-sabia-que-os-nazistas-eram-tao.html

Os nazistas assassinavam até bebezinhos e mulheres grávidas, idosos, deficientes físicos e mentais, sufocados com gases venenosos.

Aliás, eles faziam até capas de livros com a pele de prisioneiros assassinados.

Não podemos silenciar.

Não podemos recuar.

Não podemos permitir que esses nazistas continuem no comando do Brasil.

Não podemos permitir que eles se tornem ainda mais poderosos.

O assassinato de Marcelo Arruda, morto a tiros na frente de sua esposa e filhos, em uma festa de aniversário, é um exemplo de até onde pode chegar a perversidade dos nazistas brasileiros.

Mas nós temos de RESISTIR.

E RESISTIR pacificamente, com a força do nosso voto.

Temos de dizer a eles, com a força do nosso voto, que não suportamos mais toda essa intolerância, ódio e perversidade deles.

Temos de dizer a eles que queremos um Brasil de paz, de prosperidade, de esperança, para todos os brasileiros.

Um Brasil que mata a fome, em vez de matar de fome e de doenças a milhões de brasileiros.

Em 2 de outubro, vamos arrancar esses nazistas do poder.

Pelo futuro dos nossos filhos e netos.

Pelo futuro do nosso povo.

Pelo futuro do nosso Brasil.


FUUUUIIIIII!!!!!

segunda-feira, 4 de julho de 2022

A PEC do Desespero



 

A PEC 1/2022, apelidada de “PEC do Desespero”, é sim uma astuciosa jogada política.

Irresponsável, antidemocrática, inconstitucional, tentativa descarada de compra de votos, capaz de arrebentar com a Responsabilidade Fiscal e com a legislação eleitoral, é verdade.

Mas nem por isso menos astuciosa.

Tanto assim, que emparedou as oposições no Congresso Nacional, obrigando-as a votar a favor dela.

No Senado Federal, o resultado foi acachapante: apenas um senador (José Serra) votou contra.

Mas sem querer passar pano para os senadores oposicionistas, é o caso de se perguntar: como eles poderiam votar contra esse projeto, quando temos 33 milhões de brasileiros passando fome, e os nossos caminhoneiros em pé de guerra?

Além disso, mesmo que votassem contra, essa PEC seria aprovada, já que Bolsonaro e o Centrão detêm a maioria dos votos no Congresso.

Então, penso que foi preciso respirar fundo e engolir essa “coisa”, para evitar maiores prejuízos.

Porque o foco é derrotar Bolsonaro e eleger Lula, junto com o maior número possível de deputados e senadores oposicionistas, a fim de garantir-lhe condições de governabilidade.

E se as oposições perderem o foco, Lula talvez nem consiga se eleger ou acabar o seu mandato. E aí, teremos décadas e décadas de autoritarismo, destruição do Brasil e matança do nosso povo.

Por isso, também é preciso muito cuidado com as reações contra essa PEC.

Reagir com o fígado pode acabar queimando os deputados e senadores oposicionistas, ou até inflando o “Serrismo”, uma das paixões dos grandes veículos de comunicação, banqueiros, empresários&afins, sempre em busca de uma “terceira via”.

Além disso, reações impensadas podem acabar contribuindo para emparedar, também, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde 2019, o STF e o TSE estão sitiados pelo bolsonarismo.

E o que eles menos precisam, nos próximos meses, é da ira da população mais pobre e dos caminhoneiros, e de um embate com o Congresso, cujo resultado pode ser desmoralizante para esses tribunais.

Afinal, se esse caso chegar ao TSE e ao STF, eles só terão três alternativas: colocar essa PEC em banho-maria, até depois das eleições; referendá-la e, por conseguinte, à toda a violência que ela representa contra a Constituição, a legislação eleitoral e a responsabilidade fiscal; e restabelecer o império da Lei.

Todas as alternativas são péssimas. Mas a última, que pode despertar a ira de grande parte da população e levar a um embate com o Congresso, talvez seja o ganho colateral pretendido pelo bolsonarismo e pelo Centrão.

É verdade que essa PEC foi como um soco no estômago das oposições, já que ela cria um vale-tudo eleitoral, incluindo uma escancarada tentativa de compra de votos, como creio que nunca vimos, desde a redemocratização.

Mas de nada adianta ficar chorando em alguma sarjeta.

Quando tudo isso acabar, abra uma grade de cerveja e chore copiosamente, ao som do “Garçom”, por tudo o que Brasil teve de engolir, para ganhar esta eleição.

Até lá, é preciso reagir, e reagir como um exército muito bem treinado, por todas as eleições já enfrentadas até aqui.

É preciso mostrar à população que essa PEC é só para Bolsonaro tentar ganhar a eleição. É esse o ponto principal.

Afinal, tudo acaba em dezembro. E se ele conseguir se reeleger, serão mais quatro anos de fome e de abandono.

Esse tipo de esclarecimento não é nenhuma novidade ou mistério para os oposicionistas.

E para reforçar esse trabalho, há até o fato de que Bolsonaro e o Centrão nunca fizeram nada pela população mais pobre e pelos caminhoneiros, apesar do enorme aumento dos combustíveis e da quantidade de gente na “fila do osso”, e até catando restos de comida em carros de lixo.

Mas é preciso é explicar toda essa história com palavras que a população domina, e não em economês e juridiquês.

Vale sempre lembrar os números do TSE: em 2020, 43,11% do eleitorado brasileiro possuía, no máximo, o fundamental completo.

Eram 6,572 milhões de analfabetos (4,44%); 11,574 milhões de pessoas que apenas liam e escreviam (7,82%); 35,771 milhões com o fundamental incompleto (24,18%); e 9,859 milhões com o fundamental completo (6,67%).

Fora outros 22,9 milhões (15,48% do eleitorado) que possuíam o ensino médio incompleto.

São pessoas que tiveram de largar os estudos para trabalhar e para criar os filhos.

Fora de sua área de trabalho e de seu cotidiano, elas possuem, é claro, um universo de palavras e de conhecimentos muito limitado.

Então, o esforço de comunicação tem de ser, principalmente, das oposições, com formatos de comunicação e linguagem bem simples.

Essas pessoas serão o principal alvo do bolsonarismo e de suas redes de fake news, na tentativa de virar esta eleição.

E se as oposições perderem a batalha da comunicação, aí sim o bicho vai pegar...

Acredito que os professores, principalmente os que atuam no ensino fundamental, podem ter um papel extraordinário nessa batalha.

E que é preciso apostar, cada vez mais, em vídeos e postagens com ilustrações, fotografias e pouquíssimo texto, porque, em geral, bem mais eficazes.

Muitos vídeos que circulam na internet são muito bons.

Outros, porém, pecam porque não trazem um título, uma pergunta forte e chamativa, para despertar a curiosidade das pessoas, ou até porque o autor se utiliza de palavras difíceis, ou busca abordar tanta coisa, que acaba em um emaranhado.

É verdade que a “PEC do Desespero” pode melhorar a situação eleitoral de Bolsonaro.

Já tínhamos os bilhões distribuídos aos parlamentares do Centrão, via emendas do relator, para as campanhas eleitorais deles.

Agora, teremos mais de R$ 41 bilhões para uma tentativa de compra de votos, na cara dura.

Tudo isso pode empurrar a eleição para o segundo turno.

E, no segundo turno, fazer com que Lula vença Bolsonaro por uma reduzida diferença de votos.

Tais hipóteses são ruins, já que ajudariam a turbinar os questionamentos bolsonaristas, acerca das eleições.

No pior dos cenários, a PEC do Desespero, os bilhões liberados para o Centrão e outras medidas que ainda virão, podem até levar à reeleição de Bolsonaro e à eleição de um Congresso ainda pior do que o de hoje, se é que isso é possível, sem a ressurreição das múmias do Egito...

No entanto, pelo que já li, parece-me bem mais possível que essa PEC acabe se revelando um tiro no pé.

Isso porque os gastos com ela ultrapassarão o limite (o “teto”) das despesas do Governo Federal para este ano, sem que se saiba ao certo de onde virá o dinheiro para esse gasto extra.

É um fato que gera desconfiança entre empresários, banqueiros, investidores.

Daí que o dólar tende a subir. E, com ele, os combustíveis, a inflação, a comida etc...

Ou seja: os efeitos perversos de toda essa armação podem é acabar empurrando ladeira abaixo as candidaturas de Bolsonaro e de seus parças do Centrão.

Então, é importante não morrer de véspera, que nem peru: não ficar entrando em pânico, a cada nova armação desse pessoal.

Já disse aqui várias vezes: Bolsonaro não vai dar golpe, simplesmente porque não há condições objetivas para isso. Se houvesse, já teria dado.

O que ele quer é fraudar as eleições, e vai fazer de tudo para isso.

Ele e os seus parças têm a máquina na mão.

E o poder da máquina pública, especialmente a federal, é semelhante ao do Império, em Guerra nas Estrelas: ameaça, compra, subjuga, prende, arrebenta.

Assim, é preciso estar espiritualmente preparado para o que ainda vem por aí.

Não dá para ficar imaginando, por causa dos resultados das pesquisas eleitorais, que esta eleição será fácil.

Pelo contrário: será é dramática até o fim.

Mas também não se pode desanimar: as oposições têm condições, sim, de vencer esta eleição.

E acredito, sim, que vencerão.

Contra a máquina, contra todo o dinheiro, contra todas as ameaças, contra todas as armações e maracutaias.

Mas para isso é preciso ser ágil: estar sempre pronto a contra-atacar, em vez de sentar e chorar.

Espelhe-se no Lula, esse senhor de cabeça já branquinha, que enfrentou tantas perdas, tantos perigos, mas que além de nunca desistir, é rápido e certeiro no contra-ataque.

Ou, em último caso, siga o conselho do combativo companheiro Alckmin: respire fundo, abra as janelas e deixe entrar a luz.

FUUUIIII!!!!

terça-feira, 28 de junho de 2022

Não, minion, essa dor não vai passar...




Sabe, minion, você pode acabar com todos os gays e feministas do mundo.

Mas nada disso mudará um centímetro da sua vida.

Você continuará mergulhado nessa amargura infinita.

Você continuará se arrastando por esses dias longos e sem sentido, dolorosamente iguais.

O problema é que você resolveu procurar a culpa pela sua dor no lugar errado.

Ou melhor: você resolveu se esconder em um mundo de fantasias e enchê-lo de espantalhos, para ter a quem culpar.

É cômodo, não é?, dizer que não conseguimos o “reconhecimento” a que temos direito, por culpa daquela feminista ou daquele gay.

É fácil, não é?, gritar por aí que o passado é que era bom, porque, hoje em dia, os gays e as mulheres já não sabem “o seu lugar”.

É bom, não é minion?, viver de certa forma a vida dessas pessoas: andar sempre a vigiá-las, saber o que dizem, o que fazem, o que pensam.

E até xingá-las, ofendê-las, feri-las, vê-las também a sentir dor...

Enquanto bem lá no fundo da alma, lá onde ninguém enxerga, a gente tenta sufocar toda a admiração que sente por elas.

Ah, quem dera se pudéssemos trocar de lugar com elas!...

Quem dera se pudéssemos ser aquela mulher independente, que não dá satisfações a ninguém, e que ainda por cima tem todo aquele corpão!...

Quem dera, se pudéssemos ser aquele gay tão de bem com a vida, que apesar de todos os preconceitos é tão admirado e feliz!...

Quem dera, se pudéssemos ser aquelas princesas e príncipes encantados, que lutam contra dragões, bruxas e encantamentos, e realizam todos os sonhos do mundo!

Quem dera se, num passe de mágica, pudéssemos deixar de ser quem realmente somos: velhos, tristes, desiludidos e com todo esse pavor de olhar para dentro de nós!...

Onde foi que nos perdemos de nós mesmos, minion?...

Quando foi que decidimos nos conformar com esse vazio; com essa vida que não tem nada a ver com a vida que imaginamos para nós?...

Lembra, minion, quando você era jovem e sonhava em ser um grande engenheiro, médico, advogado, artista, empresário?

Ou até uma esposa e mãe extraordinária, ao lado de um marido amoroso, que fizesse você se sentir a mais maravilhosa mulher do mundo?

Lembra que você passava horas imaginando como seria a sua vida? 

O orgulho dos seus pais, da sua mulher, do seu marido, dos seus filhos.

As homenagens que receberia, a aprovação e a admiração dos seus vizinhos e amigos, por tudo aquilo que você conseguiu conquistar.

Lembra quando você encontrou aquele amor de novela?

Lembra que você passava horas imaginando como seria quando estivessem velhinhos, cercados de netos, os cabelos branquinhos, mas com os olhos ainda a refletir todo aquele sentimento, tão vasto quanto o mar?

Mas e hoje, minion?

Cadê as homenagens que você achou que receberia?

Cadê a admiração dos seus filhos?

Cadê os seus amigos, minion?

Cadê aquele amor tão imenso que você sentiu, e que também sentiram por você?

Não, você não vai encontrar respostas na vida dos gays e das feministas, que você tanto gosta de espiar.

Eles não têm nada a ver com essa coisa horrível em que a sua vida se transformou.

Eles não têm nada a ver com toda essa amargura e com todo esse ódio que tomaram conta de você.

Eles são apenas os espantalhos que você arranjou, para não ter de encarar a raiva que sente de você mesmo e dessa sua vida sem sentido.

Não, minion, não há como fazer o mundo voltar ao passado.

Não há como fazer desaparecer um casamento infeliz, um trabalho que a gente odeia, as derrotas ou as perdas que sofremos ao longo da vida.

Tudo isso ficará em nós para sempre, com as marcas que deixaram em nosso coração.

E se a gente quiser recomeçar, é o hoje, o presente, que tem de ser o ponto de partida.

E toda essa nova jornada, em busca daquilo que a gente quer, acontecerá no mundo real, e não nesse mundo de fantasias em que você se fechou.

Porque não há reza, oração, "meditação quântica", “Ratanabá” ou palavra mágica que faça a realidade desaparecer.

E mesmo que você insista em sonhar para sempre, a realidade ao seu redor e esse vazio em seu peito continuarão exatamente iguais.

Sabe, minion, vou lhe contar um segredo: o mundo sempre foi o mesmo, nas cavernas, na Idade Média, ou no Século 21.

Sempre cheio de ameaças, perigos, proibições, desaprovações, e forças que a gente não consegue controlar.

E o que faz a diferença é o quanto a gente luta para conseguir o que realmente quer.

É isso que faz com que cada uma das nossas conquistas tenha um sabor sem igual.

É isso o que nos torna tão especiais aos olhos de nós mesmos.

É isso o que faz com que nos respeitemos, em vez de vivermos à espera do reconhecimento ou da aprovação dos outros.

Não há outra saída, minion.

Ou você enfrenta a realidade e luta pelo que deseja, ou continuará se arrastando com toda essa dor.

Liberte-se dessas mentiras do WhatsApp: são elas que estão lhe impedindo de enxergar a realidade e se livrar de toda essa amargura.

Acorde, minion!

Tenha coragem, acredite em você!

Lute, minion, lute pela sua felicidade, antes que seja tarde demais.

FUUUIIIII!!!!!

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Bolsonaro prepara armadilha para o povo brasileiro: queda dos preços dos combustíveis à custa do ICMS vai gerar buraco bilionário nas contas dos estados e municípios. Saúde e Educação serão prejudicadas: só o Fundeb perderá R$ 19 bilhões. Manobra eleitoreira não evitará novos aumentos: verdadeiros culpados da alta dos combustíveis são o PPI da Petrobras e a desvalorização do real. Lucro da Petrobras aumentou 3.718%. Entre 2016 e o ano passado, inflação foi de 17,7%, mas gasolina subiu 73%, e o gás, 192%, nas refinarias. Em 2021, acionistas da Petrobras lucraram R$ 101 bilhões. Buraco nas contas dos estados e municípios terá de ser tapado com dinheiro de impostos e vai explodir no colo do próximo presidente.




Bolsonaro e o Centrão preparam uma armadilha para o povo brasileiro: a redução dos preços dos combustíveis à custa da diminuição do ICMS, o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que é a principal fonte de recursos dos estados e municípios.

Tudo para tentar melhorar a situação eleitoral do atual presidente da República, já que todas as pesquisas indicam que ele será derrotado pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, talvez já no primeiro turno das eleições, em 2 de outubro.

A artimanha custará caro à população, principalmente a mais pobre: a súbita perda do dinheiro do ICMS provocará um rombo bilionário nos orçamentos dos estados e municípios, já a partir deste ano.

Com isso, haverá menos dinheiro para a Saúde, a Educação e a Segurança, por exemplo, que irão piorar ainda mais.

Só o Fundeb, que é o fundo que financia a educação básica das escolas públicas, poderá perder mais de R$ 19 bilhões.

Mas, com a artimanha, Bolsonaro e o Centrão esperam conseguir uma diminuição dos combustíveis até as eleições, para convencer os eleitores de que a culpa da alta de preços é dos governadores e do ICMS.

Depois das eleições, seja o que o diabo quiser.

O problema é que essa manobra eleitoreira tem tudo para não funcionar, além de criar uma bomba que explodirá no colo do próximo presidente.

Economistas fizeram as contas e descobriram que a redução do ICMS dos combustíveis para 17%, como querem Bolsonaro e o Centrão, diminuirá o preço da gasolina em uns poucos centavos (veja adiante).

Além disso, mesmo que se cortem todos os impostos dos combustíveis, a tendência é que eles continuem a subir.

Isso porque Bolsonaro se recusa a mexer nos verdadeiros culpados pelo problema: o Preço de Paridade Internacional (PPI) e a política de desvalorização do real.

O PPI foi adotado pela Petrobras em outubro de 2016, pelo então presidente da República, Michel Temer, pouco depois do golpe que afastou a presidenta Dilma Rousseff.

Com o PPI, a Petrobras passou a reajustar os preços dos combustíveis, nas suas refinarias aqui no Brasil, de acordo com o preço do petróleo no mercado internacional, onde o comércio é feito em dólares.

Assim, sempre que os preços sobem lá fora, sobem também aqui.

A coisa toda piorou com a política econômica de Bolsonaro, que levou à forte desvalorização do real em relação ao dólar.

Um fato que beneficia, por exemplo, os milionários do agronegócio, que estão entre os principais apoiadores do presidente, e passaram a exportar mais, já que os seus produtos ficaram mais baratos para outros países.

O resultado é que se vê: alta dos combustíveis, aumento da inflação, empobrecimento da população.

E tudo isso apesar de o Brasil ser um grande produtor mundial de petróleo; de os custos de produção da Petrobras terem até caído; e de ela ser uma empresa estatal, que deveria ter uma finalidade social, como sempre ocorreu desde a sua criação, em 1953.

O PPI e a desvalorização do real trazem lucros impressionantes para os acionistas da Petrobras.

O maior desses acionistas é o próprio Governo Federal, comandado por Bolsonaro.

É ele que indica o presidente da empresa e poderia, se quisesse, até acabar com o PPI (https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/05/12/bolsonaro-poder-petrobras.htm).

No entanto, ele não fez e nem fará isso, já que entre os acionistas da Petrobras também estão milionários e bilionários, do Brasil e do exterior.


Acionistas da Petrobras lucraram R$ 101 bilhões, em 2021


No ano passado, enquanto a população brasileira sofria com a alta dos combustíveis, a Petrobras anunciava um lucro de R$ 106 bilhões, o maior de sua história.

Desse total, R$ 101 bilhões foram entregues aos seus acionistas Aqui: https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/petrobras-eleva-pagamento-de-dividendos-a-acionistas-em-2021-total-passa-de-r-101-bilhoes/ 

E aqui: https://www.brasildefato.com.br/2022/05/06/bancos-aplaudem-e-petrobras-reafirma-compromisso-com-gasolina-cara-e-lucro-alto 

Já no primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido da empresa bateu novo recorde: R$ 44,5 bilhões.

Um lucro 3.718% superior ao registrado no primeiro trimestre do ano passado.

As suas receitas líquidas com a venda de óleo diesel cresceram 54,5%; com a venda de gasolina, 75,3%; com o gás de cozinha, 23%; com querosene de aviação, 122,3%, também em relação ao primeiro trimestre de 2021.

Os dividendos que ela distribuiu os acionistas foram de R$ 48,5 bilhões (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/05/petrobras-lucra-r-445-bi-e-anuncia-r-485-bi-em-dividendos.shtml ).

Veja o Relatório de Desempenho da empresa: https://drive.google.com/file/d/1qFOOAQdAUrMxi3KsfNFyF1OFl5CUEbLL/view?usp=sharing

“O foco da Petrobrás hoje é gerar e distribuir valor, principalmente para acionistas privados. Mais de 45% são investidores estrangeiros, com ações da Petrobrás nas bolsas de São Paulo e de Nova Iorque”, diz Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP, a Federação Única dos Petroleiros.

“Os gestores da empresa socializam os investimentos e privatizam os lucros. Quem paga os dividendos para os grandes fundos de investimentos nacionais e internacionais é o povo brasileiro” (https://www.cut.org.br/noticias/petrobras-registra-novo-superlucro-e-acionistas-vao-embolsar-mais-r-48-bilhoes-0291).

Segundo Nota Técnica do DIEESE, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, a gasolina subiu 73,3%, nas refinarias da Petrobras; o diesel subiu 54,8%, e o gás de cozinha, 192%, entre outubro de 2016, quando ela adotou o PPI, e 2 de março do ano passado.

No mesmo período, a inflação foi de apenas 17,7%.

Mais: em 2019, o Brasil se tornou o 10º produtor mundial de petróleo e o seu parque de refino era o 9º do mundo.

Para completar, o custo de produção, nas refinarias da Petrobrás, caiu 31%, entre 2016 e 2020.

Leia a íntegra da Nota: https://drive.google.com/file/d/1BVXZW-tshB5UzdlymIcsnST9hXk2pYA0/view?usp=sharing


Bolsonaro recorre ao Centrão e ataca cofres estaduais


Mas para não mexer nos lucros bilionários da Petrobras, Bolsonaro resolveu atacar os cofres estaduais e municipais.

No último 25 de maio, com o apoio do Centrão, ele conseguiu que a Câmara dos Deputados aprovasse um projeto de lei limitando em 17% o ICMS dos combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transportes coletivos.

Agora, o projeto se encontra no Senado Federal, onde deverá ser votado na próxima segunda-feira (13/06), e a tendência é que seja aprovado também.

O problema é que a redução do ICMS vai provocar uma queda de preços muito pequena e temporária.

Segundo o Instituto Combustível Legal e analistas ouvidos pela rede de TV CNN, a maior queda do litro da gasolina será de R$ 1,15, no estado do Rio do Janeiro.

As outras maiores reduções ocorrerão nos estados de Minas Gerais (R$ 0,94), Piauí (R$ 0,91), Rio Grande do Sul (R$ 0,86) e Goiás (R$ 0,85). Em São Paulo, ela será de apenas 48 centavos (https://www.cnnbrasil.com.br/business/teto-do-icms-reducao-na-gasolina-pode-chegar-a-r-115-por-litro-dizem-economistas/).

O próprio autor do projeto, o deputado federal Danilo Forte, do partido União Brasil, disse à imprensa que estima uma queda de 9% a 12%, no preço da gasolina, e de 11% no preço da energia.

Mas isso, é claro, se as empresas baixarem seus preços nos mesmos percentuais, coisa em que ninguém acredita.

Até porque os governadores congelaram o ICMS, em novembro do ano passado, e mesmo assim os preços dos combustíveis continuaram subindo.

Assim, os bilhões de reais de arrecadação que os estados e municípios já perderam com esse congelamento, e que deveriam ter beneficiado toda a população, acabaram, aparentemente, nas mãos de uns poucos.

“O ICMS sobre o óleo diesel está congelado desde novembro do ano passado, quando o combustível estava custando R$ 4,90, e hoje já está R$ 7,00. Essa diferença foi para o bolso de quem? O consumidor se beneficiou? Claro que não”, disse o governador da Bahia, Rui Costa, no último dia 8, durante reunião entre os governadores e senadores (https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/06/08/combustiveis-governadores-resistem-ao-plp-18-e-negociacoes-sobre-icms-continuam).

Além disso, basta um novo aumento de preços, nas refinarias da Petrobras, em decorrência do PPI e da desvalorização do real, para que os combustíveis voltem a subir.


Perda do Fundeb pode chegar a R$ 19 bilhões


Mas o pior é que a súbita redução do ICMS para 17% será devastadora para os estados e municípios, e para a população em geral.

A perda de recursos, para os estados e municípios, poderá ser de até R$ 83,5 bilhões por ano, diz o Comsefaz, o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (https://comsefaz.org.br/novo/index.php/2022/05/26/camara-aprova-projeto-devastador-para-as-financas-de-estados-e-municipios/).

Se isso ocorrer, alerta a ONG “Todos Pela Educação”, o Fundeb, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, perderá até R$ 19,2 bilhões, ainda neste ano.

Com isso, os municípios que mais dependem do Fundeb poderão enfrentar dificuldades para tocar obras em andamento, operacionalizar o transporte escolar, e até mesmo para “honrar” os salários dos trabalhadores da Educação.

“Comparativamente, R$ 19 bilhões é mais do que a União destinou para a complementação da União ao Fundeb em 2021 e é praticamente cinco vezes o valor do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para 2022”, diz a nota da ONG (https://drive.google.com/file/d/10yW5quDRKVFJlvb5Txv7OJvdlNGiEXSm/view?usp=sharing).

No Pará, a previsão é que os 144 municípios amarguem uma redução de quase R$ 1,2 bilhão de ICMS, até 2024, segundo um levantamento da CNM, a Confederação Nacional dos Municípios (https://drive.google.com/file/d/1ianzEYzHCPp_brcN-z4Q4nRsPK5KBEBL/view?usp=sharing).

No Governo do Estado, o cálculo é de uma perda de até R$ 1,760 bilhão, em seis meses, e de R$ 2,759 bilhões, em um ano, o que levará à redução de recursos da Saúde e da Educação, e também dos repasses a outros poderes, como o Judiciário e a Defensoria Pública, com impactos nos serviços à população mais vulnerável.

Segundo um documento publicado há poucos dias pela Fecombustíveis, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes, hoje a menor alíquota de ICMS da gasolina tipo C é de 23%, no estado do Mato Grosso.

Acre, Amapá, Amazonas, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo cobram 25%.

Rondônia cobra 26%; Espírito Santo e Distrito Federal, 27%.

Bahia e Pará, 28%

Alagoas, Ceará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins, 29%

Goiás e Mato Grosso do Sul, 30%; e o Maranhão, 30,5%.

Minas Gerais e Piauí, 31%

A maior alíquota, de 34%, é cobrada pelo estado do Rio de Janeiro, onde é esperada a única queda de preços acima de 1 real por litro, apenas em se tratando de ICMS (https://drive.google.com/file/d/1F1NvI99gRjPSJ4fbwkfvKM4_LoQWfWcz/view?usp=sharing).


Governo Federal tem R$ 4,8 trilhões. Todos os estados, somados, R$ 1,120 trilhão


São os municípios que cuidam de praças, iluminação pública, limpeza das ruas, ensino básico, UPAs, prontos socorros.

Já os governos estaduais tratam do saneamento, fornecimento de água, segurança pública, atendimento hospitalar, ensino médio e até universitário, construção e manutenção de estradas estaduais, por exemplo.

Mesmo assim, é o Governo Federal quem abocanha a maioria dos impostos recolhidos da população.

Só para este ano, o orçamento do Governo Federal supera R$ 4,8 trilhões.

Já os orçamentos de todos os 27 estados e Distrito Federal somam cerca de R$ 1,120 trilhão.

A disparidade de recursos obriga a que os estados recorram ao Governo Federal, sempre que enfrentam graves dificuldades financeiras.

E o que se comenta, nos bastidores políticos, é que um dos objetivos dessa redução do ICMS é fazer com que os governadores tenham de recorrer a Bolsonaro, que assim poderia tentar negociar o apoio deles à sua reeleição.

Afinal, como disse à CNN o economista Alexandre Schwartsman, tudo o que os estados poderão fazer para compensar tais perdas é “basicamente, sentar na sarjeta e chorar”.

Segundo Schwartsman, as perdas de ICMS praticamente eliminarão o superávit dos estados, gerando uma situação “absolutamente devastadora”.

Além disso, não resolverão a alta dos combustíveis, “que não tem rigorosamente nada a ver com o ICMS”.

Para ele, tudo o que se vai conseguir com essa redução tributária é “ferrar” as contas dos estados e “provocar um desastre, e um desastre que não será daqui a 5 anos, mas que nos espera já no ano que vem” (https://www.youtube.com/watch?v=cgcb2hsc0hM).


Uma bomba para o próximo presidente


Um dos grandes problemas dessa perda de recursos é que ela ocorrerá no meio do ano e distante da elaboração do próximo PPA, o Plano Plurianual.

Por força de Lei, o Poder Público tem de obedecer a um planejamento de seus gastos.

Um dos principais instrumentos desse planejamento é o PPA, que define os objetivos para os próximos quatro anos, e como é que eles serão alcançados.

O PPA traz até mesmo uma estimativa, ano a ano, do crescimento da arrecadação e das despesas.

E é com base nesse plano que os estados e municípios fazem os seus orçamentos anuais: eles pegam a estimativa dos recursos que terão para aquele ano e distribuem pelos diversos setores, programas e ações em que deverão ser gastos.

A redução do ICMS, no meio de um ano e distante do próximo PPA, pega esse bonde andando e o obriga a desacelerar, ou até mesmo a parar.

Até porque grande parte dos orçamentos dos estados e municípios são feitos de recursos que não podem ser tirados daqui e colocados ali, como a gente faz em casa.

Há as chamadas “verbas carimbadas”, que têm de ser gastas em um determinado setor, como é o caso do dinheiro do Fundeb.

Outro tanto se destina a pagamentos que não dá para dar calote. E, às vezes, nem para adiar.

É o caso dos salários dos servidores públicos e do pagamento dos fornecedores de materiais para os hospitais, por exemplo.

É o caso das dívidas milionárias que os estados e municípios já possuem, e que, se não pagarem, acabarão em uma espécie de SPC/Serasa federal, ficando sem empréstimos para as obras que estão realizando, ou que pretendem realizar, já que estão previstas no PPA.

Assim, a súbita perda de recursos pode obrigar a cortes do “custeio”, que são as despesas para o funcionamento da máquina pública: luz, água, combustíveis, materiais para os postos de saúde, por exemplo.

Pode obrigar até mesmo a demissões.

Pode obrigar, ainda, ao corte dos investimentos: em geral, obras de construção civil, que aquecem a economia e geram milhares de empregos.

Ainda pior, porém, é se nem esses cortes resolverem o problema e a redução do ICMS provocar, como diz Schwartsman, a “eliminação do superávit” dos estados.

Porque isso significa que vários deles se tornarão deficitários, ou ainda mais deficitários.

Em outras palavras: os estados e municípios que já possuem menos dinheiro do que as despesas que têm, ou seja, que são deficitários, poderão acabar em situação desesperadora.

Já os estados e municípios que têm mais dinheiro do que aquilo que gastam, poderão acabar deficitários.

Os rombos nos orçamentos, de Norte a Sul do Brasil, obrigarão o Governo Federal a arranjar dinheiro público, dinheiro de impostos, para repassar aos estados e municípios, que, sem isso, não terão como pagar as suas contas.

Só que há um problema: o Governo Federal também já é deficitário. E se resolver “imprimir dinheiro”, acabará alimentando a inflação.

É uma bomba impressionante, que vai explodir no colo do próximo presidente da República.

E tudo para não mexer nos lucros bilionários dos acionistas da Petrobras, e ainda "fazer média" junto ao eleitor.