segunda-feira, 27 de março de 2006

A Volta dos que não foram



A Perereca está de volta. Mais aberta que nunca. Fazendo o que mais gosta: política, política e mais política. E agora, com novos colaboradores. Como a nossa correspondente no Brejo News. É a Perereca cada vez mais inchada. Enorme. E com vontade danada de pererecar.

Direto do Brejo News

Minha correspondente, no Brejo News, comenta, com sorriso brejeiro: pois não é que a Barbie Princesa andou se enxerindo nas terras do Barão? Foi a Inhangapi com corte e tudo, a distribuir benesses. Uma afronta. Tadinho do Barão! Fim de reinado é assim ‘mermo’...

Limpa o veneno, que escorre em profusão, e completa: diz que prefeitos e deputados só estão esperando o Dia do Fico. Se houver, a vingança será maligna. Se não, maligna do mesmo jeito. O Barão vai roer uma pupunha. Nem Jujuba, o fiel escudeiro, a postos no Vice-Reinado, conseguirá conter a turba sanguissedenta.

A ferina correspondente cochicha, aliás, que El Rey já vem mantendo o Jujuba em geladeira - e mais cruel que o Pólo Norte. Tadinho do Jujuba, tão lindinho. Cheiroso, gostoso, um tesão. Quem dera o Jujuba na Perereca...

“Abaixe o facho, comadre” – aconselha. E enquanto a minha perereca saltita, ela continua a tricotar: mesmo que El Rey seja obrigado a engolir o Jujuba, vai malinar do Barão. Aí é que ele vai se tremer todinho. Se duvidar, até entra em órbita. Da gentalha que o cerca, então, nem se fala. Não vai sobrar nenhum. E a parentada? Tudo pro ostracismo. É bem verdade, com polpudo contra-cheque...

Despeço-me da minha tendenciosa correspondente, algo admirada com a gana que tem no Barão. Só porque o coitado é escritinho a versão paraguaia do Arsène Lupin. Com alma de artista. Deveras atormentada. E que, pelo clima de guerra no Brejo News, vai se atormentar muito mais ainda...

Ademir para o Governo?

Circula nos bastidores, com cada vez mais força, a hipótese de coligação PSB/PT, com Ademir para o Governo do Estado. O acordo, aliás, garantem alguns, já estaria fechadíssimo, apesar da verticalização. A ser verdadeiro, o PSB e o PT selaram, sem querer, o destino das oposições no próximo pleito: a derrota para o PSDB, quer com Almir, quer com Jatene.

O grande nó das oposições paraenses continua a ser o pudor petista. Apesar do Valerioduto e da República de Ribeirão. Ao que parece, o PT não consegue ter senso prático. Nem ultrapassar o maniqueísmo básico em antropologia: humano/não-humano. Ou, mais prosaicamente, o “mim Tarzan, you Chita”.

Não se questiona a força política de Ademir. Aliás, se não fosse tão cabeça dura, tentaria o Senado, para cuja disputa não há nomes significativos – nem o do atual ocupante da vaga em disputa.

Ademir, que foi um dos melhores senadores que o Pará já teve, nos últimos 20 anos, possui carisma extraordinário. Mas, também, personalidade complexa. Além de não saber ouvir, fala o que lhe vem à cabeça – coisa que já lhe rendeu poderosas e desnecessárias inimizades. E tem, ainda, inelutável queda pelo sexo oposto. O que é agravado pela farta reciprocidade.

O problema é que tudo isso deixa rastros – e mágoas. Na campanha, além dos dossiês que já circularam, há quatro anos, entre os jornalistas, aparecerão, também, “viúvas” chorosas. Em profusão. De diferentes idades. E, dependendo da gravidade e da maneira como for explorado, o “causo” terá efeito devastador.

Infelizmente, PT e PSB parecem ter perdido de vista o vale-tudo do marketing eleitoral. E a capacidade demolidora das imagens televisivas. Principalmente, quando temperadas por um mar de lágrimas.

Acordo complica Jader

O acordo PSB/PT, se houver, complica a situação de Jader, o único nome em condições, realmente, de derrotar os tucanos. Sem fonte de financiamento, dificilmente arriscará candidatura solo. Provavelmente sairá ao Senado, com um “laranja” para o Governo – quase certamente Hildegardo.

Trata-se de um movimento perigosíssimo, porque, mais uma vez, ultrapassará as fronteiras da província. Mas é possível que esteja contando com o abrandamento da imprensa nacional e do arquiinimigo ACM.

De qualquer forma, a opção pela Câmara ou pela AL é ainda mais complicada: não envolve risco, mas, também, não possibilita poder efetivo. E isso será crucial para a sobrevivência de Jader, especialmente se o governador eleito se chamar Almir.

Embora arriscada, a manobra rumo ao Senado permitirá a Jader negociar com gregos e troianos. Será, provavelmente, o senador de Ademir. Possivelmente, de Jatene. Dificilmente, de Almir. Mas as oposições terão perdido um timing extraordinário, para a conquista do poder no Pará.

Pesquisas que circulam nos bastidores indicam que Jader só perderia a eleição para Almir. Indicam. Mas não determinam o resultado. Até porque ambos têm rejeição elevada.

Óbvio que espanta o fato de Jader ainda possuir tamanha densidade eleitoral. Mas, passado o susto, é forçoso constatar, friamente: quem vota em Jader, vota mesmo sabendo quem ele é. E isso o deixa menos permeável a denúncias bombásticas, que os seus opositores.

Além disso, Jader tem a organização e a estrutura, pessoais e partidária, imprescindíveis a uma eleição como a de outubro próximo - contra a máquina, rica e azeitada. É, sabidamente, um animal político. Mas, talvez, não contasse com a pedra no caminho chamada Ademir.

Dirigente petista desmente

Dirigente petista nega, porém (e taxativamente), o acordão com o PSB. Segundo ele, há quase um consenso, no PT, de que é preciso candidato próprio ao Governo do Estado. E o acordo interno, para a eleição de outubro, só vai sair na reunião de 8 e 9 de abril.

A fonte também descarta a possibilidade de intervenção nacional, para obrigar a um fechamento com o PMDB, em torno de Jader - no rastro da decisão do Supremo sobre a verticalização.

“Só há um setor do Partido que defende acordo com o PMDB, desde o primeiro turno. E, mesmo assim, com a cabeça para o PT” – afiança.

Conforme acentua, não existe qualquer possibilidade de coligação em torno de Jader. Mesmo a eventual intervenção nacional, nesse sentido, observa, poderia resultar em sublevação, com as bases, especialmente das tendências mais radicais, correndo para os braços de Edmilson e seu PSOL.

Mas, sustenta, não houve nem menção dessa interferência, na reunião mantida, na noite de ontem (sábado), com o ministro Luiz Dulce.

Num eventual segundo turno, entre Jader e Almir (ou Jatene), adianta o dirigente, o PT certamente apoiaria Jader, já que vai se estapear com o PSDB, de Norte a Sul.

Mas até agora, assegura, nos cenários imaginados para a composição com o PMDB, Jader figura sempre como o candidato ao Senado – jamais ao Governo.

Pererecando News! News!

Chapa Tucana

Corre a informação que, também, já estaria fechada a chapa tucana para o próximo pleito: Almir para o Governo, Sérgio Leão para vice, Luís Otávio para o Senado. Pouco provável o Luís Otávio – o que o Jader ganharia com isso? Sérgio nem tanto - seria a forma de safar o espaço do Jatene. Pior para o Vic, obrigado a engolir tucano emplumado travestido de pefelê.

Virgem de Fátima

De Jatene, diz-se que continua resistindo à reeleição. Não quer, não gosta da convivência forçada com a totalidade dos políticos. Prefere bastidores, casa, pescarias e a possibilidade de manipular o dirigente. Até porque, sob os holofotes, fica bem mais difícil a estratégia “Virgem de Fátima” - jogar a pedra e esconder a mão. Sem contar que o que se ajunta, aparece... Quer dizer, não é desprendimento. É autoproteção.

Coligação Surpreende

A se confirmar, o acordo PSB/PT surpreenderá muito boa gente que urubuserva a política paraense – inclusive esta Perereca. É que, mantida a verticalização, acreditava-se que o PT apoiaria Jader. Embora o nome dele encontre resistência no PT e no PC do B – eterno parceiro petista – esperava-se que Brasília batesse o martelo.

E o Giovanni?

O que o PSDB terá oferecido a Giovanni? Diz que a Seduc ou o Detran. Mas o ex-deputado é político profissional – e um sobrevivente. Logo, a cantada tem de ser bem mais turbinada, digamos assim.

Hilde

Há meses comenta-se a possibilidade da candidatura de Hildegardo, para o Governo, num frentão PMDB, PT e PSB. Não se questiona a aceitação de Hilde, em praticamente todos os partidos oposicionistas, nem a sua capacidade de cumprir acordos. O problema, coacham pererecas insolentes, é o fator Alacid.

Livre, leve e solto

O PSB só poderá coligar livremente com quem bem entender porque não vai fazê-lo nacionalmente. É a estratégia do partido, para adequar-se às realidades estaduais.

Valéria

E Valéria será candidata a quê? À Assembléia Legislativa, como dizem alguns? Ao Senado? Ou será que tanto barulho é apenas para manter a Vice, afastando a bicharada? Corrija-se: a Vice e a fantástica área da Proteção.


UTI

Corre, insistentemente, o boato que o tucano-mor, Almir Gabriel, estaria doente – e bem doente - sem condições, portanto, de encarar uma eleição. A boataria já tornou também Ademir vítima de grave enfermidade. Daí já ter gente dizendo que, do jeito que vai, a próxima eleição acaba virando uma grande UTI...

quarta-feira, 8 de março de 2006

Prozac e eletrochoque

Peço desculpas pela demora na atualização do blogg. Não é falta de tempo – é puro tédio. Essa flutuação de humor que faz a autora parecer, por vezes, barco perdido em vendaval.

Assim, agradeço a cobrança. Mas, também, rogo a infinita compreensão de todos. Juro que não esqueço mais da sessão de eletrochoque. Nem de me exercitar, uma hora por dia, na camisa de força. Tudo como preâmbulo a toneladas de Prozac.

Talvez possa fazer, ainda, uma sessão de autopiedade, a transformar essa página num vale de lágrimas. Uma punheta intelectual, para demonstrar a profundidade do meu pensamento.

Coisa assim high, up, pós, trans, a essência da essência do absurdo. Ininteligível aos não-iniciados. E sublime justamente pela ininteligibilidade.

Acho que tenho é de aumentar a voltagem. E mandar apertar a camisa...

Pererecando

Nepotismo chega ao STJ


Deputado estadual Mário Cardoso já encomendou, a sua assessoria, o acompanhamento dos diários oficiais do Estado, para detectar possíveis exonerações de parentes do governador Simão Jatene, nesse período pré-eleitoral. Será, por assim dizer, a confissão do crime.

Até o final da semana, o deputado também dá entrada, no STJ, em processo contra Jatene, pela prática de nepotismo. Será o primeiro processo do tipo, contra chefe de Executivo, desde a histórica decisão do Supremo. Há quem aposte que, dessa vez, a muralha de silêncio da imprensa nacional não resiste ao petardo.

Duas Dezenas de Familiares



O processo no STJ será o terceiro apresentado por Cardoso contra Jatene. Os outros dois tamitam na Assembléia Legislativa e no Ministério Público Estadual.

Nas ações, o parlamentar anexou mais de uma centena de documentos, especialmente cópias de diários oficiais, para comprovar a contratação de mais de duas dezenas de parentes e agregados do governador e de suas esposas - a ex e a atual.

Para Cardoso, o governador protagoniza, hoje, um dos piores escândalos nacionais de nepotismo. E olha que mais nomes continuam a chegar...

Aliança Eleitoral


Cardoso não diz que sim, nem que não, nem que talvez. Mas é certo que uma possível aliança do PT com o PMDB, já no primeiro turno, dependerá - e muito - de Brasília.

Ele garante que, até o final de abril, o PT coloca na mesa o nome de seu candidato. Ou, como se fofoca nos bastidores, do candidato para integrar a coligação.

O mote das eleições


Não há dúvida que a segurança pública vai desempenhar papel decisivo nas próximas eleições.

Primeiro pela “sensação de insegurança” que aflige a todos os paraenses, em todos os cantos do território. Sensação, aliás, calcada em situações bem concretas: assaltos, seqüestros e assassinatos brutais. A barbárie a que assistem, todos os dias, perplexos, os moradores de Nazaré e do Tucunduba. E que pode transformar o ato de sentar à porta de casa em um filme de terror.

Óbvio que a eficácia desse mote – poderoso, vez que se alimenta – será proporcional à capacidade de as oposições conseguirem conectá-lo à incompetência do Governo Estadual. Ou, pelo contrário, de o Governo Estadual conseguir livrar-se de boa parte dessa responsabilidade. Proeza, aliás, difícil a essa altura do campeonato.

Porque o PSDB permitiu que a insegurança assumisse as proporções assustadoras que vemos hoje. Não que pudesse fazer milagre, num país de desigualdades avassaladoras. Mas, ao menos, poderia ter garantido o básico: polícia nas ruas e os equipamentos necessários ao cumprimento do dever.

No entanto, o que se viu foi justamente o oposto. Em 2003, o número de policiais militares – ou o grosso do efetivo das forças de segurança – era o mesmo de 1994, apesar do crescimento populacional registrado no Pará. Por todo o interior se multiplicaram queixas em relação à falta de equipamentos e condições básicas – armamento, munição, viatura, combustível, melhores salários. Não bastasse isso, ainda agregou-se a falta de planejamento e um verdadeiro asco ao comando, a correr a boca pequena entre a oficialidade.


Do ponto de vista simplesmente eleitoral, o mais grave, para o PSDB, é que a incapacidade de garantir um mínimo de segurança à população põe em xeque até o discurso de transformação econômica do Pará. Porque, das duas uma: ou não existe mudança alguma ou a mudança tem beneficiado, apenas, os mesmos de sempre, não chegando às grandes massas populares. Simples questão de lógica, dada a relação inescapável entre a negação da Cidadania e o incremento da criminalidade.

É provável que a resposta pífia do Governo Estadual aos ataques oposicionistas deva ser creditada, num primeiro momento, à incapacidade de identificar o poder desse mote. Hoje, porém, tal se deve, certamente, a dificuldade mesma de contorná-lo, depois de deixá-lo chegar ao ponto em que chegou. Principalmente quando é impossível jogar a responsabilidade para o costado da administração anterior...

O eleitorado, com o seu pragmatismo, decidirá, provavelmente, pela segurança pública – e não por toda a honestidade jurada do mundo, cada vez menos credível no território profano da política. Mas é preciso que a oposição consiga sistematizar os ataques a esse flanco. E humanizar as histórias que resgata, para maximizar o poder da empatia. Afinal, como bem sabe a psicologia social, o combustível das multidões é o sentimento - e não a razão.

As Aventuras do Barão de Inhangapi

Pelo fio, o Barão de Inhangapi confidencia que já arranjou maneira de se livrar das reclamações de nepotismo: vai transferir a parentada para a esfera municipal. Uma já foi. Outra, a irmã, foi vista saracoteando nos salões de Belém.

Barão é gente boa com a família: Duzinho aumentou em sete vezes o patrimônio visível, desde a ascensão de titio. Show do milhão. Égua da dupla calibrada!

Qualquer dia faço um tricô sobre as aventuras do Barão de Inhangapi.

Sujeito completamente bilé. Quando novo, ficava se balançando pra trás e pra frente, sempre que se sentia angustiado – o que acontecia com freqüência irritante.

Também não dizia coisa com coisa: seus discursos se assemelhavam ao Humanitismo do Quincas Borba. Ou àquela tirada da “Bastilha da razão humana”. Deveria ser trancafiado na Casa Verde. A bem do serviço público.

Mas o Barão de Inhangapi é craque em conta de merceeiro. Por isso, faz dinheiro como ninguém. Tá cada vez mais rico. Apesar de ter nascido sem ter no rabo o que periquito roesse.

Sujeito poderoso. Maleável a qualquer interlocutor. O próprio Zelig, o homem-camaleão.

Um artista, sim senhor. Sempre obcecado em transformar a própria vida num épico. Tadinho! Não sabe que quem nasceu pra Páris nunca chega a Heitor...

Figura interessantíssima, o Barão. Penso até em convidá-lo a colaborar mais vezes com essa página. Vai ser um tal de barata avoa...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Sobre o Nepotismo

As pessoas têm de parar de ver no nepotismo uma questão menor.

Na verdade, o emprego de parentes na máquina pública revela um profundo desrespeito ao contribuinte e à própria democracia, que tem na separação entre o público e o privado uma condição basilar.

Não dá para tratar a res publica como extensão do quintal do mandatário.

Não é herança, nem dinheiro amealhado com o suor do próprio: é o seu, o meu, o nosso dinheirinho que vai para o bolso da parentela do todo-poderoso de plantão.

É rapinagem vergonhosa, especialmente em estados mais pobres, onde a verba é diminuta e, as necessidades, colossais.

Se a parentela é competente, que se estabeleça por meios próprios: que faça concurso público, abra uma empresa, arranje emprego na iniciativa privada, vá vender cachorro-quente – aliás, há grandes exemplos de sucesso nesse tipo de empreendimento.

O que não pode é usar dinheiro público. Criar programa de primeiro emprego para beneficiar os seus. Ou transformar o erário em previdência privada, para teúdas e manteúdas.

Veio tarde, aliás, a decisão do Supremo. Porque nepotismo agride, sim, a Constituição. A moralidade e a impessoalidade que precisam nortear a conduta dos detentores de poder.

Ou o Brasil aprende o mínimo sobre democracia, ou nunca mais que sai do buraco.

Política não pode ser encarada como meio para fazer pé de meia. É serviço em favor da sociedade. E ponto.

Pererecando

Só Boato

Dirigente do PSB garante não ter fundamento o boato sobre grave doença do ex-senador Ademir Andrade.


Segundo a fonte, Ademir teria sofrido, apenas, inflamação na próstata, já devidamente sanada.

A confusão teria sido causada por um laboratório local, que identificou a doença como câncer.

Novos exames, em Brasília e São Paulo, porém, corrigiram o diagnóstico.

É macumba!

Ademir é a segunda importante liderança oposicionista a apresentar problemas de saúde, às vésperas do próximo pleito – a outra foi o ex-deputado petista Paulo Rocha. Por isso, já tem gente comentando: ô macumbeira danada, essa do PSDB!

Dobradinha

Falar em Ademir: circula nos bastidores políticos possível dobradinha PSB/PT, com Ademir para o Governo. Mas o ex-senador jura de pés juntos que sai mesmo é à Câmara dos Deputados. A conferir.

Plim! Plim!

Ajude a divulgar esse blogg. Pergunte a um amigo: “você já entrou na perereca hoje?”. Ou diga a uma amiga: “Vamos lá, vamos abrir essa perereca”.

domingo, 26 de fevereiro de 2006

A frase do dia

Ah, deserto que ardes no peito!
Que tanto insistes em ser coração?

Sotaque Português

Vou-me a outras bandas,
outras terras, além Tejo.
Onde os dias não exalam teu perfume,
onde as cores não espelham teus cabelos.

Vou-me, qual um fado!
Rua em rua a luminar Alfama
a um canto de teu quarto.

Vou-me,
mágica qual a noite
a fecundar sonoros desejos.

E se de morte, enfim, forem essas terras.
E de negro se cobrir o azul do Tejo,
que em meu peito, ai!, se encontre a sepultura,
desse corpo que no meu é uma prece!

Belém, 1988

Esaú e Jacó

É certo que, por muito tempo, a política nacional conviverá com a polarização entre o PT e o PSDB. Não apenas pela condição gemelar desses partidos, que são, por assim dizer, uma versão revista e ampliada do clássico Esaú e Jacó. Mas porque representam – e isso soa até como obviedade ululante – o que de mais avançado foi produzido pela política brasileira, em muitos anos.

Por isso, causa espécie o nível rasteiro da disputa entre esses dois partidos, com a reedição de práticas eleitorais arcaicas e a possibilidade até de violência física, em graves proporções.

Comportamento estranho esse, quando proveniente de partidos que dispõem de tão brilhantes intelectuais. E que erigem na ética e na democracia o centro do discurso político.
Sinal que o suburbano coração está sempre presente, mesmo nas melhores famílias. E que, como já disse alguém, nessa grande zona cinzenta da política, a prática nem sempre corresponde ao discurso.

Não creio, porém, que essa polarização venha a se repetir no Pará, nas próximas eleições. É certo que vai influenciar nas alianças e nos recursos disponíveis. Mas, aqui, a polarização ocorrerá entre PMDB e PSDB.

Vou tomar uma e refletir acerca disso. Fui.

Uma Guerra Cruenta

Não me lembro a quem pertence a definição da política como a guerra por outros meios. Mas acredito que tal clareza é excelente ponto de partida para a cogitação de cenários às próximas eleições. Porque, o que se impõe a seguir, do ponto de vista lógico, é a consideração acerca das condições objetivas – e não de eventuais simpatias ou antipatias, ou “do mundo-como- gostaria-que-fosse”.

O intróito é necessário para rebater comentário em relação ao meu post inicial. Quem coloca Almir Gabriel como fora do jogo, nas próximas eleições, o faz por questões meramente emocionais. Porque Almir é uma força viva dentro do PSDB, o partido, aliás, que, por deter a máquina, detém, também, as maiores capacidades. Até porque tem sabido maximizá-las, a partir de uma boa estratégia de marketing. E de uma condução política que embaralha as cartas, a impedir o foco sobre essa ou aquela candidatura.

De igual forma, é tolice imaginar que Jader não considera a possibilidade de se candidatar ao Governo e que, ao fazê-lo, não terá condições de conquistar tal posto. As capacidades de cada “exército”, como a disponibilidade inicial de recursos humanos e materiais, antecipam as condições em que se travarão as batalhas. Significam, por exemplo, mais ou menos “linhas de abastecimento”, maiores ou menores tentativas de utilização do embate direto. Mas não determinam o resultado.

Mais importante é a estratégia. E mesmo, chamemos assim, a “virtude guerreira” e a motivação dos comandantes de tais forças, coisa que, aliás, muito boa gente teima em não considerar entre as condições objetivas. É fácil: basta imaginar o que seria do monumental exército napoleônico sob o comando de um Agamémnone – sem Ulisses, é claro.

Óbvio que não estamos falando de disparidades do tipo EUA e Vietnã ou EUA e Iraque – e mesmo em tais casos, as resultantes não foram exatamente as prognosticadas, a partir das capacidades iniciais.

Estamos falando de gigantes da política paraense, Almir e Jader, que dispõem de recursos consideráveis e que já comprovaram, sobejamente, extraordinário talento para o comando. O Jader com a sua capacidade de compreender as motivações de anjos e demônios, para seduzi-los a um só tempo. O Almir com uma determinação que faz todo o resto parecer de sua menos importância. Ambos, dotados de coragem arrasadora, a encantar, mas também atemorizar, o comum dos mortais.

Possível, assim, antever batalhas cruentas, com gaiolas suspensas, emparedamentos e, é claro, ordálios para todos os gostos. Mas o resultado, maninho, nem a Mãe Delamare...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

ô gentalha!

Ô gentalha pra gostar duma sacanagem! Foi só chamar meu blogg de “A Perereca da Vizinha” pra choverem e-mails. Teve gente que até reclamou de falta de perereca (avalie!!!). Outro me perguntou se podia mandar um link pra minha...
Portanto, decidi aceitar as críticas em relação a minha perereca saltitante. Foi só política. Faltou aquela pitadinha de maledicência. O próximo post será mais picante – sem trocadalho!
Por que não falamos de pênis? Gostaria de saber da opinião de vocês. Alguém aí já leu o livro “Uma mente Própria”, que é uma história social do pênis? Concurso: dez cervejas pra história mais imaginativa sobre o mundo falocêntrico. Uso ou desuso.
Êta diabo! Que subi qui cumeçu a ficá bêbada!

Mexericos, bebedeiras e afins

Este blogg não tem qualquer finalidade nobre – muito pelo contrário. É, assumidamente, mexeriqueiro e algo bêbado, sempre que a autora estiver nessa condição. Por isso, versará, especialmente, sobre a política tupiniquim.


Quer dizer, se a gente não está em campo, nada impede, ao menos, de xingar o perna-de-pau da ocasião...


Em política, nada melhor do que ser absurdamente incorreto.


A frase do dia

“Na corte, a razão é proporcional ao poder que se detém”.


Direto da mesa de bar


Dia desses tomei conhecimento de um tititi quentíssimo. Diz que a proposta da ocasião, para as próximas eleições, é uma chapa com Almir para o Governo, Luís Otávio para vice e Jader para o Senado – com um “laranja”, para o mesmo cargo, de um pequeno partido da União pelo Pará, para que Almir não tenha de subir no palanque do Jader e vice-versa.


Cá com os meus botões, fiquei a matutar: isso parece coisa do tipo “eu trago a vaselina e tu o restante”. Galinha forreca que não se vende em raposário tão bem freqüentado...


Ora, um candidato “laranja”, qualquer que seja, pode tornar-se competitivo, dependendo das verbas e do apoio que sejam canalizados para a candidatura dele. O Luís Otávio, por exemplo, quem elegeu? E o Jatene? O próprio Ramiro, que era um poste, quase chega lá - só não chegou por causa de um erro de marketing. Então, o fato de se "correr solto" não é garantia alguma. E o risco é imenso: como ficaria a situação do Jader sem mandato e com o Luís Otávio como vice-governador pelo PMDB? Pode-se argumentar que nenhum daqueles que citei era, efetivamente, “laranja”. Mas, quem garante que o candidato proposto, nessa aliança, o será?


Não me lembro se foi Maquiavel ou Gracian quem fez o alerta, mas é certíssimo: em política, um dos piores erros é acreditar que um adversário pode perdoar uma ofensa grave. E o Luís Otávio foi levado algemado e de cuecas para uma delegacia, além de perder boa parte de seu patrimônio. Do Almir, então, nem se fala: todo mundo sabe a aversão que nutre pelo Jader. Seria o Jader tão ingênuo a ponto de se colocar, assim, nas mãos de dois adversários que, se puderem, lhe arrancam o couro, com um sorriso nos lábios?


A meu ver, o único centro de poder que realmente interessa, neste momento, para o Jader é o Governo do Pará. E por que? Porque só o Governo lhe dará garantias reais, efetivas, de recuperar espaço político na dimensão de que necessita até para a sobrevivência dele mesmo e do Helder, em Ananindeua. Quando até um Bira é cooptado da forma como foi (ou seja, introduzido no partido do governador, o PSDB) isso não ocorre pelo eventual peso eleitoral do cara, que é quase nulo, mas pelo simbolismo desse ato. Significa que a debandada é geral e que nem mesmo os mais fiéis se dispõem a continuar ao lado do “senhor”. É uma situação de extrema fragilidade que, se mantida, levará, fatalmente, à morte política.


Agora, vamos imaginar que tudo acontece bonitinho, nos trinques. Almir, Luís Otávio e Jader se elegem. E aí? No Senado, o Jader teria de continuar a se fingir de morto – não creio que o ACM permitisse a sua ressurreição, até porque o discurso do Jader tocou fundo, na mágoa, na dor, pela perda do filho. No Pará, ou seja, na base, o Luís Otávio seria o posto avançado do PSDB dentro do PMDB. Naturalmente, com verbas, assessorias e poder para criar um novo PMDB, do qual seria a liderança máxima. E, para isso, a condição fundamental é o aniquilamento dos Barbalho, aí incluído o Helder. Quer dizer: estamos falando de uma condição em que não sobraria para o Jader nem a sobrevivência através do(s) filho(s).


Assim, em 2010, poderia até haver uma alternância aparente de poder, com o Luís Otávio como governador, pelo PMDB, com o apoio do Almir. Mas, o que restaria, então, para os Barbalho, além da banda passando? O Jader está disposto a virar história? E, sem poder efetivo, quem garante que mesmo um mandato de senador seria suficiente para livrá-lo de uma nova prisão? Mesmo o patrimônio que juntou sobreviveria a isso, ainda mais com os constantes ataques do maior grupo de comunicação local?


Para terminar essas divagações, deixo para vocês uma historinha: o julgamento de Sócrates, há 2.500 anos.


Condenado, ele poderia ter proposto uma alternativa à pena de morte: multa, cadeia, desterro. Mas, como foi que raciocinou? Além de argumentar que a escolha de uma pena, por ele, seria uma espécie de confissão de culpa, disse, mas ou menos nesses termos: “o que há depois da morte eu não sei, ninguém sabe – se é alegria, se é sofrimento. Mas, na cadeia eu sei que vou sofrer. E também se escolher a multa, porque, como não tenho dinheiro, vou ficar preso por anos a fio. E o desterro? É tão ruim quanto, porque, se vocês que são meus compatriotas não me aturaram e me condenaram à morte, é justo que eu imagine que, em terra estranha, será apenas uma questão de tempo para que me matem. Logo, como posso trocar, assim, um sofrimento que nem sei se existe por um sofrimento certo?”.


Pergunta-se: como o Jader pode trocar uma eleição que não sabe se perderá por um acordo no qual estará irremediavelmente perdido?


Cantinho da Poesia


Minha Pasárgada 15/10/2005 22:49
(a Manoel Bandeira)

Minha Pasárgada já não há.
Ficou pra trás, com o trem.
Pra lá do trem.
Em meio a considerações
ao senhor diretor.
Morreu no ponto, sem café, sem pão.
Sem, ao menos, o verbo Teadorar.
Quem sabe fosse uma Pasárgada qualquer
daquelas que acenam em cada esquina,
com promessas de mil delícias,
mas que se apressam em ir embora
em busca de mais um cliente,
volúpia ardente que são.
Minha Pasárgada não fugiu a galope -
e essa já é outra história.
Era, tão somente, noves fora.
Bela, bela
mas necessitada de pneumotórax.
Fumava, bebia, esbravejava...
Não era bem uma ilha, uma utopia,
ou a poesia que bate à porta.
Era uma estação que ia ou vinha ao gosto do freguês.
Minha Pasárgada tem cabelos brancos.
E rugas - muitas rugas.
É o que restou.
É o porto em que me agarro
a fugir da indesejada das gentes.
A vida tem dessas coisas:
transforma todo paraíso em UTI.


Para quem gosta, um excelente Carnaval!