segunda-feira, 6 de abril de 2020

Confirmações da Covid-19 no Pará crescem 410% desde o início da transmissão comunitária e chegam a 102 casos. Sespa anuncia segunda morte pela doença. 17 municípios já atingidos. Belém concentra quase 63% dos casos. 46% dos contaminados têm de 20 a 40 anos e apenas 12% são idosos. 5 pessoas internadas, algumas em UTIs.



 

Até a madrugada desta segunda-feira, os casos de Covid-19 cresceram 410% no Pará, em relação ao período anterior quando não havia a confirmação de transmissão comunitária do novo coronavírus. 

Em 12 dias, entre 18 de março (quando ocorreu o primeiro diagnóstico), e o último dia 29, foram apenas 20 casos. 

Já entre o dia 30 (quando foi confirmada a transmissão comunitária) e a madrugada desta segunda-feira (06/04) foram 82 registros da doença. 

Ao todo, já são 102 casos confirmados, com duas mortes.   

Os cálculos desta postagem são da Perereca da Vizinha, a partir de um levantamento do DOL, com base nos números divulgados, diariamente, pela Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), e da atualização dos casos pela Sespa, nesta madrugada, através do Twitter. 

A transmissão comunitária significa que o vírus já circula no estado e que os moradores o transmitem uns aos outros, sem que tenham viajado a outros países, ou tido contato com quem viajou e com pessoas diagnosticadas.  

Ou seja, não é mais possível saber quem contaminou quem ou monitorar boa parte dos infectados, na grande maioria sem sintomas, ou apenas com sintomas leves. 

Em suas mais recentes coletivas à imprensa, o governador Helder Barbalho e o secretário de Saúde, Alberto Beltrame, têm reforçado os apelos para que a população fique em casa, de forma a reduzir a transmissão do vírus, o aumento dos casos graves e a sobrecarga do sistema de Saúde, o que poderá resultar em maior número de mortes. 


Pará registra segunda morte por Covid-19 


No final da noite de ontem, a Sespa informou, através do Twitter, a segunda morte por Covid-19, no Pará. 

Trata-se de uma mulher de 50 anos, de Belém. 

O primeiro óbito foi o de uma senhora de 87, na Vila de Alter do Chão, no município de Santarém.  

Ela morreu em 19/03, mas a confirmação de que foi por causa  da doença só aconteceu no último 01/04. 

Além das duas mortes, o estado também já registra casos graves: até ontem, 5 pacientes estavam hospitalizados, alguns em UTIs. 

Ainda não se sabe, porém, se a mulher que morreu ontem estava entre esses pacientes. 


Doença atinge 17 municípios 


Entre os dois períodos (antes e depois da transmissão comunitária), também aumentaram os municípios com diagnósticos da doença. 

Dos 20 casos registrados de 18 a 29 de março, 12 eram de Belém, 4 de Ananindeua e 4 de Marabá, Itaituba, Castanhal e Parauapebas – ou seja, 6 municípios. 

Já no período de 30 de março até ontem (05/04), entraram nessa lista mais 11 municípios: Marituba, Benevides, Barcarena, Santarém, Novo Progresso, Abaetetuba, Tucuruí, Oeiras do Pará, Altamira, Goianésia do Pará e São Geraldo do Araguaia. 

O pico das confirmações, até agora, ocorreu em 03/04, com a divulgação de 27 novos casos.  

Até 02/04, eram 48 pacientes diagnosticados. 

Com os 27 do dia 03, esse número subiu para 75, num incremento de 56,25%, no total de casos.  

Em relação ao dia 2, quando ocorreram 8 registros, os 27 do dia 3 representaram um aumento superior a 237%. 

Foi uma quantidade de comprovações tão acelerada e acentuada, que os números mudaram várias vezes, tornando-se cada vez mais assustadores, ao longo do dia. 

No entanto, esse pico desabou no dia seguinte, 04/04, quando foram 7 confirmações; e ontem, quando ocorreram apenas 4, levantando a possibilidade de que tivesse decorrido mais da conclusão de uma grande quantidade de exames em apenas um dia. 

Mas a divulgação de 16 novos casos, apenas na madrugada de hoje, indica a possibilidade de que esse pico seja ultrapassado, ao longo desta segunda-feira. 

Desses 16 novos casos, 15 são de Belém e 1 de Ananindeua. 


5 internados, alguns em UTIs, e ampla subnotificação 


Em um comunicado na noite da sexta-feira (3), o secretário Alberto Beltrame lembrou que, na transmissão comunitária, “os casos aumentam geometricamente”. 

E perguntou: “Onde é que vamos parar? Amanhã teremos quantos (casos)? Cem, 150? Quantos estarão numa UTI, num respirador? Quantos óbitos teremos?" 

Ele renovou o apelo ao “bom senso, solidariedade e responsabilidade” de cada cidadão, a fim de que todos permaneçam em suas casas. 

E criticou, especificamente, a situação da capital: “Temos visto Belém voltar a uma vida praticamente normal. As pessoas se assustaram um pouco no início e ficaram em casa, e agora, que é o momento de ficarem em casa mais do que nunca, estão circulando”, disse ele. 

Beltrame enfatizou que o crescimento de pessoas contaminadas aumenta a possibilidade de casos graves da Covid-19. 

No início da doença no Pará, lembrou, havia o registro apenas de casos “médios e moderados”, todos apenas em isolamento domiciliar. 

De lá para cá, porém, já são 5 pessoas internadas “algumas estáveis, algumas ainda entubadas, com ventilação mecânica”. 

O secretário salientou, mais uma vez, a necessidade de evitar a sobrecarga do sistema de Saúde, para que se possa atender todos os que necessitarem de cuidados médicos, especialmente, em UTIs. Do contrário, disse ele, “teremos uma triste notícia em breve: começar a contar as mortes no Pará”.  

Já o governador confirmou, em uma coletiva à imprensa, no dia 2, que recebeu relatos da ida “de muita gente” a hospitais e demais unidades de Saúde, com problemas de insuficiência respiratória, o principal sintoma da Covid-19, e que já havia, então, pacientes internados, inclusive em UTIs, com suspeita ou até diagnóstico da doença. 

Helder também reconheceu a possibilidade de uma ampla subnotificação: disse que a referência com a qual o Governo trabalha é a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que os casos notificados de Covid-19 representam apenas 14% dos casos reais. 


Belém lidera com quase 63% das confirmações 


Dos 102 casos confirmados de Covid-19 até esta madrugada, 64, ou quase 63%, são de Belém. 

Em segundo lugar vem o município de Ananindeua, também na Região Metropolitana, com 11 confirmações. 

No interior, o município mais afetado é Santarém, no oeste do Pará, com 5 casos. 

Veja a lista de confirmações de Covid-19 por município: 

Belém: 64
Ananindeua: 11
Marituba: 2
Benevides: 1
Barcarena: 3
Castanhal: 2
Santarém: 5
Itaituba: 3
Marabá: 2
Parauapebas: 2
Novo Progresso: 1
Tucuruí: 1
Altamira: 1
Goianésia: 1
Oeiras do Pará: 1
São Geraldo do Araguaia: 1
Abaetetuba: 1 


Aumento de 58%, entre os dias 3 e 4, segundo os números da PMB 


No sábado, 04/04, um Boletim da Prefeitura de Belém, atualizado até às 21 horas e distribuído em um grupo que ela mantém no WhatsApp, informou que já existiam 49 casos de Covid-19 na capital, contra os 31 divulgados pelo prefeito Zenaldo Coutinho, no dia anterior. 

Isso significa um aumento de 58%, apenas entre os dias 3 e 4. Em relação a 31/03, quando eram apenas 20 casos, o aumento foi de 145%. 

Veja a evolução das confirmações, em 5 dias, segundo os números da Prefeitura de Belém: 

31/03 – 20 casos
01/04 – 26 casos
02/04 – 28 casos
03/04 – 31 casos
04/04 – 49 casos 

No sábado, houve um descompasso entre os números da Sespa, que registrava 45 casos em Belém, e da PMB, que informava 49.  

Mas, ontem, os números voltaram a bater, o que leva a crer que a diferença decorreu de um atraso da Sespa, já que os 4 casos que ela divulgou ontem eram todos da capital. 

Com a divulgação de mais 15 casos nesta madrugada, a capital dá mais um salto: quase 31%, entre os dias 4 e 6. 


Maioria dos diagnosticados tem entre 20 e 40 anos; pessoas com mais de 60 representam 12% 


Dos 102 casos confirmados, apenas 12 (ou quase 12%) são idosos com mais de 60 anos, um dos grupos de risco da Covid-19. 

Quase a metade (46%) está concentrada em duas faixas etárias consideradas de menor risco: jovens de 21 a 30 anos (21 confirmações) e adultos de 31 a 40 anos (26 confirmações).
 
No entanto, em 7 dos 16 novos casos divulgados na madrugada de hoje não há informações acerca da idade. 

O estado também registra uma criança de 9 anos, de Belém, contaminada por um familiar; e uma jovem de 19 anos, também da capital, que teria contraído o vírus durante uma viagem ao estado de São Paulo. 

Em coletiva à imprensa, no último dia 2, Alberto Beltrame comentou a prevalência de confirmações entre pessoas mais jovens, e a menor incidência entre os idosos. 

Ele lembrou que, logo no início dessa pandemia, criou-se a ideia “de que era um problema de idosos”. 

No entanto, os números vêm mostrando uma situação bem diferente, no Brasil: no Rio de Janeiro, por exemplo, a maioria dos diagnosticados têm de 30 a 39 anos. 

Segundo o secretário, “isso chama a atenção das autoridades sanitárias para um comportamento diferente no nosso meio, mas, sobretudo, para uma possibilidade: os idosos entenderam o recado do isolamento social”. 

O fato, disse ele, também reforça a ideia de que o isolamento vertical (ou seja, apenas das pessoas dos grupos de risco) “não é adequado”. 

“O importante é o isolamento horizontal: todos devem manter o isolamento. Porque, se sou jovem e vou à rua e me contamino e moro com meus familiares, eu vou levar o vírus para dentro de casa e vou infectá-los”, observou. 

Já o governador disse, no comunicado do último dia 3, que nenhuma das 5 pessoas que estavam internadas em decorrência da Covid-19 era do grupo de risco (aparentemente, ele quis dizer que nenhuma tinha mais de 60 anos).  

Tal fato, segundo ele, “demonstra que essa ideia de deixar vovô e vovó e pai e mãe em casa, porque têm mais de 60 anos, e vai todo mundo pra rua, porque não está no grupo de risco, é um equívoco”, afirmou. 

“Quem está no grupo de risco merece uma atenção maior, pela vulnerabilidade. Agora, achar que, por não estar no grupo de risco, você está imune, não pode vir a ser infectado, é uma distância total e absoluta”, acrescentou. 

Veja a distribuição das confirmações de Covid-19, por faixa etária, no Pará: 
 
De Zero a 10 anos: 1 caso
De 11 a 20 anos: 1 caso
De 21 a 30 anos: 21 casos
De 31 a 40 anos: 26 casos
De 41 a 50 anos: 19 casos
De 51 a 60 anos: 15 casos
De 61 a 70 anos: 9 casos
De 71 a 80: 2 casos
Mais de 80: 1 caso 

Há ainda 7 casos dos quais a Sespa não informou a idade, na madrugada de hoje. 

Veja a relação completa das confirmações, dia a dia, no DOL:

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