(Foto: Mayara Pina/Facebook) |
No último dia 20, a gari Cleonice Vieira de Moraes, de 51, morreu de uma parada cardíaca, em decorrência das bombas de gás lacrimogêneo atiradas a torto e a direito pela Polícia Militar do Pará, para dispersar manifestantes do Movimento Belém Livre (veja aqui os relatos sobre a impressionante violência policial: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/06/belem-em-transe.html).
Ontem, como se já não bastasse um cadáver, a PM voltou a arrepiar.
Segundo vários relatos, foi pra cima dos manifestantes com tudo a que tinha direito: cavalaria, batalhão de choque, balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
Transformou as imediações da avenida Almirante Tamandaré, no centro de Belém, em uma verdadeira “praça de guerra”.
E até invadiu o Supermercado Nazaré, na travessa São Francisco, causando pânico entre mulheres, velhos e crianças que se encontravam lá dentro, para capturar manifestantes que haviam se refugiado naquele estabelecimento.
Há relatos de prisões arbitrárias e, como num filme sobre as ditaduras latino-americanas, até de pessoas que teriam sido revistadas nas paradas de ônibus e dentro de coletivos.
Aliás, até mesmo pessoas que nada tinham a ver com as manifestações, e que apenas se encontravam em paradas de ônibus nas proximidades, também teriam sofrido escoriações.
Os relatos dos manifestantes são chocantes. Como chocante é a quantidade de tiros que pode ser ouvida em um vídeo que circula na internet, mostrando a confusão.
E mais: estudantes suspeitam que a PM tenha não apenas se infiltrado nessas passeatas, mas até “armado” um incidente, para desgastar o movimento: o coquetel molotov atirado, ontem, contra a Prefeitura de Belém.
Além disso, sustentam, alguns dos manifestantes teriam sido detidos apenas por serem negros.
Coquetel Molotov
A manifestação do Movimento Belém Livre saiu das imediações do Mercado de São Brás às 18 horas e reuniu três mil pessoas, segundo a polícia, ou mais de cinco mil, segundo os manifestantes.
Eles pretendiam cobrar do prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB, mesmíssimo partido do governador Simão Jatene, a redução do preço das passagens de ônibus, coisa já obtida em várias capitais brasileiras, na esteira dos protestos que varrem o país.
Segundo os jornais Diário do Pará e O Liberal, tudo ia bem até por volta das 20h30, quando um “manifestante” atirou um coquetel molotov contra o Palácio Antonio Lemos, sede da Prefeitura de Belém.
A PM respondeu com bombas de gás lacrimogêneo, deteve um suspeito do atentado e os ânimos teriam se acalmado.
Mas depois, ao deter mais duas pessoas por suspeita de roubo (dizem estudantes nas redes sociais), os policiais teriam aproveitado para levar junto mais uns cinco manifestantes.
Ao verem os colegas detidos, alguns resolveram questionar o porquê dessas prisões, aparentemente, arbitrárias.
A polícia pretendia levar os detidos para a Divisão de Combate ao Crime Organizado (DRCO), talvez para enquadrá-los por formação quadrilha, como fez o governador de São Paulo, o também tucano Geraldo Alckmiin, com os manifestantes do Movimento Passe Livre.
No entanto, os policiais chegaram a um acordo com os manifestantes, permitindo que eles pudessem acompanhar os colegas detidos até a delegacia.
Mas, sabe-se lá por que, a PM teria quebrado o acordo, arrancando em alta velocidade com o ônibus no qual se encontravam os detidos.
Quer dizer: tentou arrancar.
Porque manifestantes se colocaram na frente do veículo e quase acabam atropelados.
Depois, o ônibus conseguiu seguir em frente e os demais policiais passaram a perseguir os estudantes pelas ruas do entorno – entre elas, a 16 de Novembro e a Tamandaré.
Alguns, para atrasar os policiais, chegaram a tocar fogo em pedaços de madeira que encontraram pelo caminho, erguendo barricadas.
Outros tentaram se refugiar no Supermercado Nazaré, na travessa São Francisco, que acabou invadido pela PM.
O fato teria provocado pânico entre as pessoas que se encontravam naquele estabelecimento e uma mulher teria passado mal.
Três manifestantes acabaram detidos lá dentro.
Ao todo, dez foram detidos ontem.
Momentos de terror
As primeiras informações divulgadas pela imprensa e pelas redes sociais davam conta de que “vândalos” teriam invadido o supermercado, para saqueá-lo - daí a ação da PM.
No entanto, não é isso o que dizem os manifestantes e pessoas que assistiram a confusão e a comentaram nas redes sociais.
Contou o jornalista Ruy Sposati, no Facebook: “A marcha desaguou na prefeitura, onde foi entregue carta com a pauta de reivindicações. Após a entrega, 5 pessoas foram presas arbitrariamente - entre elas um professor. O clima esquentou. Ficou acordado entre manifestantes e a polícia que todos eles iriam pra delegacia próxima à prefeitura, junto com os presos. Contudo, a polícia descumpriu a negociação com os manifestantes, mudando a rota da viatura e levando os presos para outra delegacia. O clima se tornou mais violento e animoso. A polícia começou a perseguir os manifestantes que exigiam o retorno dos presos. A cavalaria encurralou pessoas em becos e ruelas, com muito spray de pimenta e bombas de gás. Na rua 16 de Novembro, rolou confronto, barricada. Na rua São Francisco, a tropa de choque e a cavalaria encurralaram no supermercado e prenderam arbitrariamente dentro do supermercado 5 ou 6 pessoas, a maioria negras. Entrou uma tropa inteira aterrorizando quem havia se refugiado no mercado”.
Contaram estudantes, em conversas no Facebook (a Perereca recortou algumas postagens e vai omitir sobrenomes):
Felipe: “Saque ao Nazaré é o caralho, seus fdps. As pessoas entraram no supermercado para se defender da PM que tava atirando em todo mundo que estava na rua. Eu estava na parada de ônibus e fui atacado. Eles tocaram o terror no centro, perseguiram várias pessoas”.
Gabrielle: “GENTE NINGUÉM TAVA SAQUEANDO SUPERMERCADO. ELES ESTÃO FUGINDO DA POLÍCIA QUE PARTIU PRA CIMA DOS MANIFESTANTES COM ARMAS E ATIRANDO SEM NINGUÉM TER FEITO NADA”.
Jorge : “Um colega mora na São Francisco. A família dele tem um pequeno boteco. O mesmo afirmou que o confronto foi covarde. Bala pra tudo o que era lado”.
Gabrielle: “Isso mesmo Jorge, atiraram até em quem não era do movimento. Vi eles atirando a queima roupa em um rapaz que tava na parada de ônibus e na confusão acabou correndo. A policia fechava o cerco e atirava sem querer saber se estavam ou não no movimento”.
Eliane: Eu passei próximo a um ônibus que veio do pátio Belém e a polícia estava revistando todos...
Jeff: “É verdade, eu vi uns policiais revistando uma galerinha quando passei na Tamandaré”.
Samantha: “Na prefeitura parece que prenderam dois. Agora estavam atirando balas de borracha contra as pessoas nas paradas. Não sei se tem alguém ferido”.
Samantha (a mesma): “Neste momento, em Belém, a policia age com truculência e abuso de poder. Mesmo após o fim do ato, eles estão cercando, prendendo e atirando contra pessoas que andam na rua ou estão nas paradas. As pessoas (militantes e não militantes) que estão nos arredores do Shopping Iguatemi (Pátio Belém) estão vivendo cenas de medo e repressão.
Danilo: “Bomba de gás, tiro de borracha em pessoa desarmada e arma de choque elétrico. Eis a Polícia agindo”.
Danilo (o mesmo): “Choque dando cavalo de pau na minha frente. E gritando igual animal...."pra parede fdp...vagabundo...e apontado uma 12".
Stefany: “Pelo que me contaram alguns manifestantes entraram no supermercado para fugir do confronto e foram encurralados pela policia e alguns nem estavam nas manifestações e foram acusados! Depoimento de um senhor que estava no supermercado na hora.”
Denis: “A policia invadiu o supermercado Nazaré para prender os estudantes, eu estava lá e vi o despreparo dos policiais, tendo inclusive a garantia do gerente do supermercado proibiu a entrada da policia, armados intimidando o gerente os clientes crianças e adultos, inclusive eu, os estudantes pacificamente sem resistência ofereceram paz”.
Zaraia: “Acabo de chegar em casa e revoltado com o que aconteceu. Estávamos voltando pra casa e fomos encurralados pela PM na São Pedro - atrás do Pátio Belém - que apontou as armas em nossos rostos, nos ameaçando como se fôssemos criminosos... Um bando de psicopatas de armas na mão”.
Júlio: “A Polícia assassina do PSDB acabou de cercar, deter, agredir e até atirar indiscriminadamente em pessoas nas adjacências da Tamandaré. Até pessoas que não estavam na manifestação foram agredidas. Ficamos encurralados próximo ao shopping por muito tempo”.
Ricardo: “Galera acabei de chegar em casa e foi horrível o relato dos estudantes que entraram no ônibus que eu estava, apavorados com a perseguição e truculência da polícia ao reprimi-los do nada. Muitos são da UFPA e foram expostos a humilhação e ameaças de tiro. Como todos sabem quem reagiu do nada foi a polícia”.
Allan: “Só na minha falha conta, foram 2 prisões. Um professor universitário e um manifestante que estava sendo levado pra longe de tudo e de todos pra ser "enquadrado na lei". Esse segundo, acompanhei de perto, e na frente de todo mundo eu gritava perguntando o que tinha feito e ele mesmo dizia: "Tão me acusando de alguma coisa, eu também não sei". E foi levado pra longe da multidão, na surdina. Não pude fazer nada e como não tive ajuda, recuei”.
Caco: “Em Belém, manifestantes (e não vândalos) estão detidos na delegacia da Vileta. Acusações estão sendo feitas ao léu, sem testemunhas, provas, nada. Familiares estão sendo impedidos de entrar - só a imprensa teve autorização. Aliás, um aviso à imprensa paraense e aos interessados: não houve saque no Supermercado Nazaré. Manifestantes foram cercados pela PM e, pra não levarem bala, foram obrigados a correr rumo a um lugar com testemunhas. Entre eles, um dos detidos, acusado de atirar uma pedra numa viatura. Ninguém viu, ninguém sabe. De todo modo, flagrante se dá no local ou estou enganado? Manifestantes estão na frente da delegacia e prometem ficar até todos serem soltos”.
Tão ou mais preocupante é a suspeita entre alguns estudantes de que tenha sido a própria PM a “armar” o atentado de ontem.
Veja trechos da conversa de dois estudantes, no Facebook:
Claudio: “..... Cara.... Eu vi uma cena louca lá... Bem na hora que cheguei por trás dos batalhões... Vi três policiais armando algo em uma viatura do canil... Um falava para ou outro... Bora rápido com isso, vai vai vai....Este que falava vai vaivai... correr para o lado de um paredão do choque e se dividiram em duas filas e na feição deles dava pra ver que estavam prontos para a guerra, a movimentação foi tão estranha que nem vi os outros dois que estavam na viatura para que lado foram, e logo em seguida o coquetel foi jogado na prefeitura... Só que os manifestantes todos... Impressionante isso... Ficaram poucos em pé... Quase todos se abaixaram e gritaram SEM VIOLÊNCIA SEM VIOLÊNCIA, e como os policiais não esperavam esta reação, esperavam que muito endossassem o vandalismos... Ficaram todos lá frustrados se olhando sem saber o que fazer.... Isso tudo aconteceu em menos 5 minutos.... A primeira coisa que veio na cabeça... que aquilo tinha sido armado (...)”.
Jonathan: “Cara quando jogaram aquele molotov a gnt já tava cercado lá na praça, na hora veio umas daquelas caminhonetes lá da frente da Sé, na quinta feira tbm já tinha percebido que eles estavam exatamente preparados(como se esperando) pra algo como aquele rojão”.
Ontem estudantes também informavam, no Twitter, uma ameaça que teriam ouvido de um coronel da Rotam: a de que a PM vai “arrepiar” na próxima manifestação do Movimento Belém Livre, marcada para amanhã, 26, também com destino à Prefeitura.
Confira abaixo mais quatro depoimentos de manifestantes sobre os tumultos de ontem e, ao final, um vídeo que rola no Face mostrando a confusão na Almirante Tamandaré.
O vídeo é do O Bolg notícias.
Fernando: “A polícia de forma desnecessária e violenta iniciou um confronto com os manifestantes. As pessoas do movimento estavam negociando sobre manifestantes que foram presos injustamente sob a acusação de terem jogado pedra ou furtado (há suspeitas que existiam policiais infiltrados e que plantaram pedras e coquetéis molotov). 10 pessoas foram presas e só 2 eram ladrões. Nós conseguimos sentar na frente do ônibus da PM e impedir que eles fossem levados antes que as autoridades prestassem satisfação sobre as prisões e ficou acordado com a defensoria e o assessor de comunicação da PM ( e filmado pela mídia) que alguns representantes do movimento iam acompanhar os manifestantes presos,as pessoas liberaram a via e ao invés da PM esperar que nós acompanhássemos o ônibus, eles arrancaram e quebraram o acordo. Os manifestantes correram e impediram mais uma vez que o ônibus saísse, mas dessa vez a PM veio com o choque, cães e cavalaria e fechou as ruas e começou a atirar bombas nos manifestantes. Enquanto eu escrevo isso, várias pessoas ainda estão nas ruas e a PM brinca de GTA na rua jogando carros em alta velocidade pela rua e fechando as vias. Pessoas foram presas por estarem somente correndo”.
Inaê: “Ocorreram dois assaltos. Durante a confusão para prender os assaltantes suspeitos, prenderam mais 5 manifestantes SEM PROVAS. Fomos todos para a frente do Fórum (ao lado da Prefeitura) onde os manifestantes detidos estavam dentro de um ônibus. A polícia queria levar os detidos para a DRCO (Divisão de Repressão do Crime Organizado) no Bairro da Pedreira, ao contrário do ocorrido nas outras manifestações onde os detidos foram levados para a DIOE (Divisão de Investigação de Operações Especiais) na rua Avertano Rocha, próximo ao local da manifestação. DUAS COISAS ESTRANHAS: Realizar o procedimento de B.O. distante da manifestação e, esse procedimento ser realizado na divisão de repressão a crime organizado (...). Pois bem, cercamos o ônibus. DIVERSAS VEZES SENTAMOS E LEVANTAMOS AS MÃOS PARA MOSTRAR QUE ESTÁVAMOS DESARMADOS. Nossas únicas “armas” eram nossas câmeras, nossos únicos “escudos” eram nossas blusas, panos e máscaras para nos proteger do spray de pimenta. (...) QUERÍAMOS SABER QUEM ERAM OS DETIDOS, GARANTIR A INTEGRIDADE FÍSICA DELES E QUE A OCORRÊNCIA FOSSE FEITA NO LOCAL OU PRÓXIMO PARA QUE PUDÉSSEMOS ESTAR PRESENTES.(...) Então, foi acordado com a polícia, que GARANTIU que cumpriria o acordo, que os detidos seriam levados para a DIOE, que era próximo, sendo que o ônibus seria escoltado pelos manifestantes. Abrimos espaço para o ônibus sair. E sabe qual foi a palavra de honra da polícia?! O ÔNIBUS ARRANCOU! Na tentativa de impedir que o ônibus prosseguisse, cerca de 10 manifestantes se dispuseram na frente no ônibus acabando por serem ENCURRALADOS em uma ruela da Cidade Velha PELA TROPA DE CHOQUE. O restante foi impedido de acompanhá-los com spray de pimenta e cães. (...) Corremos pela rua 16 de novembro a fim de encontrar os que ficaram encurralados e tirá-los de lá. A policia cercou, avançou. Conseguimos nos juntar. Chegamos a Tamandaré. Lá alguns reuniram lixo e tacaram fogo nele fechando a 16 na tentativa de nos proteger. Mas o que nós éramos? Pessoas a pé acuadas, tentando proteger os nossos sem nada nas mãos. O que eles eram? Uma tropa de choque, muitos e muito bem armados, a pé, com carros e motos. (...) Todos saíram correndo. Se espalhando pelas ruas da Cidade Velha, procurando onde se proteger. Alguns entraram no Supermercado Nazaré para se proteger. A tropa entrou no mercado. Dos que estavam lá prenderam mais alguns. DOS QUE PRENDERAM, A MAIORIA ERAM NEGROS”.
Felipe: "São 23:43 da noite e eu acabo de chegar em casa após ser COVARDEMENTE PERSEGUIDO PELA POLÍCIA. Durante a manifestação que ocorreu hoje (24 de junho) 5 pessoas foram presas sem motivo claro e de forma completamente arbitrária e foram levadas para frente do Forum, próximo a prefeitura de Belém. Eu e muitas outras pessoas nos dirigimos para lá para impedir que um ônibus saísse do local com os 5 presos sem qualquer esclarecimento quanto a sua prisão. Após conversas com um defensor público e um advogado com crachá da OAB, nos foi garantido que poderíamos acompanhar o ônibus até a delegacia para onde os presos seriam levados. ISSO ERA MENTIRA. Assim que abrimos passagem para o ônibus ele avançou em alta velocidade tornando impossível que qualquer um de nós acompanhasse os presos. Nesse momento a tropa de choque avançou em nossa direção e SEM DAR QUALQUER EXPLICAÇÃO passou a nos ameaçar das mais diversas formas, eu vi claramente um jovem, sem proteção no rosto, sem qualquer arma, simplesmente questionando o motivo daquela ação levar spray de pimenta NOS OLHOS, DE UMA FORMA GRATUITA E COVARDE. O que se seguiu foi uma perseguição da polícia enquanto tentávamos compreender para onde o ônibus se dirigia, porém o ônibus seguiu um caminho que não havia sido o acordado e o perdemos de vista. A partir daí fomos obrigados a FUGIR de uma polícia BRUTA, CRUEL E EXTREMAMENTE VIOLENTA. Dispersamos pela Rua São Francisco e quando já estávamos caminhando percebemos que a tropa de choque, a cavalaria e outros carros da polícia estavam atrás da gente tentando nos encurralar. Muitos (inclusive eu) entraram no estacionamento do supermercado Nazaré na tentativa de sair pelo outro lado na rua 16 de novembro, quando percebemos que um carro da ROTAM estava fechando também essa saída, ou seja, ENCURRALANDO PESSOAS DESARMADOS EM UM ESPAÇO FECHADO SEM QUALQUER MOTIVO. Nos restou subir as escadas do supermercado e nos esconder lá dentro ouvindo berros dos policiais que nos diziam para nos deitarmos no chão. Depois de um certo tempo os policias entraram no supermercado CAUSANDO PÂNICO EM TODOS OS QUE ESTAVAM LÁ com gritos como "VAMO PRENDER O RESTO" e começaram a prender ALEATORIAMENTE pessoas, quer dizer, nem tão aleatoriamente assim pois as duas pessoas que foram presas SEM JUSTIFICATIVA, SEM ACUSAÇÃO, SÃO NEGROS”.
Daniel -“Tem policial no meio da manifestação. Encontramos um que não sabia disfarçar. Não cantava nenhuma música, apenas filmava, quando um senhor do meu lado desconfiou, ele respondia com uma agressividade que muitos conhecem. Depois dali muitos desconfiaram e ele saiu sem ninguém perceber. (...)Em um certo momento, caminhamos para o Fórum tentar negociar junto com uma galera a liberdade de alguns que estavam sendo preso arbitrariamente. Questionava o fato de ainda não terem encontrado o culpado de ter jogado a bomba que assassinou a gari. E questionava também esse tratamento diferenciado para o povo. Colocaram eles dentro de um micro Ônibus. Ficamos ali na frente impedido de eles irem embora. Até que apareceu um Defensor público, um advogado da OAB, e outros de terno e gravata, tentando negociar. Depois de muito bate e boca. Decidimos acompanhar o ônibus até a DIOE que estava ali próximo. Que era pra irmos acompanhado até lá. ISTO FOI O ACORDO! É aqui que tudo fica estranho e tirem suas próprias conclusões. Eles aceleram, descumprido o acordo, dobraram ali a rua em frente ao fórum, eu corri e parei em frente ao bonde, ele freou muito em cima, era eu ou Bonde. Depois outros me acompanharam e fecharam mais uma vez. A tropa se posicionou estrategicamente e fechou uma rua de esquina, o bonde entrou nessa rua, e tivemos que dar o balão pra tentar fechar antes da Tamandaré. Corremos bastante! Nessa hora, acho que comigo, não deviam ter nem 50 pessoas. Ficamos ali, parados, esperando. Iriamos acompanhar a tropa ate a DIOE, esperamos eles se aproximarem, e não demorou muito, disparam spray de pimenta, bombas, tiros! Corremos até a Tamandaré e tentamos bloquear a passagem, pegando compensados de uma casa de construção e colocamos fogo. Isso foi resistência! Ganhamos alguns minutos com isso. Aviso logo, que pelo menos neste grupo que estava comigo, estavam repórteres que não foram agredidos e não vi nenhuma loja sendo quebrada. Estávamos tentando bloquear a passagem e também ganhar tempo pra correr. Na Tamandaré, tinha policia para os dois lados, helicóptero, motos, e eu não enxergava muito bem nessa hora por conta do spray. Algumas viaturas aceleram pela Tamandaré pra nos atacar pela lateral, dos dois lados! Entramos em uma rua e ouvia tiros e tiros. Corremos e entramos no Lider ali próximo. Pensei que ali estaríamos seguro. Me enganei. Eles entraram, no supermercado cara! Se espalharam e começaram uma perseguição sem sentido. Uma mulher grávida passou mal. Eu vi um garoto chorando e isso era triste, era escroto demais.(...) Saímos por trás, e estavamos cercados pela TROPA. Nesse momento dois foram presos arbitrariamente, ou talvez por sua cor da pele. Ficamos cercados ali por um tempo.Caminhamos até o DIOE, com a tropa, PM, atrás da gente. Chegamos lá, nossos amigos e parentes de alguns, não estavam lá. Tudo isso foi filmado e registrado, procurem ver. Eles não tinham identificação, os carros não tinham placas, tudo isso foi registrado”.
Aqui, o vídeo referido acima (https://www.facebook.com/photo.php?v=467445080016011 ):
2 comentários:
100% das pessoas presentes na manifestação legitima eram santos? ah tá, só santinho!
Perereca, você vai gostar se a PM deixar os "manifestantes" destruírem a sua casa?
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