sábado, 27 de novembro de 2010

Ping-Pong Jader XII: Sem orquídeas, arrependimentos e assombrações



Perereca: E se o senhor ficar sem mandato? Se nada der certo na reversão disso? Como é que é: acabou o Jader Barbalho?
Jader: Não seja pessimista (risos). Você está tratando com um otimista... (risos)

Perereca: Sim, mas vamos dizer que dê tudo errado: não se reverta isso e fiquem o Flexa e a Marinor. Como é que é: acabou? É o canto de cisne do patriarca do PMDB do Pará? O senhor vai se aposentar, vai plantar orquídeas, que nem o Almir, ou vai assombrar a política paraense?
Jader: Em primeiro lugar, acho que toda a perspectiva que está aí é favorável. Portanto, não raciocino com perspectiva pessimista. Ou revertemos isso pela via judicial, no próprio Supremo, ou vamos reverter pela decisão de outra eleição – isso está claro. Se não acreditássemos nisso, não estaríamos insistindo nisso. Depois, acho que tenho é obrigação de lutar por isso. Lutar, menos pela questão pessoal. Mas lutar pelo respeito a esse julgamento que o povo do Pará fez por mim; o respeito por essas 1,8 milhão de pessoas, que saíram de casa, entraram em fila - e apesar de toda a propaganda de que o voto não valia. Na seção em que fui votar, encontrei um monte de pessoas lamentando não votar em mim, porque o voto ia ser nulo. O que foi distribuído de panfletos por toda parte no interior do estado, além do noticiário jornalístico e de televisão, seja a nível local, seja a nível nacional... E 1,8 milhão de pessoas, apesar de tudo isso, votam em mim... Eu tenho mais do que nunca de não substabelecer essa procuração. Não vou ser menos feliz por não ter mandato. Agora, o que não posso admitir como animal político, como liderança política, é que se desconheça 1,8 milhão de brasileiros residentes no Pará, que, apesar de toda a campanha de que não deviam votar em mim, votaram e me elegeram. Imagino se não tivesse havido essa campanha, o percentual de votos que eu teria: teria ultrapassado, na pior hipótese, dois milhões de votos. Então, tenho obrigação com essas pessoas. Não é pela vaidade de voltar a ser senador. Já fui senador, líder da maioria no Senado, presidente nacional do PMDB, presidente do Senado, presidente do Congresso – são coisas que ninguém retira da minha história. Faço como Paulo, na Carta aos Coríntios: combati o bom combate – e vou continuar combatendo. Dessa feita, pelo respeito a esse 1,8 milhão, que, repito, é muito mais do que 1,3 milhão de assinaturas que pleitearam o tal do projeto Ficha Limpa. Nunca me senti tão confortável ao circular. Tenho recebido tanta manifestação de carinho... E uma das coisas que mais sensibiliza é, inclusive, o carinho de jovens, que me abordam e dizem que votaram em mim. Então, estou vivendo um momento muito especial. E apesar desse imbróglio, dessa violência política de que sou objeto, se alguém está pensando que estou de farol baixo, não estou; muito pelo contrário. Estou conciliado comigo e satisfeitíssimo com o julgamento do povo do Pará. Eu não concederia essa entrevista para você; não concederia era a entrevista, se eu tivesse sido derrotado. Eu ia apresentar as minhas desculpas e dizer que o povo do Pará tinha encerrado a minha carreira e tinha me mandado para o arquivo. Mas o povo do Pará não me mandou para o arquivo, muito pelo contrário.     

Perereca: Mas não fica nenhum arrependimento, depois de 44 anos de política, processo de satanização, processos judiciais, algemas, e agora essa cassação branca do seu mandato? Quer dizer: se o senhor pudesse voltar no tempo, o senhor não teria buscado outra carreira?
Jader: Não teria oportunidade de estar dando essa entrevista tão gostosa pra você... (risos).  E a vontade que tenho é de encerrar essa entrevista plagiando Pablo Neruda: confesso que vivi... (risos).

4 comentários:

Anônimo disse...

No Pará, Jáder está morto. Agora tem que enterrar o PMDB. Para isso, basta baixar o ego do PT e PSDB Com a união desses dois partidos, ou melhor, com a união das melhores cabeças desses dois partidos, como queria a Marina Silva, o Pará terá muito mais a ganhar e daremos adeus a Era PMDB no Estado.

Anônimo disse...

fiquei degustando cada palavra desse eterno lider do Pará, parabéns Jader, vc esta vivissimo, nós te aguardamos.excelente entrevista, dez p perereca

Anônimo disse...

isso sim e democracia cada um expressa oque acha. mas sem duvidas os fatos historicos e acontecimentos atuais dizem por sir. JB tem um passado um presente vivo e um futuro muito longo pela frente. me orgulha de ser paraense ou ate mesmo ser do futuro estado de carajas . sua biografia e forte em todos estados... thanks--- pmdb.

Américo Leal disse...

Ana parabéns pela entrevista. Jader Barbalho sempre foi muito bom em discursos, e - mais uma vez, deu demonstração dessa habilidade. Só que a prática do negar sempre é muito antiga. Até mesmo Pedro, negou a Jesus. E, olha, não foi apenas uma vez.