No jornal O Globo, a reportagem de Fabiana Ribeiro sobre o impressionante crescimento da internet e a também impressionante exclusão digital do Brasil.
“RIO - Apesar do acesso à internet ter melhorado no Brasil, cresceu 75,3% entre 2005 e 2008 , o país ainda vive um apagão digital: 104,7 milhões de pessoas com dez anos ou mais de idade não usam a grande rede, 65,2% do total, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad) 2008 divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- Ainda existe um contingente grande de pessoas sem internet, estamos abaixo do nível de acesso de outros países, mas observamos um forte crescimento, especialmente entre os grupos com menor escolaridade e menor renda. Um dos caminhos para esse aumento de acesso foi o das lan houses - disse Maria Lúcia Vieira, gerente da Pnad, destacando que ainda há diferenças regionais fortes.
- Esse maior acesso à internet e ao celular mostra uma maior democratização da informação no país. Melhorias na distribuição de renda contribuíram para aumentar o poder de compra das pessoas, fazendo com a população tivesse mais acesso a esses bens - acrescenta o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Azeredo.
Mas o gerente da PME lembra que a inclusão digital é maior em países como Chile, Argentina e Colômbia.
- Estamos muito aquém de países que investiram em avanço em escolaridade, como a Coréia, que usou a educação como forma de inclusão digital - conclui.
Quase um terço dos que não usam a internet dizem não querer fazê-lo
Durante as entrevistas da pesquisa, os três principais motivos citados para não usar a internet foram: não achar necessário ou não querer (32,8%); não saber utilizar (31,6%) e não ter acesso a um computador (30,0%). No Norte e no Nordeste, a razão mais citada foi não saber utilizar a Internet, 38,7% e 40,1%, respectivamente.
A proporção de pessoas que disseram não acessar a internet porque não tinham acesso a computador (30,0%) reduziu em relação à pesquisa de 2005 (37,2%), bem como a atribuição disso ao custo elevado do computador (9,1% em 2005 e 1,7% em 2008).
Já o percentual de pessoas que não usavam a internet porque não achavam necessário ou não queriam foi o que mais aumentou (de 20,9%, em 2005 para 32,8%, em 2008). Cresceu também o percentual de pessoas cujo motivo declarado foi não saber utilizar a Internet (de 20,6%, em 2005 para 31,6%, em 2008).
Alagoas (48,3%), Rondônia (43,5%) e Acre (47,5%) tiveram os maiores percentuais de pessoas que não utilizaram a internet porque não tinham acesso a computador.
Já no Rio de Janeiro o principal motivo foi não achar necessário ou não querer (45,1%).
Os que não acessaram a internet porque não achavam necessário ou não queriam e os que não sabiam utilizar a internet apresentavam idades médias mais elevadas (44,1 e 45,2 anos, respectivamente) do que aqueles que alegaram os demais motivos. Os estudantes que não utilizaram a rede apresentaram como principal motivo não ter acesso ao computador (46,9%).
Sudeste domina o pedaço; Norte e Nordeste na rabeira
Na mesma reportagem, os números também refletem as desigualdades regionais, é claro.
Diz ela a certa altura:
“ Houve um aumento de 75,3% no número de pessoas que usam a internet no Brasil nos últimos três anos, segundo dados da Pesquisa Nacional de Domícilos (Pnad) divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2008, 56 milhões de pessoas de dez anos ou mais de idade acessaram a internet por meio de um computador pelo menos uma vez nos três meses anteriores à realização da pesquisa, contingente que representava 34,8% dessa população. E 2005, o percentual era de 20,9%, equivalente a 31,9 milhões de pessoas.
Apesar da melhora, o Brasil ainda vive um apagão digital: 104,7 milhões de pessoas com dez anos ou mais de idade não usam a internet, 65,2% do total.
A pesquisa apontou ainda que a maioria dos brasileiros acima de 10 anos de idade (53,8%), ou seja 86 milhões de pessoas, tem celular para uso pessoal. Em 2005, eram pouco mais de um terço (36,6%) com o aparelho, ou 56 milhões de pessoas.
Sudeste tem maior percentual de acesso à internet
O aumento no acesso à internet no Brasil se deu tanto para os homens (de 21,9% em 2005 para 35,8% em 2008) quanto para as mulheres (de 20,1% para 33,9%).
As regiões Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%) registravam os maiores percentuais de usuários, e as regiões Norte (27,5%) e Nordeste (25,1%), os menores. Em 2005, esses percentuais eram os seguintes: Norte (12,0%), Nordeste (11,9%), Sudeste (26,2%), Sul (25,5%) e Centro-Oeste (23,4%).
Entre as unidades da federação, Distrito Federal (56,1%), São Paulo (43,9%) e Rio de Janeiro (40,9%) tinham os maiores percentuais de pessoas que acessaram a internet. Alagoas (17,8%), Piauí (20,2%) e Maranhão (20,2%) apresentaram os menores”.
No Norte, mais da metade dos internautas acessa a rede em lan houses
Tem aqui mais um trecho da reportagem:
“Dos 56 milhões de pessoas que acessaram a internet em 2008, 47,5% o fizeram de mais de um local, sendo que o mais citado foi a própria casa (57,1%) durante a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O segundo local de onde mais se teve acesso à internet no Brasil foi o centro público de acesso pago ou lan house (35,2%), que em 2005, ficava em terceiro lugar, atrás do local de trabalho (31,0% em 2008). No Norte e Nordeste, o centro público de acesso pago foi o local de onde mais as pessoas acessaram a Internet (56,3% e 52,9%, respectivamente).
Das pessoas que tiveram acesso somente em um local (52,5% do total), 45,9% o fizeram do domicílio em que moravam; 29,5% de um centro público de acesso pago; 12,1% do local de trabalho; 4,8% do estabelecimento de ensino; 0,8% de um centro público de acesso gratuito e 6,9% de outro local.
Dos que acessaram a internet de casa em 2008, 80,3% o fizeram somente através de banda larga; 18,0% unicamente por conexão discada e 1,7% através das duas formas. Em relação a 2005, o aumento da conexão por banda larga foi bastante expressivo: naquele ano o percentual havia sido de 41,2%”.
A íntegra está aqui
E aqui tem o site do CDI, o Comitê para Democratização da Internet: http://www.cdi.org.br/
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