quarta-feira, 7 de setembro de 2016

OAB vai denunciar arbitrariedade da PM no protesto #ForaTemer em Belém. Documento será encaminhado ao Ministério Público, Corregedoria da PM e Conselho de Segurança Pública. 15 pessoas foram atingidas com spray de pimenta, e 3 por balas de borracha, diz OAB. Advogados foram agredidos, ameaçados e impedidos de acompanhar manifestantes detidos. Até Washington Post noticiou a violência da polícia de Jatene. Mas, segundo a Segup, “todos os direitos foram respeitados”.


Manifestante cai, atingido por bala de borracha. Vídeo mostra PM atirando diretamente no rapaz.



No G1:
 
“OAB-PA denuncia violência da PM durante manifestação em Belém. 

 A Ordem dos Advogados do Pará (OAB) informou nesta terça-feira (6) que vai formalizar denúncia de arbitrariedade contra a Polícia Militar e a Ronda Tática Metropolitana (Rotam). Segundo a OAB, na última sexta-feira (2), advogados foram agredidos pelos policiais durante um protesto contra o governo Michel Temer, e impedidos de acompanhar manifestantes detidos no ato, em Belém. Procurada pelo G1, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Segup) declarou que “todos os direitos foram respeitados”.

O ato reuniu cerca de 150 pessoas, e partiu do Mercado de São Brás até a Praça da República. De acordo com a OAB, ao menos 15 pessoas foram atingidas com spray de pimenta e três foram feridas por disparos de balas de borracha. Seis pessoas foram detidas na manifestação, segundo a Segup.

De acordo com Luanna Thomaz, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, os advogados foram impedidos pela polícia de exercer sua função. “As pessoas são levadas para a delegacia sem direito de falar com familiares e serem acompanhadas pelos respectivos advogados”, denuncia.

Segundo testemunhas, a passeata seguia pacífica até que na avenida José Malcher, próximo a travessa 9 de janeiro, uma jovem foi detida quando tentava fazer um grafite com palavras de ordem na calçada. Neste momento, homens da PM a abordaram. Os manifestantes se agitaram e pediram a liberação da mulher. Homens da Rotam se aproximaram e usaram spray de pimenta contra as pessoas. 


Agressão a advogados 

A jovem foi levada para a Seccional de São Brás, e um grupo de pessoas ficou em frente ao local. José Maria Vieira, conselheiro da OAB, estava na manifestação e relata que tentava negociar a liberação da jovem junto à polícia.

“Enquanto a gente negociava no pátio da delegacia, a Rotam chegou atirando na direção dos manifestantes que estavam na frente da delegacia. A gente estava propondo que a manifestação saísse da frente da delegacia e ocupasse a praça de São Brás, como ocorreu na quarta (31). Eu estava no pátio quando escutamos barulhos dos tiros e gritos. Quando olhei, a uns dez metros, vi a PM atirando nos manifestantes. Nos colocamos na frente da PM para negociar e pedir que eles não atirassem”, relata.

Segundo Vieira, neste momento, ele e o grupo de advogados voluntários foram agredidos. “A PM ignorou nossa posição. Eles colocavam a espingarda entre os advogados e atiravam. Jogavam spray de pimenta nos advogados. Eles dispararam quatro vezes. Levei quatro jatos de spray de pimenta. Eles não deram tiro de advertência, eles atiraram na direção das pessoas. É desproporcional”, denuncia.

Luanna Thomaz destaca que foi violado o direito do advogado assegurado pela Constituição Federal. “A polícia não permitiu que o profissional tivesse contato com os clientes. Alguns advogados foram até agredidos com empurrões, spray de pimenta e até ameaçados na delegacia e também depois. Alguns advogados informaram que receberam ligações de ameaça que diziam que ele estava sendo monitorado permanentemente a partir daquele momento”. A denúncia da OAB será encaminhada ao Conselho de Segurança Pública, Corregedoria da PM e Ouvidoria da PM.

De acordo com a Segup, a repressão ocorreu “quando houve depredações e ameaças (até mesmo uma delegacia foi atacada), assim como aconteceu um ataque direto aos policiais, por alguns manifestantes que lhes atiraram pedras. Também foram constatados danos a patrimônios públicos e pichação de muros de residências localizadas na Avenida Nazaré”.

Para Thomaz, há distinção do comportamento da PM de acordo com a natureza das manifestações políticas. “Em um estado democrático de direito, as pessoas têm o livre direito de se manifestar. Mas observamos que existe uma ação seletiva da PM para algumas manifestações. Nas manifestações pró-impeachment, havia bonequinhos em verde e amarelo no site da PM estimulando as pessoas a se manifestarem pelos seus direitos, coisa que a gente não vê quando o MST faz as suas manifestações, não há bonequinhos vestidos de vermelho no site da PM abraçando a causa”. 


Uso da força 

Além da denúncia de cerceamento do direito de defesa e da agressão contra advogados, a OAB informou que está colhendo denúncias de manifestantes.

Um vídeo (veja acima) postado nas redes sociais mostra um agente da Rotam atirando contra um manifestante parado, a poucos metros de distância. O rapaz é atingido na barriga e cai no chão. Segundo a OAB, o uso de armas não letais em manifestações deve seguir protocolos de segurança. No caso de bala de borracha, o disparo deve ocorrer na direção das pernas e à distância de cerca de 20 metros. O vídeo foi publicado na mídia internacional. “O rapaz foi atingido na barriga, a poucos metros de distância. O uso de spray também foi indiscriminado, sem obedecer nenhuma disciplina de uso”, critica José Maria Vieira.

De acordo com a Segup, em manifestações, a Polícia Militar segue um protocolo, que é dividido em fases, de acordo com o comportamento dos manifestantes e da evolução de cada caso. A primeira fase é a de acompanhamento, manutenção da ordem e proteção ao patrimônio público e privado, além da garantia da liberdade de manifestação e integridade dos próprios participantes. As fases do protocolo são alteradas de acordo com as ocorrências. Ainda segundo a Segup, a repressão usa equipamento específico e pessoal treinado para esse propósito. Não utiliza armas letais e aboliu há muito tempo o uso de cassetetes, substituindo-os em casos extremos por elastômetros (balas de borracha) e gás de pimenta, para contenção dos agressores, encaminhando-os, em caso de detenção, para os procedimentos de praxe da Polícia Civil.

Segundo a nota da Segup, nos últimos três anos, quando se intensificaram as manifestações por conta da conjuntura política, “não há nenhum registro de acirramento ou conflito durante esses episódios. A ordem foi mantida, com um comportamento exemplar de todos os lados”. No entanto, em junho de 2013, a gari Cleonice Vieira, de 54 anos, que trabalhava pela Prefeitura varrendo as ruas da feira do Ver-o-Peso, morreu durante um protesto. Ela sofreu paradas cardíacas após uma bomba de efeito moral da Polícia Militar ter sido lançada dentro do local onde Cleonise e outros trabalhadores se abrigavam, perto da sede da Prefeitura.

A OAB informou ainda que está reunindo as denúncias e que dará encaminhamento penal, criminal e administrativo. O documento deve ser apresentado ainda esta semana na Corregedoria da PM e no Ministério Público”. 

Leia a reportagem completa no G1:

Veja o vídeo que registra a violência da PM de Jatene contra os advogados que tentavam impedir a repressão aos manifestantes: https://www.facebook.com/thamirys.quemel/videos/1175621565845012/ 

E aqui o vídeo que mostra um policial atirando diretamente em um manifestante, com bala de borracha: https://www.facebook.com/Brasil247/videos/1286169714769366/ 

E leia também: “Washington Post faz reportagem sobre repressão ao #ForaTemer em SP e cita Belém. Motivo: o vídeo em que um PM atira diretamente em manifestante, com bala de borracha. O Pará de Jatene é mesmo internacional”. Aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2016/09/washington-post-faz-reportagem-sobre.html

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Nota da Perereca: as primeiras informações, relatadas inclusive pelo Washington Post, davam conta de que o manifestante teria sido atingido na cabeça. No entanto, sabe-se agora, o tiro foi na barriga. 

E fica a observação da blogueira: se "todos os direitos foram respeitados" pela polícia, como afirma a Segup, avalia quando eles são desrespeitados.

FUUUIIIII!!!!!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Washington Post faz reportagem sobre repressão ao #ForaTemer em SP e cita Belém. Motivo: o vídeo em que um PM atira diretamente em manifestante, com bala de borracha. O Pará de Jatene é mesmo internacional.

Rapaz caído no chão, logo após o tiro do soldado da PM, em Belém: americanos impressionados



A violência ordenada pelo governador Simão Jatene contra manifestantes do #ForaTemer em Belém, no último dia 2, parece ter impressionado os norte-americanos.

Reportagem publicada, hoje, pelo jornal Washington Post cita o vídeo, que circula nas redes sociais, no qual um soldado da PM do Pará atira, com bala de borracha, diretamente em um rapaz.

“Mídia Ninja also shared this video from the Plantão Brasil Facebook page of a demonstration in Belem, capital of the Amazon state of Para, in which a police officer appears to fire a rubber bullet at the head of a protester”, escreveu o repórter Dom Phillips.

O Governo Jatene alegou ao repórter que dois policiais foram feridos, por pedras atiradas pelos manifestantes.

No entanto, até advogados foram vítimas de violência, quando tentavam dialogar com a PM de Jatene, para evitar a repressão, como mostra um vídeo postado no Facebook.

Além disso, o vídeo citado pelo repórter do Washington Post é demolidor. O PM não atira a esmo: ele mira o rapaz, que teria sido atingido na cabeça.

Mas o que chama atenção é que a reportagem do WP nem era sobre Belém: era sobre a repressão policial aos manifestantes do #ForaTemer de São Paulo. 

Belém só entrou na parada porque o caso, realmente, impressiona (não acredite em mim, não: assista ao vídeo, para ver a sua reação).

O blog desconhece se o nosso sempre atuante Ministério Público vai apurar tamanho abuso.

Mas uma coisa já é certa: o Pará de Jatene é mesmo internacional.

FUUUIIIII!!!!!  

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E leia a postagem da Perereca sobre a repressão policial aos protestos #ForaTemer: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2016/09/a-brutal-repressao-policial-as.html

Nela, há links para um artigo do blog sobre a repressão em Belém e para os vídeos que mostram a agressão a advogados e o tiro do PM no manifestante.

A violência da PM de SP contra a manifestação #ForaTemer e pelas #DiretasJá. Globo tenta criminalizar manifestantes, mas testemunhas garantem que protesto foi pacífico. Polícia deteve e mantém incomunicáveis mais de 20 secundaristas.






Leia no Face da Perereca as informações sobre a violenta repressão da Polícia Militar de São Paulo à manifestação que reivindicou #ForaTemer e #DiretasJá, neste domingo, 4 de setembro, na capital paulista.

A repressão ocorreu quando o protesto já havia acabado e as pessoas se dirigiam ao metrô, para retornar as suas casas.

Foram usadas bombas de gás, balas de borracha e jatos de água até contra cidadãos que se encontravam  em bares, no Largo do Batata.

O metrô foi “inundado” pelo gás lacrimogêneo e várias pessoas passaram mal. 

Uma passageira de um ônibus, que se encontrava às proximidades do Largo do Batata, também teve de ser socorrida.

Há informações, ainda sem maiores detalhes, de vários feridos.

Um repórter da BBC também foi agredido a golpes de cassetete, por policiais.

Mais cedo, a polícia deteve 20 estudantes secundaristas que se dirigiam à manifestação.

À noite, eles ainda permaneciam detidos e a polícia não permitia o acesso de advogados e familiares, e nem mesmo de um defensor público.

Mesmo com tudo isso, diz a Revista Fórum, a Globo tentou criminalizar os manifestantes, para justificar a repressão policial.

No entanto, várias testemunhas garantem que houve violência gratuita por parte da PM.

Seguranças do metrô chegaram a desmentir a PM, que alegou a tentativa de depredação de uma linha do metrô, por manifestantes, para justificar a repressão.

Nas estimativas dos organizadores do protesto, mais de 100 mil estiveram na avenida Paulista.

Manifestações #ForaTemer e pelas DiretasJá também reuniram milhares, neste domingo, em Florianópolis, Rio de Janeiro, Curitiba e até no exterior.

Ainda nas redes sociais, um vídeo que mostra um soldado da PM atirando, com bala de borracha, em um manifestante do #ForaTemer, em Belém, na última sexta-feira (02), e agressões aos advogados que tentavam impedir a repressão ordenada pelo governador do Pará, Simão Jatene. 

domingo, 4 de setembro de 2016

Hoje: #ForaTemer reúne 100 mil na avenida Paulista, em São Paulo, segundo os organizadores da manifestação, as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. As fotos são dos Jornalistas Livres, Mídia Ninja e internautas. #DiretasJá!









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Atualizada às 21h02m: confira um vídeo da manifestação em São Paulo: https://www.facebook.com/helena.h.sena/videos/1233066683417308/

E aqui, a repressão aos manifestantes, quando eles já tinham começado a dispersar e se dirigiam ao metrô. A PM de Alckmin usou de tudo: bombas de gás, spray de pimenta e, aparentemente, também jatos de água. Veja: https://www.facebook.com/midiaNINJA/videos/714370315387783/
  

A brutal repressão policial às manifestações contra o golpe. No Brasil dos golpistas, bandido é quem defende a Constituição.




(Fotos: jornal GGN)



A Perereca reproduz o artigo da jornalista Flávia Martinelli, para o site Jornalistas Livres.

Em São Paulo, Pará e outros estados, a Polícia Militar está sendo usada para reprimir brutalmente as manifestações contra o golpe.

O objetivo é claríssimo: silenciar os que lutam pela Democracia.

Eis que, no Brasil dos golpistas, bandido é quem defende a Constituição. 

Neste link, um vídeo que registra a violência da PM de Jatene até contra os advogados que tentavam impedir a repressão aos manifestantes, na última sexta-feira, 2, em Belém: https://www.facebook.com/thamirys.quemel/videos/1175621565845012/ 

Aqui, a postagem da Perereca sobre a violência ordenada por Jatene: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2016/09/pm-de-jatene-prende-e-arrebenta.html 

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Atualizada às 20h16m:

Vídeo mostra policial atirando em manifestante, com bala de borracha, na manifestação contra o golpe, em Belém, na sexta-feira, 2: https://www.facebook.com/Brasil247/videos/1286169714769366/
 

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Leia o artigo de Flávia: 

“UM GOLPE COM SANGUE NOS OLHOS 

O que é “baderna” diante de um complô de corruptos? Que massa é essa de “soldados da arruaça”, como diz a “Folha de S.Paulo” que, depois de apoiar o golpe – essa, sim, a violência superlativa – se vitimiza de forma patética ao ter sua fachada pichada por manifestantes? 

Por Flávia Martinelli, para os Jornalistas Livres 

Começou com sangue nos olhos. Um globo ocular dilacerado, cego e, por uma dessas ironias amaldiçoadas, esquerdo. Deborah Fabri, a estudante de 19 anos atingida por estilhaços de bala na primeira manifestação depois do golpe, foi perfurada em muito mais do que em seu direito de se manifestar. Figura de linguagem já não cabe mais na retórica da repressão inaugurada pelo golpista.

Houve também uma câmera fotográfica destroçada. A quantidade de pedaços quebrados denuncia a ira do arremesso. E, ainda, centenas de olhos inflamados por spray de pimenta. Choro de gás e de inconformidade. “Mão na cabeça e cara virada pro muro, filho da puta! Olha pro chão, vândalo do caralho!”, é a clássica ordem de prisão policial da tropa de Geraldo Alckmin. E não dá para esquecer do olhar dos refletores do poder.

Lentes de TV estão seletivas. Só registram o vidro do caixa eletrônico quebrado. O noticiário da Globo adora um quebra-quebra. Os editoriais, espaços para a defesa do ponto de vista dos jornais, pedem mais repressão. A Folha e o Estado de S.Paulo tipificaram os manifestantes por um único grupo de meia dúzia de queimadores de lixo, pneus e quebradores de vidraças bancárias. Justificam a porrada, incutem medo na classe média, querem medidas mais duras para conter quem protesta.

O presidente golpista atendeu no mesmo dia. Temer autorizou as Forças Armadas a atuarem na Avenida Paulista no domingo (04/09) marcado para inúmeras manifestações. A “garantia da lei e da ordem” tem como desculpa a passagem da tocha olímpica no local. O governo do Estado gostou. Emitiu nota avisando que protesto não pode, não. Estão todos de olho, nas palavras dos jornais, nos “vândalos”, “arruaceiros”, “milicianos”, “fascistas”, “criminosos”, e, claro, “baderneiros”, definição preferida dos apoiadores do golpe.

Mas o que é “baderna” diante de um complô de corruptos, grandes instituições financeiras, indústrias e mercados internacionais capazes de derrubar uma democracia? E que massa é essa de “soldados da arruaça” ou “fanáticos da violência” como diz a “Folha de S.Paulo” que, depois de apoiar o golpe – esta sim a violência superlativa – se vitimiza de forma patética ao ter sua fachada pichada por manifestantes?

Os repórteres de gabinete não viram, por exemplo, que entre os incendiários de lixo havia um pai de família de 54 anos, professor da rede pública, puto por ter seu voto roubado. Se ele botou fogo para fazer barricada contra a tropa de choque, é miliciano e ponto final. E dá-lhe bomba, diz o jornal. E bomba na cara, age a PM.

“Nos últimos dias, eu testemunhei policiais fazendo mira na cabeça de manifestante”, diz a jornalista Kátia Passos que, muito antes de ser Jornalista Livre, há um ano, é mãe de uma estudante secundarista e registra praticamente todos os atos de estudantes em São Paulo. “Nesses três últimos atos não teve conversa. Eu sempre falo com os comandantes como, ouço o outro lado. Não consegui trocar uma palavra. Eles se recusam a negociar.”

Kátia reconheceu todas as cinco forças da polícia nas manifestações: Tática, Tropa de Choque, helicóptero, cavalaria e Polícia Militar. “Não via esse esquema de repressão desde o massacre de 2013, quando os policiais perderam completamente o controle e saíram atirando a esmo. A polícia não está na rua para dispersar, mas para encurralar.”

No dia do golpe, (31/08), havia mais de mil policiais em ação na manifestação. Num trecho da rua da Consolação, sem saídas laterais, eles passaram a comprimir os manifestantes, cercando o grupo num círculo. “Bombas foram lançadas no meio da passeata. A única maneira de escapar era passar pelos cordões policiais com risco de levar tiro de borracha à queima-roupa”, lembra o Jornalista Livre Adolfo Várzea.

No dia seguinte, Lucas Porto, repórter, fotógrafo, rotineiro cinegrafista de transmissões ao vivo das manifestações do Jornalistas Livres chegou a ser, literalmente, caçado por uma matilha de oficiais. Lucas sabe que sempre esteve marcado. Mas dessa vez, o grupo de policiais não se contentou de correr em seu encalço. Lucas ganhou uma bomba exclusiva, só pra ele, numa calçada praticamente vazia. Só não foi apanhado pelos PMs porque outro colaborador dos Jornalistas Livres, Caco Ishak, se colocou diante dos policiais. Caco foi atropelado por uma moto da tropa na calçada, derrubado no chão, imobilizado e levado para a delegacia. Só saiu de lá depois das 4 da manhã.

O parâmetro da violência policial deixa claro a que veio o golpe. É a opinião dos fotógrafos Christian Braga e de Sato do Brasil, ambos Jornalistas Livres. Christian vê uma escalada crescente de violência nesses últimos dias. “Tá punk, sim. E tem bala de borracha pra caramba, os caras nem pensam antes de atirar.” Sato estava próximo ao prédio da Folha de S.Paulo na última quarta-feira (31/08), quando os manifestantes picharam o portão blindado da entrada e jogaram pedras na fachada no jornal.

“Vi de longe quebrarem a câmera do fotógrafo ali. Ele estava sentado com as costas na parede. O policial simplesmente tirou o capacete da cabeça dele, arrancou a câmera, jogou no chão e pisou no equipamento.” Sato deu de cara com um PM e avisou: ‘Sou imprensa, sou imprensa’. Ele respondeu: ‘Foda-se, sai daqui! Quer tomar tiro na cara?’”. De fato. Àquela altura, a estudante Deborah já havia perdido a visão. Não era força de expressão. O golpe quer tirar sangue dos nossos olhos”.


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Pra vocês, nestes tempos sombrios do Brasil: