segunda-feira, 8 de julho de 2013

A dramática situação da Casa do Estudante Universitário do Pará: falta QI ou PNCD.


Vira e mexe o Governo do Estado e a Prefeitura de Belém concedem escandalosos perdões tributários a empresas e cidadãos, além de repassarem dinheiro a rodo a entidades suspeitas.

A Cerpasa, por exemplo, foi “agraciada” com o perdão de uma dívida fiscal de R$ 47 milhões, em valores da época, porque teria contribuído com o caixa dois da campanha do governador Simão Jatene, em 2002, além de lhe pagar adubada propina (http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/01/um-comeco-preocupante-zenaldo-nomeia.html).

Em Belém, conhecidas socialites e construtora simplesmente deram o cano no IPTU: as dívidas acabaram prescrevendo, ou porque inexistiu execução judicial, ou porque a ação ajuizada possuía gritantes erros formais.

Além disso, entidades de fachada receberam milhões de reais, em 2006, através de convênios com o Governo do Estado, porque, suspeita-se, foram usadas para repasse de dinheiro público a candidatos da antiga “União pelo Pará”.

Donde se conclui que a dramática situação da Casa do Estudante Universitário do Pará (CEUP) advém de um problema básico: falta QI ou PNCD.

Por “QI” leia-se “Quem Indique”. Por PNCD, a “Propina Nossa de Cada Dia”.

No último 3 de julho, a Cosanpa cortou o fornecimento de água para a  CEUP, em decorrência de uma dívida que estaria em mais de R$ 1 milhão.

Não é a primeira vez que isso acontece: no ano passado, a água foi cortada duas vezes e o corte chegou a se prolongar por duas semanas.

A CEUP abriga 120 estudantes, oriundos do interior do Pará, de outros estados e até do exterior.

As famílias deles possuem renda máxima de três salários mínimos.

Daí que tiveram de superar inúmeras adversidades para conquistar uma vaga no ensino superior.

No entanto, apesar da “meritocracia” apregoada pelos tucanos que comandam o Governo e a PMB, não conseguem obter ajuda para despesas  básicas.

Um convênio com a Universidade Federal do Pará garante o pagamento das contas de luz.

Mas a Seduc, conta uma estudante, suspendeu há quatro anos o repasse de verbas para alimentação e reparos na casa.

Agora, a Cosanpa cortou novamente a água, gerando o caos: há louças e roupas sujas por todo lado.

Banho, só na casa de amigos.

E até para urinar ou defecar é preciso recorrer ao banheiro de um supermercado às proximidades.

Representantes da CEUP já tentaram contato com o prefeito e vereadores de Belém e até com os políticos que, a cada eleição, aparecem por lá.

Até a tarde de sábado, o único que havia se dignado a atender a meninada foi o deputado Arnaldo Jordy, que ficou de tentar obter a religação da água nesta segunda.

Por tudo isso, os estudantes já preparam uma manifestação para amanhã, quando, possivelmente, fecharão uma movimentada rua de Belém.

“Vamos fechar a rua, para ver se eles (os políticos) abaixam a cabeça e enxergam a gente”, contou-me uma ex-dirigente da Ceup.

A blogueira não lhe disse, mas, deveria ter dito: protestem, protestem, mas de pouco adiantará.

Vocês poderão até conseguir a religação da água, mas continuarão na maior pindaíba.

Afinal, vocês não têm sobrenomes sonantes, para sonegar IPTU e ficar por isso mesmo.

Nem têm dinheiro e perobal para pagar propina ou contribuir com caixa dois.

Neste império da bandidagem que é o Pará, dinheiro só para os amigos do rei.

Ou melhor: para as quadrilhas que sustentam o rei.

Valha-nos quem?

Triste Pará.

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