segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Almir


O Longo Adeus



I




Os jornais deste domingo, 16, trouxeram, ambos, matérias sobre a despedida de Almir Gabriel da vida pública.



Se verdadeira, é um triste ocaso para alguém com a história pública do velho cacique tucano.



Até pelo alívio que traz a muitos de seus correligionários, que querem voltar a exercitar uma capacidade básica da política: a negociação.



Almir já é parte da História do Pará. E não, apenas, por ter sido governador duas vezes, senador constituinte e prefeito da capital.



Ele marcou, principalmente, por verbalizar um ideal ético do trato da coisa pública.



E por ajudar a recuperar, em muitos de nós, a capacidade de sonhar com num Pará melhor.



Mas, também por isso, Almir será lembrado, ainda, como um exemplo da distância que existe entre o discurso e a prática, neste imenso território profano que é a política.



É possível que tenha sido, de fato, um homem à frente de seu tempo, como dizem alguns.



Até porque incorporou, definitivamente, ao discurso dos que o sucederem, preocupações cruciais no trato da coisa pública: o controle de gastos, o equilíbrio fiscal, a necessidade de superação do extrativismo e de investimentos economicamente estruturantes; a moralidade que precisa nortear a administração da máquina pública.



Mas Almir também errou feio na prática, especialmente nas duas vezes em que comandou o Governo do Estado.



A personalidade autoritária e birrenta não lhe permitiu enxergar que vivia, de fato, em uma república - e não num império.



Que não poderia, simplesmente, querer, poder e mandar. Ou, como o célebre rei francês, incorporar o próprio Estado.



É pena que tenha sido assim.




II




O primeiro erro de Almir, devido, justamente, a essas complicadas características pessoais, foi o de imaginar que poderia fazer política com o fígado, sem ter de pagar, e levar o PSDB a pagar, um alto preço por isso.



O “velho”, que parecia, em tanta coisa, à frente de seu tempo, portou-se, exatamente, como o velho que pretendia combater.



Incorporou o personalismo, o messianismo, o coronelismo, o fisiologismo, a arrogância, a desestimular a crítica e o nascimento de novas lideranças.



Perseguiu adversários, como se fossem demônios a destruir.



Não viu, ou não quis ver, que todos os agentes políticos têm direito de defender os próprios interesses e convicções, dentro dos limites da legalidade e da democracia.



E que é preciso conviver com isso, lidar com isso, negociar com isso, de forma rigorosamente desapaixonada.



Lembro de uma longa entrevista que fiz, certa vez, com o “Dr. Almir”, na qual ele disse uma coisa em que acredito visceralmente: não há, entre nós, anjos nem demônios, mas, simplesmente, seres humanos.



E hoje, olhando para trás, não posso deixar de pensar na contradição entre esse dizer e a postura do “Dr. Almir”.



Almir pode ter sido não apenas inteligente e “lido”, mas sábio.



Mas, é bem possível que também tenha sido o sábio que se perdeu no Nirvana do próprio umbigo...




III




O segundo erro de Almir foi fechar os olhos ao que faziam os acólitos e o filho, Marcelo - e que era do conhecimento de toda a corte.



Foi o de achar – e novamente por conta de sua complicada personalidade – que o público poderia ser tratado como extensão do seu quintal.



E que, para isso, bastava, simplesmente, amordaçar as instituições e distribuir fartas verbas de propaganda.



Almir acreditou que os cidadãos – os perseguidos e os não-perseguidos – nem de longe poderiam ameaçar o paraíso artificial, virtual, que criava ao redor do próprio umbigo.



Não viu, como um Narciso, a insatisfação que o seu comportamento gerava.



A indignação - com a corrupção, o autoritarismo e a miséria da população - que ia tomando conta até de correligionários.



Não foram poucos os tucanos que ajudaram, com informações fundamentais, na última campanha. E que até votaram em Ana Júlia Carepa.



A Almir, portanto, também pertence esse legado: o de ter encarnado, na última campanha, em seu canto de cisne, a imagem do retrocesso.



Que descanse em paz.


E que permita ao PSDB voltar a viver.



Pererecando




Lua de Mel I





Fonte do Palácio dos Despachos estranha as especulações em torno de uma “crise” na aliança entre o PT e o PMDB.



“O PMDB nunca esteve tão bem” – observa – “Tem o Detran, a Sespa, a Cosanpa, a Paratur, a Presidência da AL e por aí vai. Mais do que isso: o governo não persegue o PMDB. Os prefeitos do partido não estão sob pressão, nem os deputados”.



E acrescenta: “Mesmo se o governo tirasse tudo do partido e só deixasse a Loterpa, ainda assim o Jader continuaria feliz, porque o governo não o está perseguindo. Pelo contrário: o PMDB é tratado, neste governo, muito melhor do que foi pelo Jatene”.



A fonte recorda que o PMDB até ampliou a bancada na AL, coisa que não acontecia há muito tempo. E pergunta: “Que motivo teria o PMDB para brigar com o PT?”


Lua de Mel II


A mesma fonte prevê que as disputas municipais que se avizinham não devem respingar na aliança estadual.


É fato, observa, que PMDB e PT vão se digladiar na maioria dos municípios, especialmente os grandes, no ano que vem.


Mas, assinala, embates municipais têm, sempre, configuração e repercussão localizadas.


Até porque são aquele momento em que todos os partidos querem mais é se cacifar, para a mesa de negociações.


“Eleição municipal não é motivo de ruptura. Se isso acontecer, será um fato novo”, resume.


Para a fonte, próxima de Ana Júlia, “se tudo continuar como está, a tendência é que estejamos juntos, novamente, em 2010”.


Ana e Lula...


Pesquisa encomendada por liderança petista aponta que o presidente Lula e a governadora Ana Júlia Carepa serão os grandes cabos eleitorais, nas próximas eleições à Prefeitura de Belém.


Pela pesquisa, que ouviu 900 pessoas no final de novembro, Lula tem 80% de aprovação, na RMB, e Ana, 70%.


O partido “mais querido”, em Belém, ainda continua a ser o PT, com 26% das preferências, seguido do PMDB, com 10%, e dos tucanos, com algo em torno de 7%.



Edmilson e Valéria...



Porém, os candidatos mais cotados, a PMB, pela mesma pesquisa, são Edmilson Rodrigues, Valéria Pires Franco e Duciomar Costa, nessa ordem.


Segurança pública, com 32%, é o que mais inquieta a população, seguida da saúde.



E Mário e Regina...



Entre os nomes do PT listados na pesquisa, como possíveis candidatos do partido à Prefeitura, estão Regina Barata, Waldir Ganzer, Suely Oliveira, Carlos Bordalo, Edilson Abreu e Mário Cardoso.


Mas é esse último que aparece em melhores condições para a disputa, com 19% das preferências, nesse universo específico.


Mário é seguido de perto por Regina Barata, com 15% das intenções de voto.



Esperando Godot I



Petista militante e juramentado, com larga influência no partido, diz que o PT rachará de cabo a rabo, na capital, caso a governadora Ana Júlia Carepa resolva apoiar a reeleição de Duciomar Costa.


Ele acredita que Ana ainda está à espera da manifestação do presidente Lula, para decidir o que fará em relação a Belém.

Lembra que, em política, “nada é descartável” – daí a possibilidade de Lula optar por Dudu.

Mas, observa, se Ana tiver de engolir “o aru”, o apoio a Dudu terá de acontecer na surdina, bem por debaixo dos panos...



Esperando Godot II



O mesmo petista militante e juramentado não acredita que Ana Júlia possa, eventualmente, apoiar Edmilson Rodrigues, hoje no PSOL, à corrida da PMB.


“Há até uma questão pessoal envolvida aí” – comenta – “Você deve se lembrar que, no segundo mandato de Edmilson, toda a família da Ana fez campanha contra ele. Só a Ana é que o apoiou”.


Além disso, acrescenta, “o Nery (senador José Nery, do PSOL) votou contra a CPMF”.

Daí não acreditar que Edmilson possa contar com a boa vontade da governadora e do partido, principalmente a nível nacional.



Alta temperatura I



O clima promete esquentar nos quartéis, nesta semana, devido à carta-resposta enviada, neste domingo, pelo major Walbert Wolgrand ao jornal O Liberal.


Na carta, Wolgrand faz sérias acusações ao comandante da PM, coronel Luiz Ruffeil, inclusive de nepotismo e de “fraqueza” de comando.


No Palácio dos Despachos, tem-se como improvável a prisão administrativa de Wolgrand, que é major da reserva, embora não se descarte essa possibilidade.


“Acho que isso é improvável, devido a Wolgrand se encontrar na reserva” – diz uma fonte do Governo – “Mas a orientação que tem sido dada ao comandante da PM é de qualquer caso, independentemente do que for ou de quem envolva, seja tratado com o procedimento administrativo pertinente”.


Daí que, segundo a fonte, tudo dependerá da decisão do coronel Ruffeil.



Alta temperatura II



A fonte também nega a existência de crise na PM.

“É claro que esse não é caso de Wolgrand, mas tem muita gente reclamando porque, agora, vai ser obrigada a trabalhar nas ruas, quando já estava acostumada com o gabinete de ar refrigerado. São as ‘viúvas’ que perderam os privilégios”, observa.


Ele recorda que a governadora Ana Júlia Carepa já solicitou, há um mês, que o Tribunal de Justiça do Estado, o Ministério Público e a Assembléia Legislativa disponibilizem pelo menos a metade do efetivo da PM que ali se encontra, para que esses policiais possam retornar às ruas.


Garante que Ana vai manter Ruffeil no comando da PM e nega, inclusive, que exista disputa de poder no interior da corporação.

“Disputa de poder entre quem?” – indaga – “Os dois mais importantes cargos da PM são o Comando Geral e a chefia da Casa Militar. Mas, o chefe da Casa Militar está na dele e não interfere em nada na PM”.


Alta Temperatura III



O mais problemático de todo esse imbróglio é que Wolgrand não parece disposto a recuar.


“O sentimento que expressei naquela carta, de que a PM está acéfala, é compartilhado por muitos, na corporação” – disse o major, neste domingo, à Perereca.


E acrescentou: “Há uma grande dificuldade do coronel Ruffeil se dirigir a PM, de se impor como comandante. Muitos oficiais resistem às ordens dele. E isso acontece, muitas vezes, até quando são mandados para o interior”.


Por incrível que pareça, afirmou, também, o major: “Nunca pensei que fosse dizer isso. Mas, nesse aspecto, a gente acaba até sentindo saudades do coronel Vieira (coronel João Vieira, o ex-comandante da PM). As pessoas sentiam a força do comando dele. Ele deixava coronel na porta da sala dele, esperando duas horas para falar com ele. Mas, hoje, na PM, cada um faz o que quer”.


Wolgrand diz, também, que não teme ser preso, em função das suas declarações: “Não fiz nada que possa se caracterizar como transgressão disciplinar e também sustentei, teoricamente, tudo o que disse. Além disso, o comandante também transgrediu a disciplina”.



A Perereca na arquibancada



O major Wolgrand garante, também, que o jornal O Liberal não publicou, na íntegra, a carta que encaminhou.


O jornal teria cortado a referência à utilização de homens da PM no Parafolia e no serviço à Companhia Vale do Rio Doce.


A Perereca, que noticiou o início de todo o embate (veja post anterior sobre a denúncia de Wolgrand em relação ao Parafolia, o que já ensejou abertura de procedimento administrativo pela PM) vai, agora, sentar, na arquibancada e assistir a tudo, com pipoquinha e coca-cola.


Até porque disse, mais cedo, ao major, a quem admira: “O senhor é ralado...”. E porque tem, igualmente, enorme consideração pelo coronel Ruffeil...


A Resposta de Ruffeil



Em entrevista à Perereca, há pouco, o comandante geral da PM, coronel Luiz Ruffeil, disse que será aberta sindicância, ainda nesta semana, para confirmar a autoria da carta publicada pelo jornal O Liberal e se o major Walber Wolgrand incorreu em transgressão disciplinar.



Só aí, observa, se poderá falar em punição. “Além disso, será preciso verificar a punição que a lei determina, uma vez que ele (Wolgrand) é oficial da reserva”, explicou o coronel. Daí ter evitado comentar a possibilidade da prisão disciplinar do major.



Ruffeil também negou a existência de crise na PM e mesmo de uma acirrada disputa de poder. “Até porque numa instituição que tem como pilar a hierarquia, não há como ter disputa de poder: o comandante toma providências de ofício”, comentou.



Segundo ele, “infelizmente, há algumas pessoas que se aproveitam dos canais de comunicação, para fomentar discórdia na PM. Hoje, estamos com policiamento nas ruas, mais viaturas e atuamos em todo o estado do Pará. Não existe, portanto, qualquer ‘clima’ nos quartéis. O que pode haver é que algumas pessoas, que gostariam de ter alguns ganhos pessoais e estão se sentindo prejudicadas, estejam tentando fomentar isso”.



Logo mais tem mais



Para não atrasar a atualização do blog, a Perereca publica esta edição do jeito que está.


Mas, tem um bocado de material que só deve postar à noite.


Aí incluída uma entrevista exclusiva e bacana com um promotor de Justiça.


Desculpem o atraso da domingueira, que se transformou em segundeira, leitores.

É que uma bebedeira fenomenal ( e uma ressaca idem) me impediu de atualizar o blog mais cedo.

Daqui a pouco eu volto. FUUUUIIIIII!

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