(Abrem-se as cortinas. Em BG, o “Boi da Cara Preta” e os quatro dispostos como no capítulo anterior)
_Pra modo de organizá essa suruba, digo, essa sessão, vamo acomeçá pelo seu Sudão. Vamo lá, seu Sudão, vamo abri o coração!... Quando foi que acomeçô esse seu trauma de bastidô?
_Eu tinha oito aninhos, certo? E ganhei uma rãzinha, certo? Tão pequenina, querida correspondente! Eu passava horas olhando pra ela, certo?, e ela olhando pra mim, certo? Eu fazia: roac, roac! E ela me respondia: roac, roac!
_Qué dizê que aquela rã foi, a bem dizê, o seu primeiro amô?
_E que amor, querida correspondente, e que amor! Depois dela, certo?, comecei a ver rãs em todo canto: na pia, na geladeira, no banheiro, no quarto, no jardim. Mas o problema, certo?, é que ninguém mais via aquelas rãs!...Lembro até de uma ocasião, certo?, em que eu disse: paiê, olha lá que rã tão bonita! E ele, certo?, me deu um cascudo e disse: fica quieto, moleque doido! Você não está vendo que aí não tem rã nenhuma!
_Comadre, anote aí: Num isquecê de arreceitá a terapia da rã...
_E como é que é essa terapia?
_Ah, não se avexe, seu Sudão, que adepois eu lhe adigo, na hora do receitório. Mas, me explique, o que é que essa rã tem a vê com o seu trauma de bastidô?
_Ah, é que eu sofri muitíssimo quando ela partiu, certo?
_Ué, e como é que foi isso?
_Um belo dia, certo?, eu peguei a caixinha em que ela vivia e chamei: roac, roac! Mas ela, certo?, não me respondeu. Aí, certo?, eu abri a caixa, certo?, e ela estava, assim, ó, dura e esticada, certo?
_Atava morta?
_Eu não diria, certo?, exatamente morta, certo? Como a senhora bem sabe, querida correspondente, nem as palavras são definitivas!...
_Comadre, aescreva aí: esse sujeito, além de doido de pedra, num amorre nunnnnca!...
_Perdão, querida correspondente, mas eu discordo do seu diagnóstico!
_E desde quando o sinhô intendi de psicanálise, seu Barão?
_Mas não é preciso entender de psicanálise, para compreender o que o lorde Sudão quis dizer. Veja: isso é algo novo e extraordinário! Na verdade, ele está discorrendo sobre o imponderável: a diferença entre o ser e o parecer.
_Concordo plenamente, certo?, com você, certo?, meu caro Barão. Aliás, quero lhe dizer, certo?, que sempre concordamos em muita coisa, certo?
_Eu não tenho nenhuma dúvida sobre isso, caboco! Porque, veja: tirando uma diferença aqui e acolá, a careca, por exemplo, as sobrancelhas...Aliás, como foi que você conseguiu essas sobrancelhas?
_Ah, eu mandei, certo?, levantar e esculpir, certo? Mas eu acho, certo?, que ainda ficou uma falha bem aqui, ó!
_Mas isso é preciosismo seu, caboco! É uma reduzidíssima falha! Quase nem se nota!
_Vocês querem apará com esse papo de comadres! Aqui, quem tricota sou eu! Comadre, apegue aquela garrafa de pinga! E assirva cinco copos, que um é pro santo! Mas vamo avortá, seu Sudão, praquela primeira rã. E o sinhô, seu Barão, afique calado, mais é! Sim, seu Sudão, aí o sinhô acha que ela atava morta ou viva?
_Mas isso, certo?, é uma pergunta, como direi, extemporânea, certo? Se eu disser morta, certo?, a senhora vai dizer, certo?, que não estava viva. E se eu disser viva, certo? a senhora vai dizer, certo?, que não estava morta!...
_Veja, querida correspondente: esse é um problema extraordinariamente complexo! O que você precisa compreender é a imponderabilidade de tudo isso! Que é a vida? Que é a morte? Que é isso que é?
_Eu não diria melhor, certo?, meu caro Barão, certo? Aliás, quero lhe dizer mais: nem Napoleão, do alto de mil pirâmides, conseguiria afirmar, certo?, se as rãs existem ou não existem de fato!...
_Eu lhe diria mais, caboco: tudo, afinal, é uma questão de ponto de vista. Se considerarmos a cadeia produtiva do imponderável, teremos, 50% de chances de as rãs existirem e 50% de não existirem. Afinal, com a curvatura do universo em 571 graus na latitude 666 e os mundos paralelos a 5.880.000 anos-luz e o observador, que pode estar, por exemplo, a 1.800.809.900 ares ou hectares... Você não abriu a caixa, certo?
_Certo!...
_Acerto! Qué dizê, Vixe Maria! Vocês aquerem apará com isso? Credo, que esse negócio é contagioso, seu Sudão! Ô comadre, assirva mais uma rodada, que eu já to me acoçando toda! E o sinhô, seu Barão, si aquiete no seu canto. Se não, lhe amando pro choque elétrico! E aí, o sinhô vai se atreme todinho!
_Perdão, querida correspondente, mas tremer, certo?, ele já treme, certo?...
_E não é que é verdade, seu Sudão? Olhe só pro estropício! Até parece que vai alevantá vôo!...
_Rumo, certo?, a um universo paralelo, certo?...
_É, acho que o sinhô tem razão, seu Sudão. Pra ele, choque elétrico num arresolve!...
_Acho que o ideal, certo?, seria o oposto, certo?...
_Bem pensado, seu Sudão! Comadre, aescreva aí: num isquece de arreceitá pro Barão a terapia da múmia!
_(vindo se arrastando de joelhos) Não, pelo amor de Deus, querida correspondente, a terapia da múmia, não! Da última vez, quase fiquei doido!...
_Quase, certo?...
_Até hoje tenho alucinações extraordinárias por causa disso!
_Sujeito num assabe que alucina o tempo todo...
_Em qualquer universo, certo?, curvo, reto ou paralelo, certo?...
_Depois daquilo eu tinha até medo de acordar. Porque me via cercado pelos leões. E eu gritava para os meus companheiros: não podemos nos dispersar, não podemos nos dispersar! (levanta, volta-se e começa a dar cabeçadas na parede)
_Pronto, certo?, lá vem a história do gladiador!...
_Num me adiga, seu Sudão, num me adiga! Já num aconsigo nem vê esse filme sem me alembrá desse estropício...
_Mas, de onde é, certo?, que ele tira essas histórias, como direi, tão imaginativas, certo?...
_E doido arretira história de algum lugá? Ele acria, ué!...
_Mas isso, como direi, deve ser uma necessidade existencial muito profunda, certo?
_E desde quando doido tem necessidade existencial? É bilé, lunático, maluco, zureta...
_Mas você não acha que seria melhor, certo?, mandar contê-lo, certo? Afinal, desse jeito, certo?, ele acaba quebrando a parede...
_Bem pensado, seu Sudão!... Aliás, o sinhô apensa em tudo, num é?
_É que eu sempre tive, como direi, uma atração irresistível pelo espírito humano, certo? Andei por aí, certo? Li Gracian, Maquiavel... Mas, como direi, sempre tive certa facilidade em compreender as motivações de cada um...É como se eu conseguisse, certo?, enxergar a alma das pessoas, certo?...
_Que coisa linda, seu Sudão!... Mas o sinhô avê tudo de branco, é?
_Pelo contrário, certo?, querida correspondente! Vejo quase todas cinzentas, certo? E você não imagina, certo?, o quanto dói, certo?, essa constatação! Mas a sua, certo?, eu vejo com uma alvura exemplar!
_Num abrinque, seu Sudão! Branquinha, branquinha, é?
_Como direi, reluzente, certo?...
_Vixe Maria, seu Sudão! Que eu avô me desfazê em lágrimas! Mas, apere lá, que eu vô chamá um especialista em alma: ô seu Barão, ô seu Barão, apare de batê com a cabeça na parede e achegue aqui! Ô comadre, assaia da escuridão e se achegue aqui, também. E atraga a pinga e o gelo. Vamô mais é jogá um pôquer básico! Ô seu DJ, ataque aí o Thriller! E atoca a jogá!...
(Apaga-se o foco sobre os quatro. Foco num corpo de balé (umas 20 pessoas), vestido de zumbis, demônios e religiosos (de todas as religiões, estilizados, seminus). À frente o Inri, só de sunga, coroa de espinhos e manto vermelho. Fumaça sobe do chão. Há lápides. Uivos, raios. E criaturas da noite – lobisomens, vampiros - aprisionadas em gaiolas que pendem acima do palco, tentando sair. Ao fundo, no alto, feiticeiras e um caldeirão. O Inri e os bailarinos cantam e dançam: It's close to midnight/something evil's lurkin' in the dark/Under the moonlight/You see a sight that almost stops your heart/You try to scream/But terror takes the sound before you make it/You start to freeze/As horror looks you right between the eyes/You're paralyzed/'Cause this is thriller/Thriller night/And no one's gonna save you/From the beast about to strike/You know it's thriller/Thriller night/You're fighting for your life/Inside a killer/Thriller tonight, yeah/You hear the door slam/And realize there's nowhere left to run/You feel the cold hand/And wonder if you'll ever see the sun/You close your eyes/And hope that this is just imagination/Girl, but all the while/You hear a creature creepin' up behind/You're outta time/'Cause this is thriller/Thriller night/There ain't no second chance/Against the thing with the forty eyes, girl/(Thriller)/(Thriller night)/You're fighting for your life/Inside a killer/Thriller tonight/Night creatures call/And the dead start to walk in their masquerade/There's no escaping the jaws of the alien this time/(They're open wide)/This is the end of your life/They're out to get you/There's demons closing in on every side/They will possess you/Unless you change that number on your dial/Now is the time/For you and I to cuddle close together, yeah/All through the night/I'll save you from the terror on the screen/I'll make you see/That this is thriller/Thriller night/'Cause I can thrill you more/Than any ghost would ever dare try/(Thriller)/(Thriller night)/So let me hold you tight/And share a (killer, diller, chiller)/(Thriller here tonight)/'Cause this is thriller/Thriller night/Girl, I can thrill you more/Than any ghost would ever dare try/(Thriller)/(Thriller night)/So let me hold you tight/And share a/(killer, thriller)/I'm gonna thrill you tonight/[Rap]/Darkness falls across the land/The midnight hour is close at hand/Creatures crawl in search of blood/To terrorize y'all's neighborhood/And whosoever shall be found/Without the soul for getting down/Must stand and face the hounds of hell/And rot inside a corpse's shell/I'm gonna thrill you tonight/(Thriller, thriller)/I'm gonna thrill you tonight/(Thriller night, thriller)/I'm gonna thrill you tonight/Ooh, babe, I'm gonna thrill you tonight/Thriller night, babe/[Rap]/The foulest stench is in the air/The funk of forty thousand years/And grizzly ghouls from every tomb/Are closing in to seal your doom/And though you fight to stay alive/Your body starts to shiver
for no mere mortal can resist/the evil of the thriller)
(continua)
domingo, 18 de fevereiro de 2007
Festa VII
Festa no eu Apê VII
7 comentários:
O que foi que houve? O jader nao te pagou?
Vc ta mais doida do que nunca.Se internem
Eu bem que te avisei pra não ser ingata a Valéria, que foi a única que estendeu a mão para os teus problemas.
Agora dá pra ver que tu já fostes cuspida do jornal do jader.
Bem feito pra ti.
Agora rebola e espera o munda dar a volta, esperando se encontrar nas esquinas da vida com a Valéria pra ver se ela te perdoa. Pelo que eu a conheço, infelizmente, ela poderá te perdoar. Infelizmente!!
O trabalho da Ana Célia é tão bom que até hoje esse anônimo não se conformou dela ter optado por outro emprego. Direito dela, inclusive. Talvez seja porque ninguém conseguiu substitui-la com a mesma competência.
E ainda exigem diploma da Ana Célia...
Beijos, amiga. Muita paciência e força na peruca para aturar esses malucos.
Lu.
Lu,
quem pode ter ciúmes dessa moça? Me diga pelo amor de Deus.
Por onde ela passa vai deixando um rastro de ingratidão e intrigas.
É uma pena que lembrem sempre da ex vice valéria Franco. Ela só pode ter feito muita coisa por essa moça. Só pode!
O que eu sei é que o alto tucanato não queria ver essa moça nem pintada de amarela, mas mesmo assim Valéria decidiu mantê-la, mesmo essa moça tendo trabalhado contra a chapa Jatene/Valéria.
Não houve patrulhamento e essa moça não cansava de elogiar a Dra Valéria.
Depois traiu, traiu e traiu.
Ingrata essa moça. Muito ingrata!
QUER DIZER QUE NÃO VOU MAIS LER MATÉRIA SUAS NO DIÁRIO DO PARÁ?
VAIS TRABALHAR ONDE PERERECA???
CONVITE
AMIGOS BLOGUEIROS, a Carolina Jinkings incluiu, na programação desta sexta-feira, um encontro para falar sobre BLOGS.
O Juvêncio Arruda(Quinta Emenda), estará na Livraria Jinkings da Tamoios, a partir das 19h00, desta sexta-feira, dia 09 de março, conversando com os alunos da Faculdade de Tecnologia da Amazônia(FAZ), do curso de Comunicação Institucional, turma 711, na disciplina Métodos e Técnicas de Pesquisa.
ESTÃO TODOS CONVIDADOS!
Com certeza será uma noite agradável e educativa. A experiência de vocês será válida. Principalmente para os alunos que estão ansiosos em conhecê-los pessoalmente.
Abraços, Cristina Moreno.
Vic.
Para de martelar estas bobagens.
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