Mariana I
Do alto do convento, da manhã à tardinha,
Os olhos de Mariana eram o céu e o mar.
Da manhã à tardinha, eram ondas a rezar.
E dos muros partiam asas
Entre oceanos, quimeras.
O mundo e um deus reposto,
Das dores cerradas no peito,
Quem dera ao Amor comovessem,
E sangrassem - às pedras, às gentes!...
Mas eram os muros, as grades, as correntes.
O indizível em céu e mar.
E Mariana contentou-se, enfim,
Com o que o Deus lhe dera,
Com que o mundo lhe dera
Com a vida, sempre abençoada.
E seus olhos se fecharam, ao encontro de Deus.
Mas, dizem, inda hoje,
dos muros partem asas.
Da manhã à tardinha,
Entre as ondas,
A rezar, a rezar...
(Belém, 14/11/2006)
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