segunda-feira, 17 de abril de 2017

Em 74 dias de 2014, Jatene distribuiu mais cheques-moradia do que nos 12 meses de 2013. Abertura de processos para concessão futura desses cheques cresceu 927% no segundo semestre de 2014. Veja os dados oficiais sobre o cheque-moradia e o uso dele na campanha de reeleição do governador, que acabou cassado pelo TRE.



Dê uma olhada no quadro acima e me diga se dá para acreditar que tudo foi apenas “mera coincidência”. 

Em apenas 74 dias, entre 1 de agosto e 13 de outubro de 2014, o período mais crítico da sua disputa pela reeleição, o governador Simão Jatene distribuiu mais de R$ 56 milhões em cheques-moradia, o que equivale a 43% do total distribuído naquele ano. 

Foi tanto dinheiro – e num período tão curto – que esses R$ 56 milhões superaram tudo o que foi gasto em cheques-moradia nos 12 meses de 2013. E, também, nos 12 meses de 2012. 

Só em setembro de 2014, ou seja, às vésperas do primeiro turno, Jatene despejou, em todo o Pará, mais de R$ 31 milhões em cheques-moradia. Ou mais do que tudo o que gastou nos 12 meses de 2012. E mais da metade do que gastou nos 12 meses de 2013. 

Tem mais. 

A abertura de processos pela COHAB, para a concessão futura de cheques-moradia, cresceu 927%, entre o primeiro  e o segundo semestre de 2014. 

E veja só: quase a metade dos mais de 12 mil processos daquele ano foi aberta em setembro e outubro, ou seja, bem em cima das eleições. 

E a atividade gerada pela distribuição desses cheques foi tão grande, que foi preciso até deslocar funcionários de outros órgãos, para reforçar os quadros da COHAB, a Companhia de Habitação do Pará. 

Os dados são da própria COHAB e foram fornecidos oficialmente, no processo que levou à cassação do governador Simão Jatene. 

Tal processo foi ajuizado pelo Ministério Público, em 2014. 

Em outras palavras: não foi nenhum adversário político de Jatene quem forneceu esses dados, da mesma forma que não foi nenhum adversário político dele quem ajuizou esse processo. 

A única coisa do quadro acima que foi feita pela Perereca são os percentuais – coisa que, aliás, você também pode calcular. 

O link para as alegações finais do MP, já com os números até dezembro de 2014, está aqui: https://drive.google.com/file/d/0B8xdLmqNOJ12RWU0c24zMWkxWTg/view?usp=sharing 

E o link para AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) do MP, ainda com números apenas até outubro de 2014, está aqui: https://drive.google.com/file/d/0B8xdLmqNOJ12UUVjRTRlekd5aFU/view?usp=sharing 

Ambos os documentos foram extraídos de um local igualmente insuspeito: o blog do Fausto Macedo, do Estadão, em postagem de 30 de março deste ano (http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/tribunal-regional-eleitoral-do-para-cassa-governador-simao-jatene-psdb/). 

Então, não acredite em mim, não: veja por você mesmo e forme a sua própria opinião. 

É verdade que tenho andado distante deste blog. 

Perdoe-me, caro leitor, mas a pindaíba em que vivo tem me obrigado a vender tudo o que é reportagem interessante que consigo cavar, em vez de postar na Perereca. 

No entanto, creio que é fundamental que você tome conhecimento desses dados, para não acabar enganado por toda essa campanha midiática que vem tentando transformar o Jatene em “vítima” de alguma “conspiração”. 

É robusta a acusação do MP contra o governador. 

Aqui não se trata do simples depoimento de algum delator, que quer diminuir a sua própria sentença. 

Há, sim, nesse processo, cartas de pessoas beneficiadas pelo cheque-moradia, que garantem que votaram e votarão em Jatene. 

Mas o principal é que o MP obteve dados oficiais, números, que demonstram claramente o uso do cheque-moradia, para turbinar a campanha de reeleição de Jatene. 

Outra informação que você também precisa ter é que o juiz eleitoral José Alexandre Buchara Araújo, que votou a favor da cassação de Jatene, não foi apenas do PT: ele também pertenceu ao antigo PFL, que originou o DEM. 

Buchacra foi eleito prefeito da cidade de Capanema, em 2004, pelo DEM. Veja no quadrinho abaixo: 

Buchacra tem sido o alvo preferencial dos jatenistas, que se “esquecem” do fato de ele ter sido, também, de um partido aliado do governador. 

É complicado que um juiz eleitoral tenha pertencido a partidos políticos? A meu ver, é sim. 

No entanto, as pessoas que hoje condenam Buchacra são as mesmíssimas que não disseram nem mesmo um ai sobre o fato de o ministro Alexandre de Moraes, recentemente escolhido para o Supremo Tribunal Federal (STF), ter sido filiado ao PSDB até pouco antes de assumir esse cargo (ele se desfiliou do PSDB em fevereiro deste ano e foi empossado, no STF, em março). 

Mas que agora, como lhes convêm, condenam apenas Buchacra. E além de se “esquecerem” do passado dele como integrante do PFL/DEM, também se “esquecem” de que Jatene foi cassado por decisão de 4 dos 6 juízes que participaram daquele julgamento – ou seja, Buchacra foi apenas 1 dos 4 que condenaram o governador. 

Em verdade,  quem teve participação decisiva na cassação de Jatene pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), no último 30 de março, foi a juíza federal Luciana Daibes. 

Em 2015, a relatora do processo, a desembargadora Célia Regina de Lima Pinheiro, apresentou um voto contrário à cassação de Jatene. 

Ocorre que Luciana pediu para dar uma olhada no processo. E depois de passar meses e meses examinando toda aquela papelada, concluiu que a meritíssima relatora não tinha razão. 

A juíza, então, escreveu um robusto voto contrário ao da meritíssima relatora. 

E aí, 3 outros juízes eleitorais concordaram com Luciana. 

Democraticamente e simples assim. 

Ao lado da meritíssima relatora acabou apenas o juiz Amilcar Guimarães. 

O doutor Amilcar é aquele mesmo que, em 2012, esculhambou o jornalista Lúcio Flávio Pinto, nas redes sociais, e foi classificado por Lúcio como “indigno da toga que veste, do salário que recebe e dos poderes que a sociedade lhe conferiu”. 

Ainda segundo o Lúcio, o doutor Amilcar livrou-se de um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) com uma ajudinha do digníssimo desembargador Milton Nobre. Leia aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2012/03/um-juiz-indigno-da-toga-que-veste-do.html 

Já a meritíssima relatora Célia Regina de Lima Pinheiro é aquela que teria sido guindada ao Desembargo por ser “protegida” do digníssimo desembargador Milton Nobre, segundo afirmou a então juíza (e hoje desembargadora) Rosileide Filomeno, em um diálogo grampeado pela Polícia Federal. 

Na época do grampo, 2006, a PF investigava Marcelo Gabriel, filho do ex-governador Almir Gabriel, e o empresário Chico Ferreira, que hoje puxa uma cana de 80 anos, como mandante do assassinato dos irmãos Novelino. A suspeita da PF era que Chico e Marcelo comandavam uma organização criminosa, especializada em fraudes licitatórias. 

E um belo dia, Chico Ferreira estava no gabinete de Rosileide e ela resolveu conversar, por telefone, com Marcelo, para que ele intercedesse por ela junto ao doutor Almir, que havia sido indicado para concorrer novamente ao Governo do Estado, pelo PSDB. 

O desembargador Milton Nobre era, então, presidente do Tribunal de Justiça do Pará. 

Rosileide queria que Almir mandasse Milton Nobre escolhê-la para a vaga de desembargadora, já que suspeitava que o digníssimo meritíssimo pretendia proteger Célia Regina, com quem mantinha profundas relações de amizade. Célia era, então, “mulher do Humberto de Castro”, desembargador que viria a falecer em maio de 2010. 

E, como previsto por Rosileide, foi Célia Regina quem acabou ascendendo ao Desembargo, em novembro de 2006. 

Clique no quadrinho abaixo, para ler o pedagógico diálogo grampeado pela PF: 


E foi isso o que aconteceu, caro leitor: a meritíssima relatora não conseguiu convencer os seus pares sobre a “inocência” do governador. E o voto da juíza Luciana Daibes acabou fazendo com que prevalecesse a robusta denúncia do Ministério Público. 

Quanto ao crime de que é acusado o governador, não é “pouca coisa”, não, como ele vem tentando fazer crer. 

Uso da máquina, abuso de poder (como é o caso da farta distribuição de cheque-moradia, em 2014) é tentativa de fraudar as eleições. 

É corrupção, compra de votos. 

É desvio de dinheiro público. 

É o uso do seu suado dinheirinho de impostos, para pagar campanha eleitoral. 

E quanto aos chiliques do governador por causa da decisão do TRE, isso é puro desespero de quem sempre acreditou na própria “intocabilidade”, por haver atrelado ou amordaçado boa parte das instituições e seus integrantes. 

É, em suma, o desespero de quem sabe que se aproxima a hora de pagar por todos os crimes que cometeu. 


FUUUIIIII!!!!!! 

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Confira nos quadrinhos.

Os mais de 9 mil cheques distribuídos entre junho e dezembro de 2014 (81,25% do total do ano):


O recorde de cheques-moradia distribuídos em setembro de 2014:



A concessão mês a mês de cheques-moradia, entre 1 de janeiro e 13 de outubro de 2014:




Depoimentos de contemplados pelo cheque-moradia afirmando que são eleitores de Jatene:




O crescimento mês a mês dos processos abertos em 2014, para concessão futura de cheques-moradia: aumento de 927% no segundo semestre:


 Os servidores de outros órgãos deslocados para a COHAB, em 2014, devido à farra do cheque-moradia:

quarta-feira, 22 de março de 2017

A “condução coercitiva” de Eduardo Guimarães: até quando os verdadeiros juízes se calarão?



A "desrepública do Paraná" quebra agora até sigilo de fonte. Até quando? (foto: blog da Cidadania)



O senhor Sérgio Moro parece ter atingido o ápice do desequilíbrio.

E eu me pergunto até onde ele terá de chegar, para que a sociedade brasileira e o Poder Judiciário deem um basta em seus desmandos.

A condução coercitiva do blogueiro e jornalista Eduardo Guimarães, do blog da Cidadania, na manhã de ontem (21), é prova contundente de que esse senhor não tem condições de envergar uma toga.

E é por isso que me recuso a chamá-lo de juiz.

Porque ser juiz é muito mais do que estudar Direito e passar em concurso.

Ser juiz é merecer, de fato, aquela que é a maior confiança que os cidadãos podem depositar em outro cidadão: a certeza da Justiça.

Já houve quem torcesse o nariz quando escrevi que o Judiciário é o Poder mais importante de uma República.

Mas hoje vou é além: para mim, o Judiciário é a própria pedra angular da Civilização.

Muito mais do que ameaças ou punições posteriores, o que nos permite viver em uma sociedade civilizada é um pressuposto, uma anterioridade: a certeza de que eventuais conflitos serão dirimidos de forma justa e que os direitos de cada qual serão preservados.

Medo, ameaças, violências, punições não são suficientes para impedir tumultos, assassinatos, linchamentos e até revoluções. Só a certeza na Justiça é que garante a estabilidade de qualquer sociedade civilizada.

E é por isso que, quando o Judiciário claudica, tem-se toda sorte de desafios à Legalidade. E quando ele  desmorona, tem-se, simplesmente, a barbárie.

Hoje, o que vemos no Brasil é um Judiciário cada vez mais fragilizado por ingerências político-partidárias e por cidadãos que envergam uma toga apenas por aspirações hollywoodianas, ou até por anseios patológicos de poder.

É o resultado da sociedade do espetáculo, dirão uns; é a despolitização da maioria do povo brasileiro, dirão outros.

Mas será, de fato, apenas isso?

Ora,  tal “espetacularização” existe no mundo inteiro e até as nações mais desenvolvidas são afligidas pela despolitização de seus cidadãos.

Então, o que é que está acontecendo, hoje, no Brasil, quando o Judiciário vai-se transformando em espécie de  ponta-de-lança de um regime autoritário, policialesco, que rasga todos os dias a Constituição, a mesmíssima Constituição que os senhores magistrados juraram defender?

Onde estão os verdadeiros juízes, que são muitos, a maioria até, mas que nada dizem ou fazem para conter essa torpeza que se está a cometer contra a Constituição e o próprio Judiciário?

Por ordem do senhor Sérgio Moro, o blogueiro Eduardo Guimarães foi “conduzido coercitivamente” pela Polícia Federal, na manhã de ontem, em São Paulo, sem nem sequer ter sido intimado antes, a prestar depoimento.

E qual a “acusação” tão grave contra Eduardo Guimarães, para que fosse levado, subitamente, “debaixo de vara”?

A de haver antecipado, em seu blog, a “condução coercitiva” do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, no ano passado, dentre outras informações “sigilosas”, referentes à operação Lava-Jato. 

Ou seja: Eduardo teria “vazado” informações dessa “peneira midiática” que é a Lava-Jato, cujos vazamentos são praticamente diários, em todos os grandes veículos de comunicação do País. E olhe que o próprio senhor Sérgio Moro teve participação ativa em pelo menos um desses vazamentos: o famoso diálogo telefônico entre Lula e Dilma.

Mas o que é que queria saber tão urgentemente a Lava-Jato, a ponto de  pegar o cidadão Eduardo Guimarães na casa dele, às 6 da manhã, e conduzi-lo “debaixo de vara”, sem nem mesmo dar-lhe a chance de comparecer à delegacia de livre vontade?

A Lava-Jato queria saber quem foi a fonte das notícias divulgadas pelo blogueiro.

Ora, a Constituição Federal assegura o sigilo da fonte. E mesmo assim o senhor Sérgio Moro assinou embaixo dessa excrescência, a pedido da Polícia Federal e do Ministério Público.

Assim, Eduardo Guimarães, além de “conduzido coercitivamente”, também teve apreendidos o computador e os smartphones, dele e da mulher – e os aparelhos, como até brincou um internauta, serão “torturados” até que revelem todos os segredos do blogueiro...

Além disso, ao que consta em vários sites, há um processo contra Eduardo Guimarães, que teria “ofendido” e até “ameaçado” o senhor Sérgio Moro, através do Twitter.

E mesmo assim, o senhor Sérgio Moro não se sentiu impedido de atuar nesse caso.

Tem mais.

Depois do escândalo nacional diante de tamanha arbitrariedade, a Justiça Federal do Paraná divulgou nota em que afirmou mais ou menos assim: “Ah, mas o Eduardo Guimarães não é jornalista. Então, não existe esse negócio de sigilo da fonte. Além disso, esse tal de Blog da Cidadania não passa de um veículo de propaganda política, destinado apenas ao exercício da própria liberdade de expressão do Eduardo”.

Como é que é, cara pálida?

Há anos, o Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de Justiça deste País, decidiu: não há necessidade de diploma para o exercício da profissão de jornalista.

E o que o Eduardo Guimarães e muitos blogueiros fazem é, sim, Jornalismo.

Os blogs, que nasceram basicamente como diários virtuais nos Estados Unidos, salvo engano, no século passado, transformaram-se em importantes veículos de informação e de disseminação de conhecimento, e até de opinião – outro direito garantido pela Constituição.

E hoje, muitos blogs até pautam os “jornalões”, o que é extremamente vantajoso para a sociedade, na medida em que se pulverizam as fontes noticiosas, impedindo que informações essenciais sejam varridas para debaixo do tapete, por conta de interesses inconfessáveis.

Há doze anos, Eduardo Guimarães traz aos seus leitores, além de opinião, a informação jornalística – matérias com boas fontes, entrevistas e “furos”, por vezes, invejáveis.

Tem, portanto, todo o direito de ser chamado de jornalista. E isso quem diz não sou eu, mas o Supremo Tribunal Federal - que é infinitamente superior a todos os Moros, policiais federais, procuradores e promotores da “Desrepública do Paraná”.

E se Eduardo Guimarães é petista, tucano, comunista, anarquista, de direita, de esquerda, de cima ou de baixo - o raio que o parta! - tem, sim, todo o direito de expressar a sua opinião, porque nenhum desses policiais, procuradores ou Moros da vida é maior do que a Constituição.

No entanto, ainda mais preocupante é que a violência contra o jornalista e blogueiro Eduardo Guimarães não é um fato isolado.

Já seria grave, se fosse apenas com ele. Mas assume dimensões dramáticas quando se percebe que ela faz parte de um conjunto de crescentes atentados contra as liberdades de informação e de opinião, neste País.

São processos e mais processos contra jornalistas ou blogueiros, muitas vezes com determinação de censura prévia (outro atentado contra a Constituição) e até com perseguição pura e simples, como aconteceu, recentemente, na “Desrepública do Paraná”.

Lá, juízes abriram dezenas de processos contra jornalistas da Gazeta do Povo, que divulgaram os supersalários dos meritíssimos, que, aliás, constavam no portal da Transparência (Leia aqui: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/06/1778916-magistrados-entram-com-dezenas-de-acoes-contra-jornalistas-no-pr.shtml).

As audiências obrigaram os jornalistas a peregrinar dias seguidos, de município em município, até que uma decisão do Supremo pôs fim àquela perseguição togada.

A reestruturação mundial da Informação, tanto em sua geração, quanto em sua disseminação, experimenta, no Brasil, um momento assustador, com a galopante judicialização da censura (condenações, ameaças de prisão, intimidações, indenizações extraordinárias), e o puro e simples assassinato de jornalistas e blogueiros.

Não por acaso, os atingidos são os profissionais que incomodam, com as suas informações e críticas, àqueles que se imaginam acima da Lei.

É desolador que magistrados, ou pessoas que se pretendem magistrados, compactuem com isso; que se tornem cúmplices desse assédio às liberdades democráticas, quer por suas ações ou omissões.

O que a sociedade espera de seus juízes é apenas que ajam com isenção e que NÃO usem esse Poder magnífico, que é o Judiciário, apenas e tão somente em benefício próprio.

É só isso.

Mas esse “só isso” já é uma enormidade, porque é capaz de dar uma nova cara a toda e qualquer sociedade.

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E leia a nota do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj): 

Condução coercitiva de Eduardo Guimarães é censura e ataque à liberdade de expressão 

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) protestam contra a condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, levado de sua residência na capital paulista, na manhã desta terça-feira (21), para prestar depoimento à Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Lava Jato.

Guimarães teve seu apartamento vasculhado, foram apreendidos seu celular, notebook e um pen drive de uso pessoal e o blogueiro foi conduzido à Superintendência da PF no bairro da Lapa, zona oeste paulistana.

A Polícia Federal, em mais uma demonstração de arbitrariedade e violação de direitos inspirada na época da ditadura militar no país, quer violar o sigilo de fonte por Guimarães ter vazado a informação de que o ex-presidente Lula seria conduzido coercitivamente pela PF, o que forçou o adiamento da ação no ano passado.

Além da arbitrariedade da condução coercitiva, sem que qualquer intimação prévia tenha sido feita ao blogueiro, a PF devassa dados pessoais e desrespeita o sigilo de fonte garantido pela Constituição Federal em seu Artigo 5º, parágrafo XIV, em que define que ´“é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.

A Polícia Federal ataca, ainda, a liberdade de imprensa e de expressão do blogueiro – a mesma PF que tem vazado informações seletivamente de acordo com os próprios interesses, sem levar em consideração os interesses da sociedade.

O SJSP e a Fenaj expressam seu veemente repúdio à arbitrariedade da Polícia Federal, pois a condução coercitiva do blogueiro também representa um terrível precedente, que coloca em risco um dos mais importantes princípios do jornalismo – garantir o direito da população à informação.

O Sindicato e a Federação também se colocam à disposição de Eduardo Guimarães para lutar contra mais esse ato de lamentável autoritarismo e censura, além de prestar solidariedade e apoio na adoção de todas as medidas legais cabíveis.

São Paulo, 21 de março de 2017. 

Direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj” 

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E fica aqui uma música do grande Chico Buarque, feita sob medida para tempos tão sombrios:



domingo, 19 de fevereiro de 2017

A visita de Helder, Zenaldo e Barbalhão a Mosqueiro e a rede de intrigas do tucanato.




A foto que arrancou a Perereca do nirvana


Estava eu em meio a um monte de incensos, cristais, mandalas e AUMs, quando dei de cara com uma foto que me arrancou do nirvana: o Helder, o Zenaldo e o Barbalhão, todos serelepes, lá no Mosqueiro, no que seria uma grande “confraternização”.

E eu pensei comigo: égua, que o Pará tem que abrir um Doutorado em Política! Até o Trump vai querer estudar aqui!

Não é brincadeira, não: a gente vê tanta coisa neste Pará, que fica até pensando se isto daqui não é um portal para outra dimensão.

É tanta esquisitice, que só mesmo sendo uma espécie de Triângulo das Bermudas. Ou uma colônia  de reptilianos, grays e anunakis.

É claro que o zum-zum-zum tomou conta das redes sociais. E o pessoal da Griffo, como sempre, surfou: uma das “teorias” é a de que haveria um “acordão”, para unir PSDB e PMDB, nas eleições do ano que vem.

Tal “acordão”, que colocaria Jatene para escanteio na escolha de seu sucessor, teria as bênçãos do Flexa Ribeiro e, também, do Zenaldo. Tudo com a promessa de que o Helder seria o candidato “ungido” pelos tucanos, ao Governo do Estado.

É ou não escritinho um episódio do “Além da Imaginação”?

Esse negócio é o mesmo lári-lári, o mesmo papo-furado, a mesma conversa mole, que fez o PMDB apoiar a eleição do Jatene, em 2010.

Por incrível que pareça, o PMDB acreditou que o Jatene não seria recandidato, em 2014, e poderia até apoiar o Helder.

Ou seja, caiu no conto do paco do Jatene, que desempenhou o papel de “governante-cidadão sem apetência pelo poder!”... (pausa para gargalhar: quá-quá-quá-quá-quá-quá-quá-quá-quá).

E não só o PMDB: vários tucanos também caíram nessa esparrela.

E a poderosa “Mãe Perereca”, quase que consegue visualizar a cena:

Com o olhar emocionado, até a lacrimejar, o Jatene bota a mão no ombro do sujeito e tasca: “Caboco, eu preciso de ti! Eu detesto esse negócio de poder, caboco! E não quero ser candidato, em 2014, porque sou contra reeleição. Então, se me ajudares agora, serás o meu candidato, em 2014! E eu vou fazer de um tudo pra te eleger, caboco!”.

E o sujeito, diante dessa atuação emocionada, realmente acreditava que o Jatene estava ali a “abrir o coração” pra ele... 

Só mesmo quem não conhece nadica da natureza humana é que ainda acredita no Jatene.

O sujeito pisou até no pescoço do velho Almir, amigo do peito dele, só pra manter o poder. É capaz de chorar, cara a cara, enquanto manda enfiarem uma faca nas costas do coitado, que foi lá pedir ajuda. É tão traiçoeiro que mandou implodir a campanha de um correligionário, o Zenaldo, na década de 2000, só para reforçar a liderança do Duciomar, que era cria dele.

É, caro leitor: o Duciomar é cria do Jatene (e isso ninguém me contou: eu estava lá, eu vi!).

Então, como é possível que um aglomerado de raposas políticas, gente passada na casca do alho, como é o PMDB, possa ser tão facilmente manipulado por um vigarista desses, do qual todos estão cansados de conhecer as histórias?

E ainda por cima com esse papo-furado de que os tucanos estão dispostos a largar esse osso... Mas quando!... Se isso é um mocotó daqui, ó!

Sinceramente, não acredito que o PMDB seja tão ingênuo. Para mim, das duas, uma: ou foi o próprio Jatene quem mandou o Orly espalhar esses boatos; ou algum tucano descontente está tentando usar os peemedebistas, para pressionar o Jatene.

Particularmente, acredito mais na primeira hipótese: o Jatene mandou o Orly espalhar essa boataria. E pra quê? Pra ganhar tempo, caro leitor!

As últimas eleições, ao Governo do Estado e à Prefeitura de Belém, mostraram que, apesar de todo o ilusionismo da Griffo, a população paraense já começa a cansar desse lári-lári dos tucanos.

Tanto é assim que o próprio Jatene, com a máquina na mão, quase perde as eleições - e, em Belém, os tucanos tiveram que “estuporar” a boca do balão, para reeleger o Zenaldo (que, justamente por causa dessa “estuporação”, acabou bicassado).

Isso significa que eles precisarão de um derrame fabuloso de dinheiro, para fraudar as eleições do ano que vem.

Daí a história do empréstimo do BRT e da privatização da Cosanpa, as duas possíveis fontes dessa bufunfa poderosa.

Então, têm que ganhar tempo, embaralhar as cartas, criar grandes cortinas de fumaça, enquanto desviam milhões do BRT ou colocam as mãos na bolada da Cosanpa.

E não se iluda, caro leitor: se os tucanos botarem a mão nessa bufunfa, babau! Eles vão comprar voto a rodo, muito mais do que aconteceu em 2014 e 2016. E tudo sob o olhar complacente do TRE, que vai sentar em cima dos processos de cassação – como já vem fazendo há anos, aliás.

Então, penso que o que aconteceu em Mosqueiro foi algo bem menos complexo: o PMDB resolveu “carimbar” aquela obra, ganhando o máximo de espaço possível para isso. Só que o Jatene e o Orly, espertamente, aproveitaram a chance para embaralhar as cartas – ou até lançar o anzol: os tucanos fazem que brigam, com possibilidade até de ruptura, para levar o PMDB a apostar em “oportunidades” inexistentes.

Agora, se os peemedebistas caírem, de novo, na conversa-fiada dos tucanos, então, é o caso de se dizer: manos, não tem “as condição”!... Vão é plantar pupunha, criar galinha, fazer artesanato, porque vocês não entendem patavina de política!

E aproveitem mais é pra fazer um bom curso de Teatro, que é pra ver se aprendem, ao menos, a reconhecer um canastrão.

FUUUIIIIIII!!!!!!