quarta-feira, 7 de abril de 2010
Gente boa dá cartão vermelho à candidatura de Fernando Yamada
Ninguém levou a sério nos meios políticos o lançamento, pelo PTB, da candidatura do empresário Fernando Yamada ao Governo do Estado.
Nos bastidores, todos elogiam Fernando, que não é apenas um dos maiores empresários do estado: é tido como um sujeito trabalhador, competente, equilibrado e com excelente trânsito na maioria dos partidos.
Mas, para a maioria, o problema é simplesmente de viabilidade eleitoral, num pleito em que já estão postos os nomes de dois pesos-pesados – a governadora Ana Júlia Carepa e o ex-governador Simão Jatene – e se ensaia a possibilidade de outro potente candidato: o também ex-governador Jader Barbalho.
Como não poderia deixar de ser, o lançamento de Yamada acabou reforçando a impressão de que as coisas não andam lá muito bem no blocão PTB/PR e a sua chamada “terceira via”.
Além disso, já que a “tchurma” não poupa ninguém, o factóide acabou por gerar toda sorte de piadinhas – sempre em torno do grupo Yamada.
“Ele é gente boa. Mas, nem quem tem cartão vota nele”- brincou um marqueteiro.
“Ele (Fernando) tem o mailing que todo candidato gostaria: 1,5 milhão de endereços atualizados. Só isso já garante que o pessoal receberá a propaganda dele” – ironizou outro.
“Balão de ensaio”, “busca por manchete”, “tentativa de se manter no jogo” são as explicações mais ouvidas nos bastidores para o lançamento do nome de Fernando, primeiro pelo prefeito de Belém, Duciomar Costa, e anteontem pelo deputado estadual Joaquim Passarinho.
“O Duciomar fez isso porque, depois que o Anivaldo Vale se lançou candidato, ele precisava mexer no tabuleiro para continuar no jogo. Como está em voga a terceira via e ele (Duciomar) não pode ser, ele precisava botar um nome em evidência. Acho que ele foi surpreendido pela decisão do Anivaldo, que viu que estava sendo só usado”, disse um político que conhece bem o alcaide.
“Não sei por que o Duciomar fez isso. Mas é um claro balão de ensaio, e muito mal soprado por sinal, porque não tem impacto maior. O Fernando não tem nada a ver, ele não vai, é só pra badalar o nome dele. Acho até que nem combinaram direito com ele. Mas ele não vai dizer isso, até porque isso está servindo para divulgar a empresa dele”, observou outro, que conhece bem o empresário.
“Eu não acredito que ele (Fernando) aceite: só se o Jader, a Ana, todo mundo, apoiar - e alguém bancar a campanha. Ele não tem chance nenhuma! É claro que milagres acontecem, mas, eu não acredito que ele aceite se submeter a essa expectativa de milagre; ele não é esse tipo de pessoa e tem toda uma responsabilidade empresarial. O que o Duciomar quis foi criar um fato, já que estava muito a reboque”, arriscou um peemedebista.
“Acho que aconteceu algum desencontro entre o PR e o PTB que não tava no script, e o Duciomar fez isso para provocar um recuo do Anivaldo. O Fernando não tem que se envolver em política eleitoral, até porque coloca em risco o grupo empresarial dele. E acho que o problema dele (Fernando) não é nem de densidade, porque é um cara sério, simples e fácil de vender. O problema é que isso não é o projeto dele, ele não tem tesão pelo eleitoral”, ecoou um marqueteiro.
Esse mesmo marqueteiro complementa o raciocínio com algumas observações interessantes.
A primeira: “O que me parece é que o Duciomar quis cutucar o Anivaldo. Veja bem: o Duciomar jogou as cartas na mesa, quando não se desincompatibilizou. Já o Anivaldo só jogou metade de suas cartas: criou um fato com aquele pedido de licença e ficou negociando com a Ana, com o Jader...”
A segunda: “Não se esqueça de uma coisa: em 2005/2006, o sonho do Anivaldo já era ser candidato ao Senado, e ele vinha fazendo articulações de bastidores nesse sentido, quando o Mário (Couto), com a Assembléia Legislativa, se estruturou todo e praticamente colocou o Almir e o Jatene numa situação difícil. Mas, apesar de tudo, o Mário não tinha a densidade que dizia – e isso ficou bem claro num diagnóstico que o Anivaldo mandou fazer. Por isso, embora muita gente pense que o Anivaldo traiu o PSDB, o que aconteceu foi o contrário: ele é que foi traído”.
“E o que foi que o Anivaldo fez?” – perguntou a fonte, para acrescentar: “Ele ficou calado, mas pegou o filho dele e filiou no PMDB. Creio, aliás, que esse foi um dos fatores que levaram à derrota do Almir: o Anivaldo, há muito tempo, era o segundo mais votado no Nordeste e, pelo fato de não sair candidato a deputado federal em 2006, só aí a legenda, o PSDB, perdeu uns 80 mil votos. Foi uma jogada de mestre. Além de dar uma demonstração de força ao “transferir” o mandato ao filho, ele ainda ajudou a dar uma porrada no PSDB no Nordeste do Pará, que é o segundo maior colégio eleitoral do estado”.
O que a fonte quer salientar é isto: embora não seja tão conhecido como um Jader ou um Jatene, por exemplo, já que atua bem mais nos bastidores, Anivaldo é um político brilhante.
Ou, por outras palavras: quando se trata das relações PR/PTB é cobra engolindo cobra...
Mas, embora as sinalizações sejam claras, ninguém admite, nem no PTB, nem no PR, que as relações entre as duas legendas andem bem mais complexas do que no passado.
“A nossa relação está normal. Não estamos estremecidos”, jura um político do PR, que, no entanto, não conteve o riso quando lhe perguntei sobre a pré-candidatura de Fernando Yamada.
E observou: “Acho que isso é só especulação, como aconteceu com o nome do Tião Miranda. Não temos nenhuma restrição ao Fernando, muito pelo contrário: temos muito respeito por ele. Mas, observe que isso não partiu da Executiva do PTB, e sim, dos proporcionais”.
No PTB, um assessor do prefeito também garante que os dois partidos não estão estremecidos: “Isso é só especulação da turma, é mais torcida. A articulação entre o PR e o PTB é sólida, tanto política, quanto pessoalmente”.
Para a "tchurma", no entanto, tais negativas não significam rigorosamente nada, tendo em vista os últimos acontecimentos – a precavida licença de Anivaldo e o lançamento de Fernando Yamada.
No entanto, ninguém acredita que esses atritos inviabilizem o blocão. “Isso não significa um rompimento ou um empecilho a que saiam juntos (PR e PTB). Não esqueça que o Hélio e o Jader se chamaram de satanás e, depois, se juntaram novamente”, diz alguém.
5 comentários:
Fernando Yamada está para o Pará como Antonio Ermirio de Moraes está para o Estado de São Paulo.
Creio que essa anunciada candidatura do Fernando é um balão de ensaio, mas devo lembrar que lá pelos anos 80 e tal, Antonio Ermirio de Moraes foi candidato a Governador em São Paulo, me parece que pelo PTB, com toda a seriedade e competência de Antonio Ermírio, sua campanha e os seus resultados foi um fiasco.
Política é para os políticos.
Certo, mas e quanto ao senado?
O mesmo 1 milhão e meio de clientes podem se transformar em 600 mil votos. Isso dentro de casa. Imaginem o estrago que o Fernando poderia fazer numa breve viagem pelo interior, passando em 20 municipios apenas, quantos mil votos não traria na bagagem? E a transferência do Duciomar que ja foi senador?
Será que dá mesmo pra rir da candidatura do Fernando Yamada?
Qual é o político que vai jogar pedra no Fernando aqui dentro do Estado? Que vai enfrenta-lo????
Acho que a candidatura do Fernando pro governo é pouco provável, mas para o senado...
Se ele decidir ser candidato, sem dúvida é uma grande opção para os que procuram a tal terceira via, o importante é que muita gente quer mudar.
Se o Dr. Jader permitisse, e o Wladimir Costa fosse o candidato ao Governo.
A eleição 2010 está cheia de fenômenos para ser estudados, se mais este acontecesse então teriamos muita analise para fazer.
Surpresas d todo lado, olha! Cuidado! o Wladimir pode ser o candidato do PMDB.? Será?!!???
Perfil de Candidato a Governador:
a) Ter R$ 100.000 para gastar no 1º turno.
b) Ter facilidade e ou capacidade para arrumar R$ 100.000.
c)Conseguir aglutinar forças antagônicas em favor de sua candidatura.
Quem tem este perfil??
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