Tucanos, petistas e outros bichos
Agradeço de coração a todos os leitores deste blog, que batem ponto toda semana neste cafofo.
Sei que vocês que aqui vêm desde os primórdios da Perereca da Vizinha já nem estranham mais as minhas ausências.
Mesmo assim, peço desculpas pela demora em postar, novamente, alguma coisa interessante.
Primeiro, andei meio adoentada, com essa minha mania horrorosa de comer tudo que é porcaria que vejo encontro pela frente.
Mas, o principal é que precisava exorcizar uns “fantasmas do passado”, digamos assim.
Precisava varrer do horizonte uma etapa da minha vida; precisava fechar definitivamente uma porta, para que nunca mais volte a se abrir...
Sinto-me, agora, bem mais aliviada, como alguém que, aos poucos, vai retomando a estrada.
Como se colocasse a mochila nos ombros e me deixasse enfeitiçar pelos horizontes e horizontes que se vão construindo em minha cabeça.
Com o coração a bater acelerado.
Com os olhos novamente dispostos a olhar em volta, a redescobrir toda a beleza do mundo.
É bom me sentir assim; fazia tempo que não me sentia assim.
Capaz de seguir em frente e de começar, de fato, uma nova etapa da minha vida.
Não, como disse a um amigo, um petista maravilhoso que me telefonou, não estou “preparando” coisa alguma, neste prolongado silêncio...
Estou, apenas, dando um tempo, enquanto vou me adaptando a O Liberal.
Preciso encontrar o ponto do bolo, digamos assim. Preciso me afinar com o jornal, do ponto de vista da linguagem e das matérias que lhe interessam. Até porque disso daí depende a minha sobrevivência...
Ou seja, tenho direcionado as minhas melhores energias para lá.
Além disso, andei “cozinhando” algumas coisas na minha cabeça.
O novo capítulo da Orgia no Rangão, que, aos poucos, vai surgindo na minha cabeça; as crônicas, umas quatro ou cinco, que tenho de terminar; o romance que preciso retomar; a poesia que se calou e que nunca mais veio bater-me à porta do coração...
Mas, também é verdade, tenho pensado em umas pautas bacanas, até pelas muitas dicas que tenho recebido.
Como disse, há meses, a esse meu amigo petista, não pretendo retomar o Caso Hangar.
Embora, é verdade, já tenham surgido vários fatos novos e até “ofertas complexas” de investigação. E até coisas complexas que mereceriam, sim, uma profunda investigação.
Mas, não pretendo, de forma alguma, contribuir para um eventual “impedimento” da minha xará.
Primeiro porque abomino “tapetão” – para mim, isso nada mais é do que desespero político.
Segundo porque tenho a responsabilidade de uma militante política que compreende como acessória a sua condição de jornalista.
Terceiro, e decorrente da compreensão acima, porque jamais me disporia a prejudicar os nossos irmãos petistas, se isso resultasse, simplesmente, em benefício do PMDB ou de qualquer outro partido integrante da “massa atrasada” deste país.
Tenho de reconhecer que, no Caso Hangar, me deixei levar, momentaneamente, pela raiva – e nem peço desculpas por isso, porque acho que isso é, simplesmente, humano.
Incomodou-me profundamente o fato de ter assumido, de repente, a condição de “parte” nessa história toda.
Primeiro porque tenho pra mim que jornalista não é parte de coisa alguma.
A gente noticia, briga pela informação.
E, ao contrário do que imaginam muitos coleguinhas, na produção de uma notícia, não espelhamos, simplesmente, “isenção”.
Mas, toda uma história de vida, toda uma compreensão de mundo, que, afinal, fez de nós aquilo que somos.
Mas, denunciar fatos ao Ministério Público, ao TCE, ou a qualquer instância, não compete ao jornalista.
E isso sempre me incomodou muitíssimo, pela atitude que fui levada a tomar, tanto pela arrogância e certeza de impunidade da doutora Joana Pessoa, quanto pela raiva que senti ao ser chamada de “inescrupulosa”.
E logo eu, que, ao ligar para amigos, em 2006, alertava: “Estou te ligando não como amiga, mas, como repórter de tal jornal”.
Quer dizer, fiquei profundamente sentida com tal acusação. Tanto pelas minhas atitudes, quanto pelo fato de me parecer que a doutora Joana Pessoa não tem, simplesmente, moral para classificar de “inescrupuloso” a quem quer que seja.
Mas, deixa pra lá, já passou.
Isso não significa, no entanto, que vou deixar de fiscalizar o Governo da minha xará.
Creio que essa, afinal, é a maior função de um jornalista: levar ao conhecimento da sociedade a “sujeira” que os governos tentam varrer para debaixo do tapete.
Porque, infelizmente, mesmo o PSDB e o PT, que são os partidos mais avançados deste país, têm um medo danado da sociedade – a sociedade que, longe de ser inimiga, é, em verdade, uma inestimável aliada de quem pretenda fazer avançar o Brasil, em termos sociais e econômicos.
Mas, guardo a esperança de que os irmãos petistas e tucanos, um dia, compreendam isso. O dia em que deixarão de torrar milhões em propaganda, para investir em publicidade.
Ou seja, o dia em que deixarão de torrar dinheiro público a vender um “paraíso” inexistente.
E que investirão esse dinheiro para, de fato, informar a sociedade e chamá-la, convocá-la, a discutir a construção do próprio destino.
Gosto muito dos moldes daquela tendência, que me foge o nome, do Paulo Rocha e do Mário Cardoso.
É bem verdade que, como tucana que sou, considerei algo “pitoresca” essa prática de até motoristas serem chamados a debater questões estratégicas...
Mas, como tucana visceral, também fiquei como que “encantada”...
Afinal, me vi, de repente, e pega quase que desnuda, diante da democracia radical.
Acho que é por isso que fiquei a gostar tanto do Mário: afinal, ele e o grupo dele colocam em prática aquilo que a gente apenas teoriza.
Essa crença, melhor dizendo, essa certeza na capacidade racional das pessoas, por mais humildes que sejam, faz uma falta danada a nós, os tucanos...
Nós, os tucanos, nos habituamos a incorporar todas as descobertas científicas acerca do animal humano.
A ver o Humano não apenas como mero produto social, mas, com esses interesses individuais que nada têm de Divino.
E consideramos que isso, essa nossa idéia do Humano, é o mais correto.
E foi isso que, aliás, nos fez melhores negociadores a “agregadores” de apoios, que os nossos irmãos.
Sem ilusões acerca da própria espécie, pudemos jogar o “toma-lá-dá-cá”, sem crises existenciais e de forma compacta, como, aliás, exigem todos os acordos políticos.
Mas, a nós – e creio que, nesse caso, falo por todos os tucanos – não deixa de ser tentadora (e até singela, para recorrer ao tucanês...) a possibilidade de crer na capacidade, na ânsia, do indivíduo de se subordinar ao coletivo.
É um sonho, essa compreensão...
Um sonho que a gente sabe irrealizável. Mas, que nem por isso deixa de nos “atentar” aqui e ali...
Dia desses comecei a escrever um artigo – e o título era “toma que o filho é teu” – em que tentava colocar os pingos nos iis nessa questão da segurança pública.
Não publiquei; ta aí no meu arquivo de posts não publicados.
Nele, mostrava que os tucanos têm de parar com essa história de jogar para o costado do PT a “culpa” por essa violência que está aí.
Afinal, essa é uma irresponsabilidade que nós, os tucanos, teremos de carregar, talvez, por várias décadas.
E é aqui que eu acho tão interessante essa simbiose entre tucanos e petistas.
A gente, no fundo, quer a mesma coisa. Mas, para chegar lá, prioriza isso ou aquilo – o equilíbrio das contas, por exemplo, ou os investimentos sociais.
E, afinal, temos, sim, de pagar a conta pela opção que fizemos.
Aconteceu com os tucanos; acontecerá com os petistas...
Mas, sabem, camaradas, bom mesmo é essa consciência de que fizemos o possível e o impossível para melhorar a sociedade em que vivemos.
Erramos aqui e ali, acertamos aqui e ali. Mas, sobretudo, FIZEMOS.
Vamos seguir nos dando bicudas.
Eu, pelo menos, já estou preparando mais uma – e, por favor, xará, não se avexe, tome mais é uma maracujina...
Mas, creio, todos temos a noção da importância uns dos outros.
Daquilo que nos irmana: um Brasil e um Pará melhores. Um Brasil e um Pará mais justos, mais igualitários.
(E eu penso que, a essas alturas, o pessoal do PFL e do PMDB deve de estar pensando: “esses filhos da puta são todos comunistas!...”)
E não é que somos?!!!
FUUUUUIIIIIIII!!!!!!
(P.S. Deixa os 10% de analfabetismo de São Paulo prá lá. Foi um bicudão – e válido! - do Lula. O Serra é que tem de botar o carecão pra pensar mais rápido...)
7 comentários:
Mas, o principal é que precisava exorcizar uns “fantasmas do passado”, digamos assim.
"Precisava varrer do horizonte uma etapa da minha vida; precisava fechar definitivamente uma porta, para que nunca mais volte a se abrir..."
Sinto-me, agora, bem mais aliviada, como alguém que, aos poucos, vai retomando a estrada.
Não estão sendo um pouco radicais....?
A dona Perereca está fazendo falta no assunto "cpi pedofilia".
Cadê a jornalista investigativa?
Calada por quê?
É nessa humanidade sem humildade que devemos nos apoiar, afinal o futuro de nossa espécie e sua evolução sempre foi,é e será costurada sobre esta tênue linha entre o acerto e o êrro, entre o mêdo e a coragem, entre a certeza e a sorte...
O super homem que há em nós, dorme desincalto em nossas aspirações mas acorda enraivecido quando alguem tenta nos subitrair a glória de sermos apenas humanos.
"Hai disgoberno, soy contra ! ! !"
beijos
Lutar contra os poderosos do PT dá nisso. É uma pena, mas entendo suas limitações. De qualquer você é uma mulher de coragem.
Ana concordo com vc, quando colocas, que eh muito fácil vc jogar a culpa no costado alheio. O que vemos no governo devossa xará é justamente esse discurso desde o primeiro dia de posse. Os 12 anos do governo tucano será a mácula deste estado pelos próximos anos que o governo da DS se mantiver no poder, ou seria melhor que, ele tascassem oleo de peróba na cara e irem trabalhar.
Eu como servidor público me preocupo, pois neste anos todos de estado nunca tive a desprazer de ver nosso governo do Estado entregue as baratas, ou baratões que comandam nosso estado.
Nosso estado esta completamente falido, nao se tem dinheiro para absolutamente nd, no entanto ao abrir o DOE nosso de cada dia encontramos as continuas viagem de secretários, e outro penduricalhos do governo.
O que eh ser radical ?, me pergunto. É ignorar a competência técnica de algumas pessoas que estão no estado como DAS por conhecimento da área que atuam, para nomear acordos políticos e alguns ficarem sem fazer PN no estado atravancando o andamento deste estado.
Como diria Raimundo Mario Sobral: "Valha-nos quem?????"
Ei, Ana no TCE perdeste a batalha, mas o MP está vigilante - a guerra ainda não acabou... que vença a probidade, que vença a verdade e que vença, no final, nós do povo, pobres contribuintes.
Ana,
Aproveite e investigue a quatidade de contratos temporários na Sagri. A agricultura perdeu o rumo.E há muita briga interna pelas indicações. Não sei onde esse governo que chegar.
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