O governador do Pará, Simão
Jatene, entregou na tarde desta terça-feira (27), em Brasília (DF), ao
presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, a Ação Direta
de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 25/2013), protocolada esta semana no
STF.
A ação movida pelo Estado
pretende motivar o Poder Judiciário a pressionar o Congresso Nacional a
regulamentar a chamada Lei Kandir, que desonera os produtos exportados.
A soma das perdas de arrecadação
do Pará, somente com a falta de regulamentação desta lei, está estimada em
cerca de R$ 20 bilhões.
O encontro com o ministro Joaquim
Barbosa contou ainda com presença do senador Flexa Ribeiro, da deputada
estadual Ana Cunha, do procurador geral do Estado, Caio de Azevedo Trindade, do
integrante da Central Única dos Trabalhadores, representando as centrais
sindicais paraenses, Antonio Carlos Melo, e de Fernando Yamada, representando o
empresariado paraense.
A ação cobra que a Lei Kandir, instituída
em 1996 para estimular a exportação e a economia nacional, seja regulamentada,
definindo os critérios de compensação aos Estados que perdem receita pelo fato
de não serem tributados produtos destinados à exportação.
Desde 2003, o princípio da desoneração
e da compensação foi incluído na Constituição Federal.
Porém, argumentou Simão Jatene ao
presidente do STF, “enquanto a desoneração passou a vigorar imediatamente, a
compensação ficou sujeita à aprovação pelo Congresso Nacional de uma lei
complementar, disciplinando como se daria essa compensação e quem teria direito
a essa compensação”.
Para o governador paraense,
enquanto a definição da compensação aos Estados não é feita pelo Congresso, o
Pará acumula significativas perdas na arrecadação.
“O resultado é que 10 anos depois
se continua tendo a mesma sistemática: a desoneração foi global, mas a
compensação, não. O Pará é fortemente exportador. As exportações representam
10% da economia dos Estados na média nacional, mas no caso do Pará as exportações
representam cerca de 30%. Assim, o Pará só pode tributar 70% de sua economia,
já que 30% estão desonerados. Então, sem dúvida, o Pará é o Estado que acumula
as piores perdas. De um lado, pelo peso das exportações na economia, e de outro
porque somos produtores de minerais. A sociedade paraense abre mão de um bem
não renovável, não ganha nada no presente e, certamente, não ganhará nada no
futuro se essas regras não mudarem, pois esse bem natural é exaurido à medida
que é exportado”, destacou Simão Jatene.
Segundo o governador, o ministro
Joaquim Barbosa mostrou sensibilidade ao problema, e buscará encaminhar a ação
movida pelo Estado.
“Temos um patrimônio fantástico
de riquezas naturais que está se exaurindo, sem que isso promova a melhoria dos
nossos indicadores sociais. Em resumo: temos uma renda per capita que é metade
da média nacional. O Pará contribui fortemente para os saltos do desempenho
positivo do Brasil na balança comercial, e não temos uma compensação por isso.
Assim, o Estado ingressa com esta ação, esperando que o Supremo determine ao
Congresso Nacional que cumpra aquilo que determina a Constituição: Que legisle
sobre o mecanismo de compensação. E, finalmente, possamos ter ao menos
amenizadas essas perdas”, argumentou Simão Jatene.
Questão
de Estado
- Para o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), a ação movida pelo Estado é
fundamental para pressionar o Governo Federal, já que, no entendimento do
senador, há falta de vontade política para votar a regulamentação da Lei
Kandir.
“A bancada do Pará tem cobrado
isso de forma sistemática e permanente. É uma questão de Estado, fundamental
aos paraenses. Porém, infelizmente não vemos vontade política para promover
esse debate de forma clara e objetiva no Congresso Nacional. O momento é
oportuno, pois somente após a determinação de prazo pelo STF que o Congresso
votou as novas regras de divisão do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
Pode ocorrer, por determinação do Supremo, o mesmo com a Lei Kandir”, destacou
Flexa Ribeiro.
O presidente do STF, Joaquim
Barbosa, deverá nos próximos dias determinar o relator da Ação movida pelo
Estado, para que sejam solicitados posicionamentos do Congresso Nacional e da
Advocacia Geral da União (AGU) sobre a regulamentação da Lei Kandir.
Para Antonio Carlos Melo, da CUT,
que esteve na audiência representando as centrais sindicais do Pará, a Ação de
Inconstitucionalidade (Adin) deve ser abraçada por todos os segmentos da
sociedade paraense.
“Não podemos ficar de braços cruzados com a
perda de arrecadação que a Lei Kandir impõe aos paraenses, e temos que apoiar
esta iniciativa. Na nossa perspectiva, se tivermos um resultado positivo, tendo
a lei regulamentada, e com isso gerando receita maior ao Estado, podemos
esperar que essa conquista seja revertida em benefícios para a classe
trabalhadora paraense, com melhor distribuição de renda e dos serviços
públicos, para melhorar nossos índices de desenvolvimento humano”, ressaltou.
(Fonte:
Agência Pará)
5 comentários:
Quem "inventou" a Lei Kandir? Então tá!
O governador deveria também explicar ao público paraense que esta nefasta lei foi apresentada pelo deputado do PSDB Antonio Kandir do PSDB e que foi amplamente por todos os tucanos à época do governo Fernando Henrique Cardoso.O Jatene deveria ter procurado naquele instante o STF ou sem manifestado contra a proposta do deputando.Ao contrário o próprio tucanato paraense se calou e aceitou esta anormalidade que vem prejudicando o povo paraense.
O governador do Pará deveria também tornar público que esta lei foi formulada e apresentada por Antonio Kandir, do PSDB.Foi totalmente apoiada pela bancada tucana por ocasião do governo Fernando Henrique.
Naquele momento não houve nenhuma reação contrária de Jatene e de toda bancada tucana do Pará.Agora, numa pirotecnia midiática quer demonstrar o que já deveria no passado ter demonstrado juntamente com sua bancada.
Governador farsante e dissimulado!
O PSDB do jatene tá provando do veneno que eles próprios destilaram.
Criaram um monstro e agora não sabem como domá-lo.
Essa é a atual situação dramática do governo e do povo do Pará, depois da vergonhosa venda da Celpa, da Vale e da criação da famigerada lei Kandir, criada pelo PSDB do FHC, Pedro Malan, Sergio Mota, Serra, Mario Covas, Tasso Jereisati, Amir Gabriel e Jatene em 1996.
Essa lei causou um prejuízo de cerca de 20 bilhões de reais ao estado, quando deixou de arrecadar de ICMS sobre os minérios que são arrancados de nossas terras.
Aqui ficam os buracos e pobreza. Os lucros vão embora para o sudeste do país e para as matrizes das mineradoras na Europa e EUA.
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