terça-feira, 20 de agosto de 2013
Assassinato de líder quilombola pode ter sido crime passional, diz polícia. “Neguinho”, que seria o autor do crime, teria assassinado Alalor por ciúmes da ex-mulher. Polícia à caça do acusado. População pode ajudar através do telefone 181. MPF acompanha investigações. Fazendeiro arrepia no Marajó, para expulsar quilombolas.
A Divisão de Homicídios da Polícia Civil já identificou o autor da morte do presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Gurupá, Teodoro Alalor de Lima.
O acusado do crime é conhecido como Carlos, ou “Neguinho”.
A equipe policial encontrou uma foto do acusado, que agora está sendo procurado.
Informações sobre o paradeiro dele podem ser repassadas para o Disque-Denúncia, telefone 181.
Nesta terça-feira (20), a equipe da Divisão de Homicídios localizou uma mulher considerada a pivô do crime.
Antônia Gomes dos Santos, 52 anos, é ex-companheira do acusado, e mantinha um relacionamento amoroso com a vítima.
Para a delegada Maria Lúcia dos Santos, tudo indica que o crime tenha motivação passional e que Teodoro foi morto por Carlos por ciúmes da ex-mulher.
Antônia Gomes prestou depoimento, no fim da manhã desta terça-feira, na sede da Divisão de Homicídios.
Ela disse que Teodoro, sempre que vinha a Belém, ia ao bairro da Cabanagem, pois a filha dele mora perto da casa dela.
A mulher contou que se relacionava com Teodoro desde o ano passado, e que conheceu Carlos em maio deste ano.
Em 20 de julho deste ano, porém, ela teria decidido acabar com o relacionamento com Carlos, após descobrir que ele era usuário de drogas e que trabalhava como “avião” (entregador) de entorpecentes para traficantes do bairro.
“Ele não queria aceitar a separação e até me jurou de morte”, contou Antônia.
Mesmo assim, Carlos insistia em reatar o relacionamento com a mulher.
Sobre o acusado, a mulher contou que não sabe onde ele está nem onde moram os familiares dele.
Segundo informações de moradores da área, ele já teria sido casado e teria filhos com outra mulher.
Na noite do crime, Antônia se encontrou com a vítima em um bar, perto de casa, na Cabanagem.
Segundo ela, fazia cerca de três meses que Teodoro não a visitava.
A mulher disse que ficou no local com a vítima, ingerindo bebidas, até que, no começo da madrugada, ele teria pedido para dormir na casa dela.
Ela, porém, afirmou que não queria, pois havia se separado há pouco tempo.
Teodoro insistiu e acabou indo até a casa de Antônia, na rua Belém.
Ao chegar lá, os dois foram surpreendidos pelo acusado, que aguardava pela mulher na casa.
Segundo ela, de imediato, Carlos passou a agredir Teodoro, enquanto Antônia gritava na rua pela polícia.
Ela acabou levando um soco e desmaiou, acordando somente por volta das 4 horas da manhã, quando os policiais chegaram.
“Fiquei sabendo por outras pessoas que o Teodoro tinha morrido e que foi Carlos quem o matou, com uma facada”, contou Antônia, que foi levada até o local onde estava o corpo da vítima.
Moradores da área confirmaram aos policiais que Carlos foi o autor do crime.
Segundo as testemunhas, a vítima recebeu um golpe no peito e ainda tentou correr, mas logo caiu morta.
O corpo foi removido por peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e passou por exame de necropsia, que identifica a causa da morte.
A polícia agora trabalha para localizar e prender o acusado.
Segundo a delegada, outras testemunhas do crime serão ouvidas em depoimento no decorrer da semana.
(Texto: Walrimar Santos/Ascom/Polícia Civil, com título do blog)
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MPF acompanha investigação do assassinato do líder quilombola Teodoro Lalor. Seu Lalor, como era conhecido, lutava há muitos anos pela titulação de terras quilombolas invadidas por fazendeiros no Marajó.
O Ministério Público Federal está acompanhando e colaborando nas investigações sobre o assassinato de Teodoro Lalor de Lima, líder quilombola do arquipélago do Marajó que há muitos anos lutava pela titulação dos quilombos na região de Cachoeira do Arari.
Lalor fez várias denúncias ao MPF nos últimos anos sobre ameaças e violência contra os quilombolas.
Teodoro Lalor foi assassinado na madrugada do dia 19 de agosto com uma facada nas costas que lhe atingiu o coração.
A Polícia Civil do Pará é responsável pela investigação do crime.
O MPF enviará à polícia, todos os documentos com relatos de ameaças, expulsões e até prisões ilegais contra os quilombolas da comunidade de Gurupá, onde vivia Lalor.
O procurador da República Felício Pontes Jr esteve hoje no enterro do quilombola.
A tensão entre a comunidade quilombola e fazendeiros de Cachoeira do Arari levou o caso à Justiça Federal.
O MPF pediu a retirada do fazendeiro Liberato de Castro da região, acusado de contratar pistoleiros para expulsar os moradores.
A Justiça chegou a conceder uma liminar proibindo o fazendeiro de entrar nas terras quilombolas e de criar problemas para a pesca e a coleta do açaí.
O processo contra Liberato tramita na 5ª Vara Federal em Belém.
Além do processo na Justiça Federal, existe também um procedimento aberto na Corregedoria de Polícia Civil do Pará apurando a participação de servidores públicos nas ameaças à comunidade.
Vários quilombolas chegaram a ser intimados a comparecer à delegacia ou mesmo presos, para responder a acusações falsas do fazendeiro.
“Em sua luta pela permanência na área, Teodoro Lalor de Lima já foi preso inúmeras vezes, de forma injusta e ilegal, bem como foi obrigado a atender diversas ocorrências policiais, sob as mais variadas acusações, que vão desde a suposta prática de crime ambiental, em razão do trabalho de manejo do açaí até o suposto porte ilegal de armas, em razão da utilização de apetrechos voltados à caça para subsistência. Tudo porque resiste em entregar o lugar onde vive”, dizia o procurador Felício Pontes na ação.
Processo sobre a retirada do fazendeiro: 2008.39.00.011852-0
(Fonte: Ascom/MPF/PA)
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Leia mais sobre o assassinato de Lalor:
http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/08/lider-quilombola-assassinado-em-belem.html
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