quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

A reforma da previdência, a hipocrisia tucana, os erros de Helder e o saco de gatos que o elegeu.




Vamos combinar: a coalizão que elegeu o Helder é um imenso saco de gatos, talvez único no Brasil. 

Ela reúne pessoas da extrema direita à extrema esquerda, porque essa foi a única maneira de derrotar os jatenistas, que saquearam o estado do Pará. 

É claro que as relações sempre serão tensas: são muitas as forças em conflito, tentando empurrar o governador para um lado ou para o outro. 

Então, estar nesse saco de gatos não significa concordância plena com tudo o que o Helder faz. 

Mas também não significa crucificá-lo a todo momento, dando ouvidos a esses tucanos hipócritas, que cansaram de perseguir o funcionalismo. 

A reforma previdenciária que atinge os servidores públicos estaduais e que vai impactar mais de 500 mil pessoas, considerando as famílias deles, é nociva, injusta, brutal. Não há nem o que discutir quanto a isso. 

No entanto, querer culpar o Helder por essa imundície só pode ser brincadeira, né não? 

Porque a reforma previdenciária foi aprovada lá no Congresso Nacional. 

E os estados – inclusive, o Pará – estão sendo obrigados a se adaptar a essa reforma nacional, sob pena de ficarem sem dinheiro para investir em obras e serviços, em favor da população, aí incluídos os funcionários públicos. 

Todos os estados e municípios têm de se adequar à reforma nacional da Previdência, até o ano que vem. 

E o estado ou município que não o fizer, ficará sem o documento de regularidade previdenciária e sem os repasses voluntários da União. 

Ou seja, ficará sem o dinheiro dos convênios federais, usados para investimentos, em diversas áreas.  

E ficará, também, sem a possibilidade de obter empréstimos, também usados para investimentos. 

Isso representa um impacto danado para estados e municípios, que já vivem no maior sufoco.  

E que ainda por cima enfrentam essa violenta crise econômica, que já reduz, por si só, o dinheiro para o pagamento das contas deles. 

Então, todos os governadores e prefeitos estão com a faca na garganta.  

Sejam de esquerda ou de direita, de centro, de cima ou baixo; concordem ou não com essa reforma, terão de fazê-la. 

Prova disso é que ela está sendo feita até nos estados do Nordeste, que estão na resistência ao bolsonarismo. 

Ao que parece, muitos servidores, talvez até por desespero, entraram é numa espécie de estado de negação. 

Afinal, enquanto essa reforma estava lá no Congresso, ainda dava para ter esperança de que, por algum milagre, ela não chegasse ao estado do Pará. 

Era uma vã esperança, é verdade, porque a reforma nacional foi consumada, apesar de toda a luta das esquerdas.  

E com as penalidades que estabeleceu aos estados e municípios que não aderirem, era só uma questão de tempo para que alcançasse o Pará. 

Pode-se criticar o fato de a reforma paraense estar sendo aprovada de forma tão célere? 

Creio que sim. Creio que o Helder errou, pois deveria ter discutido isso de maneira mais ampla, mais democrática. 

Deveria até ter tentado preparar os espíritos, com uma campanha de esclarecimento aos servidores.  

Como não fez nada disso, agora está sendo linchado, pelos tucanos, que querem empurrar-lhe a paternidade dessa criança, que o PSDB sempre embalou.  

Mas há outro ponto espinhoso: a repressão aos manifestantes. 

Para começo de conversa (e ao contrário do que os tucanos estão espalhando nas redes sociais) quem manda no prédio da Assembleia Legislativa não é o governador. 

Quem manda no prédio da Assembleia Legislativa é o presidente da Assembleia Legislativa e o chefe da Segurança daquela Casa. 

Até a PM que é colocada lá, de prontidão, só fará o que mandarem essas pessoas.  

A não ser, é claro, que seja pega de surpresa e tenha de reagir. 

Pelo que mostram as imagens de Tv, a PM só reprimiu os manifestantes depois que um grupo derrubou as grades que impediam a entrada naquele prédio.  

Então, alguns dos manifestantes erraram, sim. 

Penso também que o Helder precisa entender, de uma vez por todas, que esses servidores públicos são eleitores dele. 
 
Gente que foi até perseguida pelos tucanos.  

Gente que se arriscou a toda sorte de punições, só porque votava nele. 

Gente que viu no atual governador uma esperança, contra todo o sofrimento que passou nas mãos do Jatene. 

É preciso, sim, negociar, explicar, gastar cuspe, em todas as questões que digam respeito aos servidores públicos. Afinal, são eles que carregam o piano, todo santo dia, e fazem este estado funcionar. 

Quanto a esses tucanos que estão fazendo o maior auê nas redes sociais, não passam de uns tremendos caras de pau. 

Estivesse um aliado do Jatene no Governo do Estado e todos esses hipócritas estariam caladinhos, como sempre estiveram, mesmo diante das maiores atrocidades do ex-governador. 

Todas as mentiras que estão propagando, para queimar o Helder e até o PT, são apenas para dividir ainda mais esse saco de gatos. 

Essas criaturas sabem que nenhuma das forças dessa coalização tem capacidade, individualmente, para mantê-las afastadas do poder. 

Apostam na discórdia, principalmente por causa da eleição, no ano que vem, para a prefeitura de Belém, que será fundamental para a eleição ao Governo do Estado, em 2022. 

Essa gangue, essa quadrilha, não está nem aí para o funcionalismo público ou para os prejuízos que essa reforma causará. 

Tudo o que essa gangue quer é apenas e tão somente voltar a saquear os cofres públicos do Pará. 

FUUUUIIIIIII!!!!!

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Barbalhão: uma história que só o futuro contará.






O Tribunal Regional Federal da 1 Região (TRF1) inocentou, hoje (17), o senador Jader Barbalho no processo em que era acusado de cobrar propina, para facilitar a aprovação de projetos da Sudam. 

Não é a primeira vez que um processo contra Jader dá em nada.  

Mas esse é particularmente interessante porque não houve simples prescrição: os juízes concluíram que não havia provas contra ele, apenas o testemunho de um sujeito envolvido em outro processo e que, à semelhança de tantos “delatores premiados”, digamos assim, tinha interesse de envolvê-lo em toda essa história. 

Ou seja, toda a acusação se baseava em um testemunho, que, ainda por cima, estava sob suspeita de parcialidade. Daí o Barbalhão ter sido inocentado pelo tribunal. 

Isso significa que o Jader é um santo? 

É claro que não, né leitor!  

E vamos combinar: anjo só existe no céu, e demônio só existe no inferno. 

O resto é tudo ser humano, gente sujeita a muuuuuiiiiitos erros, e a muuuuiiiiiitos acertos também. 

Aliás, continuo achando que o Barbalhão é um sujeito tremendamente enrolado, e ele ainda terá de rebolar muito, para me convencer do contrário. 

Mas as vitórias dele na Justiça só demonstram uma coisa para a qual este blog sempre alertou: a impressionante satanização que ele sofreu. 

Jader passou a ser associado a tudo o que não presta; virou até verbo pejorativo. 

Mesmo afastado há anos do Executivo, tudo o que acontecia de errado no Pará, nos últimos 20 anos, era jogado nas costas dele. 

Virou o “Grande Satã”, um espírito maligno, onipresente e onipotente, a pairar sobre o estado. 

Pouco importa se isso é uma fantasia, um absurdo lógico, um conto de terror que nem criancinha acredita mais.  

Pouco importa se o Barbalhão não tinha nem poder para jogar o Pará na desgraceira em que mergulhou, em quase duas décadas de jatenismo: tudo o que de ruim acontecia era culpa do “Grande Satã”. E ponto. 

Mesmo ele não sendo governador, desde 1994; mesmo não tendo controle sobre a Segurança Pública, a Saúde, a Educação, era a ele que se atribuía a culpa pela crescente criminalidade; pelas escolas caindo aos pedaços, pelos postos de saúde que não tinham um simples comprimido para dor de cabeça. 

A satanização do Jader atingiu tal ponto que qualquer pessoa ou instituição que dele se aproximava acabava também “contaminada”. 

O partido xis fez acordo com o Jader? “É bandido! Só quer saber de poder!”. O Jader indicou alguém para algum cargo? “Coitada daquela instituição: vão roubar até o osso!”. Sujeito votou nele pra senador, deputado ou sei lá o quê? “É corrupto, a favor da corrupção, e tá querendo é uma boquinha também”.  

No fundo, e creio que foi o próprio Barbalhão quem disse isso, era a história do ladrão que grita “pega ladrão!”, para desviar a atenção do distinto público. 

Porque enquanto as pessoas tinham o “Grande Satã” para exercitar os seus minutos diários de ódio, os jatenistas depenavam o estado do Pará. 

Prova disso é o rombo de R$ 1,5 bilhão que o Jatene deixou nas contas do governo, só no ano passado. 

Prova disso é que só um ex-secretário de Jatene, o Nilo Noronha, foi flagrado com uma fortuna de R$ 22 milhões, que ele teria de trabalhar mais de 90 anos, sem gastar nem 1 centavo, para acumular. 

Prova disso, são os R$ 13 milhões que o Beto Jatene, filho do Jatene, pagou a uma seguradora. 

E a lista é imensa: daria para ficar falando dias e dias, e mesmo assim a gente não daria “vencimento” dos milionários escândalos jatenistas. 

Para quem não se lembra, o processo de satanização do Jader começou ainda em 1995, quando os tucanos chegaram ao poder. 

Tanto assim que, na campanha de 1998, ele foi pintado como um demônio, um anhangá. 

E por quê?  

Porque o Jader era a única liderança que realmente ameaçava os planos jatenistas de estabelecer uma espécie de império, no estado do Pará, por duas, três, quatro décadas. 

Mas esse processo de satanização experimentou um formidável impulso a partir da década de 2000, quando Jader chegou à Presidência do Senado Federal, contra a vontade do senador Antonio Carlos Magalhães, o “senhor” da imprensa brasileira da época. E não apenas por suas relações de amizade com Roberto Marinho, então dono da toda poderosa Rede Globo, mas também pelas benesses que distribuiu aos grandes grupos de comunicação, quando foi ministro das Comunicações. 

Na época, o começo da década de 2000, Tvs, jornais e revistas de todo o País praticamente acamparam em Belém, para devassar a vida do Barbalhão. 

A verdade se misturou à mentira; futricas viraram fatos e Jader foi “linchado” todos os dias, em todos os veículos de comunicação do Brasil. 

Para completar, ele cometeu a temeridade de não se defender como deveria: caiu na besteira de acreditar que a “onda” passaria. 

Não passou.  

Até porque os tucanos paraenses aproveitaram a “onda” nacional, para, através do dinheiro da propaganda, aprofundar essa satanização. 

É possível que se esse linchamento ocorresse hoje, o resultado fosse diferente, tendo em vista as redes sociais, que contrabalançam o poder dos grandes grupos de comunicação. 

Mas é possível, também, que o resultado fosse o mesmo, tendo em vista a decisão burra de Jader de não se defender como deveria. 

É que acusações não podem ser vistas como simples palavras que o vento leva: têm de ser rebatidas, sob pena de “colarem” na própria alma do acusado. 

E depois que isso acontece, o sujeito pode morrer gritando a sua inocência, que ninguém mais acreditará. 

Agora mesmo, muitos ainda dirão que o Barbalhão é culpado, apesar de a Justiça tê-lo inocentado. 

Mesmo que ele consiga ser inocentado em todos os muitos processos a que responde, ainda assim é quase impossível que a imagem dele seja reformulada para o distinto público, nos tempos atuais. 

E reformulada não como um anjo, mas exatamente como aquilo que é: apenas e tão somente um político de seu tempo, da sociedade de seu tempo, apesar de possuir, é verdade, uma infinidade de rolos, além de qualidades que o tornariam um fenômeno político em qualquer época e em qualquer lugar do mundo. 

Certa vez, até escrevi que, para infelicidade do Pará, Jader preferiu usar o seu extraordinário talento em favor apenas dele mesmo, e não do povo deste estado. 

Fosse diferente, talvez não estivéssemos neste buraco em que os jatenistas nos jogaram, já que ele possui uma capacidade estratégica e de aglutinar as massas que poucas vezes a gente vê. 

Mas como ele também toma decisões incrivelmente burras, como no caso de não se defender como deveria e até de acreditar que o Jatene não iria concorrer ao Governo em 2014, é possível que esse meu juízo seja mera ilusão. 

É possível que não existisse um “salvador” para essa situação em que os paraenses fomos jogados, e que o melhor é apenas dizer: maktub! 

Hoje, talvez até pela avançada idade, que aos escorpianos leva à contemplação do indizível, o Barbalhão parece focado em projetos que podem trazer amplos benefícios ao povo paraense. 

Ou talvez isso seja apenas impressão, causada pelo trabalho da competente jornalista Luiza Mello. 

Ou talvez seja apenas a divulgação sistemática do trabalho do Barbalhão, coisa que ele também nunca havia se importado em fazer. 

Ou talvez seja resultado da ruptura da milionária propaganda contra ele. 

Ou talvez já seja um dos frutos do governo do Helder, filho dele. 

Embora sejam muitas as possibilidades, prefiro acreditar que o Barbalhão finalmente compreendeu que o talento que possui é uma construção coletiva, que o deixa em dívida não apenas com milhares de antepassados, mas, sobretudo, com a sociedade em que vive. 

É o tempo, o senhor do mundo, que vai branqueando os cabelos, apesar de todas as tinturas... 

E que, apesar de nos conduzir inelutavelmente ao túmulo, também desperta em nós um enorme amor à vida e a tudo o que respira ao nosso redor. 

Tudo ganha outro significado, diante do avanço imparável do tempo. 

E quem sabe, em um futuro distante, seja outro o olhar do distinto público sobre o político chamado Jader Barbalho. 

FUUUIIIIII!!!!


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