segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Eleições 2006

A vitória da alternância!


Só agora, às 2 da manhã, começo a colocar a cabeça em ordem, para digerir esse turbilhão e afastar o sentimento de irrealidade.

Creio que todos nos sentimos assim: vencedores e vencidos.

Nós, porque sabedores da dificuldade de chegarmos lá, contra a máquina rica e azeitada. Eles, por confiarem em demasia no peso dessa mesma máquina.

Mas, para além dessa vitória improvável, pesa nos ombros, também, a responsabilidade que essa conquista nos traz.

As dificuldades que teremos de enfrentar, para melhorar, de fato, as condições de vida do nosso povo, num país e numa região tão desiguais.

Tomara que consigamos construir essas melhorias, na velocidade que o nosso povo espera, precisa e merece.

Que sejamos, de fato, a tão sonhada mudança da realidade paraense, especialmente, para a dona Maria e o seu José.

Não há como negar, porém, o ponto mais positivo dessa vitória: a alternância.

Na democracia, poder algum pode estender-se por décadas, sob pena de viciar comportamentos e corromper as instituições.

A alternância e o respeito às oposições são componentes essenciais à democracia. E esta é, sem sombra de dúvida, uma das maiores conquistas da humanidade, nestes quase sete mil anos de civilização.

Precisamos avançar – não regredir. Precisamos tornar a democracia, de fato, massiva, inclusiva, digna desse nome.

Mas, em nome disso, não podemos eliminar-lhe elementos essenciais, como a tolerância e a renovação. Porque, sem isso, ela não será nada além de um grande circo romano.

É claro que estou feliz (e ponha feliz nisso!) com a vitória da Ana Júlia. Como disse, mais cedo, a um amigo, estamos, todos, de parabéns.

Esta foi, de fato, uma vitória coletiva, como reconheceu a própria governadora eleita. A vitória de uma equipe que jogou no estádio do adversário, contra o juiz, os bandeirinhas, os comentaristas e um time poderosíssimo.

Mas que encontrou, na camaradagem de seus integrantes e no carinho das arquibancadas, a força e a fé para seguir em frente.

Que equipe maravilhosa, essa, que conseguimos construir! E que conquista extraordinária, essa, que, pingando de suor, conseguimos alcançar!

Que, no entanto, só não me deixa mais feliz porque tenho muitos e bons amigos entre os tucanos. E eu imagino como eles devem estar se sentindo: exatamente como eu me sentiria, se estivesse a falar não da vitória, mas da derrota.

Todos apostamos alto nestas eleições. Vencedores e vencidos, demos a cara à tapa; o pescoço à guilhotina. Neste pleito acirradíssimo, nenhum de nós pôde colocar-se à margem, fingindo neutralidade. Todos fomos à luta. E é claro que a vitória traz, também, um certo alívio: afinal, seríamos levas e levas ao cadafalso...

No entanto, mesmo estando ao lado dos vencedores – e tendo feito aqui preciosos companheiros - não posso esquecer de quem sou.

Trabalhei vários anos com os tucanos, por acreditar no projeto tucano e por ter um coração amarelinho.

Fiz, também, entre os tucanos, alguns dos melhores amigos que jamais sonhei conquistar ao longo da vida.

Por isso, não posso deixar de apresentar a minha solidariedade aos vencidos.

E de manifestar a esperança de que o governo de Ana Júlia seja, de fato, um governo pacificador.

Por não querer ver sofrer pessoas a quem amo. Mas, também, porque acredito visceralmente na democracia.

Mas, principalmente, porque não perco de vista que a política é feita por gente de carne e osso; por pessoas iguaizinhas a mim. Com os mesmos sonhos e esperanças. Pessoas que amam e são amadas...

E agora, me dêem licença, que preciso bebemorar em paz.

Parabéns, camaradas, companheiros, queridinhos! Vocês não imaginam o orgulho que sinto por ter lutado ao lado de cada um de vocês!

Vejam só: as lágrimas, finalmente, estão começando a escorrer...

sábado, 28 de outubro de 2006

Que vença o eleitor!

Chegou a hora que todos aguardávamos: a hora da decisão.

Creio que não há mais nada a fazer, a não ser desejar boa sorte a todos.

De qualquer partido, de qualquer lado...

Afinal, todos fizemos o melhor que poderíamos; demos o melhor de nós.

Todos merecemos, enfim, a alegria da vitória.

Em ambos os lados, há guerreiros valorosos, extraordinários.

Gente que luta, com garra e muita fé, por aquilo em que acredita.

É da democracia que seja assim: que existam os prós e os contras.

E é preciso, portanto, que saibamos nos respeitar mutuamente.

Apesar das bicudas que, como acontece em toda guerra, é preciso desferir...

É claro que torço pela vitória da Ana Júlia e acredito nisso, sinceramente: acredito que vamos chegar lá.

E que o Pará, de ponta a ponta, nessa noite de domingo, será uma grande estrela vermelha!

Mas tenho a certeza, também, de que, qualquer que seja o resultado, o grande vencedor terá sido o povo do Pará.

Afinal, ao longo desses meses, lutamos batalhas memoráveis. Mas conseguimos mantê-las dentro dos limites do jogo democrático.

É claro que não faltarão queixas de um lado e de outro. Mas o fato é que nenhum de nós terá feito alguma coisa, que o outro também não fizesse, se surgida a oportunidade.

E, o mais importante: conseguimos conter nossas “tropas”, a fim de evitar episódios complexos.

Estamos todos, portanto, de parabéns – o “sarampo” e a “febre amarela”. E só espero é que consigamos manter tal postura nesse domingo, quando os nossos corações estarão pra lá de acelerados.

E espero, também, que, terminada a guerra, seja quem for o vencedor, saiba tratar com dignidade, com respeito, com espírito verdadeiramente democrático, o lado vencido.

Porque, em toda guerra, há o tempo de desembainhar, mas, também, o tempo de guardar as espadas, para que possa vicejar o tempo da negociação.

É só assim que conseguiremos, de fato, construir uma vida melhor para o nosso povo: com equilíbrio, com respeito às oposições, com visceral apreço pelo direito de divergir.

E porque, também, há, nas vidas de todos nós, muito mais que disputa política.

Há as alegrias do cotidiano. As pessoas que amamos. A esperança daquilo que buscamos ser e realizar.

Há todo um universo à espera dos nossos corações, quer estejam vermelhos ou amarelos.

Há toda a beleza que a vida nos oferece e que ansiamos abraçar.

Esta guerra, portanto, não é um nem um fim, nem um começo: mas, uma partícula de poeira cósmica no infinito que somos.

A todos, vermelhos ou amarelos, boa sorte. Que Deus esteja conosco e que
vença o eleitor!



Vermelho


Vermelhou o curral, a ideologia do folclore avermelhou.
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória vermelhou.

A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz.
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão!
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor.
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor (vermelho!).
A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz.
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão!
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor.
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor.
(Meu coração!)

Meu coração é vermelho!
De vermelho vive o coração!
Tudo é garantido após a rosa vermelhar!
Tudo é garantido após o sol vermelhecer!

Vermelhou o curral, a ideologia do folclore avermelhou.
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória vermelhou.
Vermelhou o curral, a ideologia do folclore avermelhou.
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória vermelhou.

A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz.
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão!
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor.
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor (vermelho!).
A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz.
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão!
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor.
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor.
(Meu coração!)

Meu coração é vermelho!
De vermelho vive o coração!
Tudo é garantido após a rosa vermelhar!
Tudo é garantido após o sol vermelhecer!

Vermelhou o curral, a ideologia do folclore avermelhou.
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória vermelhou.
Vermelhou o curral, a ideologia do folclore avermelhou.
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória vermelhou.

(Chico da Silva)

(Não é casuísmo, não. É que adoro essa música...)



Redescobrir


Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia
Como um animal que sabe da floresta, memória
Redescobrir o sal que está na própria pele, macia
Redescobrir o doce no lamber das línguas, macias
Redescobrir o gosto e o sabor da festa, magia
Vai o bicho homem fruto da semente, memória
Renascer da própria força, própria luz e fé, memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história
Somos a semente, ato, mente e voz, magia
Não tenha medo, meu menino povo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza
Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como fosse dor, magia
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia

(Luiz Gonzaga Jr.)



Aquarius



When the moon is in the Seventh House
And Jupiter aligns with Mars
Then peace will guide the planets
And love will steer the stars

This is the dawning of the age of Aquarius
The age of Aquarius
Aquarius!
Aquarius!

Harmony and understanding
Sympathy and trust abounding
No more falsehoods or derisions
Golding living dreams of visions
Mystic crystal revalation
And the mind's true liberation
Aquarius!
Aquarius!

When the moon is in the Seventh House
And Jupiter aligns with Mars
Then peace will guide the planets
And love will steer the stars

This is the dawning of the age of Aquarius
The age of Aquarius
Aquarius!
Aquarius!

Harmony and understanding
Sympathy and trust abounding
No more falsehoods or derisions
Golding living dreams of visions
Mystic crystal revalation
And the mind's true liberation
Aquarius!
Aquarius!


(Hair – Trilha Sonora)

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Sobre o palanque paraguaio da bondade

A Honestidade de R$ 1,99


Sinceramente, não sei se rio ou se choro dessa mania tucana de satanizar os adversários. Quem não conhece os meandros do tucanato paraense, acaba até acreditando que está diante da quintessência da Moralidade: é tudo querubim ungido!

Mas, no que consiste, de fato, essa “ética” tucana?

É fato que o palanque paraguaio da bondade deles tem bem poucos algemados. Mas também é fato que eles ergueram, em 12 anos, uma autêntica muralha de impunidade, a impedir a investigação de inúmeros escândalos.

Veja-se o exemplo de Eduardo Salles, o sobrinho do governador Simão Jatene, com a fortuna que acumulou à sombra do tio – e cuja reportagem completa, aliás, está arquivada neste blog.

Vejam-se os mais de 20 parentes de Jatene, nomeados para o Governo do Estado, num autêntico “condomínio de contracheques”, como classificou um advogado.

Veja-se a Prev Saúde, a empresa da mulher e do filho do secretário de Saúde, Fernando Dourado, com os quase R$ 8 milhões que já faturou junto ao Executivo, justamente, na área da Saúde.

Vejam-se as denúncias de superfaturamento de remédios pela Sespa – e só a Controladoria Geral da União, na única inspeção realizada ali, flagrou um rombo de cerca de R$ 14 milhões.

Vejam-se os R$ 10 milhões adquiridos pela mesma Sespa junto a KM Empreendimentos, uma empresa enrolada até o pescoço, nas investigações sobre a máfia dos sanguessugas.

Vejam-se as inúmeras denúncias de superfaturamento de obras públicas, como a Estação das Docas e o Centro de Convenções – cujo metro quadrado, a R$ 3.400,00, é seis vezes mais caro que o mais alto custo do metro quadrado do país.

Veja-se o Hospital Metropolitano, cuja construção consumiu R$ 28 milhões, o dobro do inicialmente previsto, e onde só uma pracinha ficou em quase R$ 1 milhão.

Veja-se o caso Cerpasa – e só aí “sumiram” R$ 45 milhões em dívidas fiscais.

Veja-se a Clean Service, ligada a Marcelo Gabriel, filho do ex-governador Almir Gabriel, que já faturou, pelo menos, R$ 15,1 milhões junto ao Governo do Estado.

Veja-se o autêntico “laranjal” do empresário Chico Ferreira e os contratos milionários que abocanhou, nos últimos 12 anos, também do Governo do Estado – e que ultrapassam, largamente, os R$ 50 milhões.

Vejam-se os R$ 450 milhões da venda da Celpa, que até hoje os paraenses se perguntam onde foram parar.

Mas, de quanto é que estamos falando, mesmo? Qual o total de recursos públicos que desapareceram em tais escândalos?

Será que o saque se torna “menor” porque praticado pelo “Midas da Moralidade”?

Será que a impunidade torna o infrator menos rapace?

Ou será que falta é a Justiça agir, de fato, como Justiça?

Quantas algemas os “mocinhos”, os querubins ungidos desse palanque paraguaio da bondade estão a merecer?

Mas permanecem, todos, livres, leves e soltos, não é mesmo? A apontar o dedão acusador para tudo e todos, acionistas que são da Perobal S/A.

E seguem assim porque a “ética” que apregoam é, simplesmente, a da varrição da sujeira para debaixo do tapete. É o amordaçamento das instituições que têm a obrigação de acabar com essa festança.

No fundo, a “ética” do tucanato tem por alicerces a censura, o aliciamento e a perseguição. É um autêntico Bataclan, no qual se corrompe, até, o chefe de polícia. Daí inexistirem, entre os tucanos, as algemas que tanto aplaudem nos pulsos alheios.

Falam em despreparo de Ana Júlia. Mas, quem tem preparo? Valéria Pires Franco? Vic?

Falam em palanque da maldade. Mas, quem são os mocinhos deles? Marcelo Gabriel? Chico Ferreira? Eduardo Salles? Fernando Dourado? Raimundo Santos? Duciomar Costa? O algemado cidadão Flexa Ribeiro?

É engraçado. Nesse palanque paraguaio da bondade, nessa honestidade de R$ 1,99, há gente acusada de ligação com o crime organizado, de envolvimento no escândalo dos sanguessugas, de receptação e até de estupro e de corrupção de menores. Há bacanagens para todos os gostos: todo tipo de fraudes licitatórias e de malversação do dinheiro público que se possa imaginar.

No entanto, dizem eles, os bandidos somos nós. Vai ver que é porque se esqueceram de olhar de perto a própria latrina.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

The Lest

De volta ao começo



Como chegaram a esse ponto? Ela tentava, mas não conseguia compreender. Parecia que não havia palavras. E quando as havia, elas morriam no peito sufocado.

Não, não havia gestos, nem olhares. Eram muros e muros de pedra, erguidos, sabe-se lá por quem.

Desertos? Antes fossem!... Pois, que haveria esperança de chuva. Mas era o desespero puro e simples. Um frio que se impunha, entre abismos e abismos e abismos que os olhos não conseguiam alcançar...

Procurou um tempo passado. Mas os pretéritos se perderam no presente e no futuro.

De que morrera, afinal, tal sentimento? O mais profundo do coração não saberia dizer. Certo dia foi-se, simplesmente. Quem sabe, rendeu-se ao ciclo da vida. Esperando que, lá adiante, houvesse quem o compreendesse. Os filhos, os netos, os bisnetos, enlevados por essa coisa que, distante do chão, convidava a voar sobre todos os universos.

Mas isso seria, quem sabe, o futuro. A recompensa havida, mas que não se veria, afinal. Seria os genes, o sangue, que espalhara pelo mundo. Mas e ela? Viveria em função disso, seria, apenas isso? Uma promessa? Um futuro incerto? Um desejo irrealizado por gerações?

Queria abraçar-se à noite. Novamente, abraçar-se à noite. Como coisa que ouvisse, impunemente, todos os segredos. Queria arder em vida. Ser um átomo decomposto em zilhões de gentes. Queria sangrar por todos os poros, mas indo adiante.

Ao invés de se acabar em desespero, nessa estação enlouquecida, queria recuperar as rédeas da própria vida. Domá-la, como já a domara um dia. Ser além.

Ousar, mais que todas as mulheres do mundo, por gerações. Erguer-se, como quem, de fato, jamais se verga. Ser o rio, jamais um afluente.

Não, não: quem nasceu pra sol, jamais será a sombra, por mais que tente. O adjetivo, por mais que se busque, será sempre no feminino. Impossível tentar não ser.

E o que vier, além disso, será o “ia”: o que poderia, o que haveria, o que seria.

Não, como ele haverá outros homens – sempre os há. E se não houver, haverá, por certo, outras gentes.

Afinal, a mão que corre o corpo, que afaga os cabelos, é, simplesmente, a mão...

Mais importante é ser o que se é, enfim. Olhar-se ao espelho e amar-se, não pelos olhos alheios, mas pelos próprios.

Mas, depois de tanto discurso, continuo pensando: caralho, o que foi que aconteceu?!!!

domingo, 22 de outubro de 2006

Festa no Apê III

Festa no meu Apê III


(Abrem-se as cortinas. E o Príncipe Clean, de topete e roupa branca justíssima, tendo em uma das mãos uma vassoura, e na outra, um aspirador de pó, desata a dublar:

It's now or never/come hold me tight/Kiss me my darling/be mine tonight/Tomorrow will be too late/
it's now or never/My love won't wait./When I first saw you/with your smile so tender/My heart was captured/
my soul surrendered/I'd spend a lifetime/waiting for the right time/Now that your near/the time is here at last./It's now or never/come hold me tight/Kiss me my darling/be mine tonight/Tomorrow will be too late,
it's now or never/My love won't wait.)
(aplausos)

_É só comigo que acontecem essas coisas, é só comigo!... Parece que eu tenho o dom de atrair maluco! Agora, fica o Príncipe Clean, limpando o meu apê. E ainda por cima imitando o Elvis Presley...Só pode ser macumba mal feita, só pode...
_Adeixe o ômi, mais é, comadre, que a limpeza vai ficá belezuuuuura! O Príncipe é o maior especialista do Brejo! Varre pra cá, aspira pra lá, ajunta pra acolá! E quando a gente vê... Some tuuuuuuudo! E é próprio Houdini, comadre: não tem algema que lhe assegure!
_Xiiiiiiii! Ele vai ligar o aspirador. Ai, meu Deus, não vai dar pra ouvir mais nada!
_Pere lá que eu vou falar com ele. Ô seu Príncipe, ô seu Príncipe, achegue aqui!
_Boa noite, minhas senhoras! Dona Perereca! Querida correspondente! Muito obrigado pelo convite para esta festança. Que apartamento maravilhoso! Confesso que estou até emocionado!
_Ué, por que seu Príncipe?
_É que nunca encontrei tanta sujeira!
_Pera lá!... Tá certo que o meu apê é bagunçado... Mas, sujo, não!!!
_E como é que a senhora explica essas toneladas de papéis por todo canto? E que papéis! Tem de tudo: superfaturamento, pagamento em duplicado, dispensa de licitação, contratos ilegais. Tem até o lorde Comissário comprando passagem aérea por debaixo do pano! Tem pracinha a R$ 1 milhão!!!... É bem verdade que eu já fiz melhor que isso: já vendi banana a preço de salmão... Mesmo assim, há armações magníficas aqui! Quem diria, né, dona Perereca! A senhora engana direitinho...
_Ê, pere aí, seu Príncipe: isso daí não é da comadre, não! É que ela trabalha com esses trecos de reportagem investigativa!
_Quer dizer que a senhora não fez nada disso? E eu pensando que havia encontrado a minha alma gêmea!...
_Que é isso, seu Príncipe? Isso daí é tudo do pessoal da Corte, que a comadre investigou! Tem coisa do conde de El Dorado, da Barbie Princesa e até, sabe, do “D”...
_Do “D”???!!!... Bem que eu fiquei desconfiado! Veja isso daqui!... Não é coisa de amador?
_Ué, quem é o “D”? É o Duzinho?
_Aaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
_Vixe Maria, que o ômi pirou! Ô comadre, não fale nesse nome perto do Príncipe!
_O quê? Duzinho?
_Aaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!
_Credo, comadre! Se cale, mais é, senão o ômi acome os papéis todinhos! Adeixe comigo que eu vou falar com ele! Seu príncipe, seu príncipe... Inspire, expire e diga: AUUUUUMMMM!
_AUUUUUMMMM!
_Vamo lá de novo: AUUUUUMMMM!
_AUUUUUMMMM!
_OOOOMMMM!
_OOOOMMMM!
_Acenda, rápido, uns incensos, comadre, e vá tocando a sinetinha! E agora, seu Príncipe, arrepita comigo: eu sou o maior!
_Eu sou o maior!
_(triiimmmm)
_Eu sou espetacular!
_Eu sou espetacular!
_(triiiimmmm)
_Comigo ninguém pode!
_Comigo ninguém pode!
_(triiimmmm)
_Alimpo o meu, o seu, o nosso!
_Alimpo o meu, o seu, o nosso!
_(triiimmmm)
_Papai!
_Papai!
_(triiiimmmm)
_Amém!
_Amém!
_(triiimmmm)
_Tá melhor, seu príncipe?
_Muito melhor, querida correspondente! A senhora, como sempre, é fundamental! Uma hostess! E quanto à senhora, dona Perereca, fique sabendo que só não lhe expulso do Brejo, por causa dessa lady extraordinária. Você, querida, é maior que a eternamente Marilda! Beijos!
_Obrigada, seu Príncipe! Vá pela sombra, viu! E não alimpe as ruas! O lorde Tirésias aprecisa também!!!...
_Mas será que eu não dou uma dentro?
_Ô comadre, o problema é que você só fica fechada neste seu apê! Você precisa aprender a linguagem da Corte! Arrepita comigo: Bufunfa!
_Bufunfa!
_Inexigibilidade!
_Inexigibilidade!
_Superfaturamento!
_Superfaturamento!
_Sou venal, mas quem não é?
_Ei, ei, ei, ô animal? Que história é essa? Sessão de auto-ajuda pra riba de muá? E ainda por cima nesses termos?!!!...
_Ô comadre, é só pra relaxar!...
_E como é que eu posso relaxar, com esse bando de doidos no meu apê? Já vomitei duas vezes. O Barão acabou com os peixes do meu aquário. E, agora, estou até ameaçada de expulsão do Brejo! Pra completar, ainda tem aquele maluco do Inri...
_ Xi, comadre! Falou no Diabo, apareceu o rabo!
_O quê?
_Olhe lá quem ta entrando, de novo, no seu apê!...

(As luzes começam a piscar. Trovões. As luzes estabilizam, mas a iluminação é especial. Começa a tocar a Aleluia, de Handel. Mas, súbito, aparece o lorde Balloon, no meio do palco, que faz gestos irritados para o DJ e manda parar tudo. Sempre por meio de gestos, manda trocar o fundo musical. Descem do teto equipamentos de discoteca. O DJ ataca “Dancing Queen”, com os Abba. Aparece o Inri, sem barba e de cabelo vermelho, vestido a drag queen, cercado por quatro moças, também, com roupas coladas, brilhantes e penacho, como o dele. Os cinco dublam “Dancing Queen”. Todos dançam no apê:

You can dance, you can jive
having the time of your life
see that girl, watch that scene
dig in the Dancing Queen

Friday night and the lights are low
looking out for the place to go
where they play the right music
getting in the swing
you come to look for a king

Anybody could be that guy
night is young and the music’s high
with a bit of rock music
everything is fine
you’re in the mood for a dance
and when you get the chance

You are the Dancing Queen
young and sweet only seventeen
Dancing Queen
feel the beat from the tambourine, oh yeah
you can dance, you can jive
having the time of your life
see that girl, watch that scene
dig in the Dancing Queen

You’re a teaser, you turn ’em on
leave ’em burning and then you’re gone
looking out for another
anyone will do
you’re in the mood for a dance
and when you get the chance

You are the Dancing Queen
young and sweet only seventeen
Dancing Queen
feel the beat from the tambourine, oh yeah
you can dance, you can jive
having the time of your life
see that girl, watch that scene
dig in the Dancing Queen).

(continua)

domingo, 15 de outubro de 2006

Deu chabu! I

O Pará merece uma eleição como esta: sentida, sofrida, suada. E que só será decidida, de fato, no último minuto do segundo tempo.

Para mim, não apenas jornalista, mas, sobretudo, cidadã, este é um momento extraordinário. E estamos, todos, de parabéns: tucanos, petistas, peemedebistas, pefelistas... E os mais que compreendam o significado da política, no cotidiano social.

Não acredito que estejamos separados por muitos pontos percentuais. Para mim, estamos embolados. E assim seguiremos, até o final. Daí a emoção desta partida, tão inusitada, diga-se de passagem.

Enquanto escrevo, tenho a informação de que, na cidade, há carreatas de petistas, a comemorar o Ibope, e de tucanos, a comemorar o Vox Populi. Quer dizer: deu chabu!

E é muito bom que seja assim. Porque demonstra, que, todos os que estamos na linha de frente, temos uma percepção muito correta da realidade. E que lutaremos até o fim, por aquilo em que acreditamos. Com a agilidade que uma “guerra” como esta requer.


Mais que isso, porém, é preciso considerar o recado da sociedade paraense nestas eleições: está dividida, é plural, evoluiu muitíssimo e espera de nós – todos – justamente essa compreensão.

Se Almir ou o PT entenderão isso, são outros quinhentos. Porque, nós, caro leitor, (e que ninguém nos ouça) sabemos bem o quanto eles são semelhantes na intolerância, na arrogância, nessa incapacidade perniciosa de conviver com o diverso.

Tenho para mim, porém, que o poder vem sendo uma experiência pedagógica considerável, aos companheiros petistas. Está lhes mostrando que, entre o branco e o preto, existe a imensa zona cinzenta. Humana. Intrínseca e despudoradamente humana. E com a qual, para além do sonhado paraíso, é preciso lidar.

Já Almir tem contra ele a cristalização do que é. O tempo que formatou comportamentos e certezas, que dificilmente serão modificados. Em relação a Jatene, representa um claro retrocesso, em termos de convivência democrática.

Já admirei – e quem sabe ainda admire – profundamente, o “velho”. Mas, não perco de vista o Eclesiastes: tudo tem seu tempo sobre a Terra...

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Deu chabu! II

Deu chabu, e aí? Bem, podemos nos quedar, perplexos, diante de tudo isso. Ou considerar mil teorias conspiratórias. Ou, ainda, buscar uma compreensão mais fria desse baralho, aparentemente, enlouquecido.

Por sorte, passei umas boas horas, na tarde de hoje, conversando com um bom amigo, de lucidez estonteante. Que, igual a mim, é claro que joga. Mas busca, sobretudo, observar e compreender os diversos jogos.

Depois de muito conversar, chegamos à premissa do embolamento. Estabelecida, pelo que estamos vendo. Muito além dos números, que sabemos de “pronto a servir”.

De um lado, o desespero, para superar o prejuízo, que o salto alto deixou atrás. Do outro, a tentativa, igualmente desesperada, da transferência de votos.

Nenhum dos lados cantando vitória, mas batendo e se defendendo, como Deus possa permitir. E até apelando. Uns, para o descolamento do picolé de “chuchumbo”, no dizer do Zé Simão. Outros, a depoimentos de chorosos “iludidos”.

Ambos, certamente com base em pesquisas internas, evitando perpetrar milímetro de erro. Pau a pau. Enquanto preparam, é claro, a tão esperada caixinha de maldades, para a reta final. Mas se estudando, para perceber onde dá para quicar.

Vale salientar que é nos programas eleitorais que desembocam as certezas. Ainda que restritas a uma ou duas pessoas da produção. Ou que cheguem em linguagem cifrada...

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Deu chabu! III

É claro que o primeiro ponto a considerar - manifesta aquela premissa - é a hipótese de um “acordo nacional”, digamos assim. Mas, mesmo em tal caso, é impossível não pensar, também, em “afagos” locais. Afinal, a “nossa dama” não se deixa levar por acordões. Quer o michê taludo depositado na própria conta. Vai daí que o noivado já pode ir de vento em popa. Sem, necessariamente, o conhecimento de muitos...

Mas, nos coloquemos em ângulo diferente: sejamos, a mulher traída.

Bem, se quiséssemos detonar o indigitado, bastaria trair – publica, ou, restritamente, a quem nos interessasse.

Mas, se quiséssemos detonar a amante, faríamos dela a infiel, com provas, aparentemente, cabais.

O problema é que a segunda hipótese é um jogo perigosíssimo: e se a amante conseguisse comprovar a inocência e, entre a profusão de lágrimas, despejasse, sobre o “marido”, todo o seu ardor?

E, no primeiro caso, se não quiséssemos afastar o indigitado de vez, por que o trairíamos publica ou restritamente, antes de um compreensível e firme recado?

Parece-me mais lógico, então, o “acordo nacional”. E com juras de amor eterno, a nível local...

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Deu chabu! IV

Se for assim, o jogo se torna mais complicado. Suponhamos que a mulher traída nem suspeite. E lá continue, com todas as forças, a acarinhar animal. Crente de que, através dele, alcançará todos os sonhos possíveis. Mesmo que eles incluam, lá para a frente, descartar-se de criatura tão complexa.

Novamente, teremos, pelo menos, dois cenários hipotéticos. Mas, adivinhem leitores? Novamente, já bebi muito – e quero beber em paz. Além disso, cansei de dar uma de pastor: pensem vocês! Mas, não esqueçam dos outros jogos: do Barão de Inhangapi e do Comendador das Àguias. E da Barbie Princesa, que é bem mais esperta do que parece. Virem-se. FUUUUUUUIIIIIIIIIIIII!!!!!!

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Em tempo: a cidade foi agitada por boatos sobre a apreensão do jornal oficial, por força da liminar que impedia a divulgação da pesquisa do Ibope – liminar solicitada, vejam só, pela União pelo Pará. A boataria foi afastada, por advogados e repórteres que correram a cidade, sem encontrar vestígio disso. Mas permanece a dúvida acerca do que acontecerá, ao fatal encontro das carreatas amarelas e vermelhas. Espero, sinceramente, que todos consigamos manter o principal: juízo.


E para comemorar! Ou: eles pegam e depois a gente ajeita!



Vermelho


A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante,
Vermelhão!
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor: vermelho!
A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante,
Vermelhão!
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor
Meu coração!
Meu coração é vermelho!
De vermelho vive o coração!
Tudo é garantido após a rosa vermelhar
Tudo é garantido após o sol vermelhecer
Vermelhou o curral, a ideologia do folclore
Avermelhou.
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória
Vermelhou.
Vermelhou o curral, a ideologia do folclore avermelhou.

sábado, 7 de outubro de 2006

Dominum

Um excelente Círio a todos vocês!



A Perereca, em clima de Círio, presta homenagem à Divindade. E se curva, como todos devem fazer, enfim.

Mais, ainda, porque já passou pela experiência de quase morte. E sentiu a mão Dele, a resguardá-la.

Aliás, antes daquele acidente, eu nem acreditava em Deus. Depois, soube, constatei, que, de fato, Ele existe.

Este é, enfim, o tributo necessário Aquele que me protegeu na hora mais difícil da minha vida.

E que decidiu me conceder mais alguns anos de vida.

Não sei bem o porquê. Mas Ele sabe, não é mesmo?


Adeste Fideles

Adeste, fideles, laeti triumphantes;
Venite, venite in Bethlehem.
Natum videte Regem angelorum.

Venite adoremus, venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum.


Salmo 91

Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.

Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nEle confiarei.

Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.

Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas estarás seguro: a sua verdade é escudo e broquel.

Não temerás espanto noturno, nem seta que voe de dia, nem peste que ande na escuridão,

nem mortandade que assole ao meio dia.

Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido.

Somente com os teus olhos olharás, e verás a recompensa dos ímpios.

Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio, o Altíssimo é a tua habitação.

Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará a tua tenda.

Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.

Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.

Pisarás o leão e o áspide, calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.

Pois quem tão encarecidamente me amou, também Eu o livrarei.

Pô-lo-ei num alto retiro, porque conheceu o meu nome.

Ele me invocará, e Eu lhe responderei.

Estarei com ele na angústia, livra-lo-ei e o glorificarei.

Dar-lhe-ei abundância de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Do front

Uma Perda Tremenda!



A Perereca presta homenagem sentida a duas guerreiras extraordinárias: Araceli Lemos e Sandra Batista.

O fato de não terem sido eleitas é uma perda imensa para as oposições, o Pará e o Brasil.

Divirjo tanto do PC do B, quanto do PSOL. Mas respeito o que projetam para o mundo. Pela sinceridade e idealismo de seus militantes.

E penso que Araceli e Sandra são guerreiras honradas, destemidas e fundamentais. Pena que o Pará seja este atraso que todos conhecemos.

Mas, tenho certeza, vocês continuarão em frente. Até porque não é um percalço desses que vai derrubar os mulherões que são vocês!



O Bêbado e a Equilibrista


Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
A lua tal qual a dona dum bordel
Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco
O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil, meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete
Chora a nossa pátria mãe gentil
Choram marias e clarisses no solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente
A esperança dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista tem que continuar

(João Bosco e Aldir Blanc)

domingo, 1 de outubro de 2006

Dividindo Angústias II

Uma noiva perereca



Após a totalização dos votos, não há dúvidas que, em se confirmando o segundo turno, o PMDB terá sido o grande vencedor das eleições paraenses. Passe ou não para o segundo. Porque será a noiva mais cobiçada dos últimos 12 anos. Com direito a toda sorte de denguinhos. E a questão é saber se essa noivinha perereca conseguirá não apenas parecer, mas, principalmente, ser honesta...

Dividindo Angústias

E vamos nós, outra vez!


Se o Ibope e as ORM confirmam segundo turno, quem sou eu para duvidar? Vou é relaxar e tomar mais uma. Porque esses 29 dias serão cruéis.

No segundo turno, a máquina será levada a pleno vapor. E por um comandante cerebrino. Capaz de bancar, no perobal, todos os michês.

Todas as capacidades serão acionadas, mesmo em outras esferas de poder. Vai correr sangue, muitos cairão.

Mas quero é ver como ele vai solucionar a questão mais complexa: a indisfarçável, inelutável, insofismável incapacidade de o “velho” terminar o mandato. E de assumir, no lugar dele, quem, todos sabemos...

Com mais quatro anos pela frente, a partir de 2010, diga-se de passagem. Queira ou não o cerebrino comandante da máquina. Até porque, certamente, será o primeiro a enfrentar o exílio...


Priante ou Ana Júlia, quem seria o melhor, pelas oposições? Confesso, que nesse sentido, permaneço na legião dos indecisos. Logo eu, que formo opinião...E que detono de meia dúzia pra cima. Sorrindo...

De um lado, Priante, talvez, possua maior capacidade de agregar forças ao centro e de debater com o “velho” – se conseguir dosar a agressividade.

Mas Ana é do PT. E não, apenas, do PT. É de corrente minoritária, que amarga essa condição porque inflexível a determinados comportamentos, digamos assim. E que, também, tem trânsito e jogo de cintura.

E eu fico pensando até que ponto essa história de a Ana ser despreparada e “fraquinha” não é puro machismo. Afinal, ela não é filha de sicrano, nem mulher de beltrano. É Ana Júlia e ponto. Uma mulher que cavou o próprio espaço político, numa sociedade historicamente dominada por homens.

Os gaúchos e paulistas têm heroínas avassaladoras. Mas, nós, paraenses, que heroínas temos, afinal? Bom, se alguém gritar Severa Romana, eu vou ali e já volto...

Por que se exige das mulheres uma capacidade infinitamente superior a de qualquer homem? Por que temos de ser semidivinas, sempre que tentamos alcançar o espaço amplamente dominado pelo grande macho branco?

Por que não podemos aparentar medos, inseguranças, absolutamente normais a todo e qualquer ser humano?

Se um homem gagueja, é porque se confundiu. Mas, quando gaguejamos, é como se o mundo viesse abaixo.

Se um homem não tem resposta imediata, bem que pode culpar a própria assessoria. Mas, se nós, mulheres, cometermos um erro assim, seremos carimbadas como despreparadas...

Ana Júlia é uma pessoa. Como toda e qualquer pessoa.

Amanhã, decido se lhe dou ou não um crédito.
E sei que há muito tucano por aí pensando, exatamente, do mesmo jeito...


Uma Experiência



Vou repartir com os companheiros tucanos uma experiência.

Trabalhei com Valéria, por mais de um ano. Não me posso queixar de sua amabilidade, educação, simpatia. É uma dama.

Lembro que Valéria chegou a me dizer, certa vez, que eu pertencia a equipe dela – e não do governo.

E lembro das tentativas dela e de vários assessores – com efetivo poder de mando – para que nos aproximássemos.

Mas nunca me permiti isso. Porque sempre compreendi que, um dia, estaríamos em campos opostos.

Gosto de Valéria. Acho que é uma pessoa extremamente sagaz, gentil, educada – e essa é uma qualidade que aprecio muito. A capacidade de dizer obrigada, sempre. De tratar bem à senhora do cafezinho e de não descontar nela os males do mundo.

Mas há, aqui, um problema de fundo. De compreensão da realidade. Que não nos faz nem melhores, nem piores. Nem anjos, nem demônios. Mas que é um problema de concepção a considerar.

Para Valéria e o PFL, de um modo geral, distribuir óculos e cestas básicas é algo meritório. É bom. Para além da sagacidade política, existe uma espécie de cumprimento do dever. É, talvez, uma certa mentalidade cristã. De ajudar o “pobrezinho” porque, de alguma forma, culpado dessa condição.

Daí o Presença Viva, um programa essencialmente assistencialista, ter se tornado o carro-chefe da Seeps. Ele dava consultas médicas, óculos, certidões, sei mais o quê. E, certamente, nunca passou pela cabeça de Valéria questionar se tudo isso que se estava “dando” não era, simplesmente, um direito...

Nós, tucanos – e também o PT, se quiser sobreviver – temos de ter infinita capacidade de compreensão diante de tal raciocínio. Nós, tucanos e petistas, já estamos muito pra cá da Revolução Francesa e do nascimento do Cidadão: já discutimos a factibilidade democrática; os desvãos da democracia; os limites da tolerância.

Mas a direita brasileira permanece, ainda, no tempo do direito divino dos reis. Distribuem-se “favores”, simplesmente. Não há impostos, direitos, deveres, bens socialmente produzidos – e que precisam, portanto, ser socialmente repartidos. Há uma riqueza magicamente produzida por capacidade solitária. Inexiste, enfim, o pressuposto societário daquilo que pode vir a ser considerado humano.

Mas a direita representa uma fatia considerável do pensamento brasileiro. Então, não é possível, simplesmente, excluí-la: é preciso lidar com isso. Porque, a alternativa, é o autoritarismo.

É preciso, então, uma ação pedagógica. Que começa pela sociedade. Para empurrar essas pessoas, esses cidadãos, a uma outra compreensão do mundo.

Sinceramente, já bebi muito – até comemorando o segundo turno. Raciocinem vocês, daí pra frente. Vou mais é encher a cara. FUUUUUIIIIIIII!!!!!!

PS: Viva Aécio!!!!!!