domingo, 15 de outubro de 2006

Deu chabu! I

O Pará merece uma eleição como esta: sentida, sofrida, suada. E que só será decidida, de fato, no último minuto do segundo tempo.

Para mim, não apenas jornalista, mas, sobretudo, cidadã, este é um momento extraordinário. E estamos, todos, de parabéns: tucanos, petistas, peemedebistas, pefelistas... E os mais que compreendam o significado da política, no cotidiano social.

Não acredito que estejamos separados por muitos pontos percentuais. Para mim, estamos embolados. E assim seguiremos, até o final. Daí a emoção desta partida, tão inusitada, diga-se de passagem.

Enquanto escrevo, tenho a informação de que, na cidade, há carreatas de petistas, a comemorar o Ibope, e de tucanos, a comemorar o Vox Populi. Quer dizer: deu chabu!

E é muito bom que seja assim. Porque demonstra, que, todos os que estamos na linha de frente, temos uma percepção muito correta da realidade. E que lutaremos até o fim, por aquilo em que acreditamos. Com a agilidade que uma “guerra” como esta requer.


Mais que isso, porém, é preciso considerar o recado da sociedade paraense nestas eleições: está dividida, é plural, evoluiu muitíssimo e espera de nós – todos – justamente essa compreensão.

Se Almir ou o PT entenderão isso, são outros quinhentos. Porque, nós, caro leitor, (e que ninguém nos ouça) sabemos bem o quanto eles são semelhantes na intolerância, na arrogância, nessa incapacidade perniciosa de conviver com o diverso.

Tenho para mim, porém, que o poder vem sendo uma experiência pedagógica considerável, aos companheiros petistas. Está lhes mostrando que, entre o branco e o preto, existe a imensa zona cinzenta. Humana. Intrínseca e despudoradamente humana. E com a qual, para além do sonhado paraíso, é preciso lidar.

Já Almir tem contra ele a cristalização do que é. O tempo que formatou comportamentos e certezas, que dificilmente serão modificados. Em relação a Jatene, representa um claro retrocesso, em termos de convivência democrática.

Já admirei – e quem sabe ainda admire – profundamente, o “velho”. Mas, não perco de vista o Eclesiastes: tudo tem seu tempo sobre a Terra...

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Deu chabu! II

Deu chabu, e aí? Bem, podemos nos quedar, perplexos, diante de tudo isso. Ou considerar mil teorias conspiratórias. Ou, ainda, buscar uma compreensão mais fria desse baralho, aparentemente, enlouquecido.

Por sorte, passei umas boas horas, na tarde de hoje, conversando com um bom amigo, de lucidez estonteante. Que, igual a mim, é claro que joga. Mas busca, sobretudo, observar e compreender os diversos jogos.

Depois de muito conversar, chegamos à premissa do embolamento. Estabelecida, pelo que estamos vendo. Muito além dos números, que sabemos de “pronto a servir”.

De um lado, o desespero, para superar o prejuízo, que o salto alto deixou atrás. Do outro, a tentativa, igualmente desesperada, da transferência de votos.

Nenhum dos lados cantando vitória, mas batendo e se defendendo, como Deus possa permitir. E até apelando. Uns, para o descolamento do picolé de “chuchumbo”, no dizer do Zé Simão. Outros, a depoimentos de chorosos “iludidos”.

Ambos, certamente com base em pesquisas internas, evitando perpetrar milímetro de erro. Pau a pau. Enquanto preparam, é claro, a tão esperada caixinha de maldades, para a reta final. Mas se estudando, para perceber onde dá para quicar.

Vale salientar que é nos programas eleitorais que desembocam as certezas. Ainda que restritas a uma ou duas pessoas da produção. Ou que cheguem em linguagem cifrada...

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Deu chabu! III

É claro que o primeiro ponto a considerar - manifesta aquela premissa - é a hipótese de um “acordo nacional”, digamos assim. Mas, mesmo em tal caso, é impossível não pensar, também, em “afagos” locais. Afinal, a “nossa dama” não se deixa levar por acordões. Quer o michê taludo depositado na própria conta. Vai daí que o noivado já pode ir de vento em popa. Sem, necessariamente, o conhecimento de muitos...

Mas, nos coloquemos em ângulo diferente: sejamos, a mulher traída.

Bem, se quiséssemos detonar o indigitado, bastaria trair – publica, ou, restritamente, a quem nos interessasse.

Mas, se quiséssemos detonar a amante, faríamos dela a infiel, com provas, aparentemente, cabais.

O problema é que a segunda hipótese é um jogo perigosíssimo: e se a amante conseguisse comprovar a inocência e, entre a profusão de lágrimas, despejasse, sobre o “marido”, todo o seu ardor?

E, no primeiro caso, se não quiséssemos afastar o indigitado de vez, por que o trairíamos publica ou restritamente, antes de um compreensível e firme recado?

Parece-me mais lógico, então, o “acordo nacional”. E com juras de amor eterno, a nível local...

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Deu chabu! IV

Se for assim, o jogo se torna mais complicado. Suponhamos que a mulher traída nem suspeite. E lá continue, com todas as forças, a acarinhar animal. Crente de que, através dele, alcançará todos os sonhos possíveis. Mesmo que eles incluam, lá para a frente, descartar-se de criatura tão complexa.

Novamente, teremos, pelo menos, dois cenários hipotéticos. Mas, adivinhem leitores? Novamente, já bebi muito – e quero beber em paz. Além disso, cansei de dar uma de pastor: pensem vocês! Mas, não esqueçam dos outros jogos: do Barão de Inhangapi e do Comendador das Àguias. E da Barbie Princesa, que é bem mais esperta do que parece. Virem-se. FUUUUUUUIIIIIIIIIIIII!!!!!!

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Em tempo: a cidade foi agitada por boatos sobre a apreensão do jornal oficial, por força da liminar que impedia a divulgação da pesquisa do Ibope – liminar solicitada, vejam só, pela União pelo Pará. A boataria foi afastada, por advogados e repórteres que correram a cidade, sem encontrar vestígio disso. Mas permanece a dúvida acerca do que acontecerá, ao fatal encontro das carreatas amarelas e vermelhas. Espero, sinceramente, que todos consigamos manter o principal: juízo.


E para comemorar! Ou: eles pegam e depois a gente ajeita!



Vermelho


A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante,
Vermelhão!
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor: vermelho!
A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante,
Vermelhão!
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor
Meu coração!
Meu coração é vermelho!
De vermelho vive o coração!
Tudo é garantido após a rosa vermelhar
Tudo é garantido após o sol vermelhecer
Vermelhou o curral, a ideologia do folclore
Avermelhou.
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória
Vermelhou.
Vermelhou o curral, a ideologia do folclore avermelhou.

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