segunda-feira, 22 de junho de 2020

Virou zona: em apenas 4 dias, PMB altera documentos e desaparece, novamente, com informações da Covid-19 do portal da Transparência. MPE silencia e vira cúmplice de possíveis crimes. Será que Zenaldo resolveu virar bandido?


Pela segunda vez, em apenas 4 dias, a Prefeitura de Belém tirou do ar as informações sobre os contratos e despesas para o combate à Covid-19, que estão no portal da Transparência. 

Até na parte não dedicada à doença há problemas: as buscas estão restritas aos anos anteriores a 2016.

Na última sexta-feira, ela já havia feito a mesma coisa, depois que vazou, na internet, a informação de que comprou ventiladores pulmonares por R$ 260 mil cada, provavelmente o preço mais caro já pago no Brasil por tais equipamentos.

E no dia seguinte, sábado, alterou, na cara dura, as Notas de Empenho da compra desses equipamentos, fazendo com que o preço baixasse para R$ 65 mil.

Veja abaixo. 

Nota de Empenho 5754 original:


Nota de Empenho 5754 alterada:



Nota de Empenho 5755 original:



Nota de Empenho 5755 alterada:


Nota de Empenho 5756 original:


Nota de Empenho 5756 alterada:


Ontem, domingo, o Diário do Pará publicou reportagem sobre a compra desses ventiladores a preços turbinados, e de uma empresa que nasceu como uma cafeteria: https://www.diarioonline.com.br/Digital/Page?editionId=1403#book/11

Aí, o prefeito soltou um vídeo na internet exibindo as Notas de Empenho alteradas, para acusar o jornal de fake news.

Hoje, o Diário do Pará publicou as Notas de Empenho lado a lado, as originais e as alteradas: https://www.diarioonline.com.br/Digital/Page?editionId=1404#book/3

E, mais uma vez, o portal da Transparência tirou as informações do ar, para fazer sabe-se lá que alterações. 

Agora há pouco voltou, mas sem permitir pegar o PDF:


E nem a pesquisa depois de 2016:


E fica a pergunta: o que mais estará desaparecendo de lá?

Será que o prefeito resolveu virar bandido?

Sim, porque o que ele está fazendo é crime.

E o pior é que ele age à luz do dia, já que o Ministério Público nada faz.

Enquanto Zenaldo talvez esteja a destruir provas de possíveis irregularidades, o MP se finge de morto.

E depois ainda sai por aí na maior cara de pau a cobrar honestidade dos outros.

FUUIIII!!!!!

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Prefeitura de Belém tira do ar novamente contratos da Covid-19. Cadê o Ministério Público?



Como é do peculiar estilo "democrático” do prefeito Zenaldo Coutinho, a Prefeitura de Belém tirou do ar, novamente, as informações sobre os contratos da Covid-19. 

Sumiram também as buscas por despesas e, por incrível que pareça, até mesmo o PDF.

Mas não é só: as buscas das despesas detalhadas, na parte do portal que não está dedicada apenas à Covid-19, estão restritas aos anos de 2010 e 2011. 

É revoltante esse tipo de comportamento autoritário, de quem, dias antes, até quis dar uma de defensor da liberdade de expressão (https://pererecadavizinha.blogspot.com/2020/06/zenaldo-ataca-governador-policia-e.html).

A Transparência Pública não é um “favor”: é uma conquista da sociedade brasileira. E é Lei.

Assim como as prerrogativas do nosso Ministério Público também lhe foram concedidas pelo conjunto da sociedade brasileira, e não por este ou aquele partido político.

Nenhuma informação que está nas páginas da Transparência saiu do bolso do prefeito: tudo o que é realizado pela Prefeitura, inclusive a coleta e disponibilização dessas informações, é pago com o dinheiro do distinto público.

Aliás, não há nem cafezinho que o prefeito e os servidores da Prefeitura tomem lá dentro que não seja pago com o suor do contribuinte.

Não é a primeira vez que as informações somem do portal da “Transparência” da PMB.

E depois Zenaldo aparece com aquela cara de carnaúba que Deus lhe deu, para acusar os outros de fake news.

Mas o que mais espanta é mesmo o silêncio conivente, cúmplice, do Ministério Público.

Mas talvez o nosso MP imagine que os seus adubados salários saem do bolso do PSDB.

FUUIIIII!!!

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Zenaldo ataca governador, polícia e veículos de comunicação, para defender marqueteiro Orly Bezerra, suspeito de integrar uma rede de fake news. Em apenas 3 anos e meio, Prefeitura já empenhou mais de R$ 26 milhões em favor da Griffo, a empresa de propaganda do marqueteiro. Pode isso, Arnaldo?



Há coisas tão surpreendentes que deixam de queixo caído até quem acompanha, há décadas, a política paraense.

No último dia 16, a Polícia Civil realizou mais uma operação, de busca e apreensão de documentos, para desbaratar uma suposta rede de notícias falsas (fake news), no estado do Pará.

Dois dos alvos da operação foram o marqueteiro Orly Bezerra e a sua empresa de propaganda, a Griffo Comunicação.

Na casa do Orly, a polícia encontrou mais de 100 mil: 15 mil em reais e 13 mil em euros, o equivalente a R$ 90 mil.

A Prefeitura de Belém possui um contrato milionário de propaganda: são até R$ 16 milhões por ano, para 4 agências de publicidade, entre elas a Griffo.

No entanto, nem as graves suspeitas contra o marqueteiro, nem o dinheiro encontrado na casa dele incomodaram o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho.

Pelo contrário: ele até distribuiu um vídeo, nas redes sociais, atacando o trabalho da polícia e defendendo Orly e os demais investigados.

Nenhuma palavra do prefeito sobre os prejuízos causados à Sociedade e à Democracia pelas fake news, que proliferam de Norte a Sul do Brasil.

Nenhuma palavra em defesa das investigações, nem que seja para que não restem dúvidas sobre o comportamento desse marqueteiro.

Aliás, esse “zeloso” homem público que é o prefeito nem ao menos teve a sensatez de se manter em silêncio, à espera do resultado das investigações.

Partiu foi para um ataque feroz, contra o governador, a polícia e veículos de comunicação.

Tudo para defender um marqueteiro que presta serviços à PMB e de lá já ganhou várias licitações.

Como se prefeitos fossem pagos para "advogar" em favor de empresários.

Mas esse, afinal, é o singular estilo republicano dos tucanos, como visto, aliás, nos célebres diálogos de Paulo Chaves com o empresário José Levy, da Paulitec.

No vídeo, Zenaldo chega a insinuar que as operações policiais contra as fake news são para intimidar oposicionistas, ou até aqueles que apenas possuem “opiniões distintas” do governador.

Quer dizer: o prefeito acusa, implicitamente, de vários crimes, tanto o governador quanto os policiais envolvidos nessas investigações.

Ao que me diz um advogado, crimes de calúnia, difamação, prevaricação, abuso de autoridade, além de censura.

E a não ser que possua provas daquilo que insinua, Zenaldo está apenas é a espalhar mais uma fake news, para vergonha alheia de toda a população de Belém.

Ainda mais impressionante é o prefeito querer bancar o “herói da liberdade de expressão”, ao tentar convencer o distinto público de que o objetivo de seu vídeo é a “defesa da Democracia”.

Ora, Zenaldo começou a sua carreira política defendendo a ditadura militar, que censurou, perseguiu, torturou e matou milhares de oposicionistas.

Na época, os idos de 1983, já se sabia dos horrores da ditadura militar, que incluíam até mesmo a tortura de grávidas.

Mesmo assim nunca ouvi desse “heroico defensor da liberdade” nenhuma palavra de condenação a tais atrocidades.

Pelo contrário: ele fazia é discursos inflamados em defesa dos generais.

Era, como se diz, um autêntico filhote da ditadura. Ou, melhor ainda, um minion de outrora.

Além disso, não me recordo de nenhum pronunciamento dele contra perseguições, censura, agressões, que atingiram jornalistas e blogueiros, nos últimos anos, no Brasil e no Pará.

Desconheço até mesmo que ele tenha se manifestado “em defesa da liberdade”, quando a primeira fase da investigação policial contra as fake news atingiu três blogueiros e sites, no último 28 de abril.

O “acesso democrático” do prefeito ocorreu apenas, e por “coincidência”, quando a polícia bateu na porta do Orly e da Griffo Comunicação.

Para quem não sabe, Orly foi o marqueteiro das campanhas eleitorais dos ex-governadores Almir Gabriel (já falecido) e Simão Jatene; e também de Zenaldo, à Prefeitura de Belém.

E por outra dessas “coincidências”, foi a Griffo, a empresa do Orly, quem ganhou todas as milionárias licitações de propaganda das administrações de Almir, Jatene e Zenaldo.

(Aqui: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2013/05/griffo-insaciavel-parte-1-ha-quase-20.html 

Aqui: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2013/05/secretario-de-comunicacao-do-para.html 

E aqui: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2013/06/incrivel-griffo-comunicacao-que-vence.html)

Só de 2017 para cá, ou seja, em 3 anos e meio, a Prefeitura de Belém já empenhou em favor da Griffo mais de R$ 26 milhões.

E isso em uma cidade que, após as administrações de Duciomar e de Zenaldo, mais parece uma terra arrasada por um exército de vândalos: são alagamentos do centro à periferia, montes de lixo se acumulando em tudo que é lado, ruas esburacadas, trânsito caótico, prédios públicos caindo aos pedaços.

Profissionais de Saúde tiveram até de protestar nas ruas, porque não possuíam nem mesmo equipamentos de proteção, para atuar nas unidades de saúde lotadas de pacientes da Covid-19, uma doença altamente contagiosa.

A nossa população, sofrendo com febre, dores, sem conseguir nem mesmo respirar direito, dava com a cara na porta das UPAs e prontos socorros de Belém, que muitas vezes estavam fechados (https://www.oliberal.com/belem/pacientes-sao-recusados-em-unidades-de-saude-fechadas-ou-sem-medicos-1.261429).

Mas nada disso importa, não é mesmo?

As enchentes, o lixo, o sofrimento da população, a angústia dos profissionais de Saúde, tudo isso é “coisa menor”.

O importante mesmo é defender a Griffo e o Orly.

Tanto é assim que é só nessa hora que a inércia de Zenaldo, magicamente, desaparece.

E a pergunta é: qual o motivo que leva o prefeito a tentar blindar esse marqueteiro e a sua empresa?

No vídeo, Zenaldo diz que Orly, “um marqueteiro consolidado no mercado paraense, conhecido, teve a sua residência e a sua empresa também devassadas”.

Só se “esqueceu” de informar ao distinto público que os policiais que entraram na casa e na empresa do Orly cumpriam uma ordem de busca e apreensão assinada por um juiz.

Ou seja, não fizeram rigorosamente nada de ilegal ou ditatorial, ao contrário do que acontecia na época do regime militar, que Zenaldo tanto defendeu.

Como me disse um amigo, o problema é que os tucanos só acham bacanas e dentro da legalidade as operações policiais contra os adversários deles.

Porque quando a polícia bate na porta dessas criaturas, é tudo perseguição, autoritarismo, ilegalidade, o escambau.

Sabe como é: tucano é tudo querubim ungido...

É tudo limpinho e cheiroso. Uns inocentes, uns pobres incompreendidos...

Tudo o que fazem, até mesmo as piores maracutaias, como que se “santifica”, por uma água bentíssima, lá bandas do rio Jordão...

O fato é que essas fábricas de notícias falsas, de Norte a Sul do Brasil, não “apenas” estão tentando solapar a Democracia e a República.

Elas estão até mesmo ajudando a matar pessoas, quando minimizam essa pandemia, propagam “curas milagrosas” para essa doença, ou até incentivam a população a invadir unidades de Saúde, como já aconteceu aqui mesmo no Pará.

Se o Orly e a Griffo estão ou não envolvidos nessas redes criminosas, só a Justiça dirá.

Mas a prefeito algum compete atacar a polícia, para defender empresário.

O que compete a um prefeito é cuidar da cidade e da população.

Coisa que o Zenaldo, aliás, nunca se dispôs a fazer.

FUUUIIIII!!!!!

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Veja nos quadrinhos quanto a PMB empenhou para a Griffo apenas entre 2017 e este ano. Repare que consta apenas a parte final dos documentos, extraídos do portal da Transparência de Belém.

2017:


2018:


2019:


2020:

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Helder rebate acusações da PF e garante que não houve prejuízos ao erário com a compra de respiradores da SKN, para tratamento dos pacientes da Covid-19. PF realizou operação “Para Bellum”, que investiga a aquisição desses equipamentos.



Não houve qualquer prejuízo aos cofres públicos paraenses com a compra de respiradores, para o tratamento dos pacientes da Covid-19: a SKN do Brasil, que entregou ao Governo do Estado equipamentos diferentes daqueles que foram comprados, ainda teria a receber do governo R$ 1,580 milhão, por outros produtos que vendeu.

Mas, além de suspender esse pagamento, o governo ainda pediu à Justiça que essa dívida de R$ 1,580 milhão seja transformada em indenização ao Pará, pelos danos morais que a empresa causou à coletividade.

A afirmação foi feita pelo governador Helder Barbalho, durante entrevista à imprensa, após a operação “Para Bellum”, da Polícia Federal (PF), na manhã de ontem (10), que investiga a compra desses equipamentos.

Segundo Helder, essa dívida do governo é decorrente de um “encontro de contas”: a empresa já depositou na Justiça a quase totalidade dos R$ 25,2 milhões que havia recebido pelos respiradores, faltando apenas R$ 2,404 milhões.

Mas o governo só pagou R$ 4,095 milhões (ou seja, a metade) do dinheiro devido pelas 1.600 bombas de infusão que comprou da empresa na mesma época, a um custo total de R$ 8,4 milhões, e que foram todas entregues, e em boas condições de uso.

As bombas de infusão são equipamentos essenciais para o funcionamento de respiradores e todas já se encontram até instaladas, nos leitos de UTI dos hospitais públicos paraenses, destinados aos pacientes da Covid-19.

Os respiradores deveriam custar, no total, R$ 50,4 milhões, mas o Governo só chegou a efetuar também a metade do pagamento.  


As acusações da “Para Bellum”


Na manhã de ontem, a PF realizou a operação “Para Bellum”, que cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências do governador e do secretário de Saúde, Alberto Beltrame, entre outros investigados; além das sedes da Casa Civil do Governo e das secretarias de Saúde (Sespa) e da Fazenda (Sefa).

A suspeita é de irregularidades na compra desses equipamentos, através de uma Dispensa de Licitação supostamente forjada, para beneficiar a SKN do Brasil, e de um superfaturamento superior a de 85%.

Entre os indícios estaria o fato de a SKN não possuir registro na Anvisa, para fornecer esses equipamentos; a antecipação de pagamento, com base em um decreto assinado pelo governador, o que não teria previsão legal; e até o fato de Helder ter ido receber pessoalmente os respiradores, quando foram desembarcados no aeroporto de Belém.

A operação foi pedida pela Procuradoria Geral da República (PGR), comandada pelo procurador-geral Augusto Aras, nomeado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, e que estaria até no centro de uma rebelião no MPF (https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52948926).

A PGR também sustenta que o governador teria uma relação de proximidade com um dos donos da SKN, e que ele sabia que esses equipamentos eram inadequados para o tratamento da Covid-19.

O ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), atendeu aos pedidos da PGR para as buscas e apreensões e o para o bloqueio de R$ 25 milhões em bens do governador e de outros 7 suspeitos das supostas irregularidades.

No entanto, segundo o governador, a empresa já depositou, em uma conta bancária da Justiça do Pará, praticamente todo o dinheiro que recebeu do Governo.

Além disso, na época em que esses equipamentos foram comprados pelo Pará a disputa mundial em torno deles gerou grande aumento de preços.

E foi uma disputa tão intensa que os Estados Unidos chegaram a ser acusados de “pirataria”, já que compravam cargas inteiras de respiradores nas pistas dos aeroportos chineses, à vista e por milhares dólares, quando os aviões se preparavam para levá-los a outros países.


Operações da PF sob suspeita


No último 26 de maio, a PF realizou a Operação Placebo, que teve como alvo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, por supostas irregularidades na compra de equipamentos e instalação de hospitais de campanha, para os doentes da Covid-19.

Desde então, dizem fontes do Governo do Pará, já era esperada uma ação semelhante contra Helder e outros governadores que decretaram medidas de isolamento social da população, para conter o avanço da Covid-19, apesar das críticas e pressões crescentes de Jair Bolsonaro.

O presidente queria manter as empresas funcionando, já que defendia apenas o isolamento de idosos e doentes, apesar das recomendações em contrário de infectologistas, pesquisadores e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Desde abril deste ano, a PF passou por várias alterações, determinadas por Bolsonaro, o que levou, inclusive, ao pedido de exoneração do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, após a troca do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.

Para o lugar de Valeixo chegou a ser nomeado o delegado Alexandre Ramagem, chefe da Agência Brasileira de Investigação (ABIN).

Ramagem é amigo pessoal de um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, do Rio de Janeiro, que é investigado pela PF daquele estado por suspeita de envolvimento na rede de fake news controlada pelo bolsonarismo, entre outros crimes.

No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) acabou barrando a nomeação de Ramagem.

Mas no lugar dele foi nomeado para a direção da PF o delegado Rolando Alexandre de Souza, que era braço direito de Ramagem na ABIN.

Rolando assumiu o cargo em 4 de maio e, no mesmo dia, trocou o Superintendente da PF no Rio de Janeiro, uma providência que teria sido pedida há meses por Bolsonaro.

E o não-atendimento, na época, seria um dos motivos que levaram à queda de Valeixo e Sérgio Moro

(Aqui: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/05/04/novo-diretor-geral-da-pf-troca-superintendente-no-rio-de-janeiro E aqui: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52467171).

Além do superintendente do Rio de Janeiro, também foram trocadas toda a cúpula da PF e várias outras chefias.

Ao deixar o cargo, o ex-ministro Sérgio Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir na PF. Entre outros motivos, para ter acesso a informações sobre investigações em andamento.

No último 25 de maio, na véspera da operação Placebo contra o governador Wilson Witzel, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das mais fiéis apoiadoras de Bolsonaro, teria até antecipado a ação policial.

Durante uma entrevista à Rádio Gaúcha, Zambelli disse que a PF estava prestes a deflagrar operações contra supostos desvios de recursos da Saúde, nos estados

(Aqui: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/05/26/deputada-zambelli-ligada-a-bolsonaro-antecipou-que-haveria-operacoes-da-pf-sobre-desvios-na-saude-nos-estados.ghtml E aqui: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/06/10/pgr-investigacao-zambelii-pf-vazamento.htm).

Em 27 de maio, o próprio Bolsonaro afirmou que a PF realizaria outras operações desse tipo.

"Vai ter mais, enquanto eu for presidente, vai ter mais. No Brasil todo. Isso não é informação privilegiada não, vão falar que é informação privilegiada", disse ele.

(Leia aqui: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/05/27/vai-ter-mais-no-brasil-todo-diz-bolsonaro-apos-operacao-da-pf-contra-witzel.ghtml).


“Não houve danos ao erário”


Na entrevista de ontem, Helder lembrou que, além de decretar o isolamento social, no último 16 de março, também passou a buscar maneiras de estruturar a rede de Saúde do Pará, para atender os pacientes dessa doença, o que teria de incluir a ampliação dos leitos de UTI.

Mas o problema, segundo ele, é que não havia respiradores disponíveis no mercado nacional, até porque o Governo Federal havia “confiscado” os poucos existentes. A solução, então, foi procurar no mercado internacional.

Durante essa procura, disse ele, o governo recebeu várias propostas e acabou optando pela SKN, que traria para o Pará respiradores fabricados na China, que é o maior fabricante de produtos médicos do mundo.

Cada respirador oferecido pela SKN ficaria em R$ 126 mil. E, segundo o governador, era um preço bem abaixo dos R$ 170 mil pagos, na época, por esses equipamentos, por grandes grupos empresariais do Brasil.

Ao todo, foram comprados 400 respiradores, por R$ 50,4 milhões.

Além disso, foram compradas 1.600 bombas de infusão, por R$ 8,4 milhões, já que cada respirador precisa de 4 dessas bombas para funcionar.

Segundo o governador, a fabricante chinesa queria até que o Pará pagasse antecipadamente todos os R$ 50,4 milhões.

Mas como o governo se recusou, ela acabou aceitando receber antecipadamente apenas a metade, ou seja, R$ 25,2 milhões.

O problema é que a entrega desses equipamentos começou a se arrastar: eles foram comprados no começo de abril, deveriam estar no Pará no dia 15 daquele mês, mas só chegaram em 4 de maio e, mesmo assim, parcialmente: apenas 152.

Mas a maior surpresa veio quando técnicos do governo tentaram realizar a instalação: foi aí que se descobriu que eram respiradores diferentes do modelo comprado pelo governo e que não serviam para as UTIs destinadas aos pacientes da Covid-19.

Helder disse que logo que foi informado do problema, resolveu agir: primeiro contatou a Embaixada da China e a fabricante dos respiradores, para que ela ou entregasse os equipamentos no modelo adquirido, ou devolvesse o dinheiro.

Como a empresa respondeu que não tinha condições de entregar o produto, o Governo partiu, então, para as medidas judiciais: em 10 de maio (ou apenas 6 dias após a chegada dos equipamentos), ajuizou um processo pedindo o bloqueio dos bens e a retenção dos passaportes dos donos da SKN, para que eles não pudessem fugir do Brasil.

Também negociou com a empresa, na Justiça, a devolução dos R$ 25,2 milhões que ela recebeu.

Desse total, disse o governador, ela já devolveu R$ 22.795.186,00 (milhões), através de depósitos em uma conta bancária da Justiça, e faltam apenas pouco mais de R$ 2,4 milhões.

No entanto, segundo Helder, hoje seria o governo que ainda deveria dinheiro à empresa: como ela entregou a totalidade das bombas de infusão, mas só recebeu a metade do dinheiro (cerca de R$ 4 milhões, de um total de R$ 8 milhões), o Governo ainda teria de lhe pagar R$ 1,580 milhão, já descontadas as multas contratuais.

Só que o governador disse que se recusa a pagar esse R$ 1,580 milhão.

E, na última segunda-feira, pediu à Justiça que todo esse dinheiro seja considerado como indenização da SKN ao Estado, por danos morais coletivos.

“Recebemos (de volta) todos os recursos que pagamos é já estamos é com um crédito de R$ 1,5 milhão, por esses respiradores. Não há dano ao erário. Garantimos o ressarcimento integral”, salientou.

Ele se disse “indignado” com o comportamento dos empresários da SKN e afirmou: “onde é que essas pessoas estavam com a cabeça? Imagine um empresário se aproveitar de uma pandemia e vender um produto não habilitado; vender um produto e entregar outro e achar que ficará impune”.

“Aqui não vão se criar aqueles que imaginam que só porque estamos na Amazônia, no Norte, vão lesar o povo e sair impunes”, disse ainda.  


Sem “rabo preso”


“Se eu tivesse amizade (com os empresários da SKN) ou tivesse o rabo preso, não teria mandado bloquear os bens e reter os passaportes deles”, afirmou o governador, ao responder a perguntas de jornalistas sobre as acusações de que seria “amigo” de um dos donos da empresa, André Felipe Oliveira Silva.

“Não tenho amizade alguma com qualquer empresário que possa ter participado disso”, afirmou também.

Ele lembrou que a Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso e que o Governo do Estado agiu rapidamente, para evitar prejuízos aos cofres públicos e à população.

“Foi o Governo do Pará que foi pra cima dessa empresa, além de conseguir o ressarcimento do dinheiro que havia sido pago”, destacou.

Sobre os motivos que o levaram a efetuar essas compras sem licitação, o governador lembrou que essa possibilidade está prevista na Medida Provisória 961, de autoria do próprio presidente Bolsonaro, justamente para agilizar a aquisição e pagamento de equipamentos e outros produtos de Saúde, durante o estado de calamidade pública provocado pela pandemia.

Disse, também, que as mensagens que trocou com um dos donos da SKN (e que a PF e a PGR apontam como indício da “proximidade” entre ele e o governador) foram justamente para cobrar da empresa a entrega desses respiradores.

Ele também rebateu com uma pergunta a acusação de que a sua ida ao aeroporto, para receber aqueles 152 respiradores, seria um “indício” de seu envolvimento nas supostas irregularidades: “Se eu soubesse que aqueles produtos eram inadequados, teria ido ao aeroporto para recebê-los?”


“Mandei exonerar imediatamente”


Helder também informou que mandou “exonerar imediatamente” o secretário adjunto de Gestão Administrativa da Sespa, Peter Cassol, em cuja residência a PF encontrou R$ 700 mil em dinheiro, na manhã de ontem, durante a “Para Bellum”.

Helder disse ter ficado surpreso com o fato e que considera “atípico um servidor público ter em seu poder um valor dessa magnitude”.

Daí a perda de confiança do governo em Cassol e a sua exoneração.

Respondendo à pergunta de um jornalista, o governador disse também não ter ideia sobre a possível origem desse dinheiro.

“É absolutamente inexplicável. E cabe a ele (Cassol) dar satisfação à sociedade e à Justiça. Mas não permitirei que um servidor que mantenha esse valor continue no governo”, afiançou.


Politicagem com a pandemia


Apesar das perguntas de jornalistas, Helder disse que não entraria na discussão acerca de eventuais motivações políticas da operação da PF.

A seu ver, o mais importante é prestar contas à população sobre a compra desses equipamentos.

No entanto, observou: “eu não vou entrar na discussão política. Enquanto tem politicagem neste assunto, tem gente morrendo, em todo o Brasil”.

“Eu não entendo ser razoável, com tanta gente sofrendo, perdendo a vida, fazer política com a pandemia”, disse ainda, em outro momento.

Ele também evitou críticas à PGR e ao ministro Francisco Falcão, do STJ.

“Respeito a decisão do ministro do STJ e da PGR; não cabe a mim desqualificar, opinar se a operação perdeu ou não a razoabilidade, já que o governo recebeu integralmente o valor”, disse apenas.


Sem ações do governo, mortes seriam maiores


Ao longo da entrevista, que durou cerca de uma hora e foi realizada via internet, Helder ressaltou, por diversas vezes, que o governo agiu rápido e que não houve qualquer prejuízo ao erário.

Ele também enfatizou as medidas contra a Covid-19 e no tratamento dos doentes.

Lembrou que, em poucos meses, o Governo conseguiu criar 1.212 leitos clínicos e 612 leitos de UTI, para os pacientes dessa doença.

Também criou hospitais de campanha, em Belém, Santarém, Breves e Marabá, além de firmar convênios com municípios, para ampliar a rede hospitalar em todo o estado.

Para ele, as ações do governo “foram decisivas”, para diminuir a situação dramática vivida pela população.

Foi com esse objetivo, segundo ele, que o Governo também abriu o Hospital Abelardo Santos à toda a população, e lá já realizou mais de 70 mil atendimentos; além de passar a atender esses doentes também com a Policlínica, que já contabiliza mais de 50 mil atendimentos.

“Se não tivesse havido o isolamento e o governo não tivesse viabilizado leitos clínicos e de UTI teríamos tido muito mais perdas do que aquelas que tivemos”, disse o governador.

Ele lembrou que há “muitos caminhos” nessa pandemia: “posso negá-la, ou me omitir, fechando prontos socorros, UPAs e deixando o povo morrer”.

Mas que a sua escolha foi outra: “foi cuidar das pessoas, diminuir o sofrimento das pessoas, essa foi a opção que adotei. Se não tivesse o Abelardo, a Policlínica, os hospitais de campanha; se hoje é sofrido, nos dói a quantidade de gente que perdeu a vida, imagine se não tivéssemos feito o que fizemos”.

Hoje, disse ele, a ocupação dos leitos clínicos para os pacientes da Covid-19 é de 51,6% e, os de UTI, de 70%.

Um quadro bem diferente dos tempos de sufoco, quando todos os hospitais de Belém, públicos e privados, estavam superlotados.

“Não só acabamos com a fila de pacientes, como hoje passamos a ter até uma reserva de leitos”, comemorou.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Manifesto Bolsominion


Bolsonaro tem razão: governadores e prefeitos é que são os culpados pelos doentes e mortos de Covid-19.

Foram eles que se recusaram a decretar quarentenas, apesar dos apelos do nosso sensível e humilde presidente, que chegou a desfazer-se em lágrimas, diante de toda a Nação, a implorar pela vida do povo brasileiro.

Foram eles a incentivar carreatas e manifestações por todo o País, para obrigar à reabertura da atividade econômica, sedentos que estavam de garantir as suas reeleições, ainda que à custa de milhares de cadáveres.

Foram esses seres malignos que sempre minimizaram essa doença, chamando-a de “gripezinha”, metendo-se em aglomerações, tossindo sobre as multidões e até deseducando a população quanto ao uso da máscara, que traziam até pendurada na orelha.

Foram eles que tiraram do ar os portais de seus estados que informavam os números dessa doença, para levar a população a acreditar que essa pandemia era coisa do passado, e assim facilitar os seus planos de eliminação em massa de pobres, idosos e doentes.

Sim, Bolsonaro tem razão: são muitas as forças ocultas contra o seu magnífico governo, eis que de tão avançado, tão amado e tão vitorioso só mesmo uma conspiração de forças gigantescas para derrubá-lo.

A esses baderneiros, que são os governadores e prefeitos, à serviço da China, Cuba, Rússia e Venezuela, juntaram-se os Illuminati, os extraterrestres do planeta Nibiru, o STF, o Congresso Nacional, o Papa, a ONU, a OMS, a Europa, a imprensa mundial, o Dalai Lama e até o Donald Trump, que também virou um execrável comunista.

Todos eles, e esta é que é a mais pura verdade, conspiraram para quebrar a economia mundial e criar esse vírus em laboratório, por pura inveja desse grande estadista, desse líder mundial inigualável, que é o nosso presidente.

Todos ficaram incomodados com a sua raríssima inteligência, vastidão cultural, refinada educação, elevado espírito democrático e incomparável empatia.

Revoltaram-se com a sua luta heroica pelo desarmamento mundial, pela preservação das nossas florestas, respeito às nações indígenas; com a sua luta sem tréguas contra as milícias, os agrotóxicos, os grileiros, as igrejas que extorquem fieis e a corrupção dos deputados do Centrão.  

Indignaram-se quando Bolsonaro livrou a Amazônia de desmatamentos e queimadas, com passarinhos a cantar a toda hora, tamanha a felicidade.

Indignaram-se quando o nosso líder ofereceu R$ 5 mil por mês, para que os mais pobres ficassem em casa, durante a pandemia, o que só não se concretizou porque esse perverso Congresso Nacional baixou esse valor para apenas R$ 200,00.

Não, não conseguiram esconder a sua inveja quando viram o nosso povo recebendo em casa essa ajuda emergencial, sem precisar enfrentar sol e chuva, em filas quilométricas e aglomerações.

Mas o que os levou a atacar o nosso presidente, de forma ainda mais covarde e impiedosa, foi quanto constataram que os nossos hospitais são verdadeiros centros de Medicina Intergaláctica, com equipamentos, remédios e UTIs em abundância; médicos e enfermeiros com elevadíssimos salários; e que até nas nossas periferias viceja a Saúde, com saneamento, água potável, asfalto, bangalôs; além de uma Educação de tamanha qualidade que levou o nosso povo a formar-se em massa, nas melhores universidades do mundo.

Sim, Bolsonaro o nosso líder, o nosso iluminado, o nosso messias, está sendo perseguido por forças ocultas do Céu, do Inferno e de todos os cantos do Planeta.

Não, ele não é um psicopata fascista, incompetente e irresponsável: o mundo inteiro é que é!

Foram esses facínoras que nunca derramaram nem sequer uma lágrima pelas milhares de pessoas que adoeceram e morreram, por causa dessa doença.

Foram eles que até gritaram “E Daí?”, quando lhes perguntaram sobre tantas mortes.

Foram esses tiranos que até montaram uma fábrica de fake news para fraudar eleições, enxovalhar a honra de seus adversários e minimizar essa doença.

São esses monstros que sempre defenderam a tortura e homenagearam torturadores.

São esses monstros que querem até armar a população para uma guerra civil.

Sim, Bolsonaro tem razão: nunca houve alguém tão perseguido quanto ele, em todo o Universo.

Nunca houve alguém tão sensível, tão generoso, tão educado, tão democrático, tão estupidamente inteligente.

E nós e o mundo inteiro é que não merecemos esse verdadeiro  espírito de luz.


FUUUIIIII!!!!

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Esquerdas querem liberar carreatas dos bolsominions. Ah, não é isso? Então, é o quê?



Tem horas que parece que as pessoas vêm às redes sociais e não param para pensar no que estão a dizer.

Agora mesmo, um monte de gente de esquerda está criticando o Helder pelo fato de a polícia ter impedido a manifestação de ontem (7), contra o racismo e o fascismo, em Belém.

Das duas, uma: ou querem que o Helder libere tudo, inclusive as carreatas dia sim, dia sim dos bolsominions contra o isolamento social; ou querem que o governador beneficie apenas os amiguinhos das esquerdas.

Logo no começo dessa pandemia, o governador editou um decreto proibindo manifestações, carreatas, todo tipo de aglomeração.

Na semana passada, ele liberou a reabertura de shoppings, igrejas, comércio de rua, a critério das prefeituras.

Não concordo com isso, não acho que seja a hora dessa reabertura

(Leia aqui: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2020/06/para-e-o-segundo-estado-do-brasil-em.html).

Mas, em momento algum, ele liberou aglomerações: shoppings, comércio, igrejas têm de cumprir várias exigências para evitar que isso aconteça.

Se estão cumprindo ou não, essa é outra discussão.

Mas o fato é este: continuam proibidas aglomerações.

Salvo engano, já foram três as carreatas dos bolsominions, só em Belém, que a polícia impediu, e com o uso de enorme aparato de segurança.

Vários deles foram detidos e levados para a delegacia.

Alguns tiveram até os seus carros apreendidos.

Aliás, quando eles chegavam para a manifestação, a polícia já estava lá, desde cedo, à espera deles.

Não vi UMA SÓ reclamação, de NENHUM companheiro, em relação ao tratamento dispensado pela polícia às carreatas dos bolsominions.

Pelo contrário: vi é muita comemoração!

Então, é só os bolsominions que não podem protestar?

A Lei é só para eles?

Será que as pessoas não percebem que esse é um pensamento profundamente autoritário?

Por que é, afinal, que foram proibidas essas aglomerações?

Foi para evitar que as pessoas protestem?

Não: foi para evitar que esse vírus se espalhe, lote os nossos hospitais e mate cada vez mais gente.

Principalmente, as pessoas mais pobres, que são as maiores vítimas dele.

Pensem: qual o interesse do Helder e da maioria dos governadores de impedir manifestações antifascistas?

Ora, isso até os beneficia, já que (EM TESE) enfraquece esse psicopata-presidente, que tem feito violentas ameaças e pressões contra os governadores, para acabar com o isolamento social.

No entanto, não há, simplesmente, como fazer valer uma Lei apenas para alguns.

Porque isso, mesmo que cercado de boníssimas intenções, significaria fazer exatamente o mesmo que o Bolsonaro faz, e solapar a República e a Democracia.

Penso, também, que essas manifestações acabam sendo uma tremenda contradição.

Desde o início, temos defendido o isolamento e o distanciamento sociais, além de criticar duramente o Bolsonaro por incentivar aglomerações.

E agora vamos às ruas para fazer o mesmo que sempre condenamos?

“Ah, mas é uma manifestação importante contra o fascismo!”

Mano, vamos combinar: ao fim e ao cabo, é tudo aglomeração.

Seja de direita, de esquerda, de centro, de cima ou de baixo, o resultado é mesmo: um monte de gente junta gritando, e ajudando a espalhar esse vírus.

Vi até postagens comemorando a “juventude heroica” que foi às ruas, para servir de exemplo à “esquerda acovardada”.

Pois é. Tais postagens só se esquecem de um “detalhe”: esses “jovens heroicos” terão, provavelmente, poucos ou nenhum sintoma dessa doença.

Mas e o que dizer de seus pais e avós?

E o que dizer dos nossos médicos, enfermeiros e policiais, que estão nos hospitais e nas ruas, a adoecer e morrer, a tentar proteger o nosso povo?

E o que dizer até mesmo daqueles jovens, que, por motivos que a ciência ainda desconhece, acabam morrendo por causa desse vírus?

E eles não são poucos, não.

São, proporcionalmente, bem menos do que os idosos, mas não são poucos, não.

Outro aspecto importante é a possibilidade de que essas manifestações acabem se revelando um tiro no pé.

Bolsonaro está cada vez mais isolado, e até os atos a favor dele ficam menores a cada dia.

No entanto, isso pode mudar rapidamente, se essas manifestações acabarem em depredações, muita porrada e até morte.

E isso não é difícil, não: basta apenas alguns infiltrados e provocadores, no meio de uma multidão.

E além de os fascistas serem mestres nesse tipo de coisa, eles também contam com o apoio de policiais e militares, em vários pontos do País.

É claro que é tentador participar de manifestações dessas.

Afinal, quem de nós não defende a Democracia e não é contra o fascismo e o racismo?

Mas além de estarmos no meio de uma pandemia, em que o objetivo principal tem de ser salvar vidas, a psicopatia, a irresponsabilidade e a incompetência do Bolsonaro estão fazendo com que ele se desgaste por si só.

As pesquisas dizem que ele tem o apoio de 30% da população - ainda.

Mas esses números também demonstram que ele já caiu à beça, apesar da fábrica de fake news do bolsonarismo.

E neste ano, que eu me lembre, não tivemos grandes manifestações de rua das esquerdas.

O que tivemos foi a imprensa e as redes sociais levando ao máximo possível de pessoas as próprias atitudes do Bolsonaro.

E é este, provavelmente, o fator decisivo dessa queda: Bolsonaro é o maior inimigo dele mesmo.

Porque não entra na cabeça de ninguém, principalmente de quem já perdeu uma pessoa amada, que um presidente da República não seja capaz de um gesto de solidariedade, ou de simples misericórdia, em relação aos milhares de brasileiros vitimados por essa doença.

Nenhum ser humano “normal” aceitará algo assim.

E até mesmo os seus fanáticos sentirão na pele a desumanidade daquele “E Daí?”, caso essa doença invada os seus lares também.

Creio, portanto, que as esquerdas e todos aqueles que querem o impeachment de Bolsonaro precisam repensar, urgentemente, essa estratégia das manifestações de rua, neste momento.

E creio, também, que não podemos ceder às tentações autoritárias, querendo que a polícia impeça apenas as carreatas dos bolsominions.

Se houve muito mais gente detida ontem, é porque havia muito mais gente do que naquelas carreatas miseráveis organizadas pelos minions.

E se houve excessos da polícia, que sejam apurados e punidos com rigor.

Mas a Lei é para todos.

O que significa que ou se libera todo mundo, ou não se libera ninguém.

FUUUIIIII!!!!!

segunda-feira, 1 de junho de 2020

5 cidades do Pará entre as 20 do Brasil com mais mortes por 100 mil habitantes pela Covid-19. Às vésperas da reabertura de shoppings e salões de beleza, Belém figura em 4 lugar desse ranking nacional preparado pelo G1, e está à frente de todas as capitais brasileiras.




Cinco municípios paraenses estão entre as 20 cidades do Brasil com maior número de mortes por Covid-19, por 100 mil habitantes.

O levantamento foi realizado pelo portal G1 e divulgado há pouco.

O município de Curuçá, no Nordeste paraense, ocupa o segundo lugar do ranking, com 90 mortes por 100 mil.

Em quarto lugar está a capital do estado, Belém, com 88 óbitos por 100 mil.

Ela está à frente de todas as capitais brasileiras nesse ranking, mas se prepara para reabrir seus shoppings centers e salões de beleza, na próxima quinta-feira.

Benevides vem em 12 lugar; Breves, em 13; Barcarena, em 18.

Elas têm, respectivamente, 59, 57 e 50 mortes por 100 mil.

Estranhamente, porém, nenhuma delas figura entre as 20 cidades brasileiras com maior número de casos confirmados de Covid-19 por 100 mil – o que indica alta subnotificação (é a opinião desta blogueira).

Entre as 20 cidades com maior número de casos por 100 mil só há uma cidade paraense: Canaã dos Carajás, que figura em 9 lugar, com 2.252 casos por 100 mil.

No levantamento, o G1 considerou apenas os municípios brasileiros com mais de 300 casos confirmados.  

Veja o levantamento completo do G1:

E Leia a postagem da Perereca: “Pará é o segundo estado do Brasil em mortes por 100 mil habitantes pela Covid-19, mas governador libera reabertura de shoppings, igrejas, salões de beleza e comércio varejista, na Região Metropolitana. Só Belém concentra 45% das mortes do estado, por essa doença”:

Pará é o segundo estado do Brasil em mortes por 100 mil habitantes pela Covid-19, mas governador libera reabertura de shoppings, igrejas, salões de beleza e comércio varejista, na Região Metropolitana. Só Belém concentra 45% das mortes do estado, por essa doença.




Segundo o Ministério da Saúde (https://covid.saude.gov.br/), o Pará era, na noite de ontem, o segundo estado do Brasil com maior número de mortes por Covid-19, por 100 mil habitantes.

No Pará, eram 34,0 mortes por 100 mil, marca só superada pelo Amazonas, com 49,5.

Ambos estavam, aliás, acima das médias do Brasil e da Região Norte (13,9 e 30,9 por 100 mil, respectivamente).

No entanto, o Pará estava em sétimo lugar em casos confirmados dessa doença, com 441,3 infectados por 100 mil habitantes, atrás do Amapá, Amazonas, Acre, Roraima, Ceará e Maranhão.

Isso pode significar que o coronavírus se tornou “mais eficiente”, no Pará, já que mata bem mais, apesar de contaminar menos gente.

Bem mais provável, porém, é que essa disparidade entre a quantidade de diagnosticados e de mortos oculte uma impressionante subnotificação, maior do que na maioria desses estados.

A menor estimativa é que para cada caso confirmado, no Pará, haja outros 6 não detectados.

E como fechou o dia de ontem com 38.046 casos confirmados, o número real seria superior a 228 mil pessoas infectadas, em todo o estado.

No entanto, um estudo recente, da Universidade de Pelotas, estima que já existam, só em Belém, 225 mil pessoas com anticorpos para esse vírus. Ou seja, foram infectadas:

Mesmo assim, na última sexta-feira (29), o governador Helder Barbalho liberou a reabertura de shoppings centers, barbearias, salões de beleza, igrejas e comércio varejista em duas regiões paraenses, incluindo a Metropolitana

(Veja o decreto do governador, publicado no Diário Oficial deste domingo:

A capital concentra mais de 30% dos casos diagnosticados de Covid-19 e 45% das mortes do estado.  

Mesmo assim, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, até reclamou, porque, ao que parece, queria ainda maior liberalidade do que a prevista no decreto governamental.

Certamente, porque está muito preocupado com o desemprego dos munícipes e as dificuldades financeiras da Prefeitura.

E não porque a família dele inclui donos de imobiliárias e de lojas de calçados, e até mesmo o presidente do sindicato dos lojistas de Belém, Joy Colares, que é primo de Zenaldo.

No entanto, é provável que o governador e o prefeito tenham dificuldade para convencer parcela expressiva da classe média de que já é “seguro” frequentar shoppings, barbearias e salões de beleza, onde o vírus, a bem dizer, “esfrega as mãozinhas” de tanta satisfação...

Na noite de sexta-feira, horas depois do anúncio do governador, a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) divulgou 14 novas mortes e 21 novas confirmações de Covid-19, ocorridas nas últimas horas.

É verdade que são números bastante reduzidos, quando comparados às mais de 100 mortes e 1.500 confirmações que chegaram a ser registradas, em um único dia, no pico da doença, entre o final de abril e o começo de maio.

Em um gráfico da Sespa, aliás, é possível ver, claramente, a grande redução, e tendência de redução, das mortes e confirmações, já que os casos foram colocados em uma linha temporal diária, de março para cá.

Veja abaixo:



Mesmo assim, há problemas.

E o principal é a subnotificação, que, como já visto, deve ser imensa.

Além disso, há o fato de que boa parte dos contaminados não apresenta sintomas.

E a probabilidade de que muitos desses assintomáticos esteja naquela fatia da população que descumpre o distanciamento social e, também, o isolamento, sempre que tem oportunidade.

E, ainda, a velocidade com que esse vírus se espalha.

O resultado é uma bomba relógio que poderá explodir pouco depois da reabertura desses estabelecimentos.

Até porque não há testes suficientes para a testagem em massa da população, e nem a possibilidade de rastrear os contatos de cada um dos infectados.

O próprio mapa exibido pelo governo à imprensa, na sexta-feira (e que abre esta postagem), é muito preocupante.

Nele, o estado foi divido em 8 grandes regiões.

Delas, 6 estão em vermelho, porque são de “alerta máximo”, já que abrigam municípios com alta taxa de transmissão dessa doença e baixa capacidade de resposta do sistema de saúde.

As outras duas regiões são aquelas em que ocorrerá a reabertura dessas atividades.

As duas, Araguaia e Metropolitana/Marajó Oriental/Baixo Tocantins, são de risco “médio”: a taxa de transmissão e a capacidade de resposta do sistema de saúde são “médias”.

Problema número 1: Pelo mapa, essas duas regiões estão ilhadas, no meio de um mar de alto risco.

Problema número 2: É para a Região Metropolitana, principalmente Belém, que desde sempre se deslocam os pacientes mais graves de todo o estado, de qualquer enfermidade.

E não apenas eles: também pessoas que trabalham aqui, ou que precisam resolver problemas que não conseguem resolver no interior, onde os sinais dos celulares são uma calamidade, a internet, quando existe, chega a doer de tão ruim, e onde não há determinados bancos e órgãos públicos.

É verdade que Helder manteve a suspensão do transporte intermunicipal de passageiros, exceto entre os municípios da Região Metropolitana.

Mesmo assim, pergunta-se: quanto tempo levará para que essas “ilhas médias” sejam invadidas por esse mar de alto risco?

Não seria mais prudente aguardar a melhoria de outras regiões do estado, antes de reabrir esses serviços?

Na Região Metropolitana, mais de 60% da população vive em favelas, aglomerada em cubículos, sem saneamento e, às vezes, até sem água.

Isso pode gerar uma tragédia inimaginável, diante de um vírus com essa velocidade de propagação.

Há notícias recentes sobre o potencial de disseminação dessa doença, nesses locais que serão reabertos.

Nos Estados Unidos, 2 cabeleireiros expuseram a esse vírus 140 pessoas, em um salão de beleza:

Em Santa Catarina, os casos de Covid-19 aumentaram sensivelmente depois que shoppings, igrejas e até restaurantes foram reabertos.

Dos 5.499 casos daquele estado, até o último 20 de maio, mais de 58% foram registrados após a reabertura desses estabelecimentos, diz a reportagem de um jornal local:

Em Blumenau, onde um shopping reabriu até com música, a doença também cresceu:


A reabertura desses locais, neste momento, é questionável até do ponto de vista econômico.

Porque as pessoas estão com medo.

E não vão ficar flanando em shopping center, para escolher o vestidinho da hora que não conseguirão usar nem no caixão. É simples assim.

Há reportagens, aliás, sobre esse baixo retorno financeiro, principalmente para os lojistas dos shoppings.

Além do medo, há o desestímulo causado pelas regras que têm de ser adotadas, para tornar esses ambientes menos inseguros.

A principal é o uso de máscara, que reduz em muito o risco de contágio, desde que observado um distanciamento mínimo de 1,5 metro das demais pessoas.

No entanto, a máscara não permite tomar nem sequer um copo d’água.

Ou fazer a barba. Ou pintar e cortar o cabelo direito, o que torna a reabertura de alguns desses locais até um “convite à transgressão”.

No caso do centro comercial de Belém, essa reabertura é ainda mais aflitiva, porque é lá que trabalham e fazem compras as pessoas mais pobres, justamente aquelas que essa doença mata mais.

E como se tudo isso não bastasse, não há fiscalização suficiente para todos esses locais, como admitiu, aliás, o prefeito de Belém, em uma entrevista à TV Liberal.

Então, que o Helder me perdoe, mas creio que ele e outros governadores só estão reabrindo esses serviços devido às violentas pressões do presidente da República, que não sossegará enquanto não massacrar milhares e milhares de brasileiros pobres, idosos e doentes.

Não quero ser injusta com o governador.

Reconheço, sim, todo o esforço que ele tem feito para proteger o nosso povo.

No Abelardo Santos, que ele transformou em pronto socorro, foram quase 29 mil atendimentos, até 28 de maio.

Na Policlínica, já são mais de 45 mil atendimentos, na capital e no interior.

Há, também, os hospitais de campanha, os mais de 1.800 leitos exclusivos para doentes da Covid-19, a contratação de médicos cubanos, entre muitas outras providências.

E há, principalmente, a resistência dele e de outros governadores, que se uniram contra o massacre da nossa população.

Quem conhece um pouco de contas públicas sabe o quanto tudo isso foi arriscado, já que o Governo Federal concentra, salvo engano, mais de 60% de todos os impostos arrecadados no Brasil.

Por isso, qualquer governador que brigue com o presidente da República, principalmente em se tratando de um sujeito como o Bolsonaro, acabará à míngua, sem dinheiro para investimentos em áreas essenciais, como Saúde e Segurança.

Penso, porém, que não há como concordar com a reabertura de serviços não-essenciais, enquanto não conseguirmos controlar a propagação desse vírus, que já contaminou mais de meio milhão de brasileiros, matando quase 30 mil.

E o que eu espero é que a sociedade se mobilize, e que o nosso Ministério Público cumpra com o seu dever, ajuizando todas as ações possíveis para manter fechados, pelo tempo que for preciso, todos os serviços não-essenciais no estado do Pará.

FUUUIIII!!!!