segunda-feira, 23 de novembro de 2009

tucanos




As bicudas tucanas e
a guerra da informação


A semana terminou e começa sem a definição das candidaturas majoritárias dos tucanos paraenses às eleições de 2010.



Almir Gabriel e Simão Jatene permanecem candidatos ao Governo. E Mário Couto também, já que só abriu mão de sua candidatura em favor de Almir – quer dizer, sua “renúncia” não é irrevogável.



A semana que passou foi exatamente assim: cada um esticou a corda o mais que pôde e travou, nos bastidores, uma verdadeira guerra de informações.



A boataria, aliás, gerou um fato curioso: duas reportagens contraditórias sobre um mesmíssimo fato – a reunião de Almir e Jatene, em Brasília – publicadas pelos jornais O Liberal e Diário do Pará.



Enquanto o Diário dava como praticamente definida a chapa tucana, com Almir para o Governo e Jatene para o Senado, O Liberal dizia que nada estava decidido e que o pretendido era o inverso: Jatene para o governo e Almir para o Senado.



Aliás, os jornalões não se entenderam nem em relação aos participantes da reunião: enquanto o Diário até entrevistou Flexa Ribeiro, O Liberal dizia que ele não compareceu porque não foi convidado – o que, aliás, se fosse verdade, já renderia uma boa matéria, dada a descortesia, para dizer o mínimo, em relação ao presidente regional do PSDB...



Nesse quadro de tititi desenfreado – e ponha tititi nisso – surgiram os boatos mais absurdos: falava-se em “rebelião” da bancada estadual do PSDB contra a possível candidatura de Almir ao Governo.



E dizia-se, também, que Almir e Mário Couto estariam dispostos a deixar o PSDB, caso Jatene seja escolhido para disputar o Governo do Estado.



A primeira hipótese foi desmentida ao blog pelos próprios “rebelados”.



Tanto o líder da bancada na Assembléia Legislativa, José Megale, quanto os deputados Ítalo Mácola, Tetê Santos e Suleima Pegado bateram na mesma tecla: nunca ouviram falar disso, respeitam muito Almir e o PSDB segue em busca da unidade partidária.



“O candidato que apóio é o Jatene e ainda não trabalho com a hipótese de não ser o Jatene. Ele é o melhor para o Pará, porque a sociedade quer – tanto assim que lidera as pesquisas. Mas, não tenho nada contra o Almir ou o Mário”, disse Megale.



“Não existe isso de rebelião. Se ele (Almir) for o candidato, estaremos todos unidos. Temos espírito partidário”, afirmou Ítalo Mácola.



“Não existe isso (de não aceitar Almir). Não há esse sentimento. Estamos brigando pelo Jatene, mas, somos do PSDB. E, o que o PSDB decidir, vamos levar” – ecoou Suleima.



“Não há rebelião, não tenho essa informação, não tivemos reunião de bancada. Almir foi um bom governador. E o que interessa é que estejamos todos juntos nessa batalha”, garantiu Tetê.



O segundo boato – o de que Almir e Couto estariam dispostos a deixar o PSDB, caso Jatene seja o candidato ao governo – foi desmentido pelo próprio Almir, em entrevista a repórter Rita Soares, do jornal Diário do Pará, neste domingo.



Além disso, nunca foi muito crível, porque o troca-troca de legenda poderia custar os quatro anos de mandato que Mário Couto ainda tem pela frente, no Senado Federal.



No entanto, esse segundo boato, além de reforçar, ainda na semana passada, a probabilidade de que tudo permanecesse indefinido nos arraiais tucanos – como de fato permanece – deixou a sensação de que Jatene está, sim, em vantagem nessa disputa.



Afinal, se Almir e Couto fossem os “donos da bola”, por que a necessidade de ameaça tão grave, ainda que oriunda dos bastidores?



Já a hipótese de uma rebelião da bancada estadual, diante da candidatura de Almir, embora desmentida, pode, sim, se concretizar, e também entre os candidatos à Câmara dos Deputados, no decorrer do processo eleitoral.



Porque o naufrágio anunciado da candidatura de Almir tem tudo para estabelecer no partido um verdadeiro salve-se quem puder...





II





Almir já tem quase 80 anos.



E nem mesmo as fantasias que desperta um novo amor têm o poder de mudar isso...



É certo que é teimoso, persistente, valente, destemido. Qualidades singulares que o levaram a vencer a eleição de 1994, apesar de ter iniciado a campanha em comícios, como gostam de lembrar alguns tucanos, cuja audiência se resumia “a um bêbado, um cachorro e um poste”.



É certo, também, que foi o melhor administrador público que o Pará conheceu em sua história recente – tanto assim, que ainda hoje o estado colhe os frutos de tudo aquilo que semeou.



Mas, nada disso significa rigorosamente nada para o grande senhor do mundo: o tempo.




E o tempo é o maior inimigo de Almir.




Não apenas pelas limitações físicas que impõe, especialmente, num estado gigantesco e de infra-estrutura problemática como o Pará.




Mas, também, porque o “almirismo” ficou para trás.




Deixou ao Pará, é verdade, uma herança extraordinária, em termos de ética e de equilíbrio fiscal.




Mudou o olhar da sociedade paraense em relação à coisa pública.




É claro que tudo isso, num contexto maior, de avanço da própria sociedade brasileira.




Mas, o almirismo teve o mérito de acelerar tais avanços, num ritmo muito maior do que o normal desta imensa província, onde tudo demora séculos a chegar.




Em outras palavras: consumou, em apenas oito anos, o que, talvez, levássemos décadas para estabelecer.




E foi justamente essa semente tão poderosa que também fez envelhecer rapidamente o almirismo, do ponto de vista democrático.




Já em 2006, o almirismo era, para a democracia, um retrocesso, o passado.




Assim, uma eventual candidatura do “Velho” já nasce sem chances de prosperar.




“Se o Almir não desistir, não acredito que consiga levar adiante essa candidatura. Não é que não gostem dele. Mas, temem pela candidatura dele, até pela idade (78 anos). O tempo dele já passou, do ponto de vista da idade e até da história”, diz-me um tucano de alta patente.




E acrescenta: “O Almir cumpriu um papel num determinado momento. Mas, hoje, é outro momento – e as eleições têm de ser pautadas em função do momento. Em 2006, o Almir já sofreu com o ‘desgaste do uso’. E se, já naquela época, ele não representava essa necessidade de renovação, mais ainda agora”.




Segundo a fonte, não há, simplesmente, “clima”, dentro do PSDB, para a candidatura de Almir. “Mas, não se pode, também, jogá-lo na sarjeta, passar por cima dele”, comenta. Daí o sapateado de catita dos jatenistas nas negociações, “até para evitar problemas maiores”.




Um passo considerável na busca de uma saída negociada para esse impasse foi, justamente, a reunião, em Brasília, entre os dois ex-amigos e ex-governadores.




O encontro foi, de fato, a única novidade da semana, no cabo-de-guerra tucano, já que colocou Almir e Jatene frente a frente, pela primeira vez, desde o rompimento.




“A reunião foi muito boa. Eles (Almir e Jatene) conversaram amistosamente, trocaram opiniões a respeito de projetos para o estado. Foi uma reunião muito proveitosa”, diz o presidente regional do PSDB, Flexa Ribeiro.




“Os dois conversaram. Não esperávamos mais do que isso. E isso foi conseguido”, resume o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, que, junto com os também senadores Flexa Ribeiro e Tasso Jeireissati, participou do encontro.




Guerra, aliás, confirmou ao blog que Mário Couto se dispõe a abrir mão de sua candidatura, “em torno de Almir”, e que esse último, “só seria candidato ao governo se chamado por todos, se fosse uma mobilização. Ele não se coloca como candidato: admite que, se for para unir o partido, pode ser candidato ao governo”.




Na verdade, a “renúncia” de Couto e a entrada em cena de Almir se assemelham muito mais a uma estratégia para acuar Jatene, do que a qualquer outra coisa.




Entre os coutistas, é verdade, garante-se que a desistência de Couto “é só em função de Almir” (aliás, ele estaria disposto a não apoiar Jatene para o governo) e que a candidatura do “Velho” é mesmo pra valer.




“Ele (Almir) diz que tem projetos ambiciosos para o estado e que está com uma visão mais ampla e que pode cometer menos erros. A candidatura dele não é só para afastar o Jatene e o Mário assumir. Isso não passa de especulação”, diz-me uma fonte coutista.




No entanto, a mesma fonte, quando devidamente “espremida”, admite que o próprio Almir “é consciente de que não agüenta uma campanha”.




Logo, fica difícil acreditar que o tucano-mor pretenda, de fato, ser candidato.




E talvez o que ajude a clarificar um pouquinho esse quadro seja a informação de que a “renúncia” de Couto teria sido decidida numa reunião que ele teve com Almir, na semana anterior ao encontro deste com Jatene.




A reunião, no gabinete do senador, durou cerca de uma hora. E nela, eles teriam chegado à conclusão de “que era o momento de o Almir entrar”.




Nesta semana, Almir e Jatene devem se reunir novamente, talvez com a presença da bancada estadual do PSDB.




Entre os tucanos, a expectativa é que o imbróglio seja resolvido até o final deste mês, ou, o mais tardar, no começo de dezembro – embora esse já seja o terceiro prazo fixado para a resolução do impasse.




Flexa Ribeiro observa que a disputa se restringe às lideranças partidárias. “O partido, na base, está unido. Quando se definir o candidato, vai todo mundo junto”, garante.



III




“Essa não é uma decisão que se tome ao sabor das paixões. Se fosse para nomearmos um governador, aí seria assim. Mas, quem decide é a população. E temos de ver ao que ela aspira” – pondera o deputado Ítalo Mácola, ao apontar a necessidade de que o escolhido, para disputar o governo, seja o mais bem posicionado nas pesquisas.




E esse, segundo ele, é Simão Jatene: “As pesquisas mostram que, por ter sido o último governador, o Jatene tem uma possibilidade muito boa de ganhar a eleição. O nome dele é muito lembrado, tanto pela população, quanto pelos partidos com os quais temos conversado, para ver quem agrega mais.”




Pragmático, Ítalo observa que nem ele, nem os seus pares têm nada de pessoal contra Almir ou Mário Couto: “Se o Almir ou o Couto tivessem todas as condições, o candidato seria um deles”.




Mas, observa, “ninguém faz eleição para perder”. Daí acreditar que essa análise “profissional” das eleições está a ser feita, também, pelo Diretório Nacional. E explica: “O Pará é o maior palanque do PSDB no norte do país. Isso tem interesse direto nas eleições presidenciais”.




O fator Almir Gabriel, no entanto, não causa alvoroço, apenas, nos arraiais tucanos.




Na verdade, a possibilidade da candidatura de Almir incomoda igualmente ao PMDB, por restringir-lhe o espaço de manobra.




Afinal, nem mesmo quem acredita em Papai Noel aposta um dedal de mel coado na possibilidade de Jader Barbalho apoiar Almir, para o Governo do Estado.




Porque o PMDB pode até reclamar – e com alguma razão – do tratamento que lhe é dispensado pelos petistas.




Mas, nada se compara à tentativa de asfixia de que foi vítima, durante os oito anos do governo do tucano-mor.




Daí a restrição do espaço de manobra: sem a hipótese tucana, o que restaria, concretamente, ao PMDB, para ameaçar o PT?




Mas, isso, já é outra história...



FUUUUUIIIIII!!!!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Você afirma que Almir deixou uma herança extraordinária, em termos de ética. Isso significa que o nós sabemos de Marcelo Gabriel é mentira ? Que a prisão dele foi engano ? Que ele não se escondeu ? Na minha opinião você pisou na bola. Ou você acha que o Almir não tem nada a ver com os "negócios" de Marcelo ?

Anônimo disse...

Em termos de ética ele deixou a mesma herança genética que deixou ao filho Marcelo Gabriel?