No blog da Articulação Bancária ( www.artebancaria.blogspot.com ), o terceiro blog da entrevista concedida à jornalista Vera Paoloni pelo chefe da Casa Civil, Cláudio Puty.
Nele, Puty fala sobre a aceitação do pedido de intervenção federal no Pará pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJE), a atuação da senadora Kátia Abreu e a importância da aliança do PT com o PMDB - que ele acredita, sim, será reeditada, nas eleições do ano que vem.
Eis um pedacinho da entrevista:
Arte bancária – Secretário, qual a polêmica que está havendo entre o Tribunal de Justiça e o Governo do Estado do Pará?
Cláudio Puty –Na realidade o que o Tribunal [TJE] julgou foi a admissibilidade da intervenção do estado do Pará. Ele não decidiu sobre o mérito da questão se deveria ou não ter uma intervenção do estado do Pará. Obviamente, eles poderiam ter decidido pela não-intervenção através do arquivamento, decidido remeter a outro tribunal. A polêmica diz respeito aos números de reintegração de posse. Nós temos números, estamos acatando decisões judiciais, aliás, as reintegrações de posses que temos feito, além de ser em números maiores que de governos anteriores, estão sendo feitos em comum acordo com juízes das varas agrárias e em contato com o MP [Ministério Público], a Defensoria Agrária... então, a possibilidade de nós podermos explicar, de mostrar no STF [Supremo Tribunal Federal] nossos números, é uma coisa que vai acabar sendo uma feliz oportunidade para o estado do Pará. Portanto, o que nos diferencia é que nós somos contra qualquer tentativa de intervenção do Estado do Pará, porque eu acho que os paraenses podem dar conta de governar o seu próprio Estado.
Arte bancária – O senhor acredita que o acolhimento do pedido de intervenção é um atentado contra o povo do Pará?
Cláudio Puty – Eu não acho que haja risco, a probabilidade do acolhimento de intervenção é muito baixa, o próprio Ministro Gilmar Mendes há duas semanas esteve aqui em Belém e disse para todos que quisessem ouvir que não havia motivo para intervenção federal no Pará. Agora, isso seria uma coisa absolutamente inédita desde a época da ditadura militar porque nós não tivemos nenhuma intervenção federal, que, aliás, é decidida pelo presidente da República. Nós tivemos o assassinato da irmã Dorothy, tivemos assassinatos de diversas lideranças camponesas, tivemos o massacre de Eldorado do Carajás, tivemos governadores que mandaram destruir pontes no sul do Pará com base no uso da força e não se falou de intervenção federal. Tivemos uma queda recorde de desmatamento da Amazônia neste ano, nós já tivemos momentos antes em que o desmatamento foi recorde aqui no estado do Pará e ninguém falou de intervenção. Então, parece que, nesse caso, não há necessidade. Precisaríamos usar os mesmos pesos e as mesmas medidas para tratar situações distintas.
Arte bancária – O senhor acha qual o papel da senadora Kátia Abreu, do Democratas, nesse episódio particular e também na luta pela terra aqui no Estado?
Cláudio Puty – A senadora Kátia Abreu tem se mostrado muito ativa, muito atuante, tem tido um mandato importante na defesa dos interesses de quem ela representa. Ela representa o que há de mais atrasado em Belém, os latifundiários, os grileiros...então ela representa bem a turma dela. O seu papel foi vir aqui e fazer agitação política contra o governo popular, o governo da Ana Júlia, o governo do PT, PSB, PC do B, exatamente para demarcar politicamente as nossas divergências ideológicas, nossas divergências em relação a contratar o movimento social do campo, nossas divergências em contratar da regularização fundiária. Tem muita gente que não quer que o nosso governo dê certo a partir do sucesso das políticas que nos estamos implementando no campo: criação dos assentamentos estaduais de reforma agrária, Zoneamento Econômico e Ecológico, o Cadastro do Trabalhador Rural, o fim do embargo à carne do Pará a partir de compromissos pecuaristas com uma agenda verde, a regularização fundiária a partir do Terra Legal, do Pará Rural, e das ações do Iterpa... Tem gente que não quer, porque tem gente que não quer vir para a legalidade e talvez, eu espero que não, a senadora Kátia Abreu represente essa turma.
Arte bancária – O Governo apanha muito da mídia nacional, da mídia local... O senhor acredita que isso é sistemático de oposição ou é um preconceito contra a governadora?
Cláudio Puty – Acho que é uma combinação das duas coisas...Acho que a governadora hoje apanha menos da mídia, mas nós tivemos muitos momentos de tensão desde o início de governo. Primeiro, porque nós representamos a entrada no Executivo de gestores, de militantes, de representantes de força política que nunca estiveram no governo, então isso representa um estranhamento com todas as outras instituições. Estranhamento com o Legislativo, com o próprio Judiciário, Tribunais de Contas... É gente nova que representa interesses distintos, interesses das classes populares que vêm para o aparelho do Estado. E na relação com a mídia, isso tem repercussões, à medida que a mídia está muito ligada aos interesses de grupos pequenos, que representa pouca gente, mas poderosa aqui no Estado do Pará. Tivemos momentos de afirmação na tevê pública, isso gerou conflitos também no caso das antenas da Funtelpa, no caso da expansão do sinal da TV Cultura para o interior do Estado. Tivemos momentos de conflitos com nossos aliados, repercussões nos grupos empresariais ligados aos aliados e temos, obviamente, o problema da mídia ser conservadora como, por exemplo, o caso do “apagão” que foi uma interrupção pontual de energia elétrica, ainda que significativa, quando que, na época do FHC, nós tivemos o racionamento sistemático de energia por meses a fio e a falência do sistema de geração de energia do Brasil e, neste caso, pra bater na Dilma, pra bater no Lula, estão chamando de apagão pra duas coisas totalmente distintas. Então há uma turma conservadora da mídia, não à toa que muitas das vezes é chamada de Partido da Impressa Golpista. (risos)
Arte bancária – O senhor acredita que vai sair uma aliança entre o PT e o PMDB pra sucessão da governadora?
Cláudio Puty – Eu acredito que sim. É fundamental para o Pará, é fundamental para a estabilidade de qualquer governo, seja governo do PT ou PMDB no futuro, uma aliança desses dois partidos, e isso atende ao interesse do PMDB e do PT a nível nacional, então isso não é uma questão local. As questões que separam o PT e o PMDB de um acordo para marchamos juntos na direção da convenção são pequenas, comparadas com aquilo que está à nossa espera no futuro, possibilidades de mais quatro anos à frente do executivo estadual, possibilidades de implementar políticas públicas que mudem a cara do Estado.Há um movimento do governo federal, um movimento da direção geral do PMDB, eu acredito que sim, que exista plenas condições pra que isso ocorra.
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Um comentário:
Diz que ela, a blogueira, será a comandante em chefe da propaganda na campanha dele, o secretário, para dep. fed.... será? Estranha, no entanto, que tenha sido ele e seu governo que tenham exonerado ela, quando era assessora do presi do banpará (desde a era tucana)... ausência de mágoa ou excesso de pragmatismo e apego ao poder? vai saber...
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