As péssimas condições de conservação do prédio do Iterpa e a ameaça de destruição de todo o patrimônio documental fundiário do Pará: retratos de um estado caindo aos pedaços. Literalmente. |
A promotora de Justiça Elaine
Cristina Pinto Moreira recomendou ao Corpo de Bombeiros a imediata interdição
do prédio sede do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), em Belém.
A recomendação está datada de 16
de agosto, mas só hoje foi divulgada pela Assessoria de Comunicação do
Ministério Público Estadual.
No documento, Elaine também
recomenda que a presidência do Iterpa e a Secretaria Especial de Estado de
Infraestrutura Logística para o Desenvolvimento Sustentável adotem medidas
emergenciais para salvaguardar o patrimônio documental fundiário do Pará, que
se encontra em risco de total destruição, devido a infiltrações e até ameaça de
incêndio.
A decisão teve por base vistoria
realizada pela promotora (que é da Promotoria Agrária), em 29 de julho, para apurar
as condições de arquivo e guarda dos documentos existentes no Iterpa.
Na vistoria, Elaine constatou que
“os prédios onde funcionam as atividades do ITERPA não apresentam adequadas
condições de arquivo, manutenção e proteção das informações fundiárias do
estado, seja em razão da degradação do prédio que possui muitas infiltrações,
seja em razão do risco visível de incêndio que pode exterminar do dia para a noite
todas as informações fundiárias do estado (...)”.
Outro problema é que esse acervo “não
está adequadamente acondicionado, existindo processos espalhados pelos corredores,
pelo chão do Centro de Documentação e Informação, bem como alocados em lugares
impróprios com o almoxarifado e a sala dos motoristas(...)”.
Durante a visita, também foi relatada
à promotora a ocorrência “rotineira” de curtos-circuitos e alagamentos.
Na recomendação, Elaine cita um
parecer do Centro de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiros.
O parecer atesta a existência de
trincas e fissuras em algumas paredes, recalque acentuado do piso do prédio,
infiltrações e problemas elétricos - como a subestação de energia que se
encontra quase no limite máximo de carga.
O parecer, que é de abril de 2011, concluiu pela
necessidade “urgente” de reforma das instalações, até pela possibilidade de
agravamento dos problemas em decorrência das chuvas, o que poderia até colocar
em perigo “a integridade das pessoas que ali frequentam”, escreveu a promotora.
Em 15 de abril deste ano, a
Diretoria de Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros constatou que os
problemas persistiam e classificou o prédio como “Escritório com média carga
incêndio”.
Também concluiu pela necessidade
de um projeto de combate à incêndio e regularização do prédio junto ao Corpo de
Bombeiros; recarga e sinalização de extintores, hidrantes e rotas de fuga, dentre
outras medidas para sanar as irregularidades.
Outro parecer, elaborado por
técnicos do MPE, foi na mesma direção: constatou que o prédio do Iterpa “possui
deficiências no sistema de combate a incêndio e pânico, o que expõe a risco
tanto as pessoas que lá trabalham quanto a documentação de relevante
importância que é o acervo fundiário de todo o Estado do Pará”.
Os técnicos apontaram, ainda, as
péssimas condições de conservação do prédio principal e atestaram a necessidade
de “intervenções urgentes no sentido de garantir
melhores condições de trabalho e segurança dos funcionários que lá
trabalham e do acervo fundiário do Estado”.
A promotora fixou um prazo
de 15 dias úteis para a comprovação documental de que a recomendação que emitiu
foi cumprida.
Leia a íntegra da recomendação: http://www.mp.pa.gov.br/upload/recomendacao%20iterpa%20bombeiros.pdf
Um comentário:
Militarização e tentativa de privatização velada do DETRAN são constantes e apenas mudam de forma, sob a alegação de pertencer ao sistema de segurança. Só que atualmente o PSDB não medirá esforços em sua implantação.
Consequência antidemocrática de uma política desastrosa de entrega do patrimônio público a grupos econômicos. Já que há tempos o DETRAN perdeu a sua autonomia administrativa, financeira e orçamentária.
Hoje nada mais é do que uma moeda de troca, uma instituição que virou um campo fértil para o nepotismo, compadrio, troca de favores, e a praga da corrupção.
Instituição que arrecada ao ano cerca de 270 milhões de reais, mas continua prestando um péssimo serviço aos usuários. Cobra umas das taxas mais caras do País, mas não implementa o PCCR de seus servidores e nem realiza concursos público para cerca de 800 vagas.
A Babel anacrônica chamada DETRAN, no atual governo, já está no sexto Diretor sem autonomia, tamanha é a disputa pela "plata".
Há informações de que o convênio com a polícia militar rodoviária, neste ano, já recebeu do DETRAN cerca de R$ 29 milhões, mesmo ostentando a fama de possuir policiais corruptos em seus quadros e de realizar um serviço pífio (que o diga os condutores de veículos de passeio e caminhões que trafegam nas rodovias estaduais).
O que o DETRAN merece é ser Blindado, a exemplo da SEFA, para o bem da sociedade e de seus servidores.
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