(Foto: blog do Charles Alcântara) |
É uma tragédia anunciada.
O Pará já possui um dos piores IDHM (Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal) do Brasil: está em 24º lugar, empatado com o
Piauí e à frente apenas do Maranhão e Alagoas.
Mesmo assim, foi um dos estados brasileiros que
menos gastou com investimentos, nos últimos dois anos, proporcionalmente à
despesa total do governo.
Alagoas, Piauí e Maranhão investiram bem mais do
que o Pará e chegaram até a figurar entre os campeões nacionais de investimentos.
E na Região Norte, onde já detém a lanterninha do IDHM,
o Pará foi quase sempre um dos últimos colocados em investimentos, nos últimos
12 anos.
Os melhores desempenhos do Pará foram em 2005 e
2006, quando ocupou o quarto lugar no ranking regional.
Mas em 2007, 2008, 2009, 2011 e 2012, ele ficou em
último lugar em investimentos.
E em 2010, apesar de ter investido mais de 11% do
total da despesa, só conseguiu ganhar do Amapá.
Quer dizer: se
nada for feito, o Pará poderá se tornar, nos próximos anos, o pior estado em
desenvolvimento humano do Brasil.
Estado despencou no ranking nacional
Sinais dessa possibilidade
não faltam.
No final do mês
passado, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgou o
Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, elaborado em parceria com o
IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e a Fundação João Pinheiro.
O IDHM é
composto por três indicadores (ou subíndices): Renda, Educação e Longevidade.
O trabalho tem
por base os Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010, realizados pelo IBGE.
E são esses
dados que deixam patente a situação aflitiva do Pará.
Entre 1991 e
2010, ou seja, em 20 anos, o Pará simplesmente despencou no ranking nacional do
IDHM.
Em 1991, o Pará
era o 17º IDHM do Brasil.
Em 2000, caiu
para a 19ª posição.
E em 2010, ficou
em 24º lugar, empatado com o Piauí e à frente apenas do Maranhão e Alagoas, o
“lanterninha” da Federação.
Ou seja, caiu 7
posições.
E não é que o
IDHM do Pará não tenha melhorado: melhorou, sim.
Em 1991, o IDHM
do Pará (0,413) era menor que o de Melgaço (0,418), o pior do Brasil, segundo o
Atlas 2013.
Já em 2010, o
IDHM do Pará atingiu 0,646 – ou seja, cresceu 56,41% em 20 anos.
Um crescimento excelente,
se o Pará ficasse no Sul ou no Sudeste, as duas regiões mais ricas do Brasil.
Isso porque, em
todo o Norte e Nordeste, as duas regiões mais pobres do país, só 3 estados
cresceram menos do que o Pará: Roraima, Pernambuco e Amapá.
Mas há um
“detalhe”: Roraima, Pernambuco e Amapá sempre tiveram IDHMs superiores ao do
Pará.
Além disso, Amapá
e Roraima são os únicos estados do Norte e Nordeste que possuem IDHM
considerado alto – acima de 0,700.
Todos os estados
mais pobres do Norte e Nordeste, inclusive Piauí, Maranhão e Alagoas, que sempre
possuíram os piores IDHMs do Brasil, cresceram mais em desenvolvimento humano do
que o Pará.
Piauí e
Maranhão, por exemplo, cresceram mais de 78%.
Alagoas, mais de
70%.
E o campeão
nacional, o estado do Tocantins, estuporou a boca do balão com quase 90% de
crescimento do IDHM, nesse período.
Aliás, em se
tratando da Região Norte, não há estado (à exceção do Tocantins, em 1991) que
tenha ocupado posição tão ruim quanto o Pará, no ranking nacional do IDHM.
E mais: os IDHMs
Educação do Maranhão e do Piauí já são maiores que o do Pará.
O IDHM Educação
do Pará é o segundo pior do Brasil, atrás apenas de Alagoas.
Resumo da ópera:
enquanto os estados mais pobres do país melhoram aceleradamente a qualidade de
vida, justamente para “tirar o atraso”, o Pará caminha a passo de cágado.
Daí estar
ficando cada vez mais para trás.
O crescimento do IDHM dos estados em 20 anos
Veja o ranking e
os quadros elaborados pela Perereca da Vizinha, a partir dos números do Atlas
de Desenvolvimento Humano 2013.
Primeiro um
ranking mostrando o crescimento do IDHM dos estados brasileiros, nos últimos 20
anos.
Os dados são do Atlas, mas os percentuais foram
calculados pela
Perereca (se quiser, confira: divida
o IDHM de 2010 pelo IDHM de 1991, subtraia 1 e multiplique por 100).
Para facilitar a
visualização, os estados foram divididos por regiões:
SUL
PARANÁ: 47,73%
SANTA CATARINA:
42,54%
RIO GRANDE DO
SUL: 37,63%
SUDESTE
MINAS GERAIS:
52,92%
ESPÍRITO SANTO:
46,53%
SÃO PAULO:
35,46%
RIO DE JANEIRO:
32,80%
CENTRO OESTE
MATO GROSSO:
61,46%
GOIÁS: 50,92%
MATO GROSSO DO
SUL: 49,38%
DF: 33,76%
NORDESTE
MARANHÃO: 78,99%
PIAUÍ: 78,45%
PARAÍBA: 72,25%
BAHIA: 70,98%
ALAGOAS: 70,54%
CEARÁ: 68,39%
SERGIPE: 62,99%
RIO GRANDE DO
NORTE: 59,81%
PERNAMBUCO: 52,95%
NORTE:
TOCANTINS:
89,43%
RONDONIA: 69,53%
ACRE: 64,92%
AMAZONAS: 56,74%
PARÁ: 56,41%
RORAIMA: 54,03%
AMAPÁ: 50%
E aqui, um
quadro específico da Região Norte, mostrando a evolução do IDHM entre 1991 e
2000; 2000 e 2010; e 1991 e 2010 (percentuais
calculados pelo blog):
Aqui, um quadro
com os rankings nacionais de IDHM, em 1991, 2000 e 2010. Os dados foram
extraídos do site do PNUD (http://www.pnud.org.br/IDH/Atlas2013.aspx?indiceAccordion=1&li=li_Atlas2013), na base do control
C, control V.
Repare que, em
2000, o Acre aparecia empatado com Sergipe, embora Sergipe tivesse IDHM igual
ao do Pará – e superior, portanto, ao do Acre. O blog não sabe se isso decorreu
de um erro ou da utilização de algum critério (como o eventual peso de
indicadores). Daí ter mantido a informação exatamente como estava.
Se você quiser
conferir, clique no link acima e veja, na página do PNUD, na coluna do lado
esquerdo, o ranking de “IDHM UF”.
Veja o quadro (clique em cima dele para ampliar):
Aqui, um quadro
retirado da página do PNUD, com o IDHM geral e os IDHMs Renda, Longevidade e
Educação de cada estado, em 2010.
Repare que o
IDHM Educação do Pará só é melhor que o de Alagoas:
E aqui quadrinhos específicos da Região Norte mostrando o IDHM geral e os IDHMs Renda,
Longevidade e Educação de cada estado, bem como a posição que ocupavam no
ranking nacional, em 1991, 2000 e 2010. Repare que os IDHMs Renda e Educação do Pará são os menores da Região Norte. E no IDHM Longevidade ele só ganha do Acre. Os dados também foram extraídos na base do control C, control
V:
A Perereca volta já com a segunda parte
da reportagem “O Pará ladeira abaixo”.
Um comentário:
Interessante para uma primeira pontuação, mas esse dado ecônomico atualizado não responde a pergunta. Por que o Pará é tão atrasado em desenvolvimento? Quem sabe podemos dar uma olhada no indice de corrupção que coloca o Pará entre os três mais corruptos do país, junto com Maranhão e Alagoas. Esses Estados também são a imagem do atraso. Também poderíamos verificar o caminhão de privilégios que os agentes políticos paraenses recebem, enquanto a população minguada e ignorante vive pelo dia sem qualquer visão estratégica, afinal em terra de cego quem tem olho é rei.
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