segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Incrível! Pará investe apenas 33 centavos por dia por cidadão paraense. Em 2012, investimento per capita do Pará ficou em R$ 121,83 e foi o antepenúltimo do ranking nacional. Em 2011, per capita de investimento do Pará foi ainda pior: só R$ 72,86, o penúltimo lugar do Brasil. Per capita de investimento do Pará leva surra na Região Norte e perde até para Alagoas, Maranhão e Piauí. Investimento per capita do Acre é 9 vezes maior que o do Pará. Tudo na segunda parte da reportagem “O Pará ladeira abaixo”.



Jatene: planejamento e mais planejamento e um investimento de 33 centavos por dia por cidadão paraense.Avalia se não planejasse...



Em 2012, o valor investido pelo Governo do Pará por habitante (ou per capita) ficou em apenas R$ 121,83 – o que dá impressionantes 33 centavos por dia, por paraense.

Foi a terceira pior per capita de investimento entre os estados brasileiros; o 25º lugar do ranking nacional, à frente apenas de Goiás e Rio Grande do Sul.

No entanto, Goiás e Rio Grande de Sul figuram entre os 10 maiores IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) do País.

Já o Pará é o 24º IDHM nacional, empatado com o Piauí e à frente apenas do Maranhão e de Alagoas (Leia a primeira parte da reportagem “O Pará ladeira abaixo”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/09/para-pode-virar-lanterninha-do-idhm-do.html).

Como o leitor já deve ter deduzido, todos os estados do Norte e Nordeste (as regiões mais pobres do Brasil; aquelas que mais precisam de investimentos para melhorar a qualidade de vida) tiveram uma per capita superior a do Pará.

O Maranhão, por exemplo, investiu por habitante R$ 173,26.

O Piauí, R$ 227,79.

E Alagoas, o lanterninha de IDHM do Brasil, investiu por pessoa R$ 239,09.

Na Região Norte, então, a surra foi feia.

O Acre, o campeão nacional, teve um investimento per capita de R$ 1.107,07 – nove vezes superior ao do Pará.

Roraima, o segundo colocado, investiu R$ 873,33 por pessoa.

O Amazonas, R$ 427,88.

O Amapá, R$ 409,21.

O Tocantins, R$ 395,96.

E Rondônia, R$ 286,74.

Resumindo e concluindo: em 2012, o Pará foi o lanterninha do investimento per capita do Norte e Nordeste.

E o sexto colocado da Região Norte, Rondônia, investiu por habitante mais que o dobro do Pará. 


Per capita de 2011 não dá pra 8 litros de açaí 


Mas se você pensa que esse foi o pior desempenho do Pará, surpreenda-se: em 2011, a per capita de investimento do Pará foi de R$ 72,86, a penúltima do Brasil, atrás apenas do Paraná (que possui o quinto IDHM nacional).

Bem vistas as coisas, o que o Pará gastou em investimento por habitante, em 2011, mal dá pra comprar 8 litros de açaí médio: atualizados pelo IPCA-E de junho deste ano, esses R$ 72,86 valeriam hoje R$ 80,17.

Em 2011, o Acre, também naquele ano o campeão nacional, investiu R$ 784,72 por habitante – ou 10 vezes mais do que o Pará.

Roraima, R$ 757,82.

O Amapá, R$ 472, 03.

O Amazonas, R$ 439,83.

O Tocantins, R$ 388,04.

E Rondônia, R$ 310,20

Todos os estados do Nordeste também apresentaram per capita superior a do Pará – aí incluídos Piauí, Maranhão e Alagoas.

A per capita de Alagoas foi de R$ 178,68.

A do Piauí, R$ 168,46.

A do Maranhão, R$ 149,37 – o dobro do Pará. 


Quase no fundo do poço. 


Na verdade, o investimento per capita do Pará, em 2011, foi o pior desde 2000 – ou seja, nos últimos 12 anos.

E isso tanto em valores atualizados (que é a única maneira de realmente comparar alguma coisa), quanto em termos de posição do estado no ranking nacional de investimento por habitante.

Por um triz o Pará não vira o lanterninha nacional, já que a per capita do último colocado, o Paraná, foi de R$ 72,75 – ou apenas 11 centavos menor que a do Pará.

Vale salientar, no entanto, que essa situação aflitiva irmanou tucanos e petistas, a partir de 2003.

Entre 2003 e 2006, no primeiro Governo Jatene, o Pará praticamente só fez cair no ranking nacional de investimento per capita.

Entre 2002 e 2003,  caiu do 8 º para o 11º lugar.

Em 2004, para o 14º.

Em 2005, para o 16º.

Só melhorou um pouco em 2006, quando voltou a 14º.

Em 2007, no primeiro ano do governo petista, o Pará caiu para 19º.

Em 2008, subiu para 18º.

Em 2009, despencou para 24º.

E em 2010, subiu para 21º.

Em 2011, no novo Governo Jatene, despencou para 26º.

E em 2012, subiu para 25º. 


Sem luz no fim do túnel 


Na verdade, saltam aos olhos duas conclusões, a partir dos números levantados pela Perereca no DIEESE do Paraná, Secretaria do Tesouro Nacional, IBGE e Atlas do Desenvolvimento Humano de 2013, do PNUD/IPEA/Fundação João Pinheiro.

A primeira é que o governo anterior de Jatene, entre 2003 e 2006, parece ter interrompido uma tendência de crescimento do Pará no ranking nacional de investimento per capita.

Em 2000, ainda no governo do também tucano Almir Gabriel, o Pará ocupava o 15º lugar desse ranking.

Em 2001, subiu para 11º.

E em 2002, chegou a 8º - a melhor posição desses 12 anos e um lugar que os sucessores de Almir nunca mais conseguiram chegar nem perto.

A segunda conclusão é que o Pará está sendo empurrado cada vez mais pra baixo, em termos nacionais, numa condição que é fundamental para melhorar de verdade a qualidade de vida da população: o investimento.

Que se traduz em escolas, estradas, hospitais – e até na geração de emprego e renda.

E, o que é ainda pior: ao que parece, não há luz no fim do túnel. 


O Pará no estudo nacional do DIEESE 


Em fevereiro de 2012, o DIEESE e o Sindicato dos Engenheiros do Paraná publicaram um estudo sobre os investimentos realizados por todos os estados brasileiros entre 2000 e 2010.

Por coincidência, o período em que o Pará caiu da 19ª para a 24ª posição no  ranking nacional do IDHM – a maior queda do Brasil.

Em termos absolutos, os recursos investidos pelo Pará chegaram a mais de R$ 9,7 bilhões nesse período, em valores atualizados para 2010, pelo IPCA-E.

Essa montanha de dinheiro foi a 11ª do ranking nacional.

No entanto, quando ela é comparada à população (per capita), Produto Interno Bruto (PIB), gasto total e receita, emerge, na maioria das vezes, não apenas a quebra ocorrida em 2002.

Mas, também, o fato que o Pará investe bem menos do que o necessário, para melhorar a sua posição no ranking da Região Norte, cujos estados foram os campeões de investimento da década, por qualquer parâmetro adotado: população, PIB, total de gastos, receitas.

Justamente por estarem entre os mais pobres e precisarem de quase tudo, esses estados realizaram um esforço excepcional.

Provavelmente por isso, dois deles, Tocantins e Amazonas, foram os que mais subiram no ranking nacional do IDHM. Entre 2000 e 2010, galgaram quatro posições - o oposto do Pará.

Essa relação entre investimento e melhoria da qualidade de vida deixa, porém, uma dúvida preocupante: terá o Pará condições financeiras para investir o necessário, tendo em vista a sua enorme população, dispersão e crescimento populacional? 

Conseguiria ele gastar com investimentos 20% ou 30% de suas receitas ou despesas na próxima década, como fizeram o Acre e o Tocantins na década anterior? 

Quanto isso significaria em volume de recursos e de onde viria esse dinheiro?

Essas, porém, são discussões que você vai só vai ler na terceira parte da reportagem “O Pará ladeira abaixo”. 

Confira o estudo do DIEESE e do Sindicato dos Engenheiros do Paraná ( ainda preciso ler com mais vagar, porque só o encontrei recentemente. Mas vá lendo também, porque é muito bom e importante): https://docs.google.com/file/d/0B8xdLmqNOJ12UUV2Um5pd3ZZWGc/edit?usp=sharing 

Se quiser, baixe direto do site daquele sindicato: http://www.senge-pr.org.br/sessoes_int.asp?cod=20 (clique em Nível de Investimento Público Estadual 2000 a 2011). 

Aqui, os quadros com o investimento per capita dos estados brasileiros, em 2011 e 2012.

A população utilizada no cálculo foi a de 2010, retirada do site do IBGE: http://www.ibge.gov.br/estadosat/ 

Os investimentos foram extraídos dos balanços gerais dos estados, no site da Secretaria do Tesouro Nacional (STN): https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/responsabilidade-fiscal/prefeituras-e-governos-estaduais/sistema-de-dados-contabeis (clique em consultar SISTN. Depois, escolha a esfera de Governo (marque estadual), a UF, o Poder (Executivo), o órgão (Governo do Estado), o ano base e o tipo de declaração - balanço anual).

O IDHM é do Atlas do Desenvolvimento Humano 2013 (o link está na matéria anterior). 

A per capita foi calculada pela Perereca, mas você também pode conferir - basta dividir o investimento pela população, com a ajuda de uma calculadora.

Veja os quadros:




Aqui, a per capita de investimento do Pará de 2000 a 2012.

Os valores correntes e a posição do estado no ranking nacional (de 2000 a 2010) são do estudo do DIEESE/Sindicato dos Engenheiros do Paraná. 

Os valores correntes de 2011 e 2012 e a atualização monetária da série inteira foram calculados pela Perereca, com a ajuda da Calculadora do Cidadão, no site do Banco Central. 

Eis o quadro:






Aqui, dois quadros retirados do estudo DIEESE/Sindicato dos Engenheiros do Paraná, com o valor do investimento per capita dos estados entre 2000 e 2010 e o lugar que ocuparam no ranking nacional. Repare que a per capita do Pará foi a menor da Região Norte, na década:







Leia a primeira parte da reportagem O Pará ladeira abaixo”: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/09/para-pode-virar-lanterninha-do-idhm-do.html 

E leia também:

O Pará ladeira abaixo: investimentos atingem os piores percentuais dos últimos 17 anos. Gastos sem licitação de Jatene chegam a quase R$ 13,3 bilhões: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/08/o-para-ladeira-abaixo-investimentos.html 

Percentuais de investimento do Pará são os piores da Região Norte. Estado perde até para o Piauí e o Maranhão, com quem “disputa” a lanterninha dos indicadores sociais. No entanto, despesas com contratações temporárias cresceram mais de R$ 153 milhões, entre 2011 e o ano eleitoral de 2012: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/08/percentuais-de-investimento-do-para-sao.html 


E aqui a memória de cálculo da atualização monetária da per capita paraense de investimento entre 2000 e 2012:























 


A Perereca volta já com a terceira parte da reportagem “O Pará ladeira abaixo”.

4 comentários:

Anônimo disse...

O Pará é o 22º colocado no índice geral de transparência dentre os estado da federação.
Mostra disso é a falta transparência na aplicação e divulgação dos recursos milionários aplicados em publicidades. Ou, por exemplo, nas transferências de recursos do DETRAN para os buracos negros desse governo, que até para financiar clube de futebol serve.
Sem contar os repasses de milhões reais que supostamente são destinados à saúde, educação e segurança, mas que não percebemos melhorias, quando nos deparamos com o estado de abandono, sucateamento e colapso desses setores.
Mas isso acontece quando a sociedade é excluída e não participa ativamente da fiscalização e da prestação das contas públicas. Quando as áreas de controle e fiscalização são desidratadas e não são blindadas contra interesses de grupos de políticos, como é o caso da AGE, TCE, TCM e MPE.
Graves precedentes que deixam o estado vulnerável aos desvios de finalidade, à corrupção e impunidade.

Anônimo disse...

Mostra desse abando é a juventude que cai na ociosidade e ignorância, por pura falta de perspectiva. Ao invés de estarem estudando em escolas tecnológicas, ou em Universidades, ou atuando num primeiro emprego descente, estão sendo recrutados e morrendo pelo crime organizado ou assaltando farmácias pra pegar dinheiro e estourar com pó,pedra, roupa de marca e festa de aparelhagem. Já o PSDB do governo jatene preocupa-se com a juventude paraense: constroi mais penitenciárias

Anônimo disse...


TJ/PA - DIÁRIO DA JUSTIÇA - Edição nº 5344/2013 - Terça-Feira, 10 de Setembro de 2013

PORTARIA N°3535/2013-GP. Belém, 09 de setembro de 2013.
NOMEAR a Senhora LUCIANA DE SOUZA LEÃO YAMADA, para exercer o Cargo em Comissão de Assessor Jurídico, REF-CJS-4, junto a
Coordenadoria de Triagem de Recursos Extraordinário e Especial deste Egrégio Tribunal de Justiça.

SIQUEIRA disse...

Nosso políticos apesar das divergências ideológicas e pessoais devem se "unir" para que o nosso Pará cresça e se desenvolva, brigando por mais recursos do governo federal, uma vez que nossas riquezas são desoneradas na exportação.

SIQUEIRA (vendedor netbelem.net)