Membros da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em sessão aberta realizada ontem de manhã, na subseção da Ordem dos Advogados do Brasil no Pará, ouviram relatos de integrantes da OAB local sobre violência policial e trotes violentos praticados em uma unidade da Aeronáutica em Belém.
Paulo Sérgio Pinheiro e Cláudio Fonteles esclareceram que a violência de hoje não será objeto do relatório circunstanciado da Comissão da Verdade, que se debruçará sobre graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 1946-1988, previstas no mandato da Comissão, entretanto deixaram claro que as recomendações que a CNV enviará ao Estado brasileiro junto com o relatório serão “voltadas para os tempos atuais”.
Segundo Pinheiro, “os países que não passaram pelo processo de Comissões da Verdade lidam mal com o passado ditatorial”.
De acordo com o professor, as recomendações abordarão a estrutura policial brasileira de hoje. “Vamos dizer que não pode continuar como está”, disse.
Cláudio Fonteles reafirmou que a parceria com a sociedade civil e os governos dos Estados é fundamental para os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade.
“Não faremos nada sozinhos. É preciso a criação e a manutenção de uma grande rede de cidadania que torne perene a luta por um estado democrático de direito”, disse.
COMISSÃO ESTADUAL - Pela manhã, os membros da Comissão Nacional da Verdade se encontraram com o governador do Pará, Simão Jatene, que recebeu membros do Comitê Paraense pela Memória, Verdade e Justiça e representantes da Une, da União Acadêmica Paraense, do DCE da UFPA e do Levante Popular da Juventude, que pediram a criação de uma Comissão Estadual da Verdade no Pará.
O governador relatou episódios de censura de uma música que compôs para uma peça de teatro e de uma cena da mesma apresentação, disse que vai encaminhar projeto de lei para a criação da Comissão estadual e encarregou o secretário de Justiça, José Acreano Brasil Júnior, de articular esta missão.
“Um povo sem memória não é povo, é população”, declarou.
Jatene afirmou que vai chamar os líderes de bancada para definir com seu governo um projeto de lei com apoio suprapartidário.
Os membros da Comissão da Verdade avaliaram muito positivamente o encontro.
“O governador deu seu apoio à criação de uma comissão estadual e determinou medidas concretas à sua equipe para que isso venha a acontecer o mais breve possivel”, afirmou Fonteles.
(Fonte: Ascom/Comissão Nacional da Verdade)
Um comentário:
Violência policial não é herança de ditadura, não hj em dia, é pura falta de cidadania. Falta de cidadania não só do policial, mas da própria sociedade, pelo menos a maioria, como disse uma ministra do STF, em outras palávras:"É UMA SOCIEDADE QUE QUER SANGUE PORQUE SE VÊ SANGRAR". A violência está institucionalizada, banalizada; generalizada. Tem para todos o gostos e para todos os tipos. Eduquem a população, deem condições para que crianças se tornem cidadãos e não teremos necessidade deste tipo de falatório, formado por pessoas q só conhecem a causa pela boca alheia. Me desculpem, mas não vejo proveito prático nisso, só mais dinheiro e tempo gasto.
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