terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Viva Pedro Veriano!




É incrível como pessoas do porte de Pedro Veriano têm a capacidade de nos fazer sentir íntimas delas

Quase como se fôssemos da família.

Quase como se tivéssemos rido e chorado juntos.

Diante de um belo filme, ou de uma bela música.

Ou, simplesmente, a caminhar pelas ruas desta Belém que tanto amamos.

Mas que é, cada vez mais, como diria o poeta, apenas uma fotografia na parede, a doer no fundo da alma...

Creio que não há ninguém que se interesse por arte e cultura, em Belém e no Pará, que nunca tenha ouvido falar do Pedro Veriano.

Que nunca tenha lido as suas críticas de cinema, antes de assistir a um filme.

Ou até depois de assistir, como que para corroborar as próprias impressões.

Foram várias as gerações que Pedro Veriano inspirou com o seu amor ao cinema.

Ele e Luzia Álvares. Duas almas que sempre nos pareceram uma só, como nos amores cinematográficos.

Imagino a dor da Luzia, com a partida do seu companheiro, do seu grande amigo, de uma vida inteira.

Não é apenas a casa e a cama que ficam vazias: é o próprio coração.

Sei que a morte não é nada além de mais um recomeço, nessa longa jornada de cada um de nós.

E por mais dolorosa que pareça aos que ficam, a verdade é que todos iremos nos reencontrar.

Mas eu rogo a Deus que abrace a Luzia e a console, nessa hora tão difícil.

Pedro Veriano é um espírito de tanta luz que, mesmo na morte, consegue nos embalar os sonhos.

A nos conduzir a um reencontro com a nossa adolescência e juventude, e com uma Belém que já não há...

Foram-se muitos dos casarões e mangueiras; vão-se, mais e mais.

Foram-se as crianças a brincar nas calçadas.

Foram-se as famílias a conversar nos batentes das portas, até quase a madrugada.

Foi-se a Belém pequenina... E ela, sim, é que não volta mais!...

Mas nossos corações e retinas são repositórios de toda essa beleza que vimos passar diante de nós, e que aprendemos a reconhecer e a apreciar.

Para muitos de nós, o cinema foi a porta de entrada dessa aprendizagem.

Ele nos abriu os olhos para esse tango entre o tempo e a vida.

Ele nos conduziu às veredas do sonho e da imaginação.

Ele nos fez refletir sobre nós e o mundo.

De filme em filme, também nos atirou nos braços do teatro, música e literatura.

E assim ganhamos esses olhos e asas que nos ajudam a não perder o rumo, mesmo na noite mais escura.

Obrigada, Pedro Veriano, por teres conduzido tantos de nós a essa grande aventura, que são a arte e a cultura.

Que Deus te abençoe muito na tua nova jornada.

E que Ele ampare a Luzia, essa grande mulher, esse grande ser humano, essa brilhante companheira de tantas lutas.

Segue em paz, Pedro.

Não és luz apenas agora, alma sem corpo.

Em verdade, sempre foste luz.

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