quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Um alerta a Helder e Edmilson: coloquem os pés no chão e usem o coração e a comunicação. Corram, rapazes, corram!


 

As notícias que chegam das equipes médicas de Manaus são alarmantes: essa nova cepa do coronavírus parece ter maior capacidade de contágio e maior velocidade de manifestação dos sintomas, além de estar matando, também, pessoas mais jovens (ou seja, os nossos filhos...). 

Nas cidades paraenses às proximidades da fronteira com o estado do Amazonas, já estamos, aparentemente, assistindo o estrago que essa mutação pode causar. 

É verdade: há as dificuldades geográficas e as históricas deficiências da rede pública de saúde, naqueles municípios. E é possível, também, que tenha havido falta de planejamento de algumas prefeituras, a ponto de chegar-se à falta de oxigênio. Mas penso que esse nem é o momento de se procurar tais responsabilidades. 

O momento é de tentar evitar a tragédia que essa nova cepa poderá causar na Região Metropolitana de Belém, com os seus mais de 2,5 milhões de habitantes, a metade a sobreviver em favelas. 

O momento é, principalmente, de botar os pés do chão: vocês estão sós, rapazes.  

Não esperem por ajuda do Governo Federal. Ele só aparecerá, com as suas tropas minions, para atrapalhar o mais possível o combate à essa doença e para jogar esses doentes e mortos no costado de vocês. 

Do ponto de vista desse psicopata que é Bolsonaro, nós, paraenses e amazônidas em geral, somos meros obstáculos a serem removidos, para a espoliação mais rápida e impune das nossas riquezas. 

Em Manaus, salvo engano, essa nova cepa triplicou a necessidade de oxigênio, mesmo em relação ao pico da primeira onda de covid-19.

Isso significa que mesmo levando em conta a possível irresponsabilidade do minion que governa o Amazonas, há uma dificuldade real de planejamento, diante de um quadro desses.

Então, além de ampliação de leitos de UTI, equipes médicas e oxigênio, vocês precisam investir, ainda mais, nas únicas medidas preventivas que conhecemos: uso de máscaras, higienização, isolamento e distanciamentos sociais.

Vocês precisam de uma política mais agressiva de comunicação, para tentar se contrapor ao peso dessa autoridade nefasta do Bolsonaro. Vocês precisam de sentimento, emoção. Vocês precisam mirar os corações.

Vão às emissoras de rádio e tv e façam apelos dramáticos sobre o perigo dessa nova cepa e a necessidade da população se proteger. Lembrem para ela a situação de Manaus, que está em todos os noticiários.

Chamem as agências de propaganda, para que elas peguem depoimentos de pessoas que estiveram entubadas e de familiares de pessoas que morreram (e também de pessoas que ficaram com sequelas), para veicular nas rádios, tvs, redes sociais, rádios comunitárias, onde for possível.

Coloquem também os médicos para contar o que viveram nas UPAs e hospitais, na primeira onda de covid, e para que orientem a população sobre os cuidados que precisa ter.

Coloquem sistemas de som em locais públicos, como as feiras, para veiculação desses depoimentos e orientações.

Chamem os supermercados, os shoppings, bancos, lotéricas e outros locais de grande circulação de pessoas, para que eles ajudem a veicular esse material, nos sistemas de som que possuem.

Ensinem e reensinem, numa linguagem bem simples, que máscara se usa cobrindo o nariz e a boca e que usar máscara de outra forma, ou até não usar, não faz de alguém um sujeito corajoso, mas um egoísta que está expondo as outras pessoas a essa doença. Tem de carimbar, com comerciais de tv, como se fez com o Sujismundo.

Repisem a necessidade de se manter a dois metros das outras pessoas, explicando tim-tim por tim-tim, até com animações, por que é que isso é necessário.

E expliquem novamente, e quantas vezes for preciso, que as pessoas não devem ficar flanando pelas ruas sem necessidade, e muito menos se aglomerando.

Apertem as igrejas e os empresários em geral: digam claramente que eles vão fechar, que haverá um novo lockdown, se não apertarem a fiscalização nos templos e estabelecimentos deles.

Coloquem a polícia e a guarda municipal nas ruas e multem quem quer que seja que for pego descumprindo as medidas preventivas: desde o cidadão que anda por aí sem máscara, achando que tem o “direito” de brincar com a vida alheia, até o empresário que faz vista grossa a aglomerações e à falta de máscara, no seu estabelecimento.

Articulem com a polícia, a sociedade e as instituições que couberem para processar por crimes contra a saúde pública e banir das redes sociais os minions que forem pegos distribuindo fake news sobre a covid-19.

Usem os agentes comunitários de saúde, equipes de saúde, o que for, para irem às casas das pessoas, condomínios, igrejas, academias de ginástica, salões de beleza, barbearias, comércios, ônibus, pontos de táxis e mototáxis, para orientar as pessoas.

Cabe, quem sabe, até mesmo uma campanha do tipo “Não faça de Belém uma nova Manaus”, exibindo imagens do desespero de médicos e pacientes, diante da falta de leitos e de oxigênio.

Não imaginem que essa batalha da comunicação está perdida e que ela não tem um papel fundamental para conter essa doença.

A questão é de linguagem e agressividade: linguagem o mais simples possível e mirando, sobretudo, o emocional; agressividade, em termos de microgrupos sociais e de saturação da Região Metropolitana.

Sei que é difícil se contrapor a um populista alucinado como o Bolsonaro, e que ainda por cima usa os aparelhos do Estado, para tentar que todo mundo fique quieto, enquanto assassina o povo brasileiro.

Mas não desistam, rapazes. Vocês também possuem uma grande capacidade de mobilização social.

Usem esse poder.

A hora é agora.

FUUUIIII!!!!

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