sábado, 20 de fevereiro de 2010

Editorial



Está nas mãos da cidadã Ana Júlia Carepa a possibilidade de reeleger-se governadora.



Depende dela, e só dela, a vitória nas urnas – talvez em grau infinitamente maior do que o ocorrido em relação a qualquer governante que a precedeu.



Dona de um carisma e de uma carreira brilhante; mulher que abriu caminho sozinha num território dominado pelos homens, Ana sempre foi muito maior que o PT.



No entanto, ao alcançar o Governo, como que traiu seus eleitores.



Afinal, perdeu-se nos braços de uma corrente sectária, que sequer lhe tem o devido respeito: seus “iluminados” a consideram “sem estofo” para discutir questões programáticas.



É um triste fim para uma mulher que é, reconhecidamente, uma guerreira.



E que, justamente por ser mulher e guerreira, teria a obrigação de ser suficientemente inteligente para escapar às armadilhas da política.



Minha xará, infelizmente, mostrou-se uma grande parlamentar, mas, uma péssima governadora.



E por um fato que, de tão simples, chega a ser absurdo: Ana não conseguiu se compreender como a dona da caneta; aquela que quer, pode e manda.



Daí que tenha acabado como liderada – e não como líder – da própria e diminuta tendência.



Obviamente, que os “iluminados” da DS, essa tendência geneticamente trêbada, dirão que tal análise não passa de um “equívoco” deste blog.



Dirão, certamente, que não consigo enxergar a política de forma democrática – e apenas pelo modus operandi da classe dominante.



Tudo balela, lári-lári. Tudo uma “caatinga verbal” para esconder o fato.



E o fato é que líder é aquele que comanda.



Pode ser um líder autoritário – daqueles que batem na mesa e não ouvem ninguém.



Pode ser um líder democrático, que sabe “ler” as almas dos liderados e concertar as suas aspirações.



Pode ser o meio termo de tudo isso, eis que a liderança, como tudo na vida, é feita de uma possibilidade infinita de colorações.



Mas o líder, o verdadeiro líder, sempre terá as rédeas nas mãos. Sempre estará à frente, e nunca a reboque, da massa – e muito menos de meia dúzia de “profetas”.



Lembro que no ping-pong que fiz com Ana perguntei-lhe se nunca tinha pensado em deixar a DS e ela disse que não.



Insisti. Perguntei por que. E ela respondeu, então, que é a tendência dela, a corrente na qual acredita.



Tudo bem. Minha xará tem o direito de ser o que quiser.



Tem o direito de apostar umas boas fichas para fortalecer um pensamento, um ideário, que considera o mais justo para a sociedade.



No entanto, tem de compreender o básico: quem votou, não votou na DS – votou na cidadã Ana Júlia Carepa, e numa proposta de governo e de sociedade infinitamente mais amplas.



Daí que não pode governar para meia dúzia de sectários – mas, para o conjunto dos que a elegeram. E até para aqueles que nem votaram nela: afinal, ela se tornou a representante da esperança de sete milhões de paraenses.



Ana repete isso, mas, na prática, não compreende isso.



Não consegue perceber que seu governo pertence ao PT, ao PMDB, ao PSB, ao PC do B – e até ao PSDB e ao DEM, por que não?



Em nome da Democracia, minha xará, em verdade, adota uma postura antidemocrática: contempla um grupelho, e não a maioria. E nem se dá ao trabalho de perguntar o porquê de esse grupelho ser um grupelho, sem qualquer ressonância social.



É muito fácil adotar a postura de que só você é o bacana, o bambambam, e todo o resto da Humanidade é feita de ignorantes “manipulados pela ideologia do sistema”.



Mas, me explique aí, querida: por que é que PT e PSDB, que possuem propostas avançadíssimas para o imaginário da sociedade brasileira, conseguiram se cacifar a tal ponto de polarizar as aspirações dessa mesmíssima sociedade?



Por que é que até o PSOL e o PSTU possuem mais ressonância social que a DS? – e a DS que tem a máquina na mão?



Mas será que os companheiros do PSOL e do PSTU são direitistas?



Será que os companheiros do PT e do PSDB, que estão aí nas ruas, fumados, a lutar, não fizeram nada de bom por este Brasil e por este Pará?



Será que nós, tucanos, petistas, comunistas, socialistas somos todos uns loucos e só restaram como bons, “normais”, os iluminados da DS?



Mas não vê logo que isso é coisa de doido?



Tenho com os petistas excelentes relações, que vêm de uns 30 anos.



Não me entendo com eles, temos porradas homéricas, e sobram até gozações de parte a parte, porque eles sabem que sou uma tucana assumida – e assumida ainda nos tempos em que ser tucana fazia com que tudo que é intelectual torcesse o nariz.



Mas, guardo com esses companheiros – e eles em relação a mim – um respeito imenso.



E nesses dias, com esse respeito e essa intimidade, conversei com muitos companheiros petistas.



E até ouvi deles – vejam só! - elogios ao Serra, à capacidade técnica e democrática do Serra, que teve, quando ministro da Saúde, estupendos técnicos petistas em sua equipe, que o ajudaram a realizar a administração formidável que efetivamente realizou.



Da mesma forma, já ouvi elogios de companheiros petistas à postura democrática do Jatene.



E eu mesma sou testemunha dessa postura, eis que vi muitos técnicos petistas a trabalhar com o Jatene.



Não sei se o PSDB tem condições de retornar ao governo.



E tal consideração não leva em conta, apenas, a questão objetiva, das condições materiais.



É certo que possui nomes fortes – Serra, Aécio, Jatene – e fontes de financiamento não lhe faltarão.



Mas penso que a permanência do PT no governo traz duas vantagens aos tucanos.



A primeira é que o PT, como detém o controle das ruas, tem condições de ousar reformas que um tucano, se ousasse, acabaria em uma fogueira.



A segunda é que o PSDB, no exílio, tem reais condições de se transformar em um partido político – e não essa geringonça, essa mistureba fisiológica em que se transformou, por ter nascido e logo alcançado o poder.



Mas, continuo convencida, da mesma forma que o companheiro Lula, que qualquer resultado, Dilma ou Serra, será muito bom para o Brasil.



E da mesma forma penso em relação ao Pará: qualquer resultado, Jatene ou Ana, será muito bom para o nosso povo.



Só lamento é que a companheira Ana, minha xará, tenha se deixado levar por esse micro-hospício que é a DS.



Desde o começo do Governo que bato nessa tecla – e quem se der ao trabalho de ler os arquivos deste blog verá o que falei sobre a queda de Carlos Guedes e de Charles Alcântara – duas cabeças arejadas e, portanto, pra lá de avançadas, nessa tendência enlouquecida.



Quem se der ao trabalho de pesquisar neste blog, verá o que escrevi sobre a ascensão de Fábio Castro ao comando da Comunicação do governo – e tudo o que escrevi a respeito dele se tornou quase que uma premonição.



Paranormalidade? Mediunidade? Não. Simplesmente, visão política.



E é por essa mesmíssima visão política que digo: lamento que a minha xará, cuja história é tão parecida com a minha que não dá nem pra negar e evitar a simpatia; que ela não tenha percebido que está, em verdade, cercada de parasitas. Que a sua DS é, na verdade, “uma coisa” de carraças. E que se não se livrar delas, fatalmente, afundará com elas.



Lembro que, em 2006, a minha mãe, que já tem mais de 80 anos, saiu de casa só para votar em Ana.



Lembro que ao conversar com minha mãe percebi que a simpatia dela pela Ana vinha de uma identificação com a história da própria filha – e que ela nunca perdoaria nem mesmo o doutor Almir por falar mal de uma mulher que abriu caminho, sozinha, no mundo.



Não posso negar a simpatia que tenho pela minha xará: somos Pagus.



Também sei do respeito que ela tem por mim – e embora isso tenha ficado bem claro no ping-pong que ela me concedeu, nunca falei disso, até porque não tenho essa frescura e tenho um lado meio anarquista de não gostar de intimidade com poderosos.



Mas, hoje, uso deste blog para falar abertamente com a minha xará – até pelo fato de ela ter sido uma boa fonte da Perereca; até pelo fato de ela ter me dado, no passado, aquilo que mais amo: informação.



Ou Ana se livra da DS, ou a DS a levará a afundar-se no esquecimento destinado aos “profetas”; no ridículo destinado aos pseudo-iluminados de todos os tempos.



Nenhuma dessas figuras da DS tem luz própria – rigorosamente nenhuma! – só a Ana.



E ela tem de parar de se deixar usar, como espécie de escada, por essas pessoas.



E ela tem de parar de pensar que eles são “bonzinhos” – não são, não.



Quem é “bonzinho” é reconhecido assim pelos outros, instintivamente, no rosto, na voz.



E eu só lamento é que a Ana – uma mulher cinqüentona, pra lá de rodada, ainda não tenha percebido isso.



São carraças – “doutoras”, mas, carraças.



E, para carraças, nada melhor que um bom inseticida.



Por incrível que pareça, querida, se estivesse no teu lugar, eu ainda preferiria observar o Barbalhão e o Gerson Peres.



Eles, pelo menos, têm voto.



E tu tens de compreender isto: ou se tem voto, ou tudo o que gente pretende realizar desce pelo esgoto.



O resto, xará, é tese de acadêmico que, de política, não entende lhufas!




FUUUUIIIIIIII!!!!!





P.S. Volto daqui a pouco, uma vez que ouvi uma tonelada de políticos ontem.



Notas importantes: O PR reúne prefeitos , na segunda-feira, às 19 horas, no Crowne Plaza. Rolará, é claro, a tendência do partido.



Almir dá palestra sobre saúde na quinta-feira, 25, às 19 horas, no auditório do Cesupa, na Almirante Barroso. Adivinhem pra quem vai sobrar?



Mário Cardoso festeja aniversário dia 26, na Estação das Docas, e lança blog.



Daqui a pouco, na Perereca.


5 comentários:

Anônimo disse...

Ana Célia, minha xará, entendo que tenhas condições de fazer uma avaliação comjuntural da política paraense e da governadora c/ bastante propriedade. Não votei na Ana Julia por ela ter vendido a alma ao diabo (Jader) e hoje amarga essa venda, porque, como disse Ruben Alves, a alma faz falta. Com DS, sem DS, seja o que for, considero que hoje, no Pará, não existe um bom político que goste deste estado, todos só querem tirar vantagm pra enriquecimento próprio, ou vende-lo, e isso é o pior de tudo. Almir e Jatene nem pensar, são dois vaidosos e vingativos; Jader é pior que o dragão de Komodo; Ana Julia por ser mulher decepcionou muuuito. Qualquer um q/ venha candidato ao governo do estado vai deixar o Pará onde ele tem se mantido há muito tempo: na merda!!!

André Carim disse...

Cara Ana Célia:
Ao te parabenizar pela lúcida e brilhante análise, tenho a destacar a união do PMDB em torno de Jader, no meu entender, vantagem maior do grande líder nessa eleição, que certamente não será a sua última. A liderança de Jader é tamanha que todos os membros do partido, do maior ao menor, e o menor provavelmente sou eu, esperam seu pronunciamento, tal qual soldados aguardando as ordens do seu general. Jader tem cartas nas mangas por todo o interior do estado, até mesmo fora das fileiras do PMDB, cultivando fortes relações políticas com Prefeitos do PR, PTB, PSDB, PDT e até mesmo do próprio PT. Jader dispõe de uma gama de nomes fortes, a maioria cria do próprio partido, para lançar no tabuleiro. Qual partido não gostaria de possuir um rol de opções para candidaturas majoritárias com nomes de proa como os de Priante, Elcione, Helder, Luiz Otávio, Hildegardo, Parsifal... Além disso, Jader é um notório cumpridor de acordos, sua palavra é honrada e isso infunde confiança nos líderes dos outros partidos, que o rodeiam com acenos e afagos. Jader tem a solidariedade e o respeito do Presidente Lula, que em recente entrevista declarou que não vai visitar estados com palanque duplo, onde o consenso não se estabeleceu. O Estado está muito bem mapeado, a tropa está pronta para a batalha e o Partido tem comando firme. Falta o general escolher o inimigo e compor com os amigos. A hora certa só ele sabe.

sílvia disse...

Corretíssima tua avaliação. O caminho da tua xará rumo à reeleição ainda vai trazer muitas surpresas, não tão boas como ela deseja. Parabéns! Beijo grande,
sílvia

Anônimo disse...

Você analisa a governadora Ana Júlia apenas pela ótica autoritária. Você quer que ela mande todos os seus companheiros para fora do governo. Só isso, para satisfação dos direitistas que detestam pessoas com perfil mais a esquerda. O Diário do Pará e O Liberal, batiam no Edimilson Rodrigues, quando ele era do PT. Agora que passou para o Psol e bate no PT, passou a ser digerido como grande líder político. Se você quer fazer uma análise séria, veja os avanços na área do abastecimento de água, o água para todos. Governante da direita não gosta de fazer obra que o povo não vê. Os canos da água ficam enterrados e a novidade só existe no primeiro dia que a água chega nas casas. O governo da Ana Júlia está levando água para milhares de pessoas, já que mais da metade da população do Pará ainda não dispõe de água tratada. Isso é pouco? Veja o programa de inclusão digital que virou modelo e está sendo adotado pelo governo Lula. Ainda é pouco? Veja a quantidade de UCI neonatal espalhadas por diversos municípios, inclusive em hospitais privados, para atender, em convênio com a Sespa, a população mais necessitada. Ainda é pouco? Veja o enorme esforço que a Ana Júlia fez para de fato verticalizar a produção mineral de Carajás. Hoje já se produz vergalhão de aço no sudeste do Pará e em 2013, chapas de aço, que vão abrir um leque de oportunidades para novos negócios no setor metalmecânico. Ainda é pouco? Pois então saiba que a TV Cultura já chegou em 60 municípios, quando antes só funcionava e precariamente em Belém. Faça o seguinte, acompanhe, somente um dia a agenda externa da governadora Ana Júlia e veja como ela é tratada pela população. Agora se as suas fontes são somente os blogs, os pronunciamentos na Assembléia Legislativa e o bate papo nos bares frequentados por tucanos e demos, ai a sua avaliação só pode ficar caolha mesmo.

Anônimo disse...

Égua mana... peraí, vamos por partes... primeiro eu não diria como disse um homem forte da propaganda dela que ela é "quase uma retardada"..... isso ele disse quando estava escanteado no governo, hoje eu não sei..... bem, Ana Júlia sempre foi mais coração do que razão..... sempre falou mal, sempre raciocinou mal, sempre calculou muito mal..... mas sempre foi bem intencionada..... o problema, na pessoa dela, é que se tem a impressão de que agora, com o peso da responsa do governo, perdeu tb o coração..... quer dizer, todo o carisma brotava do coração que se via pulsando nos olhos, no sorriso, havia uma certa imagem de simplicidade..... mas agora ela enrijeceu demais, ficou fria, dura demais..... vai perdendo até o carisma..... e daí, o bando de intelectualóides, os chamados petralhas em seu entorno, que sempre foram o cérebro dela, é que dão mais do que nunca o tom. Eles sempre mandaram. Sempre, desde quando arromabaram a sede do sindicato dos bancários e criaram a mártir prisioneira, e grávida..... tudo foi pensado desde ali por eles, para lançá-la vereadora..... problema é que tinham uma estrela, oca. Brilho, superficial. Mas de bom coração e isso é muito em política..... ou não.... até, talvez, seja muito pouco nesta política.....