sexta-feira, 27 de junho de 2025

Só povo na rua pode deter máquina do retrocesso, formada pelo Centrão e o nazifascismo


 

Esqueçam: o Congresso Nacional não vai parar de sabotar o governo.

A única chance das esquerdas é colocar o povo nas ruas.

É preciso entender que o cerne dessa disputa é o poder que a bandidagem do Centrão alcançou, com o golpe de 2016.

São mais de R$ 50 bilhões em emendas, sem qualquer controle social.

Uma montanha de dinheiro que esses parlamentares podem usar para toda sorte de crimes contra o erário.

Podem se beneficiar e beneficiar comparsas impunemente.

Governar à parte a sua "república particular", na qual o "Direito" é o do coronelismo.

Viraram um sobrepoder, provavelmente o sonho desde sempre do Centrão, que nunca foi democrático, muito pelo contrário.

Já provaram que podem até mesmo derrubar presidente, à revelia da Lei.

Não, não se trata de espécie de "parlamentarismo paralelo".

Mas da transformação de um Poder em uma organização criminosa.

Um tipo de "conquista" que esses coronéis defenderão com unhas e dentes, mesmo que para isso tenham de ensaiar um novo golpe.

Eles emparedam o governo para tentar extorquir dinheiro e ainda mais poder.

E, principalmente, para frear as investigações comandadas pelo ministro do STF, Flávio Dino.

Se conseguirem alguma coisa, aliviarão a barra momentaneamente.

Mas, lá na frente, começarão tudo de novo.

Porque o que lhes interessa é um governo subserviente, cúmplice das suas falcatruas.

É, portanto, uma tremenda ilusão, fatal até, acreditar na possibilidade de negociação com o Centrão.

Ainda mais quando ele já percebeu (e isso era apenas questão de tempo) que os seus interesses serão mais bem resguardados por um nazifascista limpinho e cheiroso, que até sabe usar um guardanapo.

Há quem acredite que a Dilma caiu por não saber "negociar" com esses caras.

Mas a verdade é que não há como "negociar" com um tumor maligno.

Não, essa não é uma simples disputa de poder que possa ser travada em gabinetes e corredores palacianos.

É uma guerra contra um projeto de poder escravocrata, que deu as mãos a um projeto de poder misógino, homofóbico, racista e de profunda intolerância religiosa.

Porque, ao fim e ao cabo, Centrão e nazifascistas perceberam o quanto se entendem e completam, sob as bêncãos dos "deuses" da Faria Lima.

E se jamais terão o sangue azul daquelas bandas, podem ao menos ser os seus pets de luxo, seguindo em paz com as suas negociatas.

Só o povo nas ruas, a lutar por seus direitos, conseguirá deter essa máquina de retrocesso, robusta em poder financeiro e midiático.

As esquerdas precisam construir alternativas de comunicação para além das redes sociais e da grande imprensa.

Precisam recuperar a capacidade de falar com as massas e mobilizá-las.

Precisam, em suma, sair dos gabinetes refrigerados e recuperar a sua própria história.

 

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Leia também:

Um projeto de desurbanização do Brasil?: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2021/11/um-projeto-de-desurbanizacao-do-brasil.html

Meditações sobre o universo mítico dos minions: https://pererecadavizinha.blogspot.com/2021/01/meditacoes-sobre-o-universo-mitico-dos.html

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Jorginho Mello, senhor de escravos, ops, governador de Santa Catarina, recua da proposta de criar um país só com o Sul do Brasil. Foi a única ideia, de toda a vida dele, que serve pra alguma coisa!




Mas por que parou? Parou por quê? A porta da rua é serventia da casa, ora essa!

De quebra, ainda podia levar junto "di grátis" o Sudeste.

E a gente só brigaria por uma parte do Centro-Oeste, por causa do coitado do Pantanal.

Já imaginou um novo Brasil, feito majoritariamente pelo Norte e Nordeste, com as nossas riquezas, a nossa diversidade e o nosso povo trabalhador?

Já imaginou a gente não tendo mais de sustentar esses estrupícios, escravocratas, nazifascistas, ignorantes, negacionistas?

Essas criaturas que só entendem mesmo é de exploração, motosserra, veneno e agromorte?

Um bando de destruidores de florestas e rios.

Um bando de empresários lalaus, que acham que roubar é só botar revólver na cara dos outros.

Com a nossa criatividade e sem o domínio dessas criaturas, rapidinho a nossa Ciência se tornaria uma das mais avançadas do mundo!

E ia chover turista nesse novo Brasil!

Todo mundo querendo conhecer as nossas praias, de mar e de rio, a nossa culinária extraordinária, as nossas florestas, a nossa alegria.

Ia ter dinheiro e projetos para a exploração racional das nossas riquezas, pra tudo que é lado.

Avalia o quanto esse novo Brasil seria desenvolvido - e mais humano, e mais digno, e mais justo.

Um Brasil inteirinho social-democrata, com o MST no comando do Ministério da Agricultura, pra nos livrar do envenenamento a que esses escravocratas nos expõem, todo santo dia.

Viveríamos muito mais do que eles. E com muito mais saúde.

Até porque teríamos um SUS arretado.

Coisa que eles não teriam lá, já que privatizariam tudo.

Vacinas? População totalmente vacinada!

Porque negacionismo, com a gente, daria logo cadeia, pra evitar que algum babaca expusesse a nossa população ao risco de morte.

Como, aliás, fez o Jorginho senhor de escravos, ops, governador, lá em Santa Catarina.

Haveria fartura de comida, e bolsa família, pra quem precisasse.

Porque a gente sabe o quanto doem a fome e a miséria a que esses escravocratas nos destinaram, ao longo destes séculos.

Mas acredito que nem careceria de bolsa família.

Porque teríamos enorme quantidade de empregos, com bons salários, para toda a nossa população.

Além do mais, como somos um povo solidário, sem a ganância desses pilantras, rapidinho a gente dividiria o pão com quem precisasse.

Cotas? Mas aonde já que a gente precisaria de cotas!

Teríamos um sistema de ensino, um dos melhores do mundo, construído na base da cooperação e da equidade.

Com pontos extras não pra essa babaquice de "mindset", mas para a inclusão e a solidariedade.

Teríamos escolas públicas e gratuitas pra todo o nosso povo, desde o fundamental até a universidade.

Teríamos bolsas de doutorado pra China, pra Rússia, Japão, "zoropas". E até pros esteites. Pós-Trump, é claro.

Cursos técnicos, inserção no mercado de trabalho, programas de incentivo à graduação de mães solo, idosos, portadores de deficiência.

Até porque a gente tem amor à Educação e ao Conhecimento, e não à ignorância, como esses escravocratas que se orgulham de excretar pela boca.

Trabalho exaustivo? Mas aonde! Nossa jornada seria de 4X3!

Leis antirracismo? Mas quando já!

Aqui não teria racista, não! Racista ia ser tudo extraditado pra lá.

Nosso povo não tá nem aí pra esse negócio de cor de pele.

Até porque, como a gente estuda, a gente sabe que cor de pele é simples adaptação ambiental.

Encantaríamos o mundo com os nossos falares, as nossas crenças, a nossa riqueza de religiões.

Teríamos uma pujante indústria cinematográfica, para narrar as nossas lendas, "causos", visagens.

Estados Unidos, Europa, Ásia nos colocariam no topo das paradas de sucesso, com a nossa musicalidade.

Carimbó misturado com lambada, música clássica, rock, forró! Já pensou?

E a nossa Literatura, mano? Diante dos nossos gigantes, até Machado de Assis tremeria de medo.

E lamentaria não estar vivo, pra poder viver nesse novo Brasil.

Como teríamos um currículo escolar parrudo, com Filosofia, Sociologia, História, Lógica e Ciências desde a alfabetização, além de participação política arretada, nas escolas, nos bairros, nos sindicatos, aqui também não haveria nem "coroné" e nem Centrão.

Até porque, seria cláusula pétrea constitucional: pra ser candidato, só com pelo menos 10 anos de trabalho comunitário e alta pontuação em projetos em favor da coletividade.

Além disso, se fosse pego roubando dinheiro público, comprando votos, legislando em causa própria ou tentando extorquir o governo, ficaria inelegível pro resto da vida, além de passar 30 anos no xilindró.

Égua, que a gente precisa dizer pra esse nazistão de Santa Catarina continuar com a campanha dele.

Vai que cola, né?

E desde já me voluntario pra organizar a festança: São João e Carnaval um mês seguido!

Com muita maniçoba, tacacá, acarajé, moqueca, mingau de milho, cachaça e cerveja, que ninguém é de ferro.

Ah, e os irmãos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que não quiserem saber desses nazifascistas, podem vir pra cá também.

Porque o Norte e o Nordeste, manos, como diria o poeta, sempre serão um enorme coração.


FUUUIIII!!!!!


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Nordeste Independente

terça-feira, 3 de junho de 2025

Serginho Palmquist




Serginho não era exatamente aquilo que costumamos chamar de “pessoa”.

Pessoas sentem raiva, ódio até.

Fazem intrigas, fuxicam, invejam.

E são capazes de palavras cortantes, apenas para machucar.

Mas não me lembro de ver o Serginho com raiva de alguém.

Ou disposto a ferir alguém.

Não me lembro de vê-lo, nem sequer uma vez, a destilar canalhices, como se fossem provas de “inteligência”.

Havia nele uma integridade e uma alegria de viver muito raras.

Uma paz meio zen.

Um desapego de fama, dinheiro, poder, status.

Coisas pelas quais muitos até pisam no pescoço da própria mãe.

Era generoso e gentil com todo mundo.

Não de maneira falsa, hipócrita, como a gente vê tanto por aí.

Mas com um sorriso, um olhar, um abraço tão amorosos, que dava para sentir que vinham de dentro da alma.

Era como se aceitasse todos como eram, em vez de procurar nos outros meros reflexos de si mesmo.

Mais parecia um espírito cintilante, com uma leve camada corporal.

Não havia nada de fisicamente atraente no Serginho.

A não ser, para quem gosta, aquele jeito meio hippie: calça jeans surrada, chinelos e bolsa de couro, cabelos até os ombros.

Foi assim que o conheci, em 1980, quando trabalhamos no jornal A Província do Pará.

E confesso que me apaixonei perdidamente.

Égua do sujeito inteligente, culto, educado.

Um cavalheiro à moda antiga.

Mas com uma cabeça e um styling do século XXXI.

Irresistível. Simplesmente, irresistível.

Sei lá quantas vezes enchemos a cara, nos bares da vida.

Dividimos gostos, segredos, sonhos, frustrações.

Creio que éramos dois alucinados socialmente administráveis.

Inconformados com valores e costumes, mas sem que conseguíssemos nos insurgir, de fato, contra esta sociedade.

Éramos dois “hippies” apenas nas roupas e no jeito largadão.

Mas jamais escandalizaríamos a fina flor da burguesia, como em Hair.

Porque, bem lá no fundo, queríamos, sim, aceitação social.

Mas se o tempo une, também separa.

Veio a maturidade e as nossas escolhas nos levaram a caminhos opostos.

Há anos já não nos víamos, quando, ontem, o Serginho partiu.

Não para uma aventura mochileira, como tantas que viveu, ou algumas que eu vivi.

Mas para outra dimensão, uma jornada incorpórea.

Que, no caso dele, deve ser um mergulho na mais pura luz.

Jamais esquecerei a primeira vez que meus olhos pousaram naquele rapaz.

Tão diferente, mas tão familiar, como se fosse uma parte oculta de mim.

Nunca tivemos nada físico – não que eu não quisesse.

Mas, em verdade, eram as nossas almas que pareciam se encaixar perfeitamente.

Enlaçadas por sonhos e crenças juvenis, que de há muito deixei para trás.

Pena que não nos vimos uma última vez.

Que não rimos juntos uma última vez.

Mas sei que o meu amigo, que tanto me ensinou sobre mim mesma, agora está em paz. 


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O Pastor, Madredeus