segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Quem dera todos os dias fosse Círio.

 



Todos os dias, multidões deveriam sair às ruas para expressar a Fé, a Esperança e o Amor, que têm de estar no coração de cada cristão.

A Fé que deveria nos fazer enxergar a Glória de Deus em cada maravilha que Ele criou: os céus, os mares, as árvores, as flores... Todos os animaizinhos... E todos os seres humanos.

A Fé que nos faz caminhar, sem temor, até pelo vale da sombra da morte.

Porque sabemos que o Espírito do Senhor É conosco. E Ele nos guia e protege, por maiores que sejam as tormentas que venhamos a enfrentar.

O Amor, que ainda mais do que a Fé, remove montanhas.

As montanhas do orgulho, do egoísmo, das vaidades, do ódio, da intolerância, dos preconceitos.

As montanhas que nos separam pela cor da pele, pelo sexo, pelo conhecimento, pelo dinheiro, pela nacionalidade, pelos ideais políticos, pela religião, pela posição social.

As montanhas que desde sempre afastaram o ser humano desse Deus que é Todo Amor e Misericórdia, e que nos olha a todos como iguais.

Todos somos pequeninos aos olhos Dele.

Todos somos como as criancinhas, que têm muito a aprender.

E todos somos merecedores da Graça que o sangue do Cordeiro derramou naquela cruz.

O Amor é o mais doce fruto do coração de Deus.

E só quando repartimos esse amor com os nossos irmãos é que realmente vivenciamos a comunhão com o Criador.

Jesus nos deixou apenas um mandamento, que resume todos os demais: amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo, como a nós mesmos.

Parece simples, parece fácil.

E, no entanto, é um enorme desafio para os nossos espíritos imperfeitos.

Porque não é amar apenas aquele que está ao meu lado, na mesma igreja, no mesmo templo, no mesmo centro espírita, no mesmo terreiro.

Não é amar apenas quem é da mesma cor, do mesmo gênero, da mesma posição social, da mesma nacionalidade, ou do mesmo grupo político.

É amar a todos, sem qualquer distinção.

E é amar da mesma forma que amamos a nós mesmos, fazendo aos outros aquilo que queremos também para nós.

É um amor que não fica apenas nas palavras, mas que se materializa, todos os dias, com as nossas ações.

É um amor que me faz respeitar, da mesma forma que quero ser respeitado; que me faz tolerar, da mesma forma que quero ser tolerado; que me faz consolar, da mesma forma que quero ser consolado.

É um amor que me faz ter misericórdia daqueles que erram, daqueles que caem, da mesma forma que quero que tenham misericórdia de mim, quando erro, quando caio, em geral, todo santo dia...

É um amor que não julga e nem impõe “condições”, já que não me julgo e nem me imponho condições, para receber o meu próprio amor e o meu próprio respeito.

É um amor que também me faz dividir o pão com os famintos, porque se não quero passar fome, também não posso aceitar que isso aconteça ao meu irmão.

É um amor que distribuo a todos, indistintamente, incondicionalmente, e que me faz realmente o sal da terra e a luz do mundo, porque me transforma em um espelho do exemplo de Jesus.

É um amor que constrói e que faz toda a diferença, na minha vida e na vida dos meus irmãos.

E é um amor que também está na raiz da Esperança.

A Esperança de que um dia todas as dores e todos os males cessarão.

Porque estaremos face a face com Aquele que nos criou.

Porque poderemos olhar para o nosso Pai, para o nosso Criador, sem que Ele sinta vergonha da nossa jornada sobre a Terra e tenha até de desviar os olhos de nós.

Porque levaremos impresso em nosso espírito todo o Amor que espalhamos pelo mundo.

Todas as montanhas que removemos.

Todo o respeito, tolerância e misericórdia com que tratamos os nossos irmãos.

Ele verá em nosso espírito cada um dos pequeninos, iguais a nós, que acolhemos, protegemos, ajudamos; todo o esforço que fizemos para seguir o exemplo de Jesus.

Ele verá tudo o que fizemos pelos mares, florestas, animaizinhos que nos emprestou para que cuidássemos, ao longo do breve tempo de vida que tivemos.

Ele verá em nós o quanto O buscamos, incessantemente, no azul e nas estrelas dos céus...

Quem dera todos os dias fosse Círio, com milhares e milhares de corações a derramar pelas ruas a Fé, a Esperança e o Amor.

Para lembrar a cada um de nós, nestes tempos de tanto ódio, o que é, verdadeiramente, ser cristão.

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