terça-feira, 11 de agosto de 2020

É o Brasil chorando por seus filhos que não mais existem...


 

O primeiro caso de covid-19 foi registrado, no Brasil, em 26 de fevereiro.

E até o último sábado, 08/08 (ou seja, em pouco mais de 5 meses), essa doença já havia matado mais de 100 mil brasileiros.

É 172 vezes o maior acidente da história da aviação: a colisão de um Boeing e um Jumbo, em 1977, no aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, que matou 583 pessoas.

É como se o Brasil tivesse sofrido 34 acidentes como aquele por mês, ou mais de 1 por dia.

São 100 mil famílias, cerca de meio milhão de brasileiros, que perderam alguém amado: o pai, a mãe, o avô, a avó, o marido, a esposa, o tio, a tia, o irmão, a irmã...o filho.

São pessoas de carne e osso, como eu e como você, que partiram de repente, deixando aos seus familiares um enorme vazio.

São sonhos, esperanças, risos de repente interrompidos, e que nunca mais voltarão...

Somos, hoje, 210 milhões de seres humanos entregues à própria sorte, em meio a pior epidemia que este país já enfrentou.

Segundo uma reportagem da agência Reuters, nenhuma das muitas doenças que afligem o Brasil há séculos matou tanta gente, em tão pouco tempo, como a covid-19.

Em números absolutos, a covid já ultrapassou até a gripe espanhola, que teria causado de 35 mil a 50 mil vítimas fatais, no país.

Entre 1996 e 2018 (ou seja, em 22 anos) o HIV e as doenças associadas à AIDS mataram mais de 270 mil pessoas – só que levaram 9 anos para ceifar 100 mil vidas.

Também entre 1996 e 2018, a tuberculose matou mais de 104 mil brasileiros. A malária, 2.342; a dengue, 6.984; os diversos tipos de gripe, 9.836.

"Isso é inédito, algo que nunca teve. Deveríamos estar em desespero, isso é uma tragédia como uma guerra de verdade, um conflito armado. Mas o Brasil está em uma anestesia coletiva", diz o infectologista José Davi Urbaéz, porta-voz da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

(Leia a reportagem da Reuters: https://br.reuters.com/article/topNews/idBRKCN253336-OBRTP ).

Mas enquanto se acumulam os cadáveres, Bolsonaro insiste em minimizar essa doença, para livrar-se de qualquer responsabilidade por essa carnificina.

No domingo, Dia dos Pais, enquanto 100 mil famílias choravam a morte de um ente querido, ele fez uma postagem no Facebook.

Disse lamentar “cada morte, seja qual for a sua causa, como a dos 3 bravos policiais militares executados em São Paulo”.

Garantiu que não faltaram recursos para que estados e municípios combatessem a pandemia e que “não se tem notícias, ou seriam raras, de filas em hospitais por falta de leitos UTIs ou respiradores”.

Voltou a defender a hidroxicloroquina e, com base em uma comparação enviesada que teria sido feita pelo jornal inglês Daily Mail, afirmou que o isolamento social mata tanto ou mais do que a covid.

(Leia aqui: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/08/09/apos-100-mil-mortes-por-covid-bolsonaro-lamenta-obitos-seja-qual-for-a-causa.htm ).

Esperam até hoje sentados, os que esperavam do presidente ao menos uma lágrima, uma palavra de consolo, a mínima demonstração de empatia com o sofrimento dessas 100 mil famílias, que perderam pessoas tão amadas, das quais não puderam nem ao menos se despedir.

Das quais não puderam segurar as mãos, enquanto partiam. Das quais não puderam nem sentir o perfume, pela última vez.

Nenhuma palavra de apoio aos doentes que sobreviveram, depois de um sofrimento que incluiu até a dolorosa intubação, e que lutam para se recuperar dos danos causados pela doença em seus organismos (danos que talvez persistam por toda a vida).

O “lamento” de Bolsonaro, a frase inteira, foi muito mais pelos três policiais militares mortos em um tiroteio, já que a PM é uma de suas bases de apoio.

Mas como mortes que não sejam à bala não lhe servem à empreitada armamentista, esqueceu-se de que entre esses 100 mil mortos há centenas, milhares de policiais que deram a própria vida, a tentar proteger a nossa população.

Grandes heróis fardados, que, à semelhança dos nossos médicos, enfermeiras, jornalistas e tantas outras categorias, nunca recuaram um milímetro na linha de frente dessa guerra, mesmo conhecendo de perto todo o horror provocado por essa doença.

Mesmo em uma hora tão dolorosa para a Nação, Bolsonaro só consegue pensar em si mesmo: na sua defesa, na sua ânsia de derramamento de sangue, no ódio que precisa sempre atiçar em suas bases; nos seus compromissos com a indústria de armamentos; na sua necessidade de escapar a um provável processo de improbidade, pelas toneladas de hidroxicloroquina que mandou o Exército produzir, e que são inúteis para a covid-19.

Mesmo aos trancos e barrancos, o isolamento social ajudou a salvar mais de 118 mil vidas, apenas no último mês de maio, diz um estudo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/07/24/estudo-isolamento-social-pode-ter-poupado-118-mil-vidas-no-brasil-em-maio.htm)

Pois é: o isolamento social que Bolsonaro tanto combateu e combate.

Fosse outro o presidente da República, quantas milhares de vidas teriam sido salvas?

Quantos pais, mães, avós, filhos, estariam ainda enchendo de risos e esperança as vidas de seus familiares?

Quantas milhares de pessoas não teriam sido contaminadas e não estariam, agora, a tentar superar a angústia e as sequelas que essa doença lhes deixou?

Não, não precisaria ser um político honesto, competente ou até de esquerda: apenas e tão somente um ser humano normal.

Uma pessoa que de fato sentisse a dor dos outros; que fosse capaz de se colocar no lugar dos outros.

Você, eu, qualquer um.

Qualquer ser humano, qualquer brasileiro que não fosse essa mistura de psicopatia, ignorância e deficiência intelectual dessa coisa que nos preside.

Teríamos todos os recursos do país mobilizados, de forma coordenada, no combate a essa doença.

Teríamos um ministro da Saúde, cercado por técnicos da área, e não esse monte de militares, que não entendem patavina de coisa alguma.

Teríamos estados e municípios trabalhando todos na mesma direção, em vez de cada governador e prefeito agindo isoladamente, fazendo o que pode e o que acha melhor.

Teríamos, desde o começo, dinheiro e facilidades para a montagem de UTIs.

Teríamos recursos financeiros para que milhões e milhões de brasileiros pudessem ficar em casa, sem terem de enfrentar filas, aglomerações humilhantes, ou até acabando sem receber o auxílio, mesmo precisando.

Teríamos linhas de crédito para que micros, pequenas e médias empresas pudessem suportar esse pesadelo.

Teríamos um discurso único, em todos os níveis de governo, e não essa irresponsabilidade, essa ação criminosa de um presidente que queria até armar as pessoas, para que resistissem à bala ao isolamento social.

Bolsonaro e aqueles que o defendem têm, sim, as mãos manchadas com o sangue de milhares de inocentes.

100 mil seres humanos, 100 mil irmãos brasileiros, pelos quais chora a Nação, porque não mais existem.

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Quero deixar aqui os meus profundos sentimentos a todas as famílias que perderam um ente querido por causa dessa doença.

Que Deus lhes dê forças; que Ele console os seus corações.

Tenham certeza de que essa pessoa a quem vocês tanto amaram agora se encontra nos braços do Senhor, já sem dor alguma.

Está envolto pelo amor infinito Daquele que a tudo criou.

E um dia vocês, certamente, se reencontrarão.

E haverá festa no Céu, pela imensa felicidade de vocês.

Será o tempo de recordarem todas as coisas maravilhosas que viveram juntos; todo esse amor que sempre sentiram uns pelos outros.

Um tempo de Glória, bem distante desse vale de lágrimas que é o mundo.

Meus sentimentos, também, a todos aqueles que perderam amigos, conhecidos, pessoas que faziam parte de suas vidas e com quem dividiram tantos momentos inesquecíveis.

Meu profundo respeito aos nossos médicos, enfermeiros, policiais, políticos, jornalistas, e a todos aqueles que têm sido incansáveis, na linha de frente dessa guerra.

Não há palavras que expressem o valor humano de cada um de vocês.

Cada um de vocês faz uma diferença danada neste mundo, porque são como verdadeiros anjos do Senhor.

Meus votos de plena recuperação a todos aqueles que sofreram tanto, mas conseguiram sobreviver a essa doença.

Deus está com vocês neste momento, meus irmãos!

A mão Dele vai lhes dar toda a força e coragem, para que vocês possam superar tudo isso.

Toda essa dor, todo esse sofrimento vai passar.

É Deus no comando, meus irmãos!

Que o Senhor ilumine o nosso Brasil.

Que Ele estenda as suas asas sobre nós, para nos livrar dessas verdadeiras legiões que hoje oprimem o nosso país.

FUUUUIIIIII!!!!!!   

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Pra vocês, pra todos nós!

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