Até a madrugada desta segunda-feira, os casos de
Covid-19 cresceram 410% no Pará, em relação ao período anterior quando não
havia a confirmação de transmissão comunitária do novo coronavírus.
Em 12 dias, entre 18 de março (quando ocorreu o
primeiro diagnóstico), e o último dia 29, foram apenas 20 casos.
Já entre o dia 30 (quando foi confirmada a transmissão
comunitária) e a madrugada desta segunda-feira (06/04) foram 82 registros da
doença.
Ao todo, já são 102 casos confirmados, com duas
mortes.
Os cálculos desta postagem são da Perereca da
Vizinha, a partir de um levantamento do DOL, com base nos números divulgados,
diariamente, pela Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), e da atualização dos
casos pela Sespa, nesta madrugada, através do Twitter.
A transmissão comunitária significa que o vírus já
circula no estado e que os moradores o transmitem uns aos outros, sem que
tenham viajado a outros países, ou tido contato com quem viajou e com pessoas
diagnosticadas.
Ou seja, não é mais possível saber quem contaminou
quem ou monitorar boa parte dos infectados, na grande maioria sem sintomas, ou apenas
com sintomas leves.
Em suas mais recentes coletivas à imprensa, o
governador Helder Barbalho e o secretário de Saúde, Alberto Beltrame, têm
reforçado os apelos para que a população fique em casa, de forma a reduzir a
transmissão do vírus, o aumento dos casos graves e a sobrecarga do sistema de
Saúde, o que poderá resultar em maior número de mortes.
Pará registra segunda morte por Covid-19
No final da noite de ontem, a Sespa informou, através
do Twitter, a segunda morte por Covid-19, no Pará.
Trata-se de uma mulher de 50 anos, de Belém.
O primeiro óbito foi o de uma senhora de 87, na Vila de
Alter do Chão, no município de Santarém.
Ela morreu em 19/03, mas a confirmação de que foi por causa da doença só aconteceu no último 01/04.
Além das duas mortes, o estado também já registra casos
graves: até ontem, 5 pacientes estavam hospitalizados, alguns em UTIs.
Ainda não se sabe, porém, se a mulher que morreu ontem
estava entre esses pacientes.
Doença atinge 17 municípios
Entre os dois períodos (antes e depois da transmissão
comunitária), também aumentaram os municípios com diagnósticos da doença.
Dos 20 casos registrados de 18 a 29 de março, 12 eram
de Belém, 4 de Ananindeua e 4 de Marabá, Itaituba, Castanhal e Parauapebas – ou
seja, 6 municípios.
Já no período de 30 de março até ontem (05/04),
entraram nessa lista mais 11 municípios: Marituba, Benevides, Barcarena,
Santarém, Novo Progresso, Abaetetuba, Tucuruí, Oeiras do Pará, Altamira,
Goianésia do Pará e São Geraldo do Araguaia.
O pico das confirmações, até agora, ocorreu em 03/04, com
a divulgação de 27 novos casos.
Até 02/04, eram 48 pacientes diagnosticados.
Com os 27 do dia 03, esse número subiu para 75, num
incremento de 56,25%, no total de casos.
Em relação ao dia 2, quando ocorreram 8 registros, os
27 do dia 3 representaram um aumento superior a 237%.
Foi uma quantidade de comprovações tão acelerada e
acentuada, que os números mudaram várias vezes, tornando-se cada vez mais
assustadores, ao longo do dia.
No entanto, esse pico desabou no dia seguinte, 04/04,
quando foram 7 confirmações; e ontem, quando ocorreram apenas 4,
levantando a possibilidade de que tivesse decorrido mais da conclusão de uma
grande quantidade de exames em apenas um dia.
Mas a divulgação de 16 novos casos, apenas na madrugada
de hoje, indica a possibilidade de que esse pico seja ultrapassado, ao longo
desta segunda-feira.
Desses 16 novos casos, 15 são de Belém e 1 de
Ananindeua.
5 internados, alguns em UTIs, e ampla
subnotificação
Em um comunicado na noite da sexta-feira (3), o
secretário Alberto Beltrame lembrou que, na transmissão comunitária, “os casos
aumentam geometricamente”.
E perguntou: “Onde é que vamos parar? Amanhã teremos
quantos (casos)? Cem, 150? Quantos estarão numa UTI, num respirador? Quantos óbitos
teremos?"
Ele renovou o apelo ao “bom senso, solidariedade e
responsabilidade” de cada cidadão, a fim de que todos permaneçam em suas casas.
E criticou, especificamente, a situação da capital: “Temos
visto Belém voltar a uma vida praticamente normal. As pessoas se assustaram um
pouco no início e ficaram em casa, e agora, que é o momento de ficarem em casa
mais do que nunca, estão circulando”, disse ele.
Beltrame enfatizou que o crescimento de pessoas
contaminadas aumenta a possibilidade de casos graves da Covid-19.
No início da doença no Pará, lembrou, havia o registro
apenas de casos “médios e moderados”, todos apenas em isolamento domiciliar.
De lá para cá, porém, já são 5 pessoas internadas “algumas
estáveis, algumas ainda entubadas, com ventilação mecânica”.
O secretário salientou, mais uma vez, a necessidade de
evitar a sobrecarga do sistema de Saúde, para que se possa atender todos os que
necessitarem de cuidados médicos, especialmente, em UTIs. Do contrário, disse
ele, “teremos uma triste notícia em breve: começar a contar as mortes no Pará”.
Já o governador confirmou, em uma coletiva à imprensa,
no dia 2, que recebeu relatos da ida “de muita gente” a hospitais e demais
unidades de Saúde, com problemas de insuficiência respiratória, o principal sintoma
da Covid-19, e que já havia, então, pacientes internados, inclusive em UTIs, com
suspeita ou até diagnóstico da doença.
Helder também reconheceu a possibilidade de uma ampla
subnotificação: disse que a referência com a qual o Governo trabalha é a
estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que os casos notificados de
Covid-19 representam apenas 14% dos casos reais.
Belém lidera com quase 63% das confirmações
Dos 102 casos confirmados de Covid-19 até esta
madrugada, 64, ou quase 63%, são de Belém.
Em segundo lugar vem o município de Ananindeua, também
na Região Metropolitana, com 11 confirmações.
No interior, o município mais afetado é Santarém, no
oeste do Pará, com 5 casos.
Veja a lista de confirmações de Covid-19 por município:
Belém: 64
Ananindeua: 11
Marituba: 2
Benevides: 1
Barcarena: 3
Castanhal: 2
Santarém: 5
Itaituba: 3
Marabá: 2
Parauapebas: 2
Novo Progresso: 1
Tucuruí: 1
Altamira: 1
Goianésia: 1
Oeiras do Pará: 1
São Geraldo do Araguaia: 1
Abaetetuba: 1
Aumento de 58%, entre os dias 3 e 4,
segundo os números da PMB
No sábado, 04/04, um Boletim da Prefeitura de Belém,
atualizado até às 21 horas e distribuído em um grupo que ela mantém no WhatsApp,
informou que já existiam 49 casos de Covid-19 na capital, contra os 31
divulgados pelo prefeito Zenaldo Coutinho, no dia anterior.
Isso significa um aumento de 58%, apenas entre os dias
3 e 4. Em relação a 31/03, quando eram apenas 20 casos, o aumento foi de 145%.
Veja a evolução das confirmações, em 5 dias, segundo os
números da Prefeitura de Belém:
31/03 – 20 casos
01/04 – 26 casos
02/04 – 28 casos
03/04 – 31 casos
04/04 – 49 casos
No sábado, houve um descompasso entre os números da
Sespa, que registrava 45 casos em Belém, e da PMB, que informava 49.
Mas, ontem, os números voltaram a bater, o que leva a
crer que a diferença decorreu de um atraso da Sespa, já que os 4 casos que ela
divulgou ontem eram todos da capital.
Com a divulgação de mais 15 casos nesta madrugada, a
capital dá mais um salto: quase 31%, entre os dias 4 e 6.
Maioria dos diagnosticados tem entre 20 e
40 anos; pessoas com mais de 60 representam 12%
Dos 102 casos confirmados, apenas 12 (ou quase 12%) são
idosos com mais de 60 anos, um dos grupos de risco da Covid-19.
Quase a metade (46%) está concentrada em duas faixas
etárias consideradas de menor risco: jovens de 21 a 30 anos (21 confirmações) e
adultos de 31 a 40 anos (26 confirmações).
No entanto, em 7 dos 16 novos casos divulgados na
madrugada de hoje não há informações acerca da idade.
O estado também registra uma criança de 9 anos, de
Belém, contaminada por um familiar; e uma jovem de 19 anos, também da capital,
que teria contraído o vírus durante uma viagem ao estado de São Paulo.
Em coletiva à imprensa, no último dia 2, Alberto
Beltrame comentou a prevalência de confirmações entre pessoas mais jovens, e a
menor incidência entre os idosos.
Ele lembrou que, logo no início dessa pandemia, criou-se
a ideia “de que era um problema de idosos”.
No entanto, os números vêm mostrando uma situação bem
diferente, no Brasil: no Rio de Janeiro, por exemplo, a maioria dos
diagnosticados têm de 30 a 39 anos.
Segundo o secretário, “isso chama a atenção das
autoridades sanitárias para um comportamento diferente no nosso meio, mas,
sobretudo, para uma possibilidade: os idosos entenderam o recado do isolamento
social”.
O fato, disse ele, também reforça a ideia de que o isolamento
vertical (ou seja, apenas das pessoas dos grupos de risco) “não é adequado”.
“O importante é o isolamento horizontal: todos devem
manter o isolamento. Porque, se sou jovem e vou à rua e me contamino e moro com
meus familiares, eu vou levar o vírus para dentro de casa e vou infectá-los”, observou.
Já o governador disse, no comunicado do último dia 3,
que nenhuma das 5 pessoas que estavam internadas em decorrência da Covid-19 era
do grupo de risco (aparentemente, ele quis dizer que nenhuma tinha mais de 60
anos).
Tal fato, segundo ele, “demonstra que essa ideia de
deixar vovô e vovó e pai e mãe em casa, porque têm mais de 60 anos, e vai todo
mundo pra rua, porque não está no grupo de risco, é um equívoco”, afirmou.
“Quem está no grupo de risco merece uma atenção maior,
pela vulnerabilidade. Agora, achar que, por não estar no grupo de risco, você
está imune, não pode vir a ser infectado, é uma distância total e absoluta”,
acrescentou.
Veja a distribuição das confirmações de Covid-19, por
faixa etária, no Pará:
De Zero a 10 anos: 1 caso
De 11 a 20 anos: 1 caso
De 21 a 30 anos: 21 casos
De 31 a 40 anos: 26 casos
De 41 a 50 anos: 19 casos
De 51 a 60 anos: 15 casos
De 61 a 70 anos: 9 casos
De 71 a 80: 2 casos
Mais de 80: 1 caso
Há ainda 7 casos dos quais a Sespa não informou a
idade, na madrugada de hoje.
Veja a relação completa das confirmações, dia a dia, no
DOL:
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